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segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

À espera dos bárbaros - Constantine Cavafy (tradução Marcelo Raffaelli)

 À ESPERA DOS BÁRBAROS

POEMA DE CONSTANTINE CAVAFY, TRADUZIDO DO GREGO PARA O INGLÊS POR EDMUND KEELEY, RETRADUZIDO PARA O PORTUGUÊS POR MARCELO RAFFAELLI, QUE NÃO FALA GREGO

 

O que estamos esperando, todos juntos no fórum?

            Os bárbaros vão chegar hoje.

Por que nada se passa no Senado?

Por que os senadores lá se sentam, sem legislar? 

            Porque os bárbaros vão chegar hoje.

            Para que os senadores fariam leis agora?

            Quando os bárbaros chegarem, eles farão as leis.

Por que nosso imperador madrugou, tão cedo,

E sentou-se em seu trono, à porta da cidade,

Em traje solene, com sua coroa?

            Porque os bárbaros vão chegar hoje

            E o imperador quer receber seu chefe,

            Mesmo tem um pergaminho para lhe dar.

Por que nossos  dois cônsules e pretores envergam hoje

Suas togas escarlates, todas bordadas?

Por que puseram braceletes com pedras preciosas,

Anéis luxuosos, de esmeraldas magníficas?

Por que envergam elegantes bengalas,

Lindamente trabalhadas em ouro e prata?

            Porque os bárbaros vão chegar hoje

            E coisas assim encantam os bárbaros.

Por que nossos grandes oradores não vêm, como sempre,

Fazer seus discursos, dizer o que têm a dizer?

            Porque os bárbaros vão chegar hoje e

            Eles detestam retórica, discurso empolado.

Por que esta perplexidade, esta súbita confusão?

(Como as caras das gentes ficaram sérias!) 

Por que praças e ruas se esvaziam tão depressa,

Todos se recolhendo com ar pensativo?

            Por que a noite caiu e os bárbaros não vieram.

            E alguns dos nossos, recém-vindos da fronteira,

            Disseram que não existem mais bárbaros.

E agora, que nos acontecerá, sem os bárbaros?

Eles podiam ter sido uma solução...