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quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Livro - Carlos Ardissone: Negociacoes Internacionais em Propriedade Intelectual nos Governos FHC e Lula

Tenho o prazer de informar sobre a publicação de um livro do Professor Carlos Maurício Ardissone, dos cursos de Graduação em Relações Internacionais do IBMEC-RJ e da Universidade Estácio de Sá, que constitui uma adaptação de sua tese de Doutorado, defendida perante o IRI-PUC/RJ, em abril de 2011. Igualmente funcionário do INPI, o Prof. Ardissone está plenamente habilitado a tratar desse relevante tema da agenda internacional, que teve desdobramentos importantes desde antes da inauguração do governo FHC, quando o acordo Trips foi assinado no âmbito da Rodada Uruguai de negociações comerciais multilaterais.

Propriedade Intelectual e Relações Internacionais nos Governos FHC e Lula: os rumos das negociações globais e das políticas públicas
Curitiba: Editora Appris, 2013, 323 p.; ISBN: 978-85-8192-230-0

A forma como cada país define sua inserção internacional nas negociações globais em propriedade intelectual é fundamental para o seu desenvolvimento econômico, científico e tecnológico. Durante décadas de economia fechada, o Brasil deixou de aproveitar janelas de oportunidade para a construção de um parque industrial verdadeiramente competitivo que conferisse prioridade à inovação. Adotou-se nesse período uma postura diplomática predominantemente de resistência e baixo perfil no campo da propriedade intelectual, condizente com o ambiente protecionista vigente. A predominância de uma concepção de industrialização de inspiração nacional-desenvolvimentista entre os anos 30 e 70 não favoreceu, contudo, o fortalecimento da capacidade endógena de produção e de proteção do conhecimento e da tecnologia nacionais.
A abertura econômica promovida a partir dos anos 90 e as mudanças importantes nas normas globais de comércio levaram à necessidade de transformações no padrão de inserção do Brasil no regime internacional de propriedade intelectual. Nos Governos FHC e Lula, o país passou gradualmente por modificações em sua via diplomática, abandonando uma posição tradicionalmente reativa e de resistência para uma de mais engajamento e proposição. Não obstante, mesmo na passagem do Governo FHC para o Governo Lula, diferenças importantes se observaram em relação ao modo como o Brasil formulou a sua política externa e planejou sua articulação com outras políticas públicas, particularmente a política industrial. Essas diferenças se concentraram em três variáveis fundamentais: as ideias, as instituições (como o Ministério da Indústria e o Instituto Nacional da Propriedade Industrial) e as lideranças, com desdobramentos relevantes para o Brasil nos rumos das negociações globais e das políticas públicas nacionais.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Brics e propriedade intelectual: uma relacao tempestuosa, contraditoria, negativa...

Brics estão entre piores em proteção à propriedade intelectual 

O Globo (Reuters), 11/12/12

Em lista de 11 países, grupo está na lanterna. Brasil ocupa nona posição

WASHINGTON - Os quatro membros do grupo de economias emergentes conhecido como Bric — Brasil, Rússia, Índia e China — têm mais uma coisa em comum: receberam as piores pontuações em proteção de direitos autorais, patentes e propriedade intelectual em um novo índice lançado nesta terça-feira pela Câmara de Comércio dos EUA. O índice preparado para o Centro Global de Propriedade Intelectual deu notas a 11 países em uma escala de pontos de 0 a 25, com os Estados Unidos recebendo a maior nota geral, 23,73, e a Grã-Bretanha em segundo lugar, com 22,40.
A Índia ficou em último com 6,24 pontos, refletindo suas pontuações baixas em cada uma das cinco categorias examinadas pela Pugatch Consilium, uma empresa internacional de pesquisa e análise especializada em economia do conhecimento. A China ficou em 10º, com pontuação de 9,13, abaixo do Brasil, com 9,57 pontos, e Rússia, com 11,17.
O novo índice foi concebido como uma ferramenta para os formuladores de políticas dos EUA para pressionar por proteções firmes dos direitos autorais dos EUA, patentes e segredos comerciais em acordos de livre comércio e outras negociações internacionais.
Os Estados Unidos, com algumas das mais fortes proteções de patentes, direitos autorais e marca registrada do mundo, tem um estoque total de propriedade intelectual avaliado em cerca de 5,8 trilhões de dólares.
As empresas dos EUA se orgulham de estar entre as mais inovadoras do mundo e veem essa vantagem competitiva corroída pelas fracas leis de propriedade intelectual em outros países.
Mais de 55 milhões de norte-americanos trabalham em indústrias que dependem muito da proteção de direitos de propriedade intelectual, tornando-se uma questão importante para os empregos também.
A pontuação melhor da Rússia entre os quatro países do Bric é um pouco ilusória, pois reflete quatro pontos que recebeu pela adesão a acordos internacionais para proteger os direitos de propriedade intelectual. Mas, “para a maioria das outras categorias, a Rússia está em último ou perto disso”, disse o relatório.
A Índia recebeu zero na seção de atribuição de pontos para a adesão em acordos internacionais, enquanto a China e Brasil receberam notas um pouco mais altas. O Brasil foi criticado pelas fracas leis de patentes e direitos autorais e recebeu apenas 2,94 pontos, de 5, para execução da lei.
A Índia também recebeu nota baixa pelas altas taxas de pirataria de software e música, e por políticas de licenciamento que favorecem fabricantes de medicamentos genéricos do país, que aborrecem as empresas farmacêuticas dos EUA que detêm patentes sobre os remédios.
A China recebeu apenas meio ponto, de um máximo de 5, para execução de suas leis contra a falsificação, pirataria e outras formas de roubo de propriedade intelectual.
Pequim também tem notas baixas para a sua protecção de segredos comerciais e outras questões de patentes.
O relatório analisou outros cinco países que participam nas negociações lideradas pelos EUA sobre um acordo de livre comércio proposto chamado de Parceria Trans-Pacífico (TPP), em que Washington está pressionando por fortes proteções à propriedade intelectual.
A Austrália liderou esses cinco países do TPP com uma pontuação de 21,63, seguido pelo Canadá, com 14,21 pontos, México, com 12,38, Chile com 11,67 e Malásia com 11,25.
A baixa pontuação do Canadá entre os principais países desenvolvidos reflete suas fracas proteções de patentes de medicamentos e mecanismos fracos para reforçar os direitos de propriedade intelectual, disse o relatório.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/economia/brics-estao-entre-piores-em-protecao-propriedade-intelectual-7011726#ixzz2FBb64xJE
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sábado, 7 de julho de 2012

Apple vs China: o que os chineses nao inventaram?


Apple faces new legal challenge in China


Shanghai Daily, July 8, 2012


A CHINESE technology firm has filed a legal challenge accusing US giant Apple of infringing its patented voice recognition software with its Siri function on the iPhone, the company said yesterday.

The move comes days after Apple paid US$60 million to end a dispute over who could use the iPad name in China.

Shanghai Zhizhen Network Technology Co Ltd patented its Xiao i Robot software in 2004, while Apple's Siri, which made its debut with the iPhone 4S last year, was first developed in 2007. The Chinese company's version operates in a similar way to Apple's personal assistant.

Si Weijiang, a lawyer acting for the Shanghai-based firm, said it had tried to contact Apple two months ago over the alleged infringement but received no response.

"We filed the lawsuit in late June to the Shanghai No. 1 Intermediate People's Court," Si said. "The case is at the court-mediated stage."

"We mainly ask Apple to stop infringing on our patent and cover the court costs, but once the court confirms Apple has infringed on our patent, we will propose compensation," he added.

The company's chairman, Yuan Hui, told the Apple Daily newspaper that the firm had 100 million users in China. 

"People feel that China has no innovation, that companies here just copy. But in fact, we are leaders in our field, and have created our own innovation," Yuan said.

It added that Apple was also facing legal action from another Chinese company for allegedly infringing its "Snow Leopard" trademark.

The High Court of the southern province of Guangdong said on Monday that Apple had paid US$60 million to settle a legal battle with Chinese computer maker Shenzhen Proview Technology over the iPad name.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

China-Paraguai: meme combat (sur les marques de luxe, et autres...)

Parece que empresários criativos paraguaios andaram registrando marcas proprietárias brasileiras em seu território, apenas para exercer um direito de "pedágio" sobre o uso dessas marcas no Paraguai, o que os legítimos detentores brasileiros podem considerar uma extorsão.
Os chineses podem estar fazendo a mesma coisa...
Vamos ver a Justiça, como age...
Paulo Roberto de Almeida 

French firm loses trademark fight

By Zhao Wen  |  Shanghai Daily,  2012-2-27 
HERMES has lost a lawsuit against China's Trademark Appeal Board over its refusal to cancel a trademark similar to the Chinese name of the French luxury producer.

Hermes registered its English name and pattern on the Chinese mainland in 1977. However, it had not yet registered its Chinese name as a trademark, the Legal Evening News reported.

The company said Guangdong Province-based menswear maker, Dafeng Garment Factory, registered a trademark, 爱玛仕, similar to the Chinese name of Hermes, 爱马仕, which could mislead Chinese buyers. The pinyin for the two Chinese names has the same spelling: Ai Ma Shi.

Hermes had appealed to the trademark board in 1997 over the trademark but the board approved the Chinese company's registration in 2001, the unidentified court was told.

In 2009, Hermes again appealed to the board, saying its Chinese name enjoyed a high reputation around the world and demanding the board cancel the disputed trademark. However, Hermes' application was rejected for a second time last May.

Hermes told the court that its Chinese name should be protected as an unregistered trademark in China. It said the disputed trademark had imitated the Chinese name of Hermes and was gained through "deceptive means," the newspaper said.

Hermes asked the court to cancel the board's ruling but the board said it had approved registration of the disputed trademark through legal procedures.

The clothing company, which was also represented, agreed with the board, the court was told.

The court said that most of the evidence that Hermes had provided related to periods after the disputed trademark had been registered. The evidence was also mainly related to media reports about the Chinese name of Hermes in Hong Kong, and this did not prove it was well-known among consumers on the Chinese mainland.

Hermes could also not provide evidence that the trademark had been acquired illegally and ruled that its suit was lost. 

Hermes is not the only international brand having problems with trademarks in China. 

Apple, producer of the iPad tablet computer, is involved in a legal dispute over the use of the iPad name on the Chinese mainland. 

Meanwhile, NBA legend Michael Jordan has filed a lawsuit against a Chinese sportswear producer, Qiaodan Sports Co Ltd, which has registered and used brand the same as Jordan's Chinese name. 

domingo, 9 de maio de 2010

Propriedade intelectual: a cenoura e o porrete...

Editorial da Folha de S.Paulo critica a iniciativa de países avançados no sentido de reforçar a proteção da propriedade intelectual, o que é considerado um gesto arrogante e unilateral.
Deve-se considerar que grande parte do PIB desses países atualmente é formado justamente no terreno dos intangíveis, não na produção manufatureira, e que os mercados de TI, de luxo, de medicamentos, de inovação enfim, vem sendo implacavelmente pirateados, por vezes de forma até oficial, se ouso dizer.
Deve-se também considerar que muitos países em desenvolvimento que pretendem ter acesso a esses produtos sem pagar os seus custos associados estão bloqueando o tratamento do problema nessas organizações multilaterais.
O editorial da FSP quer sugerir que os produtores de tecnologias inovadoras devem apenas assistir passivamente ao roubo de sua produção legítima?
Quando a cenoura dos incentivos não funciona, aparece logo o porrete da disciplina. Talvez no meio do caminho uma solução seja encontrada, e os direitos de PI passem a ser mais respeitados em todos os países. Se depender de alguns, não o será...
Paulo Roberto de Almeida

Acordo pirata
Da Redação
Folha de S. Paulo, 8 de maio de 2010

É de evidente interesse público a defesa da propriedade intelectual, tanto quanto o combate à pirataria.
Sem os mecanismos legais que garantem às empresas a exploração comercial exclusiva de seus produtos, o processo de crescimento econômico de longo prazo seria solapado. Cessariam os incentivos para investimentos privados em pesquisa, responsáveis por grande parte dos confortos que facilitam a vida nas sociedades modernas.
De remédios mais eficientes a computadores com maior capacidade de processamento de dados, o comércio de bens e serviços de ponta ocorre em escala global. Daí que também se articulem em âmbito internacional os interesses dos produtores. Para isso existem instâncias como a OMC e a Organização Mundial da Propriedade Intelectual.
Que no entanto não parecem suficientes ou satisfatórias para um grupo seleto de governos. EUA, União Europeia e outros nove países negociam um acordo antipirataria que exclui o restante do mundo e passa ao largo das instituições multilaterais.
O objetivo do grupo é criar mecanismos mais rígidos de garantia da propriedade intelectual. No esboço do documento, que deve ser concluído até o final do ano, estão previstas medidas drásticas, como o banimento de infratores da internet e a apreensão unilateral de produtos, como remédios genéricos.
É surpreendente a inabilidade diplomática, para não dizer a arrogância, de tal iniciativa. O acordo, ademais, pode ter efeitos contrários aos pretendidos por seus patrocinadores. Ao dividir o mundo entre repressores e países piratas e esvaziar órgãos multilaterais, será mais difícil articular a cooperação internacional necessária para se combater, com eficácia, a pirataria global.
Seria mais proveitoso reforçar as instituições hoje existentes e, em seu âmbito, negociar sanções mais rigorosas contra infratores.

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Materia de jornal:

Acordo de pirataria, liderado por EUA, preocupa governo
Eliane Oliveira e Cássia Almeida
O Globo, 7 de maio de 2010

Para especialistas, discussão fora OMC não vai prosperar

O governo brasileiro vê com preocupação as negociações capitaneadas por Estados Unidos, Japão e União Europeia sobre acordo comercial antipirataria (Acta, sigla em inglês). Segundo o diretor do Departamento Econômico do Itamaraty, Carlos Márcio Cozendey, as regras seriam criadas à margem da Organização Mundial do Comércio (OMC). Especialistas, contudo, acreditam que o acordo não vai prosperar.

— Estamos acompanhando e nos parece que ainda é cedo para uma avaliação. Desde já achamos preocupante um grupo de países criar regras que interessam a todos e, ao mesmo tempo, vão além do que está na OMC — disse Cozendey ao GLOBO.

Numa análise preliminar, o governo teme problemas na distribuição de medicamentos genéricos e a ampliação de fóruns de arbitragem envolvendo propriedade intelectual, já que existe a Organização Mundial de Propriedade Intelectual (Ompi).

O acordo não é visto com bons olhos pela diplomacia brasileira.

Estanislau do Amaral, encarregado da propriedade intelectual na missão brasileira em Genebra, disse que o Brasil não participa dele “nem quer”, por entender que os temas têm de estar em OMC e Ompi: — É um acordo plurilateral o que gera desequilíbrios.

Para Lampreia, China é o alvo do acordo

Para o ex-ministro Rubens Ricupero, a reação dos países em desenvolvimento, ONGs e o próprio Parlamento Europeu vão abortar o acordo. Para Luiz Felipe Lampreia, ex-ministro das Relações Exteriores, o acordo tem alvo certo: a China.

— Os países são muito prejudicados com falsificação.

Em Washington, o Brasil acompanha as negociações.

— Canadá, Japão e outros países interpretam certas iniciativas como tentativa dos EUA de impor padrões da política de defesa intelectual. Isso não será concluído agora, é coisa para anos — avaliou uma fonte do governo.

COLABOROU: Fernando Eichenberg, correspondente