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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

terça-feira, 7 de dezembro de 2021

Lista de trabalhos pessoais sobre o BRICS - Paulo Roberto de Almeida

 Lista de trabalhos pessoais sobre o BRICS 

Paulo Roberto de Almeida

Diplomata, professor

(www.pralmeida.org; diplomatizzando.blogspot.com)

 


1686. “Os BRICs e a economia mundial: Algumas questões de atualidade”, Brasília, 13 novembro 2006, 3 p. Entrevista concedida ao jornalista Lourival Sant’Ana, do jornal O Estado de São Paulo, no Rio de Janeiro, em 9 de novembro de 2006. Publicado n’O Estado de São Paulo em 04/12/2006, caderno Economia, pág. B7, sob o título “O Bric é só um exercício intelectual”. Postado no Diplomatizzando (14/11/2019; link:https://diplomatizzando.blogspot.com/2019/11/o-bric-e-economia-mundial-2006-paulo.html).

1691. “O papel dos BRICs na economia mundial (corrigindo alguns equívocos de compreensão)”, Brasília, 26 novembro 2006, 5 p. Revisão, em formato de artigo, da entrevista concedida sob n. 1686, para fins de publicação de forma independente. Publicado nos blogs: Via Política (Porto Alegre, 26.11.06); Mercado Global (18.06.07). Postado no blog Diplomatizzando (28/05/2011; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2011/05/os-brics-antes-de-existirem-os-brics.html). Relação de Publicados n. 718.

1743. “O Brasil e os BRICs: economia política de uma sigla”, Brasília, 15 abril 2007, 10 p. Palestra nos cursos de relações internacionais da FMU, no dia 16 de abril de 2007, em formato de PowerPoint, em 74 slides.

1884. “Questionário sobre BRIC”, Brasília, 5 maio 2008, 4 p. Respostas a questionário colocado por estudante de RI de Curitiba, sobre os BRICs no contexto internacional. Postado no blog Diplomatizzando (13.07.2010; link:http://diplomatizzando.blogspot.com/2010/07/questionario-sobre-o-bric-paulo-r.html); novamente postado em 10/11/205 (link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2015/11/brics-mais-uma-ideia-que-fez-chabu.html).

1920. “Radiografia do Bric: indagações a partir do Brasil”, Brasília, 26 agosto 2008, 29 p. Análise econômica dos países integrantes do novo grupo proposto e dos problemas políticos a isso vinculados. Preparada versão resumida, sob o título de “O Brasil e o Bric: o questionamento de um conceito”; Publicado na revista Nueva Sociedad (Buenos Aires: Friedrich Ebert Stiftung; especial “O Brasil no mundo”, outubro 2008; ISSN: 0251-3552, p. 133-152; link:http://www.nuso.org/especialportugues2008.php; Artigo PRA: http://www.nuso.org/upload/portugues/2008/DeAlmeida.pdf). Resumido em nova versão (10 p.), sob o título “O papel dos Bric na economia mundial”, para publicação em livro pela Editora Aduaneiras, resultado de curso dado a jornalistas em Brasília (10.10.2008); In: Cebri-Icone-Embaixada Britânica Brasília, Comércio e Negociações Internacionais para Jornalistas (Rio de Janeiro, 2009, p. 57-65); feita versão em inglês, com revisão em 29.01.2009, para publicação. Publicada sob o título “The Bric’s role in the Global Economy”. In: Cebri-Icone-British Embassy in Brasília, Trade and International Negotiations for Journalists (Rio de Janeiro, 2009, p. 146-154); Relação de Publicados n. 903. Feita nova versão resumida, sob o título de “Anatomia do Bric: um exercício de clarificação”, para curso de jornalistas em Brasília (10.10.2009). Revisto, modificado e ampliado (34 p.), em 18.11.2008, para publicação, sob o título de “Bric: reflexões a partir do Brasil”, na revista Inteligência. Publicado sob o título de “To Be or Not the Bric”, Inteligência (Rio de Janeiro: Ano: XI - 4º trimestre, 12/2008, p. 22-46; link: http://www.insightinteligencia.com.br/43/PDFs/01.pdf). Relação de Publicados n. 856 e 878.

 1950. “Les Brics et l’économie brésilienne : Interview pour la Chaire des Amériques – Université Paris I”, Brasília, 11 novembro 2008, 6 p. Respostas a questionário colocado por Vincent Paes, assistente da Chaire Amériques-Université de Paris I, para divulgação online. Divulgado em 25.11.2008, nos seguintes links: (a) Brics:http://www.economie-et-societe.com/article-24982794.html; (b) Brésil: http://www.economie-et-societe.com/article-25122338.html; a ser integrado ao website da Chaire Amériques oportunamente.

1980. “A democracia nos Brics”, Brasília, 25 janeiro 2009, 3 p. Comentários adicionais à questão da democracia nos Brics, para matéria de jornal. Trechos selecionados publicados na matéria: Maria Helena Tachinardi, “Instituições: Estrutura capitalista e sociedade moderna”, In: Valor Especial, Oportunidades de Investimento (março 2009, p. 70-74). Postado no blog Diplomatizzando (12.07.2010; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2010/07/democracia-nos-brics-paulo-r-almeida.html).

2016. “Sobre a morte do G8 e a ascensão dos Brics: comentários metodológicos”, Brasília, 13 junho 2008, 6 p. Comentários em torno do anúncio, provavelmente prematuro, da morte do G8 pelo ministro das relações exteriores do Brasil, em 12.06.2009. Publicado em Via Política (15.06.2009). Divulgado no blog Diplomatizzando (link:http://diplomatizzando.blogspot.com/2009/06/1156-mais-rumores-sobre-morte-do-g8.html). Relação de Publicados n. 904.

2077. “O Bric e a substituição de hegemonias: um exercício analítico (perspectiva histórico-diplomática sobre a emergência de um novo cenário global)”, Brasília, 31 dezembro 2009, 31 p. Ensaio preparado para projeto do IPEA, sob a coordenação de Renato Baumann (Cepal-Escritório no Brasil). Publicado In: Renato Baumann (org.): O Brasil e os demais BRICs: Comércio e Política (Brasília: CEPAL-Escritório no Brasil/IPEA, 2010, 179 p.; ISBN: 85-781-1046-3), p. 131-154. Disponível na plataforma Academia.edu (link:http://www.academia.edu/5794579/086_O_Bric_e_a_substitui%C3%A7%C3%A3o_de_hegemonias_um_exerc%C3%ADcio_anal%C3%ADtico_perspectiva_hist%C3%B3rico-diplom%C3%A1tica_sobre_a_emerg%C3%AAncia_de_um_novo_cen%C3%A1rio_global_2010_). Relação de Publicados n. 967.

2157. “La estratégia de relaciones internacionales de Brasil y su política para el Bric”, Shanghai, 21 junho 2010, 66 p. Reaproveitamento do trabalho n. 1960, para palestra no Centro de Estudos Brasileiros do Instituto de Estudos Latinoamericanos da Academia Chinesa de Ciências Sociais. Feito PowerPoint em 50 slides. Apresentado em 25 de junho de 2010. Perguntas sobre câmbio e Venezuela.

2325. “Os Brics na nova conjuntura de crise econômica mundial”, Brasília, 7 outubro 2011, 9 p. Ensaio sobre o papel dos Brics no contexto atual. Mundorama (10/10/2011; link: http://mundorama.net/2011/10/10/os-brics-na-nova-conjuntura-de-crise-economica-mundial-por-paulo-roberto-de-almeida/). Dividido em três partes para o Observador Político (1a. parte: 26/10/2011; 2a parte: 27/10/2011; 3a parte: 28/10/2011). Publicado na revista Espaço da Sophia(vol. 45, n. 1, janeiro-junho 2012, ISSN: 1981-318X; p. 111-123). Relação de Publicados n. 1056 e 1964. Relação de Publicados n. 1056.

2331. “Pequeno debate sobre os Brics: comentando seu papel na ordem mundial”, Brasília, 22 outubro 2011, 6 p. Blog Diplomatizzando (22/10/2011; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2011/10/brics-pequeno-debate-sobre-seu-papel.html).

2404. “O futuro econômico dos Brics (se existe um...)”, Brasília, 30 junho 2012, 5 p. Respostas a questões de jornalista redatora de economia do portal Terra; aproveitando parcialmente na matéria “Em desaceleração, Brics tem como legado comércio Brasil-China” (8/07/2012). Postado no Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2012/06/os-brics-e-seu-futuro-economico-paulo.html).

2416. “O grupo Brics no contexto da crise econômica mundial”, Brasília, 31 julho 2012, 3 p. Ensaio elaborado com base no trabalho 2404, para a revista Consulex, em número especial a ser divulgado no Congresso Brasileiro de Direito Internacional; Revista Jurídica Consulex (Brasília, ano 16, n. 374, 15 de agosto de 2012, p. 30-31; ISSN: 1519-8065). Postado no blog Diplomatizzando (26/08/2012; link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2012/08/o-grupo-brics-no-contexto-da-crise.html). Relação de Publicados n. 1079bis.

2476. “Brics 2013 Declaration: a simplified version”, Hartford, 27 março 2013, 11 p. Tradução do burocratês em linguagem mais amena. Postado no Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2013/03/brics-declaration-more-readable-version.html .

2600. “Brasil no Brics”, Hartford, 16 abril 2014, 33 p. Contribuição à obra: Jorge Tavares da Silva (ed.), Brics e a Nova Ordem Internacional, a ser publicada em Portugal. Revisão em 21/07/2014, para acomodar informação sobre a cúpula dos Brics em Fortaleza, com a criação de um banco do grupo, bem como de um mecanismo de reservas contingentes; atualização geral das tabelas, total: 44 p.; revisão formal, atualização de dados: 16/01/2015. Publicado In: Jorge Tavares da Silva (ed.), Brics e a Nova Ordem Internacional (Casal de Cambra: Caleidoscópio; Aveiro:Mare Liberum, 2015, 320 p.; ISBN: 978-989-658-279-1; p. 71-115). Disponível no Academia.edu (links:https://www.academia.edu/10200076/108_Brasil_no_Brics_2015_ ehttps://www.academia.edu/attachments/36883658/download_file?s=work_strip). Relação de Publicados n. 1162.

3140. “O Brics acadêmico, na visão de gramscianos brasileiros”, Brasília, 12 julho 2017, 2 p. Comentários preliminares a transcrição no blog de artigo por três acadêmicos gramscianos, “Fórum Acadêmico dos BRICS e os (des)caminhos da diplomacia brasileira”, assinado por Renata Boulos, Diego Pautasso e Cláudio Puty, publicado em Carta Capital (14/07/2017; link: https://www.cartacapital.com.br/blogs/blog-do-grri/o-forum-academico-do-brics-e-os-des-caminhos-da-diplomacia-brasileira). Divulgado no Diplomatizzando (https://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/07/academicos-gramscianos-continuam-com-as.html) e disseminado no Facebook (https://www.facebook.com/paulobooks/posts/1590204557709655).

3188. “O lugar dos BRICS na agenda brasileira e internacional: reflexões, papeis e linkages”, Brasília, 3 novembro 2017, 29 p. Texto-guia para palestra no quadro do IV CIRIPE, Congresso Internacional de Relações Internacionais de Pernambuco (7/11/2017), a convite do Prof. da Faculdade Damas, Prof. Thales Castro, servindo também para livro (e-book), “O Lugar dos BRICS nas relações internacionais contemporâneas: Anais do IV Congresso Internacional de Relações Internacionais de Pernambuco. Inserido na plataforma Academia.edu (link: https://www.academia.edu/s/15ebecf062/o-lugar-dos-brics-na-agenda-brasileira-e-internacional-reflexoes-papeis-e-linkages) e informado no blog Diplomatizzando (4/11/2017; link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/11/repensando-o-brics-ou-um-dos-brics.html).

3398. “O que eu pensava do Brics em 2014? Continuo pensando o mesmo”, Brasília, 19 janeiro 2019, 15 p. Digressões, com base no trabalho n. 2600 (“Brasil”), in: Jorge Tavares da Silva (ed.), Brics e a Nova Ordem Internacional (Casal de Cambra: Caleidoscópio; Aveiro: Mare Liberum, 2015, 320 p.; ISBN: 978-989-658-279-1; p. 71-115; link: https://www.academia.edu/10200076/108_Brasil_no_Brics_2015_), com pequenas mudanças indicadas em vermelho. Publicado no Diplomatizzando (https://diplomatizzando.blogspot.com/2019/01/o-que-eu-penso-do-brics-o-mesmo-que.html), em Academia.edu (link: https://www.academia.edu/s/fa4524406e/o-que-eu-pensava-do-brics-em-2014-continuo-pensando-o-mesmo-2019) e em Research Gate (link: https://www.researchgate.net/publication/330502480_O_que_eu_pensava_do_Brics_em_2014_Continuo_pensando_o_mesmo).

3845. Lista de trabalhos de Paulo Roberto de Almeida sobre BRIC-BRICS, 2006-2019”, Brasília, 24 janeiro 2021, 5 p. Apenas os trabalhos referidos expressamente no seu título, ou na sua descrição, aos conceitos BRIC ou BRICS, à exclusão de muitos outros que trataram da questão em meio a diversos outros temas de relações econômicas internacionais ou de política externa brasileira, mas que não é possível identificar agora. Divulgado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2021/01/lista-recapitulativa-de-trabalhos-sobre.html).


Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4039: 6 dezembro 2021, 4 p.

 

segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

Seminário Internacional José Guilherme Merquior, 80 anos: Textos Inéditos - Manuela Carneiro da Cunha e Paulo Roberto de Almeida

 Minha mesa no Seminário Internacional José Guilherme Merquior, 80 anos: 

10 de dezembro de 2021; 16hs (SP)

Inéditos de José Guilherme Merquior

Manuela Carneiro da Cunha (Universidade de Chicago / USP)
Paulo Roberto de Almeida (IHG-DF / Ibmec-DF)
Este encontro no Zoom será retransmitido ao vivo neste canal no Youtube: https://www.youtube.com/editorae


O diplomata e o soldado: Celso Lafer sobre a obra de Raymond Aron (Revista 451, 2019)

Um ensaio que eu não conhecia, e que escapou da coletânea de textos que organizei para o patrono das Relações Internacionais do Brasil (mas ela só foi até 2017), publicada em 2018: Celso Lafer, Relações internacionais, política externa e diplomacia brasileira: pensamento e ação (Brasília: Funag, 2018, 2 vols.).

Paulo Roberto de Almeida

Relações Internacionais

O diplomata e o soldado

Ex-chanceler brasileiro analisa a importância de Raymond Aron no campo das relações internacionais

Celso Lafer

Quatro Cinco Um, 01/04/2019


articles-lN6Ji3xoT9cGDyK
O filósofo francês Raymond Aron em 1986 Erling Mandelmann/Gamma-Rapho
Aron, Raymond
Paz e guerra entre as nações 
Tradução de Sérgio Bath
WMF Martins Fontes • 980 pp • R$ 119,90

Raymond Aron (1905-83) foi um pensador de grande envergadura em muitos campos do conhecimento das ciências humanas. O seu ponto de partida foram as obras de cunho universitário que elaborou na década de 1930 dedicadas à filosofia da história, à analise em profundidade dos limites da objetividade histórica, e às condições da existência histórica. 

Como aconteceu com tantos pensadores europeus que foram seus contemporâneos, o turbilhão da Segunda Guerra Mundial alterou a sua vida.  No plano intelectual, levou-o a uma abrangente e interdisciplinar reflexão de “observador engajado” sobre as rupturas que caracterizaram o século 20. Empenhou-se em  esclarecer e explicar a dinâmica dos múltiplos setores da sociedade moderna — como por exemplo, as relações sociais, as relações de classe, os regimes políticos, as discussões ideológicas — valendo-se do seu aprofundado domínio da filosofia, da sociologia e da ciência política. Um dos campos a que se dedicou com maestria foi o da especificidade das relações interestatais. 

Paz e guerra entre as nações insere-se neste âmbito da sua dedicação às relações internacionais. Teve como estímulo o ineditismo da existência das armas nucleares. Foi o complemento reflexivo da sua atividade jornalística, na qual, a partir da segunda metade de 1940 até a sua morte, notabilizou-se como comentarista e editorialista regular de política internacional na grande imprensa francesa — tarefa que exerceu concomitantemente e sem prejuízo da sua atividade de grande professor universitário.

Paz e guerra foi redigido em 1960-1961 e publicado na França em 1962. A primeira edição brasileira data de 2002. Foi publicada na coleção clássicos do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI), sob os auspícios da Editora da Universidade de Brasília e da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo.

A edição beneficia-se de uma qualificada apresentação de Antonio Paim e contém um prefácio do próprio Aron à tradução brasileira. Aron, cabe lembrar, teve presença em nosso país como assíduo colaborador de O Estado de S. Paulo

Esteve entre nós em duas ocasiões. A primeira em 1962, quando deu conferências em universidades brasileiras — dentre elas, uma na Faculdade de Direito da USP, à qual assisti. Nela, começou apontando a unidade do campo diplomático: “Pela primeira vez os homens vivem uma só e mesma história. A humanidade está unificada pelos seus conflitos, pela técnica e também por seus problemas”. A segunda foi em 1980, tendo Aron participado de um simpósio na Universidade de Brasília dedicado à sua obra (“Raymond Aron na UnB”), do qual participei, e proferindo conferências em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Economia e futebol

A presente edição agrega à anterior um substancioso texto seu de 1983, que serviu como apresentação à 8ª edição francesa, assim como seu prefácio de 1966 à 4ª edição francesa. Paz e guerra entre as nações é um livro notável. 

Em contraste com tantos livros de teoria das relações internacionais, escritos e pensados sob a perspectiva da Guerra Fria e da rivalidade Estados Unidos/União Soviética e que se tornaram obsoletos já na década de 1990, com o término das polaridades definidas — Leste/Oeste e, nas suas brechas, a Norte/Sul —, a grande obra de Aron retém plena a atualidade.

As relações internacionais se desdobram sob a sombra da guerra, um camaleão científico-tecnológico 

Permanece como um mapa de conhecimento para o estudo e a avaliação das relações internacionais, graças aos instrumentos analíticos que oferece e elabora com rigor e qualidade. 

Aron argumenta que a singularidade do campo, que o diferencia de outras áreas das ciências sociais, é que ele está permeado pela situação limite paz/guerra; e que, no âmbito das relações interestatais, como ele diz recorrendo a Max Weber, existe a ausência  de uma instância que detenha o monopólio da violência legítima, em contraste com o que ocorre no plano interno dos Estados. Daí a importância que atribui a dois personagens qualificados como simbólicos: o diplomata e o soldado como os representantes por excelência  das coletividades estatais. 

Aron evidentemente não ignora  que a sociedade internacional é mais ampla do que a sociedade interestata, como aponta no livro e nos seus prefácios que integram a edição brasileira. Engloba o sistema econômico mundial e os fenômenos transnacionais que a influencia e impacta.

Isto não afasta, contudo, no entender de Aron, a singularidade sistêmica das relações interestatais, que não se amoldam à predominância causal da economia. É o que observa com a sua autoridade de marxólogo, que está aliás, em consonância com a análise de Bobbio sobre as insuficiências do marxismo para um abrangente trato das relações internacionais e da guerra. 

Na discussão dos níveis conceituais da compreensão do campo, Aron aponta que não cabe a analogia nem com a economia nem com o futebol. O tema unificador da primeira é o desafio da escassez, e o seu problema é a da escolha dos meios de superá-la e de distribuir os resultados alcançados. O futebol tem regras, juiz, e o preciso objetivo dos times é ganhar a partida travada no interior de um campo delimitado com um número fixo de participantes. Não são estas características do campo das relações internacionais.

Este se desdobra sob a sombra da guerra. Ao tema, Aron dedicou um pioneiro livro em 1951, Les guerres en chaîne [As guerras em cadeia], um acurado exame da Primeira Guerra Mundial — dos equívocos diplomáticos que a desencadearam e da surpresa técnica dos novos armamentos que a prolongou. Na sequência de Paz e guerra escreveu, inspirado pelo pensamento de Clausewitz, os dois volumes de Penser la guerre [Pensar a guerra], em 1976.

Moldura

A guerra, observa Aron, é um camaleão. Assume sempre novas formas, inclusive e muito especialmente na sua dimensão científico-tecnológica. A indeterminação a priori das suas formas é um dado que paira sobre o campo das relações internacionais. Daí as distintas modalidades de paz e as tipologias sugeridas por Aron em Paz e guerra: paz de equilíbrio, de hegemonia, de império, de impotência, de satisfação — e o papel que no seus âmbitos desempenham a persuasão e a subversão. 

Estas, por sua vez, assumem características próprias, à luz das constelações diplomáticas que levam em conta as polaridades prevalecentes no sistema interestatal e da homogeneidade ou heterogeneidade dos Estados que o compõem — vale dizer, o maior ou menor grau de mútuo reconhecimento e a ação dos atores que nele operam, com maior ou menor empenho na estabilidade. 

É nesta moldura ampla que Aron vai destacar uma característica singularizadora das relações internacionais: a pluralidade dinâmica dos objetivos concretos configuradores das políticas externas dos Estados que compõem o sistema estatal. Entre estes objetivos figuram a segurança, o desenvolvimento, o bem estar, o prestígio, a afirmação de valores e, consequentemente, o papel das afinidades e das discrepâncias quanto às formas de conceber a vida em sociedade. O maior ou menor peso destes objetivos varia de acordo com as circunstâncias. 

É isso que faz do conceito de interesse nacional, norteador da política externa, algo plurívoco e, por vezes, esquivo. Por esse motivo, a racionalidade dos objetivos das condutas das políticas externas é circunscrita pela escolha de certas premissas que norteiam o seu processo decisório. Daí um componente de indeterminação da ação estratégica-diplomática que pode variar no tempo. Um exemplo atual é a diferença entre a conduta da política externa dos Estados Unidos no governo Trump, oposta à diplomacia de seu antecessor, Barack Obama.

Os objetivos da implementação de uma política externa estão vinculados aos meios de que dispõe um Estado no âmbito de um sistema interestatal que obedece à lógica de uma distribuição de poder individual, mas desigual, entre os seus integrantes.

Aron trata dos meios na moldura do que denomina determinantes e regularidades sociológicas. Entre elas: o espaço, referente à inserção geográfica e territorial de um país num mundo finito mas planetariamente unificado, para o bem e para o mal, pela técnica, por seus conflitos e por seus múltiplos problemas; o número, que é o componente demográfico das pessoas que se distribuem e que se acomodam, ou não, no espaço dos territórios dos múltiplos Estados que integram o sistema interestatal; os recursos, que, numa acepção abrangente, cobrem o conjunto dos meios materiais e de conhecimento de que dispõe uma coletividade estatal; e a natureza das nações e dos regimes, que ajuda a entender o modo de ser e de agir dos atores estatais, os sujeitos da história diplomática.  

Maquiavel e Kant

Destaquei nesta minha leitura de Paz e guerra entre as nações alguns dos aspectos que considero relevantes para a compreensão do campo das relações internacionais, mas evidentemente não fiz justiça e não dei conta da abrangência analítica e conceitual de um livro de quase mil páginas. 

Aron desenvolveu uma ética de prudência e de equilíbrio entre excessos que me inspirou quando tive a oportunidade de conduzir o Itamaraty

Quero concluir com uma rápida consideração sobre o que Aron discute na última parte de seu livro — “Praxeologia” —, na qual examina as antinomias com as quais se confrontam os responsáveis pela condução da política exterior: em síntese, o enfrentamento tanto do problema maquiavélico quanto do problema kantiano. 

O problema maquiavélico diz respeito ao realismo dos meios legítimos da condução de política externa, que, no limite, comportam o uso da força. É o tema de preservação do Estado como uma unidade independente no âmbito do sistema interestatal. Para ele aponta o inciso I do artigo 4º da Constituição brasileira, que positiva os princípios que regem as relações internacionais do país: independência nacional.

O problema kantiano é o da busca da “paz perpétua” e de um princípio de razão abrangente regulador da humanidade, que substitua a “moral de combate”. Algo que está igualmente positivado na Constituição de 1988, também no artigo 4º: defesa da paz (inciso VI), solução pacífica de conflitos (VII) e cooperação entre os povos para o progresso da humanidade (IX).

Na interação entre os dois problemas, Aron desenvolveu uma ética de prudência e de equilíbrio entre excessos. Foi uma lição que me inspirou nas duas ocasiões em que tive oportunidade de conduzir o Itamaraty.

domingo, 5 de dezembro de 2021

Trabalhos mais vistos e mais acessados de Paulo Roberto de Almeida - Academia.edu

        Trabalhos mais vistos e mais acessados de Paulo Roberto de Almeida

                                  Academia.edu, 5/12/2021

 

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203

Marxismo e Socialismo (2019)

2,029

854

012) Mercosul, Nafta e Alca: a dimensão social (1999)

1,982

148

091) Teoria das Relações Internacionais – Apresentação (2012)

1,947

84

056) Planejamento no Brasil: memória histórica (2006)

1,852

392

094) A economia do Brasil nos tempos do Barão do Rio Branco (2012)

1,750

209

14) O Estudo das Relações Internacionais do Brasil (2006)

1,744

583

530) Brasil e OCDE: uma interacao necessaria - tese CAE (1996)

1,735

217

005) Os Anos 80: da nova Guerra Fria ao fim da bipolaridade (1997)

1,667

99

07) Relações Brasil-Estados Unidos: assimetrias e convergências (2005)

1,582

215

1820) Mercosul e América do Sul na visão estratégica brasileira: revisão histórica e perspectivas para o futuro

1,533

116

17) Globalizando: ensaios sobre a globalização e a antiglobalização (2011)

1,513

115

2306) A economia política da velha Guerra Fria e a nova “guerra fria” econômica da atualidade: o que mudou, o que ficou? (2011)

1,473

254

01) O Mercosul no contexto regional e internacional (1993)

1,373

160

A Destruicao da Inteligencia no Itamaraty (Edição do Autor, 2019)

1,356

358

001) O Paradigma Perdido: a Revolução Burguesa de Florestan Fernandes (1987)

1,317

71

102) Oswaldo Aranha: na continuidade do estadismo de Rio Branco (2013)

1,277

221

081) O império em ascensão (por um de seus espectadores): Oliveira Lima (2009)

1,171

29

2723) Produção intelectual sobre relações internacionais e política externa do Brasil (1954-2-14)

1,163

210

110) Padroes e tendencias das RI do Brasil (2013-2015)

1,153

69

1378) O desenvolvimento na era da globalização (2005)

1,114

13

2801) Por Que a América Latina é Pobre e a América do Norte Rica? (2015)

1,068

45

21) Nunca Antes na Diplomacia: a politica externa brasileira em tempos não convencionais (2014)

1,068

187

28) Paralelos com o Meridiano 47: ensaios (2015)

1,033

228

007) OCDE, UNCTAD e OMC: uma perspectiva comparada sobre a macroestrutura política das relações econômicas internacionais (1998)

1,019

78

 

 

A democracia que funciona, segundo Beijing - CGTN

 Ainda preciso ler:

China's State Council Information Office on Saturday released a white paper titled "China: Democracy That Works." 

Click on the attachment for the full text.  

https://news.cgtn.com/news/whitepaper/China+Democracy+That+Works.pdf


Full Text: China: Democracy That Works