O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

sábado, 14 de dezembro de 2019

PCdoB: a proeza subintelequitual de criticar um evento que ainda não tinha ocorrido

O PCdoB continua igual ao que sempre foi: inacreditavelmente sectário, dogmático, ultra-stalinista e, desta vez fantasmagórico: consegue criticar um evento antes de sua ocorrência, o que revela seus dons premonitórios.
O autor conhece o livro de Hugo Studart e já o decretou falso. Mas faz o mesmo com o meu livro e o de Gustavo Bezerra, que ainda não leu: ou seja, uma literatura com a capacidade de adivinhar o desconhecido.
Paulo Roberto de Almeida


A vulgaridade de um “debate” anticomunista em Brasília

Osvaldo Bertolin

O outro lado da notícia, 11/12/2019


Indústria do anticomunismo voltou a ser mais ativa com a escalada da extrema direita. Livros e “debates” são, além de usinas de propaganda ideológica de caráter fascista, fontes de renda e até de títulos acadêmicos. 
Por Osvaldo Bertolino 
O Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal anuncia para o próximo dia 11 de dezembro o debate intitulado “A trajetória do comunismo no Brasil”. Quem abordará o tema é ninguém menos do que os anticomunistas Paulo Roberto de Almeida (embaixador), Hugo Studart (jornalista e historiador) e Gustavo Bezerra (diplomata e historiador), este autor do infame O livro negro do comunismo no Brasil. O evento faz parte do “Ciclo de Diálogos sobre o Pensamento Político Brasileiro”, diz o Instituto. 
Segundo anuncia Studart em seu Facebook, “Paulo Roberto vai abrir tecendo uma breve panorâmica sobre o movimento comunista e sua trajetória no Brasil, palestra baseada em seu próximo livro, Marxismo e Socialismo”. Ele, Studart, “vai falar da crise ideológica do Partido Comunista Brasileiro, PCB, que resultou em sua fragmentação e criação das organizações da luta amada, palestra baseada no livro Borboletas e Lobisomens”. E Gustavo Bezerra “ficará com o fecho de ouro, apresentando sua obra monumental”.
Ainda segundo Studart, Paulo Roberto de Almeida é o proponente do “debate” anticomunista. O nome não seria exatamente “debate”, porque trata-se de três personagens com pensamentos semelhantes, todos beneficiários da indústria do anticomunismo. Paulo Roberto de Almeida escreveu o posfácio do livro-farsa de Studart Borboletas e lobisomens— uma ficção barata vendida como história —, que conseguiu a proeza de ser mais vulgar do que a própria obra. 
Técnica goebbeliana
O anticomunismo existe desde que o comunismo é comunismo. Já no Manifesto do Partido Comunista, considerado a primeira obra programática do marxismo, Karl Marx e Friedrich Engels escreveram que “todas as potências da velha Europa unem-se numa santa aliança para conjurá-lo (o espectro do comunismo): o papa e o czar, Metternich (estadista austríaco) e Guizot (estadista francês), os radicais da França e os policiais da Alemanha”.
Desde então, em nome do combate ao “comunismo” muita vulgaridade rotulada de história, filosofia ou coisa parecida foi produzida. Tudo com generosa publicidade, sem que os caluniados possam abrir a boca para dizer uma única palavra em sua defesa. É assim que eles tentam envenenar os que lhes dão ouvidos, conhecida técnica goebbeliana para manipular os incautos.
Cata de mitos
Paga-se bem por qualquer obra produzida para difamar e caluniar os comunistas. Concedem-se títulos acadêmicos — essa obra de Studart, pasmem, saiu de uma tese de doutorado aprovada na Universidade Nacional de Brasil (UnB) — e abrem-se espaços generosos na mídia — Studart deitou falação mentirosa sobre a minha produção que desmascara seu livro-farsa sem que ninguém se dignasse a me ouvir, ou mesmo a publicar algo do que escrevi e falei. 
É um comportamento bem ajustado ao figurino da escalada da extrema direita, que impulsionou a indústria anticomunista. Poucas vezes na história do Brasil se falou e se escreveu tanto a palavra “comunismo”. Ela é falada ou escrita sem nenhum contexto, acompanhada de números e citações sem comprovações; e sempre repisando e reforçando grotescas mentiras factuais e históricas. 
Um princípio básico para quem fala ou escreve algo sem ser vulgar é saber do que está falando, não sair por aí à cata de mitos na tentativa de fraudar a realidade e manipular os fatos. Os personagens desse “debate”, por exemplo, já demonstraram que nada sabem a respeito ou ignoram o que sabem porque optaram pelo rentismo do anticomunismo.
Para se falar de comunismo — contra ou a favor — é preciso compreender o que os seus teóricos produziram, em especial Karl Marx, Friedrich Engels e Vladimir Lênin. E ter em conta que essa corrente filosófica, ideológica e política enfrentou e venceu diferentes fixações fanáticas de seus detratores. Não será com a repetição de velhos e surrados chavões do mais rudimentar anticomunismo histórico que agora terão êxitos.
Código da economia
O marxismo representou uma ruptura de parâmetros. É o fenômeno mais relevante, no campo do estudo científico da história, da economia e da filosofia, nesses dois últimos séculos, quando a humanidade mudou mais do que no milênio anterior. Marx decifrou o código da economia de crise. E isso não está em nenhum livro em particular. Está no conjunto de sua obra, da qual a parte mais importante é, certamente, O Capital
Ele está longe de ser apenas mais um nome no balaio de gatos de pretensos contestadores da sua obra. Sua teoria difere substancialmente das ideias voláteis que são propagadas por gente que ganha a vida montando frases de efeito e expelindo perdigotos em palestras como essa desses anticomunistas escalados para o “debate” do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal.
A interpretação científica dos seus princípios radiografa casos de sucesso e fracasso em uma sociedade, gera novas interpretações da realidade, cria novos paradigmas e equações para entender e explicar o que ocorre no mundo. Por tudo, Marx precisa ser estudado. Por sua originalidade, pela seriedade e consistência de sua obra, porque escrevia bem. Exatamente por isso é difícil contestar o comunismo sem apelar para a vulgaridade e para a desfaçatez, como fazem Paulo Roberto Almeida, Hugo Studart e Gustavo Bezerra.   
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Acompanhe o caso aqui:

O jabuti de Hugo Studart e os jornalistas que roubam

sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Avaliação do professor no Uniceub - Paulo Roberto de Almeida

Minha avaliação, por parte dos alunos:

Sobre 5 pontos máximos, eu obtive 4,03.

Prezado(a) professor(a),


Segue abaixo a avaliação realizada pelos alunos da disciplina:  Economia Política – Programa de Mestrado em Direito.

A nota média geral da disciplina Economia Política do Programa de Mestrado em Direito foi de 4,03 com uma amostra geral de 38,89%. A tabela abaixo apresenta o resultado da Economia Política do Programa de Mestrado em Direito por questão.
Tabela 36 – Resultado da disciplina Economia Política
Programa de Mestrado em Direito
Questão
Nota
01. A disciplina é adequada aos meus objetivos com o curso.
4,43
02. A disciplina me proporcionou entendimento mais aprofundado sobre o tema da disciplina.
4,57
03. A disciplina me levou a reexaminar minhas preocupações de pesquisa.
3,71
04. A carga horária da disciplina é coerente com o conteúdo e programa de leitura.
4,57
05. A bibliografia da disciplina é útil para a minha formação.
4,43
06. A dinâmica da disciplina é adequada para o aprendizado
3,57
07. O professor se preocupou em verificar se os alunos estavam compreendo o conteúdo.
4,29
08. As diretrizes do professor para a execução dos trabalho foram claras e precisas.
4,29
09. O professor comportou-se de forma respeitosa com os alunos.
5,00
10. O professor utilizou mecanismos para verificar se eu havia lido os textos.
3,29
11. O professor contribuiu para a construção de um ambiente favorável ao desenvolvimento da autonomia do aluno e do pensamento crítico.
4,29
12. Existe um nível adequado de preparação dos meus colegas da turma, com leituras prévias a aula.
3,14
13. Meus colegas participam das discussões em sala de aula.
3,71
14. O desenvolvimento da aula ficou prejudicado quando a turma, ou parte dela, deixava de ler os textos obrigatórios.
3,00
15. Estou satisfeito com meu investimento pessoal no curso.
4,43
16. Realizei a leitura dos textos obrigatórios para as aulas.
3,29
17. Fui pontual durante as aulas.
4,43
Fonte: CPA – UniCEUB
A disciplina Economia Política do Programa de Mestrado em Direito registrou um total de respostas nas questões discursivas, apresentadas por meio da tabela abaixo.
Tabela 37 – Respostas das questões discursivas
Economia Política – Programa de Mestrado em Direito
Resposta
Excelente o alto nível 'enciclopédico' de informações, raciocínio crítico muito relevante, um grande profissional.
Professor de altíssimo nível: é um privilégio ouvi-lo semanalmente. Faltou apenas a prévia indicação de uma leitura obrigatória para cada tema. Li alguns livros da bibliografia indicada (que é ótima), mas isso não me permitiu acompanhar bem os temas. No regime 'ler antecipadamente algo específico da aula seguinte', funcionaria melhor.

Professor de um conhecimento e paixão pela docência ímpares. Grande nome dos quadros da universidade; um gênio. O domínio sobre o conteúdo nos inspira ao aperfeiçoamento constante.

Acordo EUA-China: adivinhe quem vai pagar a conta?

 
Veja, 13/12/2019
China e Estados Unidos chegaram a um primeiro acordo comercial, afirmou o presidente americano, Donald Trump, nas redes sociais. Os EUA manterão tarifas de 25% sobre importações chinesas, mas cancelaram aplicação de pacote de taxas previsto para entrar em vigor no domingo. Em uma das contrapartidas, Pequim concordou em comprar mais produtos agrícolas americanos, o que pode impactar o agronegócio brasileiro.

O que se sabe: os países afirmaram que esta é a fase 1 do acordo e que seguirão negociando. O texto inclui seções sobre propriedade intelectual, transferência de tecnologia, produtos agrícolas, câmbio e outros temas.

Guilhon de Albuquerque: Bolsonaro e Política Externa

Do blog de José Augusto Guilhon de Albuquerque:

REDAÇÕES REELEGEM BOLSONARO TRÊS ANOS ANTES DA HORA

OS NÚMEROS CONTAM OUTRA HISTÓRIA
Deu na Folha: “Reação da economia freia perda de popularidade de Bolsonaro, diz Datafolha”. Mais discreto, o Estadão dá na página A10, quase em nota de rodapé: “Reprovação de Bolsonaro para de crescer, diz Instituto”. Como a aprovação variou apenas um ponto, de 30% para 29%, e a reprovação dois pontos, de 38% para 36%, a avaliação negativa do governo, na verdade, manteve-se inalterada. 
Isso porque, segundo os critérios adotados pelo próprio Datafolha, nenhuma diferença menor do que quatro pontos percentuais é estatisticamente significativa, uma vez que, em mais de 90% dos casos, ela não “representará a realidade” como se costuma afirmar nas mídias em geral. Dito de outra forma, segundo os critérios dos institutos, em mais de 90% dos casos (às mais de 95%) diferenças menores do que quatro pontos percentuais não “representam a realidade”. Assim sendo, tudo o que se pode dizer, a partir desses dados é, primeiro, que a reprovação do governo Bolsonaro não aumentou nem diminuiu, e isso também vale para sua aprovação. Segundo, que a diferença entre ambas continua variando entre seis e nove pontos percentuais, e que, portanto, entre 68% e 72% dos entrevistados continuam não aprovando seu governo.
E não param aí as afirmações equivocadas do Instituto, repercutidas sem muito critério pelos dois maiores jornais do País. Segundo a matéria da Folha, “a pesquisa capturou vários sinais de que parte da população voltou a observar com otimismo a situação econômica”, porque 43% acham que essa situação vai melhorar nos próximos meses (e não que já teria melhorado…), enquanto apenas 40% pensavam assim em agosto. Se o “otimismo” de hoje pode variar entre 41% e 45%, e o de agosto entre 38% e 42%, pode-se dizer que ele não aumentou nem diminuiu significativamente. (Na verdade não se pode empregar um cálculo de margem de erro entre amostras diferentes aplicadas em datas diferentes, mas todos os institutos o fazem, e as redações ficam satisfeitas com isso. Tampouco se pode dizer que uma amostra retrata qualquer realidade, mas enfim…)
Assim sendo, afirmar que “a melhora das expectativas econômicas tenha estancado a perda de popularidade do presidente” constitui um equívoco ao quadrado, pois como poderia uma melhora de expectativas que não ocorreu ter tido impacto sobre a melhora ou piora de uma popularidade que tampouco variou? Seria o mesmo que atribuir a flutuação das avaliações sobre o governo do presidente às fases da Lua ou à mudança da maré.
Com exceção da avaliação da equipe econômica do governo, que melhorou significativamente, todos os indicadores foram significativamente mais desfavoráveis ao governo Bolsonaro. O mais lamentável é que 81% não acreditam sempre no presidente e outros 81% consideram que ele não está à altura do cargo. Com tal contexto de avaliações negativas é difícil acreditar que, tal como sugere o Datafolha, uma reversão da queda de popularidade do governo Bolsonaro esteja a caminho.
A quem poderia interessar esse completo divórcio entre os fatos realmente observados e a narrativa, a não ser aos mesmos que “simulam” os resultados do segundo turno, com três anos de antecipação sobre um primeiro turno que ainda não ocorreu? Decretar que Bolsonaro freou, estancou ou parou de aumentar a deterioração de sua imagem perante o eleitor, e que Lula é o seu único adversário viável beneficia apenas aqueles cuja hegemonia política depende vitalmente de inviabilizar os moderados.

WASHINGTON É APENAS UM DETALHE, BEM QUE EU AVISEI


É A POLÍTICA EXTERNA, SEU TOLO
Em julho, “analistas” e “especialistas” de sempre, pegavam no pé do nosso presidente por causa do nepotismo moral de prometer nomear seu filho para a mais importante missão no exterior, a embaixada em Washington. Ora, o problema realmente grave é a condução de nossa política externa. Segue o blog que postei, comentando esse equívoco:
Bolsonaro está enrolando toda a imprensa e a grande maioria dos publicistas (como eram chamados os que escrevem e falam sobre a coisa pública). Dá vontade de zombar, desqualificar intelectualmente, contestar os fatos, condenar moralmente – concentrar-se nas inúmeras insuficiências intelectuais, morais e de personalidade do presidente. Em pura perda, porque, como já disse em blog anterior, nosso presidente atua por impulso, e não por escolha racional. 
Enquanto se discutem seus gestos e façanhas, os efeitos delas permanecem, e o alvo da controvérsia é totalmente infenso a ela, porque, como também já disse, ele jamais faria nada “disso daí”. Tanto isso vale para sua declaração de que jamais falaria de coisas estratégicas ao telefone, como quando explica que não pratica nepotismo nem favoritismo, nem toma decisões temerárias ao indicar uma pessoa inexperiente e sem qualificações para um posto diplomático que é vital para o interesse nacional.
Acho muito improvável – levando-se em conta a ligeireza com que trata de suas prerrogativas como chefe da Nação e do Estado – que saiba distinguir as questões estratégicas de seus compromissos com os interesses imediatos de seguidores. Tampouco acho provável que saiba distinguir suas relações pessoais de uma política de relações exteriores, a julgar pelo fato de empregar, como modelo de entendimento de tudo o que se passa na sociedade e no Estado, metáforas de relações conjugais, casamento, noivado, namoro e sexo.
Nossa embaixada em Washington é apenas um detalhe – sem dúvida importante, mas um detalhe – no que diz respeito à nossa política externa, que se encontra à deriva. Alguns exemplos concretos podem ajudar a esclarecer meu argumento.
Posso estar enganado, mas o momento de maior risco externo neste governo ocorreu em Pacaraima, na fronteira com a Venezuela, quando o Itamaraty e a Presidência da República cogitaram de coordenar com os EUA uma ação em território venezuelano, que não ocorreu graças à intervenção contrária das nossas Forças Armadas e à moderação de nossos vizinhos do Grupo de Lima. 
Isso se passou a milhares de léguas de Washington. A embaixada em Washington poderia ter aumentado o risco em mãos inexperientes e sem qualificações? Até poderia, tendo um chefe de missão alinhado com John Bolton, assessor de insegurança nacional de Trump. Diga-se de passagem: quem, da confiança de Macron ou de Merkel, ou mesmo de Johnson, tomaria a bênção de John Bolton ou de Steve Bannon?
Também a milhares de léguas de Washington, ocorreram as graves trapalhadas com navios de carga de bandeira iraniana. O embargo trumpiano ao Irã é um dos jogos de guerra prediletos do presidente americano, uma crise criada gratuitamente (mas com custos altíssimos), de acordo com a opinião geral dos especialistas em política externa mais destacados do mundo. Por causa de sua obstinação em alterar o acordo alcançado entre as principais potências mundiais e o Irã – sob a liderança de Obama –, Trump está cobrando um preço enorme aos principais aliados dos EUA em termos perdas de comércio, investimentos e segurança energética.
Todos os países sérios do mundo, especialmente as principais potências europeias, com dependência energética do fluxo de petróleo pelo Oriente Médio, definiram uma política para enfrentar ou contornar o embargo trumpiano, que prevê retaliações contra todas as empresas que não cumprirem seu diktat. E mantêm essa política em contínua evolução, uma vez que o que Trump diz não se escreve, e mesmo o que se escreve não se faz.
Embora as áreas governamentais da agricultura, do comércio exterior, de energia e do sistema bancário, possam e devam ser ouvidas, cabe ao Itamaraty, por orientação do Presidente da República, enfrentar a ameaça aos interesses nacionais provocada por Trump. O Presidente da República Federativa do Brasil, diferentemente dos Estados Unidos da América, não compartilha com nenhum outro poder ou setor do governo (nem com o Itamaraty) a responsabilidade pela definição e a condução da política externa. 
O Itamaraty, portanto, – ou melhor, seu chefe – prevarica ao não possuir um protocolo bem definido sobre as políticas a serem seguidas pelo País em casos como o dos navios sob bandeira iraniana que a Petrobrás se recusou a abastecer. Na vigência desse protocolo, não se deixaria a questão do embargo ao sabor de um jogo de empurra entre decisões da Petrobras, de juízes de diferentes instâncias, ou do STF, despreparados que são, e sem autoridade constitucional para interferir na definição e condução da política externa brasileira.
É bem verdade que o Presidente da República abriu mão de ter uma política externa ao nomear um chanceler sem qualquer experiência de chefia de missão no exterior e ao entregar a definição de nossa política externa a outro país, como tornou público ao declarar, segundo a Folha (25/07/2019): “Sabe que estamos alinhados à política deles. Então, fazemos o que tem que fazer”. 
Em casos dessa natureza, é dever de Estado do chefe da diplomacia esclarecer ao Presidente a diferença entre alinhamento diplomático e subserviência a uma potência externa. É o que deveria distinguir o Brasil de Hong Kong e Macau, por exemplo, cuja política externa e de defesa estão a cargo de Pequim. 
O prejuízos aos interesses nacionais e a sua segurança internacional estão – e tudo indica que continuarão – em risco, independentemente de quem for efetivamente nomeado para Washington.
Em suma, o que posso dizer, senão: assino embaixo?