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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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quinta-feira, 18 de julho de 2013

O papa argentino sem argentinos no Brasil: restricoes cambiais explicam(mas nao justificam)

Pobres papistas argentinos.
Ops, pobres não. Que tem dinheiro para viajar ao Brasil não é exatamente pobre.
Só não consegue comprar reais ou divisas para viajar.
O Brasil já esteve nessa pindura, uns 30 anos atrás. Salvou-nos o rum creosotado do Plano Real e certa consciência de que algumas coisas são absolutamente ridículas, como essas proibições típicas dos anos 1930.
Pois é, a Argentina não tem vergonha de ser ridícula.
Paulo Roberto de Almeida

Argentinos não conseguem comprar real para ver o papa no Brasil

Restrição cambial dificulta a vida dos peregrinos; jovens não conseguem trocar pesos no banco porque muitos não trabalham e não podem comprovar salário

Papa Francisco acena para a multidão durante a missa de entronização, no Vaticano
Papa Francisco acena para a multidão durante a missa de entronização, no Vaticano - Gregorio Borgia/AP
Nem mesmo a primeira viagem de um papa argentino à América Latina inspirou o governo da Argentina a aliviar o rígido controle cambial para os peregrinos que desejam ver o papa Francisco no Brasil, na semana que vem.
Milhares de jovens católicos argentinos, muitos de origem humilde, desejam viajar ao Rio de Janeiro para participar da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) e encontrar o papa conterrâneo, que chega na segunda-feira na primeira viagem ao exterior de seu pontificado. Mas as restrições para a troca do peso argentino pelo real estão complicando os planos dos peregrinos. Muitos afirmam que as regras deveriam ter sido aliviadas para uma ocasião especial. "O governo não está sendo razoável", disse à Reuters o bispo Raúl Martín, de Buenos Aires. "Obviamente muitos argentinos iriam ao Brasil."
Martín disse que cerca de 18.000 jovens se inscreveram para o evento no Rio. Muitos vão dormir em escolas pertencentes a organizações religiosas e faltarão ao trabalho. Ele disse estar recebendo ligações diárias de pessoas que não conseguem trocar dinheiro. A mídia local estima que 42 mil argentinos irão ao Brasil.
Antes de viajar para o exterior, os argentinos precisam solicitar uma permissão ao governo para trocar pesos. Eles precisam repassar detalhes da viagem e apresentar documentos, incluindo detalhes sobre seus salários. O problema é que muitos jovens que se inscreveram para a JMJ são muito novos para trabalhar, disse Martín, e não estão podendo trocar pesos por reais porque não têm como comprovar salário.
Sacar dinheiro em caixas-eletrônicos com um cartão de crédito, opção utilizada como último recurso, não funciona no Brasil, uma vez que a Argentina proíbe os saques em países vizinhos. A presidente argentina, Cristina Kirchner, estabeleceu novos controles sobre a compra de moeda estrangeira logo após ser reeleita, em outubro de 2011, para tentar reduzir a saída de capital.
A dificuldade em fazer transações de câmbio levou muitos argentinos ao mercado negro em busca de dólares. Em Buenos Aires, cambistas fazem fila nas principais ruas oferecendo "câmbio" aos pedestres. Líderes religiosos, no entanto, não querem encorajar a atividade ilegal e estão solicitando informação ao governo sobre como jovens podem comprar legalmente uma quantidade limitada de reais, disse Martín.
Um porta-voz do Banco Central da Argentina informou que as regras atuais autorizam instituições religiosas a trocar dinheiro diretamente com o banco, mas que os peregrinos que desejam viajar para ver o papa devem percorrer o caminho normal.
(Com Reuters)

E por falar em "nunca antes": nunca antes a imprensa foi barrada de forma tao vexaminosa...

Por que será? Vai ver estava o PIG no meio da malta...

Paulo Roberto de Almeida

Imprensa é impedida de cobrir palestra de Lula na UFABC

Será a primeira aparição em evento público do ex-presidente após a onda de protestos iniciada em junho


Gustavo Porto - Agência Estado, 18/07/2013
Na primeira aparição em evento público do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva após a onda de protestos iniciada em junho, cerca de 30 jornalistas foram mantidos do lado de fora do auditório da Universidade Federal do ABC (UFABC), em São Bernardo, onde ele dará uma palestra na tarde desta quinta-feira, 18.  
Até o momento, foi liberada a entrada apenas de repórteres de imagem. Jornalistas de outras mídias, impresso, online e rádio, foram credenciados para o evento, mas ao chegarem foram informados de que deveriam acompanhar o evento por meio de um telão aberto ao público em geral, do lado de fora do auditório.
De acordo com a assessoria do ex-presidente, a orientação aos jornalistas partiu da organização da "Conferência Nacional 2003 - 2013: Uma Nova Política externa". No entanto, a assessoria da UFABC, que organiza a conferência, diz que a orientação de impedir a entrada de jornalistas partiu da equipe de Lula. O ciclo de palestra da Universidade teve início no dia 15 e em nenhuma ocasião foi vedada a cobertura da imprensa.

A diplomacia "vira-latas"", envergonhada, antes do "nunca antes" - Guia Genial dos Povos

Parece que antes do "nunca antes", nossa diplomacia era uma miséria só, com o rabo entre as pernas, alto complexo de vira-latas, baixa autoestima, total submissão às elites mundiais, sem qualquer projeto nacional, sobretudo sem aquele clarividência que veio depois do "nunca antes", que nos permitiu superar todos esses problemas e projetar o Brasil com toda a sua luz fulgurante em todos os cenários abertos ao engenho e arte dos companheiros.
Ufa! Ainda bem. Imaginem se tivéssemos continuado com aquela diplomacia vende-pátrias que vigorava antes. Nossos diplomatas teriam permanecido prisioneiros de todos os vícios, sem desfrutar de todos os méritos que vigoram agora, depois do "nunca antes". Nunca antes a sociedade brasileira pode dispor de uma visão tão clara sobre os problemas do Brasil e do mundo. Como pudemos ser tão néscios, durante tanto tempo, e os companheiros ali, só observando, esperando o momento de dar o bote e começar sua política genial de defesa dos interesses nacionais. Só eles mesmo. Estamos salvos, pela eternidade afora...
Paulo Roberto de Almeida

Lula diz que 'parte da elite tinha complexo de vira-latas' antes de seu governo

'Nós não éramos respeitados', afirmou ex-presidente durante palestra sobre a política externa brasileira nesta quinta-feira, 18, na Universidade Federal do ABC


Guilherme Waltenberg e Gustavo Porto 
Agência Estado, 18/07/2013
São Paulo - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse na tarde desta quinta-feira, 18, durante palestra sobre a política externa brasileira, que o Brasil ainda não era um país respeitado internacionalmente quando ele chegou à Presidência no início de 2003. "Nós não éramos respeitados. Uma parte da elite tinha complexo de vira-latas. A elite não queria disputa para ser igual (aos outros países), ela já se achava inferior", afirmou.
Uma das primeiras ações levadas a cabo por sua administração, disse, foi levar ao Fórum de Davos - que reúne anualmente líderes da economia global - a ideia de que era possível vencer a fome. "Fui a Davos no primeiro mês de mandato e disse que era possível acabar com a miséria e a fome. Exatamente o mesmo que disse no Fórum Social Mundial no mesmo ano", afirmou.
Lula narrou também um encontro que teve com o ex-presidente norte-americano George W. Bush, no início de seu governo, próximo ao início da Guerra do Iraque (2003-2011). Segundo ele, Bush buscava aliados para o conflito, que ele rechaçou dizendo que a guerra que ele iria travar na sua administração era contra a fome. "Minha guerra é contra a fome. Essa é a guerra que eu quero vencer no meu mandato. O senhor faça a sua guerra e eu faço a minha", disse Lula, narrando o que teria dito ao ex-presidente americano. Segundo Lula, o combate à fome foi priorizado desde então. "Colocamos para o mundo a questão do combate à fome".
O ex-presidente proferiu palestra intitulada "Brasil no mundo - Mudanças e Transformações", que faz parte da conferência "2003-2013: Uma nova Política Externa", realizada na Universidade Federal do ABC (UFABC).

O palhaco Tirica e os Trapalhoes do Cerrado Central - Editorial Estadao

Reforma política e trapaça


Editorial O Estado de S.Paulo, 18/07/2013
Com o respeito que lhe é devido por ter na vida real a honesta profissão que não raros de seus colegas de Congresso Nacional enxovalham com sua conduta, registre-se o equívoco do deputado Tiririca ao lançar o bordão "pior do que está não fica". A mais recente prova de que, na política, tudo sempre pode ficar pior está nas gelatinosas movimentações dos partidos para apresentar em 90 dias um projeto de reforma política. Se o trabalho da comissão criada para esse fim for aprovado, o texto será submetido a referendo nas eleições de 2014. Os indícios apontam para o retrocesso.
A se consumar, deixará saudade de algumas das regras atuais, que a presidente Dilma Rousseff tentou alterar estabanadamente - primeiro, com a desatinada ideia de convocar uma Assembleia Constituinte exclusiva sem a participação do Legislativo; depois, mediante um plebiscito irrealista em que o eleitor seria chamado às pressas a se servir de um bufê de propostas de duvidosa digestão, entrando em vigor as mais consumidas já no pleito do ano que vem. A Constituinte caiu por sua clamorosa ilegalidade. O plebiscito, por ter sido rejeitado pelo PMDB, valendo-se da avaliação da Justiça Eleitoral de que seriam necessários pelo menos 70 dias para realizá-lo, a contar da definição dos seus quesitos.
Ficou patente, de todo modo, que Dilma quis apenas mostrar-se antenada com a voz das ruas. Não estava. Embora os políticos e a corrupção se destacassem entre os variados alvos das jornadas de junho - motivadas principalmente pelo custo do transporte público e a percepção do descalabro dos serviços públicos em geral -, apenas uma parcela mínima dos manifestantes incluiu a reforma política no seu embornal de demandas. Só que o oportunismo da presidente produziu outras consequências, além de aumentar o seu desgate. No PT, assistiu-se à patética disputa entre os deputados Henrique Fontana, do Rio Grande do Sul, e Cândido Vaccarezza, de São Paulo, por uma vaga na citada comissão dos 90 dias, impedindo que o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, a instalasse na semana passada. Ficou para agosto.
Alves deu ao paulista a coordenadoria do colegiado. Amuado, o gaúcho foi-se embora. Como Henry Kissinger disse certa vez, as brigas por posições às vezes são inversamente proporcionais à sua efetiva importância. Para o PT, importante continua sendo o plebiscito, ainda que para vigorar só em 2016, mediante decreto legislativo. A sua primeira versão teve o mesmo destino dos lances de suposta esperteza de Dilma: foi rebarbada até pelos companheiros de viagem do petismo no Congresso, quando se deram conta de que o texto continha, camufladas, propostas de adoção do financiamento público das campanhas - a enganadora resposta petista ao escândalo do mensalão - e o polêmico voto em lista fechada para deputados e vereadores.
O rol dos quesitos, por sinal, discrepa das "sugestões" arroladas por Dilma na sua mensagem em favor do plebiscito. No fundo, tanto faz. É improvável que o PT consiga reunir as 171 assinaturas necessárias para a inclusão de sua proposta de decreto na pauta da Câmara. Já o que a cúpula do PMDB prepara é de levar a sério - e recear. O partido fala pela base aliada muito mais do que o seu rival no governo - ainda mais nestes tempos de queda da popularidade de sua titular. E o principal projeto peemedebista é um insulto ao clamor por transparência. Os seus caciques querem acabar com as doações diretas aos candidatos por pessoas físicas e jurídicas. Os interessados em patrocinar campanhas depositariam as suas contribuições na conta das respectivas siglas, que as distribuiriam entre os seus candidatos.
É uma trapaça. Antes da transferência, financiadores, partidos e candidatos terão se acertado sobre o destino da bolada. A armação convém ao doador, porque o seu nome não aparece; ao partido, porque é praticamente impossível rastrear o percurso do dinheiro que fez escala nos seus cofres; e ao candidato, porque dele não se poderá dizer, se eleito, que está a soldo de terceiros. Só o eleitor ficará no escuro. Isso já existe. Chama-se "doação oculta", contestada pelo Ministério Público. Só falta instituí-la, desmentindo o iludido Tiririca.

Diplomacia ativa, altiva e soberana, sempre que possivel... - Editorial Estadao

Evo, o travesso


Editorial O Estado de S.Paulo, 18/07/2013
A diplomacia companheira trata a Bolívia como aquele irmão menor que, por mais inconveniente que seja, deve sempre ser perdoado por suas traquinagens. Resultado: Evo Morales, o menino travesso, sente-se cada vez mais à vontade para afrontar o Brasil. Em sua última pirraça, o governo boliviano mandou seus agentes vistoriarem três aviões da Força Aérea Brasileira que estavam no aeroporto de La Paz - uma das aeronaves estava a serviço do ministro da Defesa, Celso Amorim, em viagem oficial.
Todos os casos ocorreram em 2011 - dois em outubro e um em novembro - e só agora vieram a público. Em nenhum desses episódios os agentes bolivianos pediram autorização a representantes do governo brasileiro. Simplesmente invadiram os aviões, em busca sabe-se lá de quê - os agentes eram da divisão antinarcóticos, mas há suspeitas de que as autoridades bolivianas estivessem à procura do senador Roger Pinto Molina, opositor que há mais de um ano está refugiado na Embaixada do Brasil em La Paz.
Tais atos de violência teriam tido uma resposta à altura se o país ofendido fosse governado por dirigentes cientes de suas atribuições primárias. Mas o Brasil sob o lulopetismo é um país prisioneiro da fantasia ideológica bolivariana, que manda fechar os olhos para o comportamento irresponsável, autoritário e errático de governantes como Evo Morales e o venezuelano Nicolás Maduro, para ficar somente nos personagens latino-americanos que mais amiúde frequentam o noticiário por seus atentados contra a democracia e as boas relações internacionais.
A diplomacia nacional limitou-se a advertir a Bolívia, em dezembro de 2011, de que poderia adotar o "princípio da reciprocidade" caso houvesse nova vistoria em aviões brasileiros. Foram necessárias nada menos que três violações de soberania - porque é disso que se trata - para que o Brasil governado por Dilma Rousseff afinal se abalasse a reagir.
Quando o fez, porém, usou o mesmo tom complacente adotado nas crises anteriores, nas quais Evo Morales, de peito estufado, bradou que suas decisões, mesmo as flagrantemente ilegais, só diziam respeito à Bolívia.
Os exemplos dessa assimetria se multiplicam. Em 2006, pouco tempo depois de ter assistido à ocupação militar boliviana de uma instalação da Petrobrás, e ainda ouvir Evo acusar a empresa de "atividades ilegais", sendo esta apenas uma entre tantas bravatas antibrasileiras na ocasião, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em vez de reagir com firmeza à humilhação pública, pediu orações à Bolívia, "um país muito pobre, que precisa de ajuda".
A genuflexão do Brasil não comoveu Evo. Ao contrário: estimulou-o a acreditar que teria sempre o respaldo do "irmão mais velho". No caso do senador Molina, o presidente Evo Morales negou permissão para que o opositor saia do país e ainda acusou o embaixador brasileiro, Marcel Biato, de trabalhar para a oposição boliviana.
Em vez de reagir, o governo brasileiro trocou de embaixador, segundo informa o jornal Valor. Além disso, o mesmo Evo que não pede permissão de ninguém para inspecionar aviões oficiais brasileiros foi objeto de ruidosa solidariedade do Mercosul por ter tido seu avião oficial retido na Europa, por suspeita de que estivesse transportando Edward Snowden, procurado nos Estados Unidos após vazar informações confidenciais.
A imagem altiva da diplomacia lulopetista - aquela que vive a dizer que seus diplomatas não se submetem a revistas nos aeroportos dos Estados Unidos - não condiz com a humilhação de ver cães farejadores bolivianos fuçando num avião oficial do governo brasileiro.
Agora que a imprensa revelou o caso, Amorim disse que foi um procedimento "lamentável", mas o entrevero estava sendo mantido em sigilo certamente para não expor em público mais um exemplo do mau comportamento do presidente boliviano, aquele que é um dos símbolos da chamada "revolução bolivariana".

Quantas paginas tem o Codigo Tributario federal? - Um anonimo da Receita me responde...

Addendum, mais abaixo: nosso simpático funcionário federal está habilitado a responder agora...
PRA
Addendum, 2Segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário, foram editadas no Brasil, desde a Constituição de 88, nada menos que 4,4 milhões de normas tributárias.

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Atendendo ao meu apelo, mas apenas parcialmente, formulado neste post:

quarta-feira, 17 de julho de 2013

um Anônimo (que muito provavelmente deve ser um zeloso funcionário da nossa ínclita Receita Federal) me envia a seguinte mensagem:

Anônimo deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Quantas paginas tem o Codigo Tributario federal?": 
Basta acessar o site da Presidência da República. Você, como funcionário do Executivo, deveria saber disso:
O Código Tributário Nacional tem 218 artigos, o que não deve dar mais do que umas 100 páginas impressas. Agora quero vê-lo publicar essa informação no blog... 

Mas eles não se dá conta que eu não pedi o link do Código Tributário Nacional, mas indaguei sobre o volume total do conjunto das normas que infernizam a vida de todo e qualquer empresário neste país.
Reproduzo, simplesmente, a questão postada e formulo novamente o convite para que ele me detalhe o volume aproximado de normas literalmente dantescas:

"Mas eu posso apostar que o volume total das normas tributárias da Receita Federal supera, e de longe, esse modesto número do IRS."

Está aberta a temporada de caça ao volume de normas, instruções, circulares e outras regras emitidas pela Receita. O Código, como todos sabem, só pode ser um instrumento genérico. No caso dos EUA, ele consolida as informações de que necessita o contribuinte para se desempenhar com suas obrigações anuais junto ao IRS.

Aproveito para sugerir ao Anônimo contribuinte (deste post) que ele consulte o Doing Business Brazil do Banco Mundial para saber quantos homens/hora/ano são necessários na OCDE, na América Latina e no Brasil, para ficar quites com os órgãos de fiscalização tributária.
Aposto que ele vai se surpreender.
Pode colocar suas conclusões aqui, de forma anônima ou aberta (preferida, claro).
Paulo Roberto de Almeida
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OK, atualizado as 14h48.
O Juliano Bortolozzi saicou a minha curiosidade, e a de todos os brasileiros.
A resposta está abaixo:

Livro de 6,2 toneladas mostra o peso da carga tributária

Obra tem como resultado 43.216 páginas, cada uma delas com 2,2 metros de altura

A Gazeta online, 20/02/2011 - 22h00 - Atualizado em 20/02/2011 - 22h00

  1. NOTÍCIA
  2. Enviar por e-mail
 
foto: Washington Alves
Vinicios Leoncio, tributarista - Editoria: Economia AG - Foto: Washington Alves
Advogado tributarista Vinicios Leoncio reuniu todas as normas de 1992 a 2005

Abdo Filho
afilho@redegazeta.com.br

Que o brasileiro paga muito imposto e que as nossas regras tributárias são verdadeiros emaranhados, praticamente todo mundo sabe. Agora, você seria capaz de imaginar no que se transformaria toda essa burocracia colocada no papel, item por item, portaria por portaria? Pois foi isso que o advogado tributarista Vinicios Leoncio, de Belo Horizonte, fez. O resultado é um livro de 6,2 toneladas com 43.216 páginas, cada uma delas com 2,2 metros de altura por 1,4 metro de largura. A publicação, que recebeu o sugestivo título de "Pátria Amada", sai em junho.

"Todo brasileiro sabe que o peso da carga tributária é enorme, mas poucos têm a noção do que é a nossa legislação tributária, de como ela é complicada. Desde a Constituição de 1988, são editadas, em média, 35 novas normas por dia. Algo inacreditável. Cada município tem o seu código tributário. Minha intenção era mostrar isso, acho que vou conseguir", afirma o tributarista.

De acordo com um levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Direito Tributário, as cerca de 7 mil leis tributárias nas três esferas de governo obrigam as empresas a gastarem R$ 42 bilhões ano com burocracia. Em países "normais", a média de gastos com a burocracia tributária gira entorno de R$ 3 bilhões. Ainda segundo o levantamento, as empresas ainda perdem 2,6 mil horas por ano com o pagamento de tributos, enquanto a média mundial é de 280 horas por ano.

Leoncio iniciou seu projeto em 1992. Desde então, o advogado mineiro entrou numa cruzada para viabilizar a empreitada. Foram gastos cerca de R$ 1 milhão, 35% se foram com impostos. Além da dificuldade de imprimir o livro, nenhuma impressora do Brasil tem o padrão da publicação, o advogado viu-se num caminho pouco transparente e praticamente sem fim.

"A ideia inicial era por todas as normas no papel, mas imagina o que é fazer isso num país com 35 novas regras por dia. Por isso, meu limite foi o ano de 2005, tudo entre os anos de 1992 e 2005 está lá". Outro problema encontrado foi a precariedade dos municípios. "Dos mais de 5 mil municípios do Brasil, cerca de 700 acabaram de fora. Em muitos, o código tributária é manuscrito, era impossível reunir tudo isso, mesmo tendo 45 pessoas trabalhando no projeto".

Além do tamanho e do conteúdo, o livro também chama atenção por conta da tecnologia. Como o volume de páginas é grande (3,15 metros) e o peso é enorme (6,2 toneladas), foi desenvolvido um sistema semelhante ao da porta de avião para fechá-lo. Além disso, há amortecedores para regular a virada das páginas.


Mini entrevista
Vinicios Leoncio, advogado tributarista

De onde surgiu a ideia do livro?
Surgiu porque eu queria expor à sociedade o tamanho da nossa legislação tributária. A maioria não tem noção do quanto ela é grande e complicada. Fala-se muito de sua extensão, mas ninguém vê. Pensei que um livro poderia ser algo concreto de fácil visualização. O final disso é uma obra de 6,2 toneladas.

Pensava no Guinness?
Sabia da extensão do projeto, mas não me passava pela cabeça essa coisa de recorde, mas com o passar dos anos eu fui percebendo que o livro seria o maior do mundo. São 6,2 toneladas, hoje, o maior é um livro sueco, de 2,7 toneladas. Consegui chegar nesse tamanho todo mesmo deixando 15% dos mais de 5 mil municípios do Brasil de fora. Em vários municípios, o código ainda está escrito a mão.

Como o senhor fez para encerrar um livro sobre um assunto que tem 35 novas normas por dia?
Determinei que deveríamos ir até as regras estabelecidas em 2005, caso contrário, nunca terminaria. O livro já nasce defasado, mas tudo bem, qualquer livro tributário publicado no Brasil fica defasado depois de algumas semanas.

Como o livro foi impresso? 
O Brasil não possui impressora com esse padrão. Por isso, praticamente montei uma gráfica em Contagem (Região Metropolitana de Belo Horizonte). Com ajuda de um amigo, adaptei uma impressora de outdoors. Alguns equipamentos foram comprados na China.

O que será feito agora?
Meu escritório não suporta o peso do livro. Minha ideia é deixar aberto para visitação, ainda não há nenhum lugar definido. Quero que esse livro circule por todo o Brasil para que as pessoas, principalmente as crianças, vejam o tamanho da nossa burocracia tributária.

Vai haver uma segunda edição?
Claro. Ainda não estabeleci o período que será estudado, mas quero lançá-lo até 2020.

Uma reforma tributária está sendo ensaiada. Qual a sua avaliação?
Olha, reduzir tributos eu acho bastante difícil, ainda mais com um Estado pesado como o nosso. Creio que o primeiro passo a ser dado deve ser a simplificação. Não podemos ter 5.565 códigos tributários diferentes, um para cada cidade, é preciso unificar isso aí. A simplificação também deve passar por Estados e União. Só cortando a burocracia, economizaríamos 1,3% do PIB por ano. É algo que precisa ser feito urgentemente.

Curiosidades

- O livro conta atualmente com cerca de 27 mil páginas impressas. Em junho, ele deve estar pronto

- Cada uma das páginas tem 2,2 metros de altura por 1,4 metro de largura

- Depois de pronta, a obra pesará 6,2 toneladas para um total de 43.216 páginas

- Se enfileiradas, as páginas do livro alcançariam uma distância de 95 quilômetros

Antes da diplomacia companheira eramos todos submissos ao imperio - a versao deformada da Historia

Então ficamos assim: antes do "nunca antes", antes da gloriosa era do guia genial dos povos, que conseguiu enterrar o ancien régime tucanês, o Itamaraty, e a maioria dos diplomatas, assim como todos aqueles que trabalharam ou foram responsáveis pela política externa do Brasil, eram todos uma tribo de submissos irrecuparáveis, servos fieis do Império, dispostos a vender a soberania da pátria no altar da integração subordinada aos interesses imperiais. Só depois é que conseguimos ter uma diplomacia "altiva e ativa", e mais adiante "soberana", como a indicar que havia algum desconforto psicológico em não sublinhar a soberania em qualquer ato de afirmação da sua autonomia, independência, afirmação, etc, como por exemplo não tirar os sapatos, mesmo quando a segurança assim o exige, pois a soberania está embutida nos calçados, etc., etc., etc.
Tem gente vibrando, com tudo isso, alguns de extrema satisfação, outros de indignação. Mas o mundo é assim mesmo: algumas versões da história tentam se fazer passar por toda a verdade, quando só revelam o caráter de quem as emite.
Paulo Roberto de Almeida

Diplomacia brasileira antes de Lula era excessivamente domesticada, afirma Celso Amorim

Ex-chanceler disse que não há indícios de que EUA tenham grampeado informações privilegiadas sobre compra de caças


Opera Mundi, 17/07/2013
O ex-chanceler e atual ministro da Defesa, Celso Amorim, classificou a diplomacia implementada pelo Brasil até o início do governo Lula, em 2003, como “excessivamente domesticada e facilmente domesticável”. Ovacionado por uma plateia formada basicamente por centenas de estudantes, Amorim contou uma série de casos para mostrar a maior autonomia da política externa brasileira nos oito anos em que esteve na chefia do Itamaraty.

Vitor Sion/Opera Mundi
“Antes do presidente Lula, havia uma concepção, que talvez tenha sido acertada em algum momento, mas não quando assumimos, de que Brasil não poderia tomar as decisões que queria por não ter excedente de poder. Era uma visão excessivamente domesticada e facilmente domesticável”, argumentou.

De acordo com o ex-chanceler, o objetivo da diplomacia brasileira sob o governo Lula era “contribuir para uma nova ordem política internacional”, sem se submeter a nenhuma potência. “Na política externa, você pode reagir com uma agenda dada ou criar uma agenda própria que influencie a comunidade internacional, o que foi uma das características do governo Lula”, explicou.

"Eleição do Lula em 2002 ocorreu com aquele sentimento na população de que 'é possível mudar o Brasil'. Usamos essa ideia para mudar a nossa atitude nas relações internacionais", analisou.

Uma das histórias lembradas pelo ministro diz respeito à criação do grupo “Amigos da Venezuela”, pouco depois da chegada do presidente Lula ao poder, para colocar fim à crise política no país vizinho, onde houve uma tentativa de golpe contra Hugo Chávez em 2002.

“Até então, todas as soluções eram discutidas na OEA [Organização dos Estados Americanos]. Para mim esse processo tinha um gosto ‘monroísta’ [em alusão à norte-americana doutrina Monroe, cujo lema é ‘A América para os americanos’]. Os EUA defendiam eleições antecipadas, mas nós decidimos pelo referendo revogatório, que era uma ferramenta prevista na Constituição do país”, lembra Amorim.
Questionado por Opera Mundi sobre a possibilidade levantada pelo embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, de que os EUA poderiam ter grampeado informação privilegiada sobre a compra de caças para a FAB (Força Aérea  Brasileira), o ministro da Defesa disse “os comandantes das Forças Armadas não detectaram nenhum vazamento de dados sigilosos” sobre o assunto. “Não detectaram, mas se houve ou não houve ninguém nunca vai saber com certeza.”

Amorim também disse que, até esta semana, não tinha conhecimento da vistoria realizada por autoridades bolivianas ao avião que o levou para o país vizinho, em 2011. O ex-chanceler participou da última mesa de debates desta terça-feira (16/07) da conferência “2003-2010: Uma nova política externa”, na Universidade Federal do ABC, e foi o palestrante mais aplaudido do dia. O evento continua hoje e amanhã, quando o presidente Lula fará parte do ato de encerramento.