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sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Cuba: Brasil financia mais US 150 milhoes - vai receber de volta? - O Globo

Aeroportos cubanos receberão US$ 150 milhões do BNDES
 Henrique Gomes Batista
O Globo, 31/07/2014

Financiamento é para que a Odebrecht faça a modernização dos terminais

O BNDES aprovou um financiamento para a modernização de aeroportos cubanos, que será feita pela Construtora Odebrecht. Embora o banco não forneça o valor , a data de aprovação e quais aeroportos serão beneficiados, fontes do negócio confirmam que serão destinados US$ 150 milhões (cerca de R$ 336 milhões) e que o acordo foi fechado há cerca de 30 dias. O banco confirma, apenas, que o financiamento está em fase de contratação. É provável, segundo fontes do mercado, que os valores comecem a ser liberados ainda neste ano. O financiamento para a melhoria dos aeroportos cubanos está dentro da linha de exportações brasileiras de bens e serviços de engenharia. O banco afirma que isso é uma tendência internacional e que beneficia empresas brasileiras, com o BNDES auxiliando a competitividade das companhias nacionais. "Os desembolsos de recursos são efetuados em reais, no Brasil, diretamente ao exportador brasileiro, com base nas exportações efetivamente realizadas e comprovadas", informou o banco.
LINHA JÁ HAVIA SIDO USADA COM PORTO
O modelo de financiamento aprovado pelo BNDES é o mesmo utilizado pelo banco para que a Odebrecht modernizasse o por to de Mariel, também em Cuba. Na época, o financiamento foi de US$ 802 milhões (cerca de R$ 1,796 bilhão pelo câmbio atual). A primeira parte do dinheiro foi liberada em 2009. Em sua recente visita à ilha, em janeiro, a presidente Dilma Rousseff anunciou outro financiamento de US$ 290 milhões (cerca de R$ 650 milhões) para a criação de uma área especial industrial junto ao porto. Na ocasião, a presidente lembrou que esse tipo de operação beneficia empresas brasileiras, é estratégico e gera uma relação "ganha-ganha" , lembrando que esse financiamento não significa que o país não está investindo em portos no Brasil. O BNDES não informou o valor total dos financiamentos em empreendimentos de empresas brasileiras em Cuba. O governo brasileiro também está apoiando a construção de um grande porto no Uruguai, que poderá, até, concorrer com terminais do Sul do Brasil, conforme noticiou O GLOBO em maio. Embora esse apoio ainda esteja em fase inicial, a operação pode significar mais um empréstimo do BNDES para alguma construtora brasileira, e, segundo fontes, o valor do negócio pode chegar a US$ 1 bilhão (R$ 2,24 bilhões).
No momento, o Brasil está apoiando o país vizinho com informações técnicas, mas operadores portuários brasileiros reclamam dessa parceria, por se tratar de um concorrente direto dos portos brasileiros, que terá uma capacidade maior e menos custos burocráticos. A Odebrecht confirma as negociações para o Projeto de Ampliação e Modernização da Infraestrutura Aeroportuária de Cuba, mas a empresa não conseguiu, até o fechamento desta edição, informar detalhes do projeto e quando as obras devem começar. A empresa divide a liderança no ranking de financiamento do BNDES nessa modalidade de crédito com a Embraer desde 2009. Em 2013, a construtora obteve financiamentos que somam US$ 908 milhões, abaixo do US$ 1,072 bilhão da Embraer, sendo que esta linha somou, no total, US$ 2,5 bilhões. No primeiro trimestre de 2014, dos US$ 367,2 milhões liberados nesse tipo de financiamento, a Odebrecht recebeu US$ 153 milhões, contra US$ 142 milhões da fabricante de aviões.

TURISMO É FONTE DE RECEITA IMPORTANTE
A reforma dos aeroportos cubanos é importante para a economia combalida do país. No ano passado, o setor gerou US$ 1,8 bilhão (R$ 4 bilhões) para a ilha de 11 milhões de habitantes. No total, entraram no país 2,851 milhões de turistas, número 0,5% acima do registrado no ano anterior, mas ainda distante da meta de 3 milhões de turistas por ano. Os canadenses são o principal grupo de turistas do país — com mais de um milhão de viajantes — , seguidos de residentes do Reino Unido, Alemanha, França, Argentina, Itália, México, Espanha, Rússia e Venezuela.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

A generosidade de Lula (com o nosso dinheiro) para ditadoresbilionarios - Percival Puggina

Cotas Raciais no Comércio Exterior
Percival Puggina
8/12/2013

Se existe uma parte do planeta onde bate com mais vigor o generoso coração de Lula e Dilma, esse lugar é a África Negra. Imagino ser por isso que existam cotas raciais para o comércio exterior brasileiro. Volta e meia - às vezes nem meia volta se completa - e lá estão nossos presidentes petistas na África Subsaariana, cada um a seu turno, perdoando dívidas milionárias que aqueles países têm para com o Brasil. A conta já passa de US$ 2 bilhões. Não por acaso são, em parte, débitos de governos ditatoriais, sanguinários, genocidas, que lidam com as finanças locais em regime de partilha. Vai um pouco para o interesse público e o restante para contas familiares em bancos estrangeiros.
            Um deles, o senhor Omar al-Bashir, já leva 24 anos no cargo de presidente do Sudão. Tem dois mandados internacionais de prisão e, segundo um promotor do Tribunal Penal Internacional, acumula US$ 9 bilhões de recursos próprios em paraísos fiscais. Outro, o senhor Teodoro Obiang, que comanda a Guiné-Equatorial, adquiriu em 2010 um apartamento na Av. Vieira Souto, no Rio de Janeiro, naquela que foi até então a maior transação da história da cidade envolvendo um imóvel residencial. O pequeno refúgio carioca do ditador é um tríplex com 2 mil metros quadrados. O patrimônio pessoal do bilionário ditador do Congo-Brazaville, Denis Sassou Nguesco, proprietário de algumas dezenas de imóveis na França é superior à dívida do país perdoada pelo Brasil (US$ 352 milhões). E por aí vai. Em maio deste ano, numa única tacada, a presidente Dilma anunciou perdões, abatimentos e novos parcelamentos para dívidas de uma dúzia redonda de nações africanas.
            Alega o governo que esse procedimento está alinhado com as orientações do Clube de Paris, que o recomendam como forma de estimular a contratação de novos financiamentos e promover o desenvolvimento daqueles povos. Faria sentido se não estivéssemos tratando, em alguns casos, de povos cuja miséria aumenta na proporção direta em que a elite governante amplia sua riqueza pessoal. Faria sentido se não houvesse, na lista de beneficiados, governos ditatoriais que só perdem em longevidade e truculência para a dinastia cubana dos Castro Ruíz.
            É uma pena que a benevolência dos governos petistas em relação aos seus cotistas raciais no comércio exterior não encontre simetria de tratamento com as dívidas dos produtores rurais brasileiros quando suas lavouras são assoladas por estiagens e secas. É uma pena que essa mesma prontidão não apareça na hora de atender os brasileiros vítimas de cheias, cujos bens são arrastados pelas águas.
            É uma pena, também, que não se respeite o preceito bíblico de que a mão esquerda não saiba o que a direita faz em favor do próximo. De fato, enquanto a generosidade nacional é proporcionada pela dadivosa mão direita, a esquerda encaminha novos recursos para obras de empreiteiras brasileiras nesses países. Quem garante que a virtude da probidade e a adimplência tenham desabrochado em meio aos maus pagadores e prevaricadores de ontem? Continuaremos financiando empreiteiras e cancelando os débitos? E é uma pena, por fim, que, junto com a bonomia das cotas raciais de nosso comércio exterior, não venha junto uma transparência maior sobre as comissões pagas pelos novos negócios que estão sendo contratados lá com as empreiteiras daqui. Tenho um palpite, mero palpite, de que iríamos encontrar, beneficiado por tais valores, um conhecido lobista que mantém relação de intimidade paternal com as decisões de governo.
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Percival Puggina (68) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, membro do grupo Pensar+

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Cuba: a generosidade brasileira, e como: US$ 176 milhoes

Brasil dará crédito de U$176 milhões a Cuba para modernizar aeroportos

AFP - Agence France-Presse, 07/05/2013


Brasil e Cuba deram outro passo de aproximação com a assinatura domemorando de entendimento em que o Brasil concede um crédito de 176 milhões de dólares para modernizar cinco aeroportos cubanos, durante a visita de um ministro brasileiro à ilha, fontes de ambos os países informaram nesta terça-feira.

O ministro brasileiro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Fernando Pimentel, assinou na segunda-feira em Havana um "memorando de entendimento que estabelece os critérios para a concessão de um crédito de 176 milhões de dólares para a modernização de cinco aeroportos cubanos", disseram fontes brasileiras.

"Esses recursos vão financiar a exportação de bens e serviços brasileiros para a ampliação e modernização dos aeroportos de Havana, Santa Clara (centro), Holguín (oriente), Cayo Coco (na costa norte) e Cayo Largo (costa sul)", acrescentaram as fontes.

Pimentel, que também se reuniu na segunda-feira com o presidente cubano Raúl Castro, assinou o memorando com o ministro cubano de Comércio Exterior e Investimento Externo, Rodrigo Malmierca, segundo as fontes.

Raúl Castro e Pimentel conversaram "sobre o excelente estado das relações bilaterais e ratificaram a vontade de continuar fortalecendo-as", disse o jornal oficial Granma, que não informou nada sobre o crédito.

Os cinco aeroportos estão relacionados com o turismo, segunda fonte de receitas da economia cubana, que aporta cerca de 2,5 bilhões de dólares anuais.

A visita de Pimentel a Cuba coincide com a visita ao Brasil do chanceler cubano Bruno Rodríguez, que na segunda-feira se encontrou com a presidente Dilma Rousseff e seu homólogo Antonio Patriota, segundo a imprensa.

Rodríguez e Patriota analisaram a possível contratação de cerca de 6.000 médicos cubanos para trabalhar em áreas que carecem de profissionais de saúde no Brasil, em um acordo que envolve a Organização Panamericana da Saúde.

A exportação de serviços médicos é a primeira fonte de renda da economia cubana. Cerca de 40.000 médicos trabalham na Venezuela e outros países, e seus serviços rendem 6 bilhões de dólares anuais à ilha.

Brasil é o sexto sócio comercial de Cuba, seu principal fornecedor de alimentos e um importante comprador de medicamentos e vacinas cubanas. O comércio bilateral alcançou um recorde de 662 milhões de dólares em 2012.

O investimento brasileiro está em ascensão em Cuba. O gigante da infraestrutura Odebrecht amplia e moderniza o porto de Mariel, 50 km a oeste de Havana, um projeto de cerca de 1 bilhão de dólares, dos quais 600 milhões vêm de um crédito de Brasília.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Diplomacia ativa, altiva e soberana, sempre que possivel... - Editorial Estadao

Evo, o travesso


Editorial O Estado de S.Paulo, 18/07/2013
A diplomacia companheira trata a Bolívia como aquele irmão menor que, por mais inconveniente que seja, deve sempre ser perdoado por suas traquinagens. Resultado: Evo Morales, o menino travesso, sente-se cada vez mais à vontade para afrontar o Brasil. Em sua última pirraça, o governo boliviano mandou seus agentes vistoriarem três aviões da Força Aérea Brasileira que estavam no aeroporto de La Paz - uma das aeronaves estava a serviço do ministro da Defesa, Celso Amorim, em viagem oficial.
Todos os casos ocorreram em 2011 - dois em outubro e um em novembro - e só agora vieram a público. Em nenhum desses episódios os agentes bolivianos pediram autorização a representantes do governo brasileiro. Simplesmente invadiram os aviões, em busca sabe-se lá de quê - os agentes eram da divisão antinarcóticos, mas há suspeitas de que as autoridades bolivianas estivessem à procura do senador Roger Pinto Molina, opositor que há mais de um ano está refugiado na Embaixada do Brasil em La Paz.
Tais atos de violência teriam tido uma resposta à altura se o país ofendido fosse governado por dirigentes cientes de suas atribuições primárias. Mas o Brasil sob o lulopetismo é um país prisioneiro da fantasia ideológica bolivariana, que manda fechar os olhos para o comportamento irresponsável, autoritário e errático de governantes como Evo Morales e o venezuelano Nicolás Maduro, para ficar somente nos personagens latino-americanos que mais amiúde frequentam o noticiário por seus atentados contra a democracia e as boas relações internacionais.
A diplomacia nacional limitou-se a advertir a Bolívia, em dezembro de 2011, de que poderia adotar o "princípio da reciprocidade" caso houvesse nova vistoria em aviões brasileiros. Foram necessárias nada menos que três violações de soberania - porque é disso que se trata - para que o Brasil governado por Dilma Rousseff afinal se abalasse a reagir.
Quando o fez, porém, usou o mesmo tom complacente adotado nas crises anteriores, nas quais Evo Morales, de peito estufado, bradou que suas decisões, mesmo as flagrantemente ilegais, só diziam respeito à Bolívia.
Os exemplos dessa assimetria se multiplicam. Em 2006, pouco tempo depois de ter assistido à ocupação militar boliviana de uma instalação da Petrobrás, e ainda ouvir Evo acusar a empresa de "atividades ilegais", sendo esta apenas uma entre tantas bravatas antibrasileiras na ocasião, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em vez de reagir com firmeza à humilhação pública, pediu orações à Bolívia, "um país muito pobre, que precisa de ajuda".
A genuflexão do Brasil não comoveu Evo. Ao contrário: estimulou-o a acreditar que teria sempre o respaldo do "irmão mais velho". No caso do senador Molina, o presidente Evo Morales negou permissão para que o opositor saia do país e ainda acusou o embaixador brasileiro, Marcel Biato, de trabalhar para a oposição boliviana.
Em vez de reagir, o governo brasileiro trocou de embaixador, segundo informa o jornal Valor. Além disso, o mesmo Evo que não pede permissão de ninguém para inspecionar aviões oficiais brasileiros foi objeto de ruidosa solidariedade do Mercosul por ter tido seu avião oficial retido na Europa, por suspeita de que estivesse transportando Edward Snowden, procurado nos Estados Unidos após vazar informações confidenciais.
A imagem altiva da diplomacia lulopetista - aquela que vive a dizer que seus diplomatas não se submetem a revistas nos aeroportos dos Estados Unidos - não condiz com a humilhação de ver cães farejadores bolivianos fuçando num avião oficial do governo brasileiro.
Agora que a imprensa revelou o caso, Amorim disse que foi um procedimento "lamentável", mas o entrevero estava sendo mantido em sigilo certamente para não expor em público mais um exemplo do mau comportamento do presidente boliviano, aquele que é um dos símbolos da chamada "revolução bolivariana".

segunda-feira, 11 de junho de 2012

O custo da diplomacia da generosidade: Haiti

Sem comentarios:
Rubens Valente
Folha de S.Paulo, 11/06/2012

O que começou como uma operação emergencial de seis meses, com um custo previsto de R$ 150 milhões, completou no início deste mês oito anos de duração, a um preço de quase R$ 2 bilhões. A operação militar do Brasil no Haiti, iniciada em 1º de junho de 2004 como parte do plano do governo Lula para obter um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, consumiu até agora mais de seis vezes o que foi gasto pelo governo federal com a Força Nacional brasileira entre 2006 e 2012. Além disso, equivale a cerca de dois anos de gastos do principal programa de segurança pública da União, o Pronasci.
O valor de R$ 1,97 bilhão, já descontada a inflação do período, foi obtido pela Folha por meio da Lei de Acesso à Informação junto ao Ministério da Defesa. A conta total é ainda maior, pois o ministério alegou não dispor de informações sobre auxílios, indenizações e outros benefícios previstos numa lei, criada após a entrada do Brasil no Haiti, que trata da remuneração de militares que atuam em missões internacionais de paz. Mais de 16 mil militares brasileiros estiveram no país desde 2004.
Segundo o levantamento, uma boa parte do dinheiro gasto pelo Brasil no Haiti foi dirigida à modernização de equipamentos. O Brasil adquiriu veículos (R$ 162,3 milhões), explosivos e munições (R$ 24,3 milhões), armamentos (R$ 22 milhões) e embarcações e equipamentos para navios (R$ 18,1 milhões). Uma parte dos gastos do Brasil no Haiti é reembolsada pela ONU, responsável pela missão de paz. Até outubro de 2010, foram R$ R$ 328 milhões, ou apenas 25% do total (o ministério não repassou números atualizados).
Em nota, o ministério afirmou à Folha que os gastos estimulam a indústria militar brasileira. “A aquisição de material moderno para equipar os militares brasileiros permite, além da eficiência no emprego da tropa, fomentar a indústria de defesa brasileira e projetar o Brasil internacionalmente.” Um dos generais que lideraram a missão no Haiti disse, sob garantia de não ser identificado, que o Brasil “já devia ter pensado em sair” do país caribenho. O oficial reconhece que o Brasil não vai retirar suas tropas “tão cedo” e por uma razão política: a missão é usada como cartão de visitas do Brasil no exterior, como um exemplo de sucesso.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Diplomacia da generosidade eletrica

A 220 volts, ou a 110? Em 50 ou 60 Hertz?
São tantas as dúvidas que nem sei por onde começar.
Por aqui, por exemplo: se a linha de transmissão é em território paraguaio; se ela vai transmitir eletricidade paraguaia para os paraguaios, se os paraguais é que vão comprar e pagar, por que o Brasil teria de construir essa linha em regime de pai para filho?
Por que o Paraguai não faz um projeto, contrata um empréstimo de financiamento a perder de vista com o BID ou o BIRD, ou mesmo a CAF e o Fonplata, e pronto, resolve logo seus apagões de eletricidade?
Por que seria que cabe ao Brasil fazer isso?
Não haveria aí uma intromissão indevida do Brasil nos assuntos internos do Paraguai?
Não haveria aí uma perda de soberania paraguaia sobre sua própria segurança energética?
Paulo Roberto de Almeida (3.05.2010)

Lula cobra definição sobre linha entre Itaipu e Assunção
Relações externas: Obra foi prevista na revisão do tratado da hidrelétrica
Paulo de Tarso Lyra, de Brasília
Valor Econômico - 30.04.2010

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se encontra segunda-feira com o presidente paraguaio Fernando Lugo, quer apresentar ao colega um conjunto de ações para beneficiar aquele país. Para isso, cobrou ontem de seus ministros a definição da engenharia financeira para garantir a construção da linha de transmissão Itaipu-Assunção, uma obra orçada em US$ 400 milhões, sem ônus para o governo paraguaio.

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou que a construção da linha de transmissão é, a curto prazo, o ponto mais importante incluído nos 31 itens da revisão do Tratado de Itaipu, estabelecido entre Brasil e Paraguai no ano passado. "Como pode um país como o Paraguai ser sócio em igualdade de condições da maior hidrelétrica do mundo e ter apagão? A linha de transmissão é a prioridade", disse o chanceler brasileiro.

Assessores do governo presentes à reunião disseram ao Valor que Itaipu está com o projeto de construção da linha de transmissão pronto, faltando apenas a definição da fonte dos recursos e de como eles chegarão ao destino. Ficou decidido que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES ) não vai financiar essa obra. Representantes de Itaipu asseguraram ao presidente que, após a definição do modelo de financiamento, a empresa terá condições de publicar o edital. Pelas regras da empresa binacional, entre o edital e a licitação, o prazo máximo é de 90 dias.