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terça-feira, 25 de março de 2014

Heranca maldita dos companheiros: apagoes democraticos, todos temdireito a falta de eletricidade

Ricardo Noblat, 25.03.2014
(Publicado originalmente em 16 de novembro de 2011)
Apagão de bom senso: foi um micro incidente, segundo o ministro Tarso Genro, da Justiça. Não, não foi. Em extensão, foi o maior apagão da história do país. Afetou 18 estados e 88 milhões de pessoas. Sobrou para sete milhões de paraguaios. Durou cinco horas e 47 minutos. Pela primeira vez, pararam todas as turbinas da hidrelétrica de Itaipu.
Apagão de gestão: não é aceitável que um ou três raios no interior de São Paulo desliguem Itaipu e apaguem o país. Falhou o sistema de “ilhamento” capaz de confinar o problema a uma só região.
Apagão de responsabilidade: no instante em que se fez o breu, Lula sumiu. Dilma Rousseff, a ex-ministra de Minas e Energia que desenhou o novo modelo do setor, também sumiu. Edison Lobão, o atual ministro, foi escalado para ser "a cara do apagão".
Apagão de comunicação: o falatório desconexo das autoridades e dos técnicos adensou a escuridão. As explicações desencontradas comprovaram que o governo não tinha a mínima idéia sobre o que dizer à população no primeiro momento – nem no segundo. Foi então que Lula, assustado com o estrago que o episódio pode causar na imagem do governo, concluiu que o melhor seria todo mundo se calar. Mas antes... Bem, antes...
Apagão de compostura: quando parecia insustentável o sumiço da mãe de tudo o que o governo faz de bom, Dilma finalmente falou. Antes não o tivesse feito. Olha aqui, minha filha: em vez de explicações, Dilma foi grosseira com os jornalistas. Só faltou jogar nas costas da mídia a culpa pelo apagão. Lembrou o destemperado Ciro Gomes (PSB-CE) de 2002, que conseguiu perder a eleição presidencial para ele mesmo.
Apagão de respeito ao cidadão: em toda a algaravia produzida pelo governo havia apenas uma preocupação comum: bater forte na tecla de que o apagão da dupla Lula/Dilma não era tão grave quanto o apagão de Fernando Henrique Cardoso. A preocupação eleitoral ganhou linguagem marqueteira: FHC teve apagão; Lula/Dilma, somente um blecaute. Como se o escuro do apagão fosse diferente do escuro do blecaute.
Apagão de autoridade: empenhado em tentar esquecer o assunto, o governo atravessou a fronteira que separa o legítimo exercício do mando do deplorável exercício do autoritarismo. Sem mais nem menos, Dilma e Lobão deram o episódio por encerrado, como se fato ele pudesse estar, como se os cidadãos não tivessem o direito de cobrar uma investigação rigorosa sobre as causas do apagão.
Apagão de gerência: um setor técnico e estratégico como o de energia foi loteado entre os dois maiores partidos da base do governo: PT e PMDB. Agentes político-sindicais petistas comandam a área de geração - Itaipu, Petrobras - enquanto agentes das várias etnias do PMDB comandam a área de transmissão e distribuição - Furnas, Br Distribuidora. A Eletrobrás, que está nas duas pontas, é feudo do senador José Sarney (PMDB-AP).
Apagão de regulação: criadas no governo FHC para regular os principais setores estratégicos com base em critérios técnicos e a salvo de ingerências políticas, as agências foram desidratadas de recursos e aparelhadas politicamente. O poder de regulação escapou das mãos dos técnicos e foi devolvido às mãos dos ministros, esses políticos por excelência e, como tal, sujeitos às pressões dos partidos.
Apagão de hierarquia: para evitar guerra interna e sabotagens entre aliados que dividem o comando do setor de energia, Lula deu todo o poder a Dilma para comandar os comandantes. Resultado: ministros e presidentes de grandes estatais têm os cargos e as verbas, mas não têm o poder de fato. Em condições normais, governantes tendem a fazer o jogo de fugir às suas responsabilidades. O governo Lula acentuou tal característica.
É sempre assim: na hora de faturar acertos proliferam seus verdadeiros e falsos pais, mães e avós. Na hora de encarar problemas, some toda a família e a lambança fica órfã. O povo? Ora, fica no escuro.

quarta-feira, 19 de março de 2014

Heranca maldita dos companheiros: a conta a ser paga na eletricidade - Editorial Estadao

Mais demagogia na conta de luz

17 de março de 2014 | 2h 05
Editorial O Estado de S.Paulo
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou uma operação de socorro de R$ 12 bilhões às distribuidoras de energia elétrica, para compensar - ou atenuar - os problemas causados pela desastrosa combinação de aumento de custos e contenção política de tarifas. Primeiro as empresas tiveram de suportar o controle de preços imposto pela presidente Dilma Rousseff a partir do começo do ano passado. Isso já reduziu sua capacidade financeira e pôs em risco seu potencial de investimento. Depois tiveram de comprar a energia mais cara gerada pelas centrais térmicas, solução inevitável por causa da longa estiagem e da consequente limitação de capacidade das hidrelétricas. Seca pode ocorrer em qualquer país, mas o problema se torna especialmente grave quando a chefe de um governo populista se empenha numa campanha de reeleição e insiste em disfarçar os fatos desagradáveis.
No ano passado a contenção das tarifas de eletricidade custou diretamente ao Tesouro cerca de R$ 9 bilhões. O governo preferiu subsidiar o consumo de energia elétrica a admitir o repasse dos custos aos consumidores. Errou triplamente, porque assumiu um custo fiscal dispensável, impôs às distribuidoras uma situação insegura, dificultando seu planejamento, e enviou um sinal enganador aos consumidores, estimulando-os a elevar o consumo de energia. Nem os primeiros sinais de maiores dificuldades, com a escassez de chuvas em áreas muito importantes, animaram o governo a reconhecer os problemas e a admitir a conveniência de um consumo mais moderado.
Diante da inegável piora da situação, a presidente e seus auxiliares decidiram traçar um roteiro de ação. Desde o começo do ano, a provisão orçamentária de R$ 8 bilhões para cobrir as contas da energia foi considerada insuficiente por muitos analistas. Alguns chegaram a apontar uma necessidade mínima na faixa de R$ 18 bilhões. Segundo estimativa recente, o setor elétrico acumulou em um ano custos adicionais de R$ 32,4 bilhões. Esse valor inclui o custo da renovação de concessões, nos termos impostos pelo governo, e os prejuízos decorrentes da estiagem. A soma pode ser muito maior se for considerada a redução do valor de mercado das empresas, uma consequência das perdas inevitáveis impostas pela política federal.
Sem condições de continuar adiando alguma providência, o governo anunciou na quinta-feira passada a operação de socorro, depois de uma reunião da presidente Dilma Rousseff com os ministros da Fazenda e de Minas e Energia. O esquema apresentado pelo ministro Guido Mantega inclui um repasse adicional de R$ 4 bilhões do Tesouro Nacional e a autorização para a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), onde é negociada a eletricidade disponível no mercado, levantar R$ 8 bilhões em financiamento bancário.
Os consumidores só receberão a conta aumentada no próximo ano - depois, portanto, das eleições. Em campanha eleitoral permanente, Dilma continua disposta a causar o mínimo incômodo possível aos consumidores-eleitores. Na equação política do governo, cada real poupado neste ano na conta de luz poderá resultar em votos para a presidente e para seus aliados. Não importam, por enquanto, os efeitos danosos da falsificação dos custos.
Para completar o arranjo, o governo poderá, segundo o ministro da Fazenda, elevar alguns impostos. Mas ele mesmo admitiu, na patética entrevista de quinta-feira, desconhecer de onde virá essa receita adicional. O esquema também deve incluir a reabertura do Refis, o programa de refinanciamento de dívidas tributárias. Esse programa, um incentivo à sonegação, rende algum dinheiro quando é reaberto, mas é logo abandonado por boa parte dos beneficiários.
A tentativa de disfarçar os problemas vai apenas adiar o pagamento e encarecer a conta. Se a CCEE conseguir o financiamento de R$ 8 bilhões, terá de pagar juros. Em algum momento isso será repassado aos consumidores, ou as empresas terão de absorver mais esse custo. Se novas intervenções do Tesouro forem necessárias, as contas fiscais, já em risco, ficarão em pior estado. A fatura da demagogia pode ser adiada, mas é sempre muito alta.

terça-feira, 18 de março de 2014

A herança maldita dos companheiros: o desastre da politica energética na eletricidade

As empresas de transmissão de energia cobram do governo uma conta de R$ 10 bilhões a R$ 15 bilhões que, até o momento, não consta no calendário de pagamento das dívidas do setor elétrico. Esse valor refere-se à indenização, pendente, de investimentos feitos antes de 2000 pelas empresas que anteciparam a renovação de seus contratos de concessão. O número está fora de todas as previsões anunciadas pelo governo até agora e faz pesar ainda mais a conta do setor de energia elétrica. Caso o pagamento seja feito neste ano, como esperam as empresas, o governo poderá ter de recorrer ao Tesouro Nacional mais uma vez. A indenização é devida porque o governo decidiu antecipar a renovação dos contratos do setor elétrico –que venceriam entre 2015 e 2017– para baixar o preço da energia desde o início de 2013.
Inicialmente, o governo se comprometeu a bancar indenizações apenas de investimentos realizados pelas transmissoras após 2000. Ao perceber a insatisfação do setor, o governo publicou um novo decreto em que garantiu indenizar também os investimentos mais antigos feitos por essas empresas. Embora tenha conquistado aprovação maciça delas ao plano, o governo nunca chegou a divulgar quanto pagaria a cada uma. Inicialmente, o governo estimou esses gastos em R$ 10 bilhões. Os números exatos ficaram de ser levantados pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), mas a agência definiu apenas quais serão os critérios usados para chegar à indenização.
A Abrate (Associação Brasileira das Grandes Empresas de Transmissão de Energia Elétrica), por sua vez, estima que as nove transmissoras envolvidas no processo, juntas, teriam de receber cerca de R$ 15 bilhões. “Só a Eletrobras calcula que deva receber cerca de R$ 8 bilhões”, afirma José Cláudio Cardoso, presidente da associação. As companhias esperam uma definição do governo e o início do pagamento ainda neste ano. Para Cardoso, a solução desse impasse, que se arrasta desde 2012, é fundamen- tal para que as empresas tenham saúde financeira e mantenham seus ativos em bom estado.

domingo, 9 de março de 2014

Heranca maldita dos companheiros em construcao: setor eletrico destruido

A conta deve aumentar muito: não só os valores nominais pagos pelos desequilíbrios financeiros, mas o imenso custo-oportunidade dificil de ser estimado a ser pago pelo que ainda precisa ser refeito para corrigir os imensos equívocos cometidos.
Paulo Roberto de Almeida 

Energia

Perdas no setor elétrico somam R$ 32 bilhões em um ano

Na avaliação de especialistas, a origem do problema deve-se à intempestividade do governo na renovação das concessões de geração e transmissão, que venceriam em 2015

Veja,com, 9/03/2014
Setor sofre com a combinação de chuvas escassas, nível baixo de reservatórios, preços elevados e decisões controversas do governo
Setor sofre com a combinação de chuvas escassas, nível baixo de reservatórios, preços elevados e decisões controversas do governo (Reinaldo Canato)
A combinação entre chuvas escassas, nível baixo de reservatórios, preços elevados e decisões controversas do governo conseguiu estragar a festa dos dez anos do modelo elétrico. Em pouco mais de um ano, o setor saiu de um quadro de estabilidade para desequilíbrio. Entre indenizações pela renovação das concessões e prejuízos com a falta de chuvas, a conta do setor já soma 32,4 bilhões de reais. Pior: se for considerada a perda de valor das companhias na Bolsa de Valores a conta já supera 60 bilhões de reais e pode aumentar ainda mais, dependendo da quantidade de chuvas nas próximas semanas. Em algum momento, essa crise poderá pesar no bolso do consumidor.
Na avaliação de especialistas, a origem do problema deve-se à intempestividade do governo na renovação das concessões de geração e transmissão, que venceriam em 2015. Crente de que todas as empresas aceitariam a proposta, a presidente Dilma prometeu, em rede nacional, que a conta de luz cairia 20% a partir de 2012. A equação era baseada no fato de que os contratos, que respondiam por 22% da geração do país, seriam renovados a preços módicos.
"Como algumas empresas (Cesp, Cemig e Copel) não aceitaram, as distribuidoras ficaram sem contrato de fornecimento de energia para honrar 100% de seu mercado", explicou o professor do Grupo de Estudos do Setor de Energia Elétrica da UFRJ, Nivalde Castro. Uma das bases do modelo começou a cair, já que a regra de que as distribuidoras teriam de estar 100% contratadas, com fornecimento garantido, foi quebrada.
Para piorar a situação, a falta de chuvas deteriorou o nível dos reservatórios das hidrelétricas, elevou o preço no mercado à vista (a 822 reais o MWh) e obrigou o governo a pôr todas as térmicas caras - usadas apenas em emergências - em operação.
O uso das usinas, aliado à falta de contratos das distribuidoras, que tem obrigado as empresas a comprar energia ao custo atual, provocaram um rombo de 11,4 bilhões de reais, que pode chegar a 25,6 bilhões de reais até dezembro.
Na sexta-feira, o governo publicou decreto autorizando que a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) pague 1,2 bilhão de reais pela descontratação das distribuidoras, mas não mencionou se vai incluir na conta os gastos com as térmicas. Ou seja: não está descartado o repasse dos valores para os consumidores.
A conta para bancar os 20% de redução nas tarifas é salgada. Além do rombo das distribuidoras, o governo gastou 21 bilhões de reais para indenizar ativos não amortizados. O valor foi retirado de fundos setoriais formados com o dinheiro dos consumidores. O governo vai pagar ainda cerca de 10 bilhões de reais em indenizações por investimentos das transmissoras feitos antes de 2000.
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Desordem no setor elétrico: até as manutenções estão proibidas

Para manter as usinas funcionando em sua capacidade máxima, ONS veta manutenção de equipamentos e expõe o setor a riscos que vão além da falta de água

No início de janeiro, semanas antes do apagão que penalizou 13 estados brasileiros, a estatal Eletronorte fez um pedido corriqueiro ao Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS): precisava interromper a operação de três turbinas na Usina de Tucuruí, no Pará, para manutenção. A princípio, o órgão autorizou a interrupção. Mas, rapidamente, mudou de ideia. O órgão ainda exigiu, ainda, que a empresa aumentasse sua disponibilidade energética de 89% para 98%, ou seja, que operasse em sua capacidade máxima — nível que a estatal não conseguiu cumprir, ficando em apenas 93% em fevereiro. Temendo por suas turbinas, a Eletronorte enviou um ofício reiterando o pedido. O ONS respondeu com uma negativa, sem dar qualquer explicação — assim como se recusou a conversar com o site de VEJA. Essa se tornou a regra tácita para todo o sistema de geração de energia: haja o que houver, nenhuma térmica ou hidrelétrica pode entrar em manutenção enquanto os reservatórios do Sudeste, que exibem seus piores níveis históricos, não voltarem à normalidade. Embora a Eletronorte afirme que a falta de manutenção não causará dano aos seus equipamentos, técnicos rebatem dizendo que, no mínimo, a vida útil das turbinas será reduzida.

Ao manter o sistema funcionando em sua capacidade máxima, o Planalto quer afastar qualquer risco de racionamento num ano eleitoral. Mas o veto aos procedimentos de reparo que o bom senso prescreve é apenas o capítulo mais recente de uma série de decisões de cunho intervencionista que o governo vem adotando há cerca de um ano e meio, sem atentar para a lógica de funcionamento quer técnico, quer financeiro, do setor elétrico. A primeira delas, tomada em setembro de 2012 por meio da Medida Provisória 579, mudou as regras do setor com o intuito de baixar o preço da eletricidade para o consumidor e acabou inclusive provocando saída de três das maiores companhias elétricas (Copel, Cesp e Cemig) do mercado regulado. A partir daí, houve uma reação em cadeia e as distorções se acumularam. Na semana passada, por exemplo, os observadores se surpreenderam quando o preço do megawatt/hora da região Norte no mercado livre dobrou de 200 para 400 reais, enquanto as estimativas apontavam para uma queda de 200 para 150 reais. Nesta semana, o preço vigente será de 670 reais – um novo salto.

Os efeitos perniciosos da MP 579 começaram a se manifestar menos de um ano depois de sua edição. A energia consumida pelas residências é proveniente de um mercado regulado pelo governo. As distribuidoras, como a Eletropaulo, compram energia em leilões promovidos pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), que estabelece o preço a ser pago por megawatt levando em conta as perspectivas de demanda das próprias companhias. Como Cemig, Cesp e Copel já não participavam desses leilões, a energia ofertada não foi suficiente para suprir a demanda. Diante da escassez, as distribuidoras tiveram de comprar energia no mercado livre, que negocia contratos de curto prazo — mais caros e voláteis. Anteriormente, tal mercado era frequentado apenas por grandes indústrias, como as siderúrgicas e químicas, com consumo altíssimo de energia.

“O erro estrutural foi a MP. Isso mudou o panorama do setor inteiro. Para que tudo desse certo, não poderia haver escassez de energia. Só que o governo não combinou isso com as elétricas que não aderiram às renovações, e muito menos com São Pedro”, afirma Claudio Monteiro, da Matrix Energia. A estiagem deste ano tornou a situação crítica. Para se ter uma ideia, na primeira semana de janeiro, o valor da energia no mercado livre para a região Sudeste era de 250 reais por megawatt/hora. Já no início de fevereiro, avançou para o patamar histórico de 822 reais. Os preços são calculados semanalmente pelo ONS e pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), uma espécie de bolsa de valores do setor, onde geradoras vendem e distribuidoras compram energia de curto prazo. “É um modelo suscetível a muitos solavancos de preço. E as distribuidoras não estavam acostumadas com isso”, afirma Erik Rego, da consultoria Excelência Energética.

Na região Norte, onde se encontra o maior potencial hidrelétrico do país, as cheias típicas do início do ano deveriam trazer abundância de energia e tranquilidade. Mais uma vez, não foi o que aconteceu – deu-se o salto inesperado na cotação do megawatt/hora. O ONS se recusa a prestar esclarecimentos públicos sobre esse fato. A CCEE alegou que o preço da energia no Norte avançou porque o sistema havia alcançado o limite de transmissão do Norte para o Sudeste, o Nordeste e o Centro-Oeste. Contudo, segundo dados do ONS obtidos pelo site de VEJA, os limites de transmissão de 4 000 megawatts médios para o Sudeste e 3 300 megawatts médios para o Nordeste não haviam sido atingidos e não estavam acima do patamar histórico. Segundo esses dados, as previsões do próprio ONS para as próximas semanas são de uso abaixo da capacidade de transmissão das linhas da região. Ou seja, a explicação oficial não é convincente, o que faz com que os analistas comecem a especular sobre o que acontece nos bastidores dos órgãos que determinam as regras do setor elétrico. Entre as hipóteses aventadas está até mesmo a de que os preços estão sendo manipulados pelo governo. Ao vender sua energia barata para o Sudeste, a Eletronorte vinha sofrendo prejuízos pesados nas últimas semanas. Sob a desculpa do gargalo no sistema de transmissão, o governo teria encontrado uma forma de equalizar os preços no mercado e minimizar as perdas da estatal do Norte. Esse tipo de especulação sinaliza o grau de desconfiança e incerteza que tomou conta de um setor antes bastante estruturado.

Ao se ver obrigadas a atuar no mercado livre de energia, as distribuidoras tem amargado perdas severas. Apenas em fevereiro, a Associação Brasileira de Companhias Elétricas (ABCE) estima que elas tenham sido da ordem de 3 bilhões de reais. No ano, a previsão é que atinjam 25 bilhões de reais. Para arcar com essa compra de energia, as distribuidoras precisam ter caixa. Caso não tenham, há duas opções: ou quebram ou são resgatadas pelo Tesouro, que pode cobrir os gastos com o mercado livre com dinheiro público, por meio da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE). Na noite de sexta-feira o Ministério da Fazenda anunciou que fará um aporte 1,2 bilhão de reais proveniente da CDE nas distribuidoras.  “Não existe mágica. A conta vai ser paga pelo consumidor ou pelo contribuinte — que são a mesma pessoa“, afirma Alexei Vivan, diretor da ABCE. O aporte anuniciado nesta sexta-feira já está tirando dinheiro do bolso do contribuinte. Mas o bolso do consumidor também deve sofrer. Estima-se que a conta de luz tenha aumento de até 25% em 2015 – o que anularia completamente os efeitos que se pretendia obter com a edição da MP 579.

(com Estadão Conteúdo)

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Mais um recorde companheiro: governo recebe TRES editoriais negativos no mesmo dia... - Estadao

Parece incrível e me parece extremamente raro: o governo companheiro consegue entrar no Guiness das avaliações negativas num único dia, por ter recebido três editoriais condenando suas políticas na mesma página de jornal.
1) Em um ano eleitoral, nada como dar um presente às empreiteiras, sabendo que o dinheiro depois vai pingar do outro lado; isto se chama...
2) Em matéria de eletricidade, a gerentona do setor foi quem começou o desmantelamento de qualquer regulação racional, atuando segundo o puro arbítrio e os instintos anti-empresariais; quem paga a conta são todos os brasileiros, para um desastre montado inteiramente no Planalto, desde 2003...
3) Quando se fala de Copa, justamente se fala muito e se faz muito pouco, quase nada: vamos ficar com elefantes brancos e uma conta enorme para pagar, durante anos...
Sem dúvida: ter três editoriais ao mesmo tempo, sobre problemas que têm uma origem similar é um retrato perfeito da qualidade, ou falta de, do governo companheiro.
Mais um pouco eles conseguem três editoriais negativos em três jornais ao mesmo tempo...
Paulo Roberto de Almeida

A mão pesada da presidente

07 de janeiro de 2014 | 2h 06
Editorial O Estado de S.Paulo
Na véspera do Natal, quando o País todo estava olhando para o outro lado, a presidente Dilma Rousseff deu um presentaço a si mesma - e, de quebra, aos grandes grupos que fazem negócios com o setor federal. Eliminou sumariamente da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2014, sancionada naquele dia, as referências de preços que há 14 anos figuravam no seu texto, como parâmetros para a contratação de obras rodoviárias e de construção civil. O assunto é árido, mas poucos hão de ser mais importantes quando estão em jogo as normas de controle dos gastos em infraestrutura do Estado nacional. Eis por que se faz necessário detalhar a história do que outra coisa não é senão uma demonstração da falta de limites da presidente - motivada, em derradeira análise, pelo desastre administrativo que é a marca de seu mandato.
Em regra, quando o Executivo define projetos nas áreas citadas, o seu custo é calculado segundo dois parâmetros. Um é o Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (Sinapi), com base em valores verificados mês a mês em âmbito nacional. Outro é o Sistema de Custos Referenciais de Obras Rodoviárias (Sicro) atualizado a cada dois meses. Essas tabelas são a primeira linha de defesa contra o sobrepreço das empreitadas. No governo Lula e nos anos anteriores do período Dilma, o Planalto tentou removê-las da LDO, mas recuou diante das resistências parlamentares. Mas, em abril passado, ao apresentar a sua proposta orçamentária para este ano, a presidente não apenas deixou de nela incluir os mencionados parâmetros, como, pior ainda, os alojou em um decreto.
Pior ainda porque, se ela realmente quisesse "perenizar", no jargão oficial, as referências - a LDO, afinal, muda de ano para ano -, poderia fazê-lo mediante projeto de lei. Mas, a intenção era outra, obviamente: afrouxar o controle dos gastos com obras, mediante mudanças que os decretos presidenciais proporcionam aos seus signatários. Dito de outro modo, a pretexto de superar a transitoriedade dos Orçamentos, Dilma degradou em decreto o que estava no bojo de uma Lei Complementar, como a LDO - o mais alto instrumento legal do País, abaixo apenas da Constituição e que exige maioria qualificada para passar no Congresso. Pois bem, quando a expurgada LDO de 2014 passou a tramitar, os parlamentares nela repuseram o conteúdo suprimido. E foi isso que a presidente vetou em 24 de dezembro, como se colocasse na árvore de Natal do gabinete um regalo inestimável para as empreiteiras que de há muito pressionam pela flexibilização dos parâmetros de referência do custo de obras.
Essa é uma possibilidade objetiva criada pelos vetos, ainda que a intenção de Dilma tenha sido, com toda a certeza, expandir o seu poder pessoal, no bojo de uma desesperada tentativa de atribuir a terceiros - no caso, o Parlamento - o notório fracasso de sua gestão. Não é a primeira vez que ela tenta remediar o irremediável neste governo aparelhado e, por isso mesmo, destituído de capacidade administrativa. Foi o caso do esperto Regime Diferenciado de Contratações (RDC) que conseguiu aprovar no Congresso em 2011, alegadamente para desburocratizar a execução das obras para a Copa e os Jogos Olímpicos. Não é preciso ser presidente da Fifa ou do Comitê Olímpico Internacional para saber a quantas desanda a infraestrutura para as competições. O sistema - um drible na Lei de Licitações - acabou sendo estendido para as obras do SUS e o PAC. Fez pouca ou nenhuma diferença para o programa. É o que não se cansam de mostrar os levantamentos independentes sobre o seu desempenho.
Os vetos natalinos de Dilma, que deixaram o campo completamente entregue às implicações do decreto de abril, inquietam o Tribunal de Contas da União (TCU). O seu presidente, Augusto Nardes, compara a peça a uma portaria "que eu aprovo e, a qualquer momento posso modificar". Ao contrário do que quer fazer crer o Planalto, o fato de serem complexos os índices que nela foram abrigados não os torna imunes à mão pesada da chefe do governo. Quem pode o mais, pode o menos, ensina o ditado. E o mais ela já fez, com característica soberba - para não falar em descaramento.

Nova manobra criativa

07 de janeiro de 2014 | 2h 06
Editorial O Estado de S.Paulo
Na undécima hora, quando faltavam menos de duas semanas para o fim do ano, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) resolveu adiar para 2015 a aplicação de bandeiras tarifárias nas contas de luz, medida que deveria entrar em vigor em 1.º de janeiro de 2014. Pelo sistema previsto, as contas passariam a exibir uma bandeira impressa em cor verde se os custos das distribuidoras de eletricidade fossem os normais (abaixo de R$ 200 por MWh), sem recurso à energia gerada por termoelétricas. A bandeira passaria a ser amarela toda vez que o custo de operação ficasse entre R$ 200 por MWh e R$ 350 por MWh e seria vermelha se superasse essa última marca. A explicação da agência reguladora é de que os consumidores não foram suficientemente informados e algumas distribuidoras não se prepararam no prazo previsto para implantação do sinal de alerta de aumento da conta de luz. O mercado não se deixou enganar por essa balela e interpretou a decisão como mais uma daquelas manobras que o governo tem utilizado para represar a inflação.
Na realidade, o governo teme que, se o sistema de bandeiras tarifárias fosse implantado já em janeiro, poderia contribuir para um repique inflacionário no início do ano, o que transmitiria uma imagem negativa para ele, com repercussões nos meses seguintes - quando as eleições estarão ainda próximas. Com os reservatórios de hidrelétricas em baixa neste verão em algumas regiões, notadamente no Nordeste, dá-se como certo que haverá um custo adicional para as distribuidoras. Se o sistema entrasse em vigor, levaria à impressão de bandeiras amarela ou vermelha nas contas, uma vez que um número maior de termoelétricas teria de ser ligado para suplementar a geração hidrelétrica, e as contas subiriam.
Há mesmo quem calcule que o governo fará tudo o que puder - e a suspensão das bandeiras é parte desse esforço - para evitar que a taxa de inflação medida pelo IPCA em janeiro de 2014 não supere 0,86%, taxa registrada no mesmo mês de 2013. O adiamento do uso de bandeiras possibilitaria um "alívio" calculado em 0,13%, o que seria de grande utilidade para evitar que a inflação de janeiro atinja 1%, o que seria considerado um desastre.
Como em toda medida relativa a preços administrados, há quem ganhe e quem perca. A Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) considerou a medida positiva. Em nota, afirmou que "o prazo estava muito apertado para as indústrias se adaptarem ao novo mecanismo de cobrança". A entidade lembrou que, em setembro, já havia alertado de que o sistema elevaria o custo de energia a "patamares preocupantes".
De outra parte, perdem as distribuidoras de eletricidade, que só conseguem repassar sua elevação de custos nas datas anuais de reajuste de tarifas. O sistema de bandeiras permitiria que repassassem imediatamente o eventual ônus com o uso maior de termoeletricidade. Com o novo mecanismo preconizado pela Aneel, e agora adiado, poderiam equilibrar mensalmente suas receitas com os custos mais pesados que teriam de arcar, como assinala a Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee).
Isso, naturalmente, geraria uma nova disputa no campo energético, que caberia ao governo arbitrar, em meio a tantas desavenças que têm caracterizado a relação entre o setor elétrico e o Planalto. Não se pode deixar de lembrar, porém, que, sendo 2014 um ano eleitoral, não convêm aos interesses do PT e de partidos aliados que as contas de luz pagas pelos consumidores - não só os industriais e comerciais, mas principalmente os residenciais - subam demais, especialmente em regiões em que o recurso à energia termoelétrica é mais frequente, como o Nordeste - justamente onde o PT é mais forte.
A solução pode ser a concessão de subsídios às distribuidoras, à custa do Tesouro Nacional. Isso significa mais um elemento de pressão sobre a política fiscal. Ou seja, os custos adicionais das distribuidoras nesta época do ano acabarão sendo pagos por todos os contribuintes e não deixarão de influir a médio prazo sobre a inflação, que tem no desequilíbrio fiscal uma de suas causas básicas.

A Copa do atraso e da gastança

07 de janeiro de 2014 | 2h 07
Editorial O Estado de S.Paulo
Atraso nas obras, rapidez na resposta: a presidente Dilma Rousseff reagiu prontamente aos comentários do presidente da Fifa, Joseph Blatter, sobre a demora na preparação da Copa do Mundo de 2014. "Amamos o futebol e por isso recebemos esta Copa com orgulho e faremos a Copa das Copas", proclamou a presidente pelo twitter. "É o país mais atrasado desde que estou na Fifa. E foi o único que teve tanto tempo para se preparar", disse o dirigente em entrevista ao jornal suíço 24 Heures. Publicado o comentário, o Ministério do Esporte logo divulgou em nota oficial a promessa de conclusão dos preparativos "a tempo para a Copa" - garantia desnecessária, se o governo houvesse iniciado muito mais cedo os investimentos necessários. Presidente da federação desde 1998, Blatter entrou na organização em 1975, há quase 40 anos. Ele se referiu a esse período, quando afirmou nunca ter visto uma preparação com tantos atrasos.
O governo brasileiro, chefiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, assumiu em 2007 o compromisso de organizar a Copa do Mundo programada para sete anos depois. Nada, ou quase nada, foi investido nos quatro anos seguintes. O trabalho ficou para a gestão da presidente Dilma Rousseff.
Só em janeiro de 2010, no começo do último ano de seu mandato, o presidente Lula instalou o comitê responsável pela organização do evento. Ao mesmo tempo, anunciou a destinação de R$ 20 bilhões - do Tesouro Nacional, do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Nessa altura, as estimativas iniciais de custos já estavam estouradas. Em agosto do ano passado, estavam prontos seis dos estádios previstos e continuavam as obras em outros seis. A projeção do investimento havia passado dos R$ 2,8 bilhões anunciados em 2007 para R$ 8 bilhões, com aumento de 285%. O novo valor superava a soma das verbas aplicadas em 12 estádios alemães e em 10 sul-africanos (equivalentes a R$ 6,9 bilhões) para as Copas de 2006 e de 2010.
O planejamento deficiente e a má gestão produziram mais que o enorme atraso no início das obras. Elevaram custos, dificultaram o acompanhamento dos gastos e resultaram em várias irregularidades na elaboração e na execução dos projetos.
Em junho de 2011 o Tribunal de Contas da União (TCU) já reclamava da falta de informações claras e atualizadas sobre as obras de estádios, de mobilidade urbana, de portos e aeroportos e também de programas de segurança e vários outros de natureza organizacional. Em relatórios anteriores, o Tribunal já havia cobrado do Ministério do Esporte informações detalhadas para a montagem do cronograma das auditorias.
Naquela altura, meados de 2011, a Matriz de Responsabilidades da Copa indicava uma previsão de gastos de R$ 23,7 bilhões. A projeção mais recente incluída no Portal da Transparência, do governo federal, indica investimentos de R$ 25,9 bilhões, provavelmente subestimada, segundo analistas. Desse total, projetos no valor de R$ 17,2 bilhões foram contratados e apenas R$ 8,6 bilhões (33,2%) foram executados. Dos R$ 6,7 bilhões previstos para aeroportos, foi contratado R$ 1,8 bilhão e desembolsados R$ 899,6 milhões (13,3%). Dos R$ 7,9 bilhões estimados para mobilidade urbana, foram contratados R$ 6,3 bilhões e pagos (executados) R$ 2,6 bilhões (32,9%).
Para facilitar a contratação de obras, o Executivo foi autorizado pelo Congresso, em 2011, a adotar o Regime Diferenciado de Contratações, menos rigoroso que o sistema normal de licitações. A exceção valeria, inicialmente, para contratos para as Copas das Confederações e do Mundo e para os Jogos Olímpicos. Mas a facilidade foi estendida a projetos do Programa de Aceleração do Crescimento e do Sistema Único de Saúde.
Apesar dessa flexibilidade, a maior parte das obras destinadas à Copa do Mundo continua com grande atraso e os custos finais serão com certeza bem maiores que os estimados inicialmente. Talvez a Lei de Licitações tornasse um pouco mais lentas as contratações. Mas o problema real estava em outra parte - na incompetência gerencial do governo.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Mentindo sobre o preco da conta de luz: uma pratica habitual de quem vc conhece... - Instituto Liberal

O ranking mentiroso do PT sobre a conta de luz

BERNARDO SANTORO*
Hoje recebi um banner virtual governamental mentiroso, feito pelo perfil oficial da Presidente Dilma no Facebook. Segue:
luz dilma
Essa afirmação, de que o Brasil tem a quarta energia residencial mais barata do mundo, é feita pela Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica, ou seja, pelos vendedores dessa energia! Sem uma fonte imparcial, esse ranking já não tem crédito por si só. Isso não é ranking científico, é peça publicitária!
Não há possibilidade da energia elétrica ser barata no Brasil porque não há concorrência na distribuição de energia, assim como todo o processo de produção é regulamentado e subsidiado. Sem competição não há a pressão natural para redução de preços, que deixam de seguir as leis de mercado e passam a seguir critérios políticos.
Duvida?
Atualmente acima da barreira de R$ 2 trilhões, a Dívida Pública Federal (DPF) cresceu em 2013 não apenas por causa dos juros e da necessidade de financiar os compromissos de curto prazo do governo. Destinadas a capitalizar bancos oficiais e a bancar a redução da tarifa de energia, as emissões diretas aumentaram o endividamento federal em R$ 31,368 bilhões este ano.
As maiores emissões diretas este ano foram os R$ 15 bilhões para irrigar o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e R$ 8 bilhões injetados na Caixa Econômica Federal para viabilizar o Programa Minha Casa Melhor, que financia a compra de móveis e eletrodomésticos para os beneficiários do Minha Casa, Minha Vida. Por meio dessas operações, o Tesouro emite títulos e repassa os papéis às instituições financeiras, que os revendem no mercado conforme a necessidade de ampliarem o capital.
Em relação ao BNDES, o Tesouro emitiu R$ 280 bilhões nos últimos quatro anos. Os aportes, no entanto, estão diminuindo ano a ano. Nos dez primeiros meses de 2012, as emissões diretas somavam R$ 61,8 bilhões.
No segundo semestre deste ano, o Tesouro também passou a emitir títulos para a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), fundo que indeniza as concessionárias de energia pela redução média de 20% nas tarifas de luz, que entrou em vigor no início do ano. Desde julho, essas operações somaram cerca de R$ 6 bilhões. O governo decidiu lançar os papéis depois de críticas por usar recebíveis (direito de receber recursos) da Usina Hidrelétrica de Itaipu.
Volto…
Convenientemente, esse subsídio não entra na conta da tarifa. Se o subsídio direto é de 20% sobre o valor da conta, então, para fazer a matemática reversa, basta multiplicar a tarifa média atual por 1,25. Com isso encontraremos o verdadeiro valor da tarifa. E isso é só pelo subsidio direto, pois temos que considerar ainda outros subsídios e descontos tributários.
Só com essa multiplicação, o Brasil cairia várias posições nesse ranking governamental, sempre lembrando que tal ranking não é idôneo, pois é feito pela Associação dos Distribuidores de Energia.
O pior é ver pessoas humildes caindo nesse golpe publicitário, achando que nossa conta de luz é barata. Praticamente nada no Brasil é barato em relação ao resto do mundo. Os custos de transação, com a burocracia e os tributos, são altos demais e se internalizam no preço final. A conta de luz não é diferente.
Tentar vender peça publicitária como pesquisa séria é um dos vários motivos pelo qual esse governo encontra-se nas trevas.
*DIRETOR DO INSTITUTO LIBERAL

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Uai! Cade a reducao da tarifa de energia eletrica que estava aqui? Eraconversa e nada mais?

Tarifa de energia elétrica terá reajuste de 13% em Santa Catarina
Mário Cesar Silva, 5/08/2013

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) definiu nesta terça-feira, 30, o reajuste médio de 13,73% para as tarifas de energia elétrica dos 2,5 milhões de consumidores atendidos na área de concessão da Celesc Distribuição. O reajuste, que passa a ser praticado a partir de 7 de agosto, é diferenciado por classe de consumo.
O presidente da Celesc, Cleverson Siewert, explica que o reajuste reflete, basicamente, o novo perfil da energia comprada pelas distribuidoras, com presença cada vez maior de energia gerada em termelétricas, cujo custo é maior que a gerada em hidrelétricas. “Por questões ambientais, o Governo Federal está reduzindo a construção de usinas que necessitam de grandes reservatórios. Esse cenário tem favorecido a geração térmica. É uma nova tendência, que já impacta nos preços praticados pelo mercado. Na tarifa que a Celesc passa a praticar em agosto, o custo da energia é responsável por quase 80% do índice de reajuste em relação ao ano anterior”.
Na revisão tarifária de 2012, o custo previsto para compra de energia ficou aquém do realizado. Por conta disso, ao longo de doze meses, a Celesc foi onerada em R$ 569,5 milhões por conta dos despachos de térmicas, não previstos na tarifa. Esse valor está sendo ressarcido à Empresa via recursos da Conta de Desenvolvimento Energético, numa estratégia do Governo Federal para evitar um impacto ainda maior no índice de reajuste tarifário.
Como funciona - O reajuste tarifário é efetuado anualmente para todas as concessionárias de distribuição de energia elétrica e, no caso da Celesc D, acontece sempre no mês de agosto, de acordo com o contrato de concessão.
O custo do serviço de distribuição de energia elétrica é composto de duas parcelas:
Parcela A – incorpora os custos não gerenciáveis da Celesc Distribuição, como compra e transporte de energia elétrica e encargos setoriais resultantes de políticas de governo, sem margem de comercialização, cabendo apenas a cobertura dos custos.
Parcela B (Custo de Distribuição) – incorpora os custos gerenciáveis relacionados à atividade de distribuição de energia elétrica, como pessoal, materiais e serviços, remuneração dos investimentos e cota de reintegração regulatória, com margem de comercialização previamente estabelecida e vinculada à eficiência operacional e à prudência dos investimentos.
O gráfico abaixo mostra a composição da tarifa paga pelo consumidor de energia, onde se vê que o custo da energia responde por quase 46% da tarifa, que os tributos representam parcela de 25,5% e à Celesc cabe apenas 18%.

Reajuste da tarifa X inflação – O reajuste da tarifa de energia elétrica tem resistido de forma firme aos índices de inflação no País. Nos últimos três anos, o reajuste médio da energia elétrica na área de concessão da Celesc D (entre 2011 e 2013) foi de 14,60%(+1,19 em 2011, - 0,32 em 2012 e 13,73 em 2013. Com o evento da revisão tarifária extraordinária em janeiro de 2013, quando a tarifa foi reduzida em 19,13%, esse índice cai para -4,53%. No mesmo período, o IGPM alcançou índice de 22,6%.


Valor do reajuste por classe de consumo
Subgrupo
Reajuste

Industrial
A1 (230.000V)
19,15%
Grande siderúrgica
A2 (88.000 a 138.000V)
10,85%
Cerâmico/siderúrgico/metalurgia/papel e celulose
A3 (69.000V)
16,62%
Cerâmico/carbonífero/têxtil
A3a (30.000V a 44.000V)
19,80%
Cooperativas/beneficiadoras de madeira/bovinos/cereais/papel e celulose
A4 (2.300V a 25.000V)
14,10%
Shoppings/comércio grande porte /condomínios
Residencial
B1
12,90%
Residencial e baixa renda
Rural
B2
17,98%
Rural
Comercial
B3
13,00%
Comércio de médio e pequeno porte
Iluminação Pública
B4
18,00%


segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

O fantasma do racionamento: a vinganca de 2001

Em 2001, e isso foi explorado na campanha do PT em 2002, o Brasil enfrentou uma crise de energia elétrica, exatamente pelos mesmos motivos atuais: a não colaboração de São Pedro. Com os reservatórios em níveis historicamente baixos, o país teve de amargar os dissabores do racionamento.
O PT fez de tudo para demonizar o "apagão tucano". Não por isso vou desejar que o Brasil tenha, agora, um "apagão petista", mas os motivos são sempre os mesmos: falta de investimentos na produção e na transmissão, o que obriga a recorrer a pequenas centrais térmicas, mais caras e mais poluentes.
Bom racionamento, companheiros...
Paulo Roberto de Almeida

País fica mais perto de crise energética

Vaor Econômico, 7/01/2013
A energia elétrica tende, cada vez, a ser um grande problema para o Brasil em 2013 e não mais uma solução, como desejava a presidente Dilma Rousseff, que concentrou esforços para reduzir em 20%, em média, a conta de luz dos brasileiros a partir deste ano.
A falta de chuvas nas principais bacias e a queda dos níveis dos reservatórios das hidrelétricas para níveis críticos fizeram com que os custos de operação do sistema elétrico disparassem para R$ 555 por MWh na sexta-feira, aproximando-se dos patamares alcançados somente no ano de 2001 e em janeiro de 2008, períodos em que o país também atravessou uma crise na oferta de energia hidráulica.
Analistas dizem que os riscos de um racionamento, hipótese rejeitada até o momento pelo governo, aumentaram na última semana com a piora das condições climáticas. Em fevereiro de 2008, as chuvas se normalizaram e afastaram a necessidade de que o consumo fosse racionado, medida que precisou ser adotada pelo governo Fernando Henrique Cardoso em 2001.
Em relatório para investidores, os analistas do banco BTG Pactual Antonio Junqueira e Gustavo Gattass afirmam que uma eventual restrição na oferta de energia afetará o crescimento do PIB neste ano. "Os riscos [de racionamento] são maiores do que eram antes e a situação é delicada", escrevem os analistas. Mesmo que não seja necessário recorrer à contenção do consumo, considerada uma medida extrema, os analistas do BTG dizem ser provável que as térmicas fiquem ligadas por meses seguidos.
Os gastos com a queima de combustível para garantir o abastecimento energético, dizem eles, vão neutralizar uma parcela relevante do corte de 15%, aproximadamente, que deveria ser obtido com a redução dos encargos setoriais e das tarifas das usinas e linhas de transmissão antigas, cujas concessões foram renovadas em dezembro
Dessa forma, em vez de contribuir para uma desaceleração da inflação, a energia elétrica pode agravá-la. "Antes de cair, o preço da energia vai subir", previu a economista Tereza Fernandez, da MB Associados, em apresentação promovida na semana passada pela Fenabrave, entidade que reúne as concessionárias de veículos. Segundo ela, aumentos nos preços de combustíveis, carros, alimentos e passagens aéreas também podem distanciar a inflação do centro da meta a ser perseguida pelo Banco Central.
"Quanto mais crescer o PIB, mais altos serão os riscos [de racionamento] e mais cara ficará a energia em 2013", escreveram os analistas do BTG.
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) elevou na sexta-feira o custo marginal de operação (CMO) do setor de R$ 341 para R$ 554,95 por MWh na região Sudeste para a próxima semana. Isso fez com que o Preço de Liquidação das Diferenças (PLD), ou o valor da energia no mercado disponível, também disparasse para R$ 554,82 por MWh no Sul e Sudeste, acumulando na semana um alta de 62%.
"Este é certamente um indicador de crise [de abastecimento]", afirmou Paulo Mayon, da comercializadora de energia Compass. Segundo ele, em janeiro 2008, o país enfrentava problemas com fornecimento de gás natural da Bolívia, que não ocorrem neste momento.
Em compensação, o consumo de energia elétrica pelas residências e pelo setor de serviços cresceu significativamente. Há ainda outros dois agravantes, diz Mayon. Os reservatórios na região Sudeste estão só 29% cheios, enquanto, em 2008, esse percentual era de 46%. Neste ano, não há ainda a ocorrência de um padrão climático definido - La Niña ou El Niño -, o que aumenta as incertezas em relação ao comportamento das chuvas.
O Brasil, afirma Mayon, poderá recorrer a alguns planos alternativos para garantir uma maior oferta, entre eles buscar energia da Argentina, com a qual já há um intercâmbio, e da Venezuela, país com o qual foi feita uma conexão por Manaus e Boa Vista, mas que nunca foi utilizada até o momento. "São 'cavalarias' que podem ser chamadas para salvar a situação". (Colaborou Eduardo Laguna)

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quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Do Grande Apagao (um so) aos muitos mini-apagoes: progressos?

O apagão brasileiro de 2001 -- motivado por uma seca especialmente renitente, que fez baixar tremendamente as reservas das hidrelétricas, em meio ao processo de transição do monopólio absoluto do regime anterior às privatizações nas distribuidoras, o que motivou baixo investimento temporário no sistema -- foi um dos motivos da vitória eleitoral da oposição no ano seguinte: os companheiros satanizaram exageradamente as privatizações (e continuaram fazendo isso pelas três eleições seguintes), tentando provar que o que era Estado funcionava muito bem, só falhando quando se entregavam as jóias da Coroa aos perversos capitalistas.
Pois bem, depois de anos de gestão companheira -- a começar pela primeira ministra das minas e energia, depois chefe da Casa Civil e atual presidente -- e de tentativas canhestras de fazer renascer gigantes estatais no setor, o que temos tido são dezenas de mini-apagões, não mais causados por algum mau humor de São Pedro, mas inteiramente devido à incompetência gerencial do Estado na administração do sistema.
Se formos somar todas as dezenas de apagões ocorridos em todo o Brasil desde 2003, isso representaria um outro grande apagão.
Um progresso não é mesmo?
Paulo Roberto de Almeida


Pane em transformador de Itaipu causa corte de energia em vários estados

Problema afetou parte das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, além dos estados de RO e AC

04 de outubro de 2012 | 1h 46
Ricardo Valota, O Estado de S.Paulo
SÃO PAULO - Parte das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste e os estados do Acre e Rondônia sofreram, na noite de quarta-feira, 3, corte na distribuição de energia em razão de uma pane num dos transformadores de uma subestação da usina de Itaipu, administrada por Furnas, em Foz do Iguaçu (PR).
Segundo o Operador Nacional do Sistema (ONS), órgão responsável pela coordenação e controle da operação das instalações de geração e transmissão de energia elétrica no Sistema Interligado Nacional (SIN), não se sabe ainda que tipo de pane afetou o transformador. O problema teve início às 20h56. O sistema de geração de energia começou a se normalizar às 21h22.
Em algumas cidades, o corte na energia durou cerca de 15 minutos. Ainda, segundo o ONS, a pane gerou perda em Itaipu, obrigando o envio imediato de um pedido às empresas distribuidoras que suspendessem momentaneamente a distribuição para aliviar e equilibrar o sistema.
Em São Paulo, a Eletropaulo, empresa responsável pela distribuição de energia elétrica em 24 cidades do Estado, informou que o corte durou entre 2 e 5 minutos e atingiu pelo menos oito cidades da Região Metropolitana. Na capital, ficaram sem energia elétrica alguns bairros das zonas sul e leste. Na Grande São Paulo, foram afetados 695 mil clientes.
O ONS informou ainda que queda da energia no estádio Centenário, em Resistência, na Argentina, onde jogariam as seleções do Brasil e da Argentina, não está relacionada com problema em Furnas. Durante 26 minutos de pane no sistema, o país, segundo o ONS, perdeu entre 3 mil a 3.500 megawatts.
No Rio de Janeiro, ficaram sem energia alguns bairros da capital fluminense e municípios da Baixada e da Região Metropolitana, como Niterói e São Gonçalo. Segundo a assessoria de imprensa da concessionária Ampla, que atende as cidades de Niterói, São Gonçalo e da Região dos Lagos, a interrupção no fornecimento começou às 20h55. Em 80% das cidades cobertas pela Ampla, a falta de energia durou aproximadamente 15 minutos e, nas demais, a interrupção foi por cerca de 30 minutos. A energia foi totalmente restabelecida pouco antes das 21h30.
Na área coberta pela Light, a queda de energia atingiu algumas subestações do município do Rio, além de Nova Iguaçu, Itaguaí e Seropédica, na Baixada Fluminense. A interrupção no fornecimento não chegou à zona sul da capital fluminense nem no centro financeiro do Rio.
Em Minas Gerais, a Cemig informou que a falta de luz atingiu vários municípios do estado, entre eles Sete Lagoas, Uberaba, Patos de Minas, Uberlândia, Lavras, Caxambu e Ribeirão das Neves. No Paraná, alguns bairros de Curitiba também sofreram com a interrupção no fornecimento de energia. (com Agência Brasil)

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Diplomacia da generosidade eletrica

A 220 volts, ou a 110? Em 50 ou 60 Hertz?
São tantas as dúvidas que nem sei por onde começar.
Por aqui, por exemplo: se a linha de transmissão é em território paraguaio; se ela vai transmitir eletricidade paraguaia para os paraguaios, se os paraguais é que vão comprar e pagar, por que o Brasil teria de construir essa linha em regime de pai para filho?
Por que o Paraguai não faz um projeto, contrata um empréstimo de financiamento a perder de vista com o BID ou o BIRD, ou mesmo a CAF e o Fonplata, e pronto, resolve logo seus apagões de eletricidade?
Por que seria que cabe ao Brasil fazer isso?
Não haveria aí uma intromissão indevida do Brasil nos assuntos internos do Paraguai?
Não haveria aí uma perda de soberania paraguaia sobre sua própria segurança energética?
Paulo Roberto de Almeida (3.05.2010)

Lula cobra definição sobre linha entre Itaipu e Assunção
Relações externas: Obra foi prevista na revisão do tratado da hidrelétrica
Paulo de Tarso Lyra, de Brasília
Valor Econômico - 30.04.2010

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se encontra segunda-feira com o presidente paraguaio Fernando Lugo, quer apresentar ao colega um conjunto de ações para beneficiar aquele país. Para isso, cobrou ontem de seus ministros a definição da engenharia financeira para garantir a construção da linha de transmissão Itaipu-Assunção, uma obra orçada em US$ 400 milhões, sem ônus para o governo paraguaio.

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou que a construção da linha de transmissão é, a curto prazo, o ponto mais importante incluído nos 31 itens da revisão do Tratado de Itaipu, estabelecido entre Brasil e Paraguai no ano passado. "Como pode um país como o Paraguai ser sócio em igualdade de condições da maior hidrelétrica do mundo e ter apagão? A linha de transmissão é a prioridade", disse o chanceler brasileiro.

Assessores do governo presentes à reunião disseram ao Valor que Itaipu está com o projeto de construção da linha de transmissão pronto, faltando apenas a definição da fonte dos recursos e de como eles chegarão ao destino. Ficou decidido que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES ) não vai financiar essa obra. Representantes de Itaipu asseguraram ao presidente que, após a definição do modelo de financiamento, a empresa terá condições de publicar o edital. Pelas regras da empresa binacional, entre o edital e a licitação, o prazo máximo é de 90 dias.