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sábado, 2 de agosto de 2014

Crimes econômicos do lulo-petismo (0): estabelecendo a lista (aberta)

Crimes Econômicos do Lulo-Petismo

Paulo Roberto de Almeida

Introdução
São tantos os crimes econômicos cometidos pela gestão economicamente irresponsável do lulo-petismo que eu hesito em estabelecer uma lista fechada, pois eles são inúmeros, continuados, alguns que se encerraram contabilmente, mas que deixaram um enorme prejuízo atrás de si -- como por exemplo o catastrófico Banco Popular do Brasil, que só fez publicidade, desviou recursos e fechou melancolicamente -- e outros que continuam provocando prejuízos pelo futuro previsível (como a gestão criminosa da Petrobras).
Este post leva o número 0, depois do anterior, número 1, sobre o Fundo Soberano do Brasil, porque justamente trata-se de fazer uma lista tentativa, o que acabo de fazer, apenas ao fio da memória, como se diz, mas a lista está aberta a quem quiser contribuir.
Todos os itens abaixo estão documentados neste blog, nem sempre (ou raramente) sob esse epíteto de "crimes econômicos", geralmente apenas sob o próprio assunto da matéria, com ou sem comentários iniciais de minha parte.
Em todo caso, aceito colaborações para esta série, devidamente documentadas, ou seja, com evidências comprovadas ou circunstanciais que sustentem a acusação de crime econômico.
Este conceito não se refere apenas a crimes deliberados -- como eu acho que foi o de Pasadena, por exemplo -- mas a ações tomadas pelos incompetentes do PT que redundaram em perdas incomensuráveis ao país.
Mais uma vez, alerto: não estou considerando os crimes efetivos, tipo desvio de recursos, superfaturamento, corrupção ativa, falcatruas, extorsões e outros atos criminosos tipificados no Codigo Penal. 
Estou apenas tratando de atos e iniciativas "normais" de gestão econômica, que por incompetência, teimosia, ideologia, distorção mental, ignorância econômica, irresponsabilidade administrativa, redundaram em perdas imensas para o país e para todos os brasileiros.
Convido a todos se manifestaram para aumentar esta lista (ela ainda é reduzida, como todos veem).
Com seriedade, não com acusações levianas e não substanciadas.
Paulo Roberto de Almeida 

Lista aberta em 2/08/2014 (não exaustiva):
1) Expropriação aceita passivamente da refinaria da Petrobras na Bolívia
2) Revisão do Tratado de Itaipu e triplicação dos pagamentos ao Paraguai
3) Banco do Sul e Banco dos Brics (apenas assinados, ainda não integralizados)
4) Fundo Soberano do Brasil (ver a postagem a respeito)
5) “Investimentos” do BNDES
6) Política Industrial (várias, todas fracassadas)
6) Modificação da Lei de 1997 sobre a exploração de Petróleo e criação da estatal do pré-sal
7) Biodiesel com base na mamona e na agricultura camponesa
8) Congelamento dos preços da gasolina (e seus efeitos sobre o etanol)
9) Multiplicação dos gastos com a refinaria Abreu e Lima, PE
10) Sobre-preços não explicados com a refinaria Pasadena, Texas,
11) Banco Popular do Brasil (já encerrado, com prejuízo)
12) Transposição de Águas do São Francisco (ainda não parou de causar perdas)
13) Prorrogação da Zona Franca de Manaus até 2073
14) Destruição econômica do Mercosul (conjunto de ações continuadas)
15) Criação de estatais inúteis (fazer a listagem das empresas criadas)
16) Desconstrução e aparelhamento das agências setoriais
17) Manipulações e maquiagens contábeis no Tesouro Nacional
18) Empréstimos secretos a Cuba e a Angola
19) Conteúdo nacional em compras governamentais
20) Aceitação de até 25% de sobre-preço em compras governamentais nacionais
21) Mecanismo de redução insustentável das tarifas de eletricidade
22) contando...

quinta-feira, 15 de maio de 2014

O modo petista de governar: incompetencia, improvisacao, superfaturamento, desvio de dinheiro, tudo isso junto e muito mais... - Editorial Estadao

Atrasos e perdas em refinarias

15 de maio de 2014 | 2h 10
Editorial O Estado de S.Paulo
 
Mais de seis anos depois de seu anúncio como um dos maiores empreendimentos do governo do PT na área de energia e mais de quatro depois de ter sua pedra fundamental lançada pelo então presidente Lula numa festa de nítido caráter político - era o início do ano em que Dilma Rousseff disputaria sua primeira eleição -, é possível que, finalmente, comecem as obras civis da Refinaria Premium I, no Maranhão. O atraso já é enorme. De acordo com as promessas feitas por Lula em 2008, a que será a maior refinaria da Petrobrás, com custo previsto em R$ 41 bilhões e capacidade para processar 600 mil barris por dia, deveria estar com sua primeira etapa em operação em setembro de 2013 e a segunda, dois anos depois.
Com o agravamento da crise operacional e financeira da Petrobrás - cuja produção e capacidade de refino ficaram estagnadas e cujas receitas foram comprimidas pelo longo congelamento dos preços dos combustíveis, enquanto cresciam suas necessidades financeiras para sustentar os investimentos no pré-sal -, o programa de novas refinarias foi desacelerado. Como a demanda interna de combustíveis continuou a crescer, por causa dos estímulos do governo ao setor automobilístico, mas sua capacidade de refino se estagnara, a Petrobrás passou a importar volumes cada vez maiores de derivados, a um custo maior do que o preço da venda nas bombas. Isso aprofundou sua crise e limitou seus investimentos. No Plano de Negócios e Gestão 2013-2017, anunciado no ano passado, a refinaria do Maranhão e a do Ceará (Refinaria Premium II, com capacidade para processar 300 mil barris por dia) foram apresentadas como "projetos em avaliação".
Talvez esse quadro esteja começando a mudar. No plano de negócios de 2014-2018, as duas foram classificadas como "projetos em licitação". Em fevereiro, a presidente da empresa, Maria das Graças Foster, havia informado que a licitação para a construção da refinaria maranhense em Bacabeira, a 60 quilômetros de São Luís, estava programada para abril. Na segunda-feira (12/5), o diretor de Abastecimento, José Carlos Cosenza, anunciou que a licitação será lançada em maio. A se confirmar a informação, as obras de construção da Refinaria Premium I começarão em 2015. A primeira etapa (primeiro trem, como diz a Petrobrás) deverá entrar em operação em 2018.
Mesmo sem ter sido assentado nenhum tijolo e só agora a empresa confirme que tem um projeto executivo - a planta, segundo Cosenza, passou por simplificação, para se enquadrar nos novos padrões internacionais -, a Premium I já custou R$ 1,6 bilhão. Esse dinheiro, como mostrou o jornal O Globo (11/5), foi gasto em terraplenagem (R$ 583 milhões) e em projetos, treinamento, transporte e estudos ambientais (cerca de R$ 1 bilhão).
Contratada em julho de 2010 por R$ 711 milhões, a terraplenagem foi considerada concluída em abril do ano passado, com 80% dos serviços executados. De acordo com a Petrobrás, os serviços restantes "serão executados após a otimização do projeto básico".
Relatório de fiscalização do Tribunal de Contas da União (TCU) concluído há um ano apontou indícios de irregularidades na terraplenagem. As falhas seriam decorrentes da pressa da empresa em iniciar as obras de uma refinaria que não tinha nem projeto básico, o que, na avaliação dos fiscais do TCU, teria provocado danos de R$ 84,9 milhões.
Em certo trecho, o relatório sintetiza o modo de proceder da Petrobrás - e também do governo do PT - em muitos casos em que obras são contratadas sem o necessário projeto executivo, sem a adequada previsão de custos e sem a prévia licença ambiental. No caso da refinaria do Maranhão, os auditores disseram que "a gênese de todo o problema parece estar na decisão de iniciar-se uma obra desse porte sem um planejamento adequado, passível de toda sorte de modificações". Em abril do ano passado, cinco anos depois dos primeiros estudos, ainda não havia um projeto definido para a refinaria - o que, como reconhece a diretoria da Petrobrás, só agora está sendo concluído

sábado, 22 de março de 2014

Aventuras da Petrobras na Dilmalandia: alguma maravilha? - Rolf Kuntz

Economia
Dilma condenou regra em um caso, mas a aprovou em outro, diz jornal
Regra que elevou preço de refinaria nos EUA estava em contrato no Japão. Presidência disse que compra no Japão 'estava alinhada com a estratégia'.
22/03/2014 18h19 - Atualizado em 22/03/2014 19h41
Do G1, em Brasília
Uma regra recém-condenada por Dilma Rousseff na compra da refinaria de Pasadena (EUA) pela Petrobras em 2006 foi aprovada por ela um ano depois, na aquisição de outra refinaria no Japão, informou neste sábado (22) reportagem publicada pelo jornal "O Estado de S. Paulo". Nas duas ocasiões, Dilma era ministra da Casa Civil e presidente do Conselho de Administração da estatal.
Cronologia refinaria Pasadena (Foto: Arte/G1)
Segundo a Presidência, a regra, chamada Put Option, não constava no resumo executivo apresentado ao conselho em 2006 na compra de Pasadena. Em 2007, no entanto, ela constou no resumo apresentado pela Diretoria Internacional para a compra no Japão.
A regra prevê que uma das sócias deve comprar a parte da outra em caso de desacordo. Foi essa cláusula que obrigou a Petrobras a pagar US$ 820,5 milhões em 2012 pela segunda metade da refinaria de Pasadena. A compra hoje é vista como um mau negócio pelo governo, já que em 2005 a mesma refinaria custava US$ 42,5 milhões.
Em nota divulgada na quarta (19), a Presidência disse que, se soubesse desta e de outra regra previstas no contrato, "elasseguramente não seriam aprovadas pelo Conselho" para a compra em Pasadena.
Na compra da refinaria no Japão, a Presidência informou que no resumo apresentado ao Conselho de Administração "está referida a existência de cláusulas contratuais que materializam o Put Option, bem como as informações técnicas correspondentes".

Segundo o "Estado de S. Paulo", a Petrobras adquiriu 87,5% da refinaria Okinawa pelo valor de US$ 71 milhões. Ao contrário da refinaria de Pasadena, porém, este contrato não previa outra cláusula condenada no caso Pasadena, a Marlin, que garantia à sócia da Petrobras um lucro mínimo de 6,9% ao ano.

Na resposta que enviou ao jornal, a Presidência informou que a refinaria Okinawa "estava alinhada com a estratégia geral da companhia, prevista no Plano de Negócios 2004-2010 e no Plano Estratégico 2015, no que se referia ao incremento da capacidade de refino de petróleo no exterior"

Além disso, a Presidência diz que a usina no Japão "detinha uma vantagem adicional, por possuir um grande terminal de petróleo e derivados para armazenamento de 9,6 milhões de barris".

O jornal "O Estado de S. Paulo" informou que, na época da compra, a refinaria de Okinawa não tinha capacidade para processar o óleo extraído no Brasil, o mesmo que já havia ocorrido em Pasadena.
Ainda segundo o jornal, a Petrobras chegou a anunciar um comprador para a refinaria no ano passado, mas a venda não foi realizada porque a licença de funcionamento estava vencida.
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A desmoralização e a sangria da Petrobrás

22 de março de 2014 | 2h 07
ROLF KUNTZ - O Estado de S.Paulo
Produzir petróleo, vejam só, é prioridade da Petrobrás, segundo garantiu a presidente da companhia, Graça Foster. Essa declaração, em linguagem típica de negócios, deve ter soado como heresia em relação aos padrões da gestão petista, famosa internacionalmente por seus projetos de baixa qualidade, pela falta de foco empresarial e por um prejuízo superior a US$ 1 bilhão num único investimento. Seu valor de mercado, o 12.º maior do mundo há cinco anos, caiu para a 120.ª posição, segundo lista divulgada na internet pelo jornal Financial Times. Qualquer sinal de seriedade, nesta altura, pode favorecer pelo menos uma recuperação de imagem. Sem renegar abertamente a preferência aos fornecedores nacionais, a presidente de certa forma redefiniu as regras do jogo. Prometeu continuar comprando da indústria local, mas com duas ressalvas. As encomendas serão de acordo com a capacidade da indústria e os preços terão de ser competitivos "em relação a outras oportunidades fora do Brasil". Se continuar no posto e insistir nessa orientação, talvez consiga reconverter a Petrobrás numa empresa - uma organização de negócios com foco razoavelmente definido, metas de rentabilidade e padrões profissionais de administração.
A mudança, nesse caso, envolverá a adoção de alguns critérios vitais tanto para a Boeing quanto para a mais modesta padaria do bairro. Esses critérios foram pisoteados durante os últimos dez anos. Nesse período, a maior empresa brasileira foi subordinada a objetivos políticos e pessoais do grupo instalado no Palácio do Planalto e às conveniências de seus companheiros e aliados. Antes disso, a Petrobrás pode ter sido mal orientada em algumas fases, mas quase sempre funcionou com critérios empresariais, empenhada em procurar e extrair petróleo e gás, produzir e distribuir combustíveis e contribuir para a segurança energética do Brasil.
Com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua sucessora, os interesses empresariais da Petrobrás foram postos em segundo ou terceiro plano. Isso levou a desperdícios, comprometeu a geração de caixa e reduziu as possibilidades de investimento exatamente quando a companhia, depois da descoberta do pré-sal, teria de cumprir um programa excepcionalmente difícil e custoso.
Investimentos de US$ 220,6 bilhões estão previstos para o período entre 2014 e 2018 no recém-divulgado plano de negócios. A maior parte desse dinheiro, US$ 153,9 bilhões, deverá ser destinada a exploração e produção. Levantar esses bilhões dependerá da melhora de vários indicadores. O documento enumera os "pressupostos da financiabilidade". Será preciso manter o grau de investimento, elevar os preços de derivados até os níveis internacionais e promover parcerias e reestruturação do modelo de negócios, tudo isso sem a emissão de novas ações.
Para manter o grau de investimento e continuar atraente para os financiadores, a empresa terá de melhorar seus indicadores de endividamento e de alavancagem no prazo de 24 meses. Em outras palavras, terá de reduzir a proporção entre recursos de terceiros e recursos próprios e precisará diminuir para menos de 2,5 vezes a relação entre a dívida líquida e os ganhos antes do pagamento de juros, impostos e dividendos (Ebitda).
Não são números e objetivos escolhidos de forma arbitrária. A Petrobrás ganhou destaque na imprensa internacional, em outubro, como a empresa mais endividada do mundo, de acordo com levantamento do Bank of America Merrill Lynch. Quanto ao risco de ser rebaixada pelas agências de avaliação de crédito e perder o grau de investimento, está longe de ser imaginário.
No ano passado a Standard & Poor's alterou a perspectiva da empresa de estável para negativa. Poucos meses depois, a Moody's baixou a classificação da Petrobrás de A3 para Baa1 com perspectiva negativa, preservando o nível de investimento. Para justificar a revisão a agência citou o nível de alavancagem e a perspectiva ruim de geração de caixa nos anos seguintes.
A perda de valor de mercado afetou tanto a Petrobrás quanto a Eletrobrás, prejudicadas principalmente pela interferência política na administração das maiores estatais, convertidas em casas da mãe Joana. O loteamento de postos e o desprezo aos critérios técnicos tem sido uma das marcas principais da gestão petista. Dirigentes de grandes companhias controladas pelo governo - para nem falar da maioria dos ministros - são identificados mais pelo nome de seus padrinhos do que pela reputação profissional. Parte do noticiário sobre a prisão do ex-diretor de Refino e Abastecimento Paulo Roberto Costa tratou de suas relações com políticos do PP, do PMDB e de sua livre circulação no Congresso.
O desprezo aos padrões empresariais foi evidenciado nos fracassados projetos de associação com a PDVSA, no controle de preços de combustíveis, na baixa qualidade de vários investimentos, na desastrosa compra da refinaria de Pasadena, no Texas, e na conversão da Petrobrás em instrumento de uma política industrial com validade vencida e injustificável no século 21.
O grotesco episódio do petroleiro João Cândido, lançado ao mar em 2010 com palavrório de Lula e nenhuma condição de navegar, foi uma boa demonstração de um estilo de governo e de administração. A aprovação da compra da refinaria texana com base num sumário executivo, como confessou a presidente da República, foi perfeitamente compatível com esse estilo gerencial. Sua fama de administradora jamais foi merecida. Essa trapalhada confirma a opinião de quem nunca aceitou a lenda. Estranha, mesmo, era a presença no Conselho de Administração, então chefiado pela ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, de grandes empresários. Sua função, para o governo, seria legitimar os desmandos cometidos na empresa. Como podem ter ignorado esse detalhe?
*JORNALISTA

Voce compraria um carro usado desse sujeito? - Reinaldo Azevedo sobre a gerentona...

A pergunta acima foi feita por um jornalista a propósito da confiança (ou falta de) que despertava o presidente Nixon no auge do escândalo do Watergate, que resultou na sua demissão, como sabemos, pois do contrário seria impedido pelo Congresso americano.
No caso do Brasil, não existe a menor chance disso acontecer.
A esse respeito, o problema da gerentona, está também equivocado pelo lado do câmbio: poucos empresários no Brasil dependem do câmbio.
A maior parte depende mesmo é de sua própria capacidade.
Paulo Roberto de Almeida 
Folha de S.Paulo, 21/03/2014

No dia 29 de agosto de 2010, esta Folha publicou uma reportagem (folha.com/no790511) informando que, entre março de 1995 e julho de 1996, Dilma foi empresária. Montou uma lojinha, que chegou a ter uma filial, de bugigangas importadas do Panamá. Como diz a meninada, era um negócio “tipo” R$ 1,99. Não deu certo. Fechou. Chamava-se “Pão & Circo”. Entendo. Liberais ainda na primeira dentição tendem a achar que bons empresários seriam bons gestores públicos. Não necessariamente. Trata-se de domínios e de propósitos distintos. Ocorre que a então candidata Dilma era oferecida ao país como gerente sem igual e planejadora rigorosa. Como ela era, e ainda é, meio enfezada, esse temperamento se confundia com competência. Gente que está sempre dando bafão, na vida ou no trabalho, recorre aos maus bofes para escamotear com o mau humor as suas deficiências técnicas. A eficiência costuma ser amigável.
Indagada, naquela época, sobre a sua experiência frustrada, depois de um encontro com o presidente da Confederação Nacional da Indústria, a petista explicou: “Quando o dólar está 1 por 1 e passa para 2 ou 3 por 1, ele [o microempresário] quebra. É isso que acontece com o microempresário, ele fecha. A minha experiência é essa e de muitos microempresários desse país”. Epa! Resposta errada! A cotação média do dólar em março de 1995, quando Dilma abriu sua lojinha, foi de R$ 0,884. Aquele ano fechou com a moeda a R$ 0,967. Em julho de 1996, quando ela cerrou as portas, foi de R$ 1,006. Em 17 meses, portanto, houve uma variação de 14%, não de 200%. Sempre lembrando que a moeda local supervalorizada beneficia esse tipo de negócio. Na vitrine dos fatos, a desculpa de Dilma não vale R$ 1,99, filosofaria Gaby Amarantos.
As pessoas, como já escreveu o poeta, não costumam confessar que já levaram porrada, que foram traídas ou que não tiveram paciência para tomar banho. Procuram também esconder a própria incompetência. É normal. Transferir, no entanto, para terceiros as consequências das próprias inabilidades e irresponsabilidades já é coisa mais séria. Na função pública, as consequências podem ser dramáticas.

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Nas origens deste blog... a incompetencia do blogueiro... (agora explicada)

OK, sou incompetente para todas as matérias técnicas que requerem manuais, explicações, domínio de qualquer coisa que não seja a escrita alfabética, de A a Z (et encore...). Bom, isso todo mundo já sabe.
O que eu não sabia, tampouco, era o grau da minha incompetência. Ele é grande, mas eu não sabia quão grande.
Eu sempre me surpreenderei com a minha própria incompetência...
O que vai abaixo é a reprodução dos dois primeiros posts deste blog, uma tentativa de explicação para a sua existência. Ele só existe, como tento explicar abaixo, mas sem o saber, porque os anteriores, em algum momento, experimentaram alguma falha técnica e ficaram bloqueados.
Como eu não sabia o que fazer, eu criava outro, e mais outro, e mais um ainda, como aliás parece estar ocorrendo agora no Academia.edu (onde estou tentando organizar a barafunda dos meus trabalhos, mas que também vem conhecendo essa duplicação, ou triplicação, de contas, ao não saber manipular exatamente e corretamente os cliks e buttons dessas coisas).
Vocês vão reparar, que eu poderia, talvez, ter ficado com o primeiro blog, com o que as postagens se sucederiam linearmente desde o final de 2005, quando comecei, aliás tardiamente, com esta brincadeira, e nem precisaria, talvez, ter não apenas multiplicado os blogs, como também ter feito blogs secundários, paralelos, complementares.
Ah, seu eu fosse competente, talvez estivesse usando uma outra ferramenta, mais organizada, funcional, racional, não essa confusão dos diabos que acabo criando.
Em todo caso, aqui vai um pequeno retorno às origens.
Paulo Roberto de Almeida
Hartford, 31 de janeiro de 2014

sábado, 17 de junho de 2006


488) Repartindo para mais uma aventura, desta vez com um “z” a mais...

Retomando o fio da meada, desde o início...
(balanço do blogs até o número 488)

Como expliquei abaixo (ver em 487), meu blog Diplomatizando empacou, aliás como os três precedentes, daí a razão de eu ter repartido com este novo, cuja única diferença está no z adicional. No mais, ele permanece igual em espírito e conteúdo, retomando inclusive a numeração sequencial a partir do pos imediatamente anterior.

Faço aqui um balanço de minhas experiências blogueiras.

1) Meu primeiro blog, ainda inexperiente, se chamava, narcisísticamente, Blog Paulo Roberto de Almeida (http://paulomre.blogspot.com/) e foi mantido e alimentado de 6 de dezembro de 2005 até o dia 21 de janeiro de 2006, quando ele empacou de vez. Nele coloquei os posts de número 0 até o 177 (ou seja: 178 postagens). Segundo levantamento de contador efetuado em 14 de abril de 2006, ele chegou a ter 3.737 hits, mas tinha sido deixado com 1500 hits, em 21 janeiro 2006. Ou seja, em 46 dias de “uso”, ele teve uma média de 32,6 hits por dia.
Depois do seu “fechamento”, ou pelo menos do encerramento de postagens, ele ainda avançou de 1.500 para 3.737 hits, ou seja, 2.237 hits adicionais em mais 82 dias (14.04.06), ou seja, a média de 27,28 hits/dia.
No dia de hoje, 17 de junho de 2006, quando faço este balanço global dos meus blogs, ele ostenta a marca de 6.125 hits, ou seja, 2.388 hits adicionais em mais 64 dias (até hoje), ou seja, a média de 37,3 hits/dia, o que é surpreendente, considerando-se que ele estava inativo e não deve ter recebido nenhuma visita minha (salvou uma ou duas para verificação).
Confesso que não sei explicar essa febre de visitas, num período em que eu jamais fiz qualquer menção à sua existência, salvo de maneira indireta, nos links do blog em utilização, que como disse, foram mais dois.
No total, o primeiro blog ostentou, portanto, 6.125 hits em pouco mais de seis meses, mais exatamente em 193 dias, o que dá uma média de 31,7 hits por dia, tanto ativado como desativado. Este número poderá ser comparado com as visitas aos demais blogs, como indico a seguir.


2) Meu segundo blog foi o Cousas Diplomáticas (http://diplomaticas.blogspot.com/), cuja manutenção e postagens foram feitas entre 21 de janeiro de 2006 e 4 de abril de 2006, quando ele também empacou. Nele coloquei os posts de número 178 a 329 (ou seja: 251 postagens).
Não efetuei, para esse segundo blog, estatísticas de entrada e de saída, e assim só posso reproduzir o número do contador que figura nele hoje (17/06/06), que é: 9.138 hits. Considerando o estrito prazo de funcionamento desse blog, que foi de meros 74 dias, teríamos 123,4 hits por dia, o que me parece exagerado. Dividindo por todo o período decorrido desde 21 de janeiro até o dia de hoje (17/06/06), a média cai para 61,7 hits por dia (em 148 dias), o que não parece mau, pois representa o dobro da média do primeiro blog.

Caberia esclarecer que nesse período eu lancei diversos outros blogs auxiliares ou especializados, de maneira a poder repartir o material eventualmente útil que eu teria para colocar ou oferecer publicamente, que foram estes aqui:

(a) Textos PRA (http://textospra.blogspot.com/): dedicado à postagem de textos mais longos ou de material de referência em geral; iniciado em 14 de dezembro de 2005, mas com um contador iniciado bem depois, ele ostentava em 17/06/06 a marca de 1.785 hits, o que dá uma modesta média de 9,6 hits por dia, desde então. O número de posts alcançou 105 (sem contar o inicial), sendo que a dimensão média desses posts é duas a três vezes maior do que os posts nos demais blogs (o blog foi feito justamente para a colocação de material mais volumoso).

(b) Academia (http://pracademia.blogspot.com/): voltado para a simples postagem de programas de cursos, planos de aula, bibliografia e um ou outro material de referência (já que a maior parte vem sendo postada na seção Academia do meu site pessoal: www.pralmeida.org). Ele teve início em 13 de fevereiro de 2006 e eu não fiz contador para esse blog, tendo colocado tão somente 24 posts, desde então (não estou sendo muito ativo nesse blog, mas é que seu formato não é acolhedor de materiais mais densos, com tabelas, gráficos e outros elementos visuais, além de eu não poder colocar arquivos mais pesados, devendo remeter ao meu site).

(c) Book Reviews (), ou resenhas de livros: iniciado em 21 de janeiro de 2006, ele comportou, até 17 de junho 53 postagens, todas referentes a livros, ostentando uma marca de 1.310 hits, o que daria uma média diária de 8,3 hits por dia.

3) Empacando também o Cousas Diplomáticas, parti, em 5 de abril de 2006, para o meu terceiro blog, Diplomatizando (http://diplomatizando.blogspot.com/). Iniciado com a postagem de número 330 ele alcançou, nesta fatídica madrugada do dia 17 de junho a marca 486, ou seja um total de 156 postagens. O número inicial a partir do qual o contador passou a funcionar, em 5 de abril, era 2.623, o que permite calcular a média de hits ocorrida nesse período de exatos 73 dias. O contador estava, quando o “larguei” (isto é, não mais consegui postar) em 9.124 hits, o que perfaz, portanto, um total de 6.501 hits e uma média de 89 hits por dia, o que me parece bastance razoável.

4) Estou portanto começando este novo blog, Diplomatizzando (http://diplomatizzando.blogspot.com/), no dia 17 de junho, com a marca de 9.133 hits, o que configura a base de partida para futuros cálculos de visitas ou hits por dia.
Preciso descobrir, um dia, por que é que os meus blogs empacam no meio do caminho. Não sei se eu abuso demais deles, seu eu manipulo o programa do blogger erradamente, ou simplesmente porque eu sobrecarrego demais os provedores gratuitos da Google. Em todo caso, nunca descobri a resposta.

Quem souber, me avise, por favor, pois eu estou começando a ficar intrigado, quase começando a acreditar nas famosas teorias conspiratórias da história.
Sans blague, desejo a todos bom proveito e satisfação com as visitas aos meus vários blogs, cujo único objetivo, não me canso de repetir, é o de poder servir ao conhecimento, à cultura, à informação e ao diálogo bem fundamentado e racional sobre temas relevantes de nossa vida cultural, acadêmica e diplomática, nessa ordem. Espero poder estar ajudando os mais jovens, que não precisam mais, como eu, passar longas horas em bibliotecas para se informar e se instruir, embora devessem fazê-lo de vez em quando. Blogs, sempre leves e superficiais, não são substitutos à pesquisa bem conduzida, assim como material de internet não pode se equiparar a livros, que constituem ainda o tijolo fundamental do estoque de conhecimento humano disponível para deleite de todos.
Boas leituras!

Paulo Roberto de Almeida
Em 17 de junho de 2006.

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487) Saperlipopete: meu blog falhou outra vez...
http://diplomatizzando.blogspot.com/2006/06/487-saperlipopete-meu-blog-falhou.html

Parece que existe uma maldição dos blogs gratuitos: em algum momento do percurso, eles falham miseravelmente em “deliver” o que se espera deles, ou seja, um fluxo contínuo de postagens, sem esforço adicional, ou sem outros custos do que parece ser, finalmente, um “free lunch”.
Pois bem, meu quarto blog pessoal, Diplomatizando, empacou por sua vez e eu já desisti de brigar na blogosfera.
Passei imediatamente à construção de um novo.
Apenas registrando, eu estava postando a partir do post 487, que agora se torna este meramente introdutório a um novo blog, que se chama simplesmente:

Diplomatizzando

Sim, apenas acrescentei um z no nome anterior.
Em 17 de junho de 2006, eu estava com 9.124 registros de “visitas” ao meu blog (claro, muitas são minhas próprias, na tarefa de verificar visualmente como andam as postagens).
A vida continua, folks, o negócio é bola para a frente, como dizem os entendidos em futebol...

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Reitores irresponsaveis querem jogar a conta de outros incompetentes nas costas dos mais pobres...

Como são os mais pobres que pagam mais impostos no Brasil, o que esses reitores -- eleitos democraticamente pelos seus pares, que também acham bom viver de dinheiro público, sem ser obrigados a prestar contas à sociedade -- irresponsáveis querem é que os mais pobres do Brasil paguem pelo privilégio de alguns ricos que antes pagavam para estudar, e agora perderam as suas arapucas douradas. Os professores também querem ser "federalizados", ou seja, querem que todos nós paguemos pela irresponsabilidade e incompetência dos gestores das duas unidades de ensino descredenciadas pelo MEC.
Antes já fomos obrigados a assumir os professores e alunos da Candido Mendes, outra fechada, mas com professores e alunos premiados com o nosso dinheiro.
Um país decente, um Congresso normal, uma sociedade ciente do valor do dinheiro de cada um não permitiria esse tipo de falcatrua com o dinheiro público.
Dito isto, quem é o MEC para descredenciar duas empresas privadas?
Se o MEC fosse submetido a um controle de qualidade, não passaria de medíocre, ou talvez até de alguma classificação de nocivo à educação nacional.
Não são duas empresas privadas, que oferecem serviços medíocres de educação contra remuneração? Pois deixemos que seus empresários-patrões resolvam o problema como vieram ao mundo: relações de oferta e procura no mercado. Os alunos é que procurem empregos com os certificados das duas; os professores é que negociem salários com os patrões, do contrário procurem outras instituições.
Por que é que no Brasil sempre se procura mamar nas tetas do Estado?
E por que o Estado é generoso com capitalistas?
Paulo Roberto de Almeida

Reitores da UFF, UFRJ, Unirio, Rural e Cefet-RJ propõem federalização da Gama Filho e UniverCidade

  • Dirigentes assinaram nota em que defendem que medida atenderia “aos anseios das forças sociais, políticas e estudantis”
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Alunos da Gama Filho e UniverCidade protestam contra o descredenciamento das instituições Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo

Alunos da Gama Filho e UniverCidade protestam contra o descredenciamento das instituições Domingos Peixoto / Agência O Globo
RIO — Em reunião realizada nesta terça-feira (14) na Universidade Federal Fluminense (UFF), os reitores da UFRJ, da Unirio, UFRRJ e da UFF e o diretor-geral do Cefet-RJ assinaram uma nota propondo que a Universidade Gama Filho e do Centro Universitário da Cidade (UniverCidade) sejam federalizadas.
Alunos das duas instituições que foram descredenciadas pelo Ministério da Educação (MEC) fizeram um protesto, no início da noite desta terça-feira, no Centro do Rio. Um grupo, formado por cerca de 300 pessoas, seguiu pela pista lateral da Avenida Presidente Vargas, sentido Praça da Bandeira. 
A federalização seria uma alternativa ao fechamento da Gama Filho e da UniverCidade. No documento assinado pelos dirigentes das instituições federais de ensino superior do Rio, eles argumentam que a medida atenderia “aos anseios das forças sociais, políticas e estudantis”, em referência aos cerca de 10 mil alunos afetados pelo descredenciamento das duas instituições.
Veja a íntegra da nota abaixo, assinada por Roberto Salles (reitor da UFF), Antônio José Ledo Alves da Cunha (reitor em exercício da UFRJ), Luiz Pedro San Gil Jutuca (reitor da UFRJ), Ana Maria Dantas Soares (reitora da UFRRJ) e Carlos Henrique Figueiredo Alves (diretor-geral do Cefet-RJ).
“Nós, reitores das universidades federais e o diretor-geral do Cefet do Rio de Janeiro, abaixo assinados, enfatizamos nossa preocupação com a qualidade da educação, bem como a responsabilidade do governo federal no credenciamento e acompanhamento das universidades, faculdades e cursos em funcionamento no país. Assim, apoiamos como solução a federalização da Universidade Gama Filho e do Centro Universitário da Cidade, ambos do Estado do Rio de Janeiro.
Reconhecendo o grande avanço na educação nos últimos anos e a continuidade das ações positivas do atual governo, conclamamos a presidenta da República, Dilma Rousseff, e o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, para que considerem a nossa proposta de federalização, já que possuem todas as condições técnicas e políticas para a implementação da proposta para, com isso, atender aos anseios das forças sociais, políticas e estudantis.
Consideramos também que o caminho para a solução do problema, que atinge os membros da comunidade acadêmica (alunos, servidores docentes e técnico-administrativos), com forte impacto social, não seja uma simples redistribuição dos estudantes, tarefa que não é fácil e pode se mostrar inviável a curto e médio prazo, agravando a situação.
Como educadores, entendemos que a e ducação não pode ser vista como um negócio, mas um investimento de longo prazo, cuja maior responsabilidade cabe aos governos. Neste sentido, reafirmamos a nossa disposição para colaborar com o processo de federalização, mantendo o compromisso com a educação de qualidade”.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/educacao/reitores-da-uff-ufrj-unirio-rural-cefet-rj-propoem-federalizacao-da-gama-filho-univercidade-11299656#ixzz2qUsrI7bW 
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quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Mais um recorde companheiro: governo recebe TRES editoriais negativos no mesmo dia... - Estadao

Parece incrível e me parece extremamente raro: o governo companheiro consegue entrar no Guiness das avaliações negativas num único dia, por ter recebido três editoriais condenando suas políticas na mesma página de jornal.
1) Em um ano eleitoral, nada como dar um presente às empreiteiras, sabendo que o dinheiro depois vai pingar do outro lado; isto se chama...
2) Em matéria de eletricidade, a gerentona do setor foi quem começou o desmantelamento de qualquer regulação racional, atuando segundo o puro arbítrio e os instintos anti-empresariais; quem paga a conta são todos os brasileiros, para um desastre montado inteiramente no Planalto, desde 2003...
3) Quando se fala de Copa, justamente se fala muito e se faz muito pouco, quase nada: vamos ficar com elefantes brancos e uma conta enorme para pagar, durante anos...
Sem dúvida: ter três editoriais ao mesmo tempo, sobre problemas que têm uma origem similar é um retrato perfeito da qualidade, ou falta de, do governo companheiro.
Mais um pouco eles conseguem três editoriais negativos em três jornais ao mesmo tempo...
Paulo Roberto de Almeida

A mão pesada da presidente

07 de janeiro de 2014 | 2h 06
Editorial O Estado de S.Paulo
Na véspera do Natal, quando o País todo estava olhando para o outro lado, a presidente Dilma Rousseff deu um presentaço a si mesma - e, de quebra, aos grandes grupos que fazem negócios com o setor federal. Eliminou sumariamente da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2014, sancionada naquele dia, as referências de preços que há 14 anos figuravam no seu texto, como parâmetros para a contratação de obras rodoviárias e de construção civil. O assunto é árido, mas poucos hão de ser mais importantes quando estão em jogo as normas de controle dos gastos em infraestrutura do Estado nacional. Eis por que se faz necessário detalhar a história do que outra coisa não é senão uma demonstração da falta de limites da presidente - motivada, em derradeira análise, pelo desastre administrativo que é a marca de seu mandato.
Em regra, quando o Executivo define projetos nas áreas citadas, o seu custo é calculado segundo dois parâmetros. Um é o Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (Sinapi), com base em valores verificados mês a mês em âmbito nacional. Outro é o Sistema de Custos Referenciais de Obras Rodoviárias (Sicro) atualizado a cada dois meses. Essas tabelas são a primeira linha de defesa contra o sobrepreço das empreitadas. No governo Lula e nos anos anteriores do período Dilma, o Planalto tentou removê-las da LDO, mas recuou diante das resistências parlamentares. Mas, em abril passado, ao apresentar a sua proposta orçamentária para este ano, a presidente não apenas deixou de nela incluir os mencionados parâmetros, como, pior ainda, os alojou em um decreto.
Pior ainda porque, se ela realmente quisesse "perenizar", no jargão oficial, as referências - a LDO, afinal, muda de ano para ano -, poderia fazê-lo mediante projeto de lei. Mas, a intenção era outra, obviamente: afrouxar o controle dos gastos com obras, mediante mudanças que os decretos presidenciais proporcionam aos seus signatários. Dito de outro modo, a pretexto de superar a transitoriedade dos Orçamentos, Dilma degradou em decreto o que estava no bojo de uma Lei Complementar, como a LDO - o mais alto instrumento legal do País, abaixo apenas da Constituição e que exige maioria qualificada para passar no Congresso. Pois bem, quando a expurgada LDO de 2014 passou a tramitar, os parlamentares nela repuseram o conteúdo suprimido. E foi isso que a presidente vetou em 24 de dezembro, como se colocasse na árvore de Natal do gabinete um regalo inestimável para as empreiteiras que de há muito pressionam pela flexibilização dos parâmetros de referência do custo de obras.
Essa é uma possibilidade objetiva criada pelos vetos, ainda que a intenção de Dilma tenha sido, com toda a certeza, expandir o seu poder pessoal, no bojo de uma desesperada tentativa de atribuir a terceiros - no caso, o Parlamento - o notório fracasso de sua gestão. Não é a primeira vez que ela tenta remediar o irremediável neste governo aparelhado e, por isso mesmo, destituído de capacidade administrativa. Foi o caso do esperto Regime Diferenciado de Contratações (RDC) que conseguiu aprovar no Congresso em 2011, alegadamente para desburocratizar a execução das obras para a Copa e os Jogos Olímpicos. Não é preciso ser presidente da Fifa ou do Comitê Olímpico Internacional para saber a quantas desanda a infraestrutura para as competições. O sistema - um drible na Lei de Licitações - acabou sendo estendido para as obras do SUS e o PAC. Fez pouca ou nenhuma diferença para o programa. É o que não se cansam de mostrar os levantamentos independentes sobre o seu desempenho.
Os vetos natalinos de Dilma, que deixaram o campo completamente entregue às implicações do decreto de abril, inquietam o Tribunal de Contas da União (TCU). O seu presidente, Augusto Nardes, compara a peça a uma portaria "que eu aprovo e, a qualquer momento posso modificar". Ao contrário do que quer fazer crer o Planalto, o fato de serem complexos os índices que nela foram abrigados não os torna imunes à mão pesada da chefe do governo. Quem pode o mais, pode o menos, ensina o ditado. E o mais ela já fez, com característica soberba - para não falar em descaramento.

Nova manobra criativa

07 de janeiro de 2014 | 2h 06
Editorial O Estado de S.Paulo
Na undécima hora, quando faltavam menos de duas semanas para o fim do ano, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) resolveu adiar para 2015 a aplicação de bandeiras tarifárias nas contas de luz, medida que deveria entrar em vigor em 1.º de janeiro de 2014. Pelo sistema previsto, as contas passariam a exibir uma bandeira impressa em cor verde se os custos das distribuidoras de eletricidade fossem os normais (abaixo de R$ 200 por MWh), sem recurso à energia gerada por termoelétricas. A bandeira passaria a ser amarela toda vez que o custo de operação ficasse entre R$ 200 por MWh e R$ 350 por MWh e seria vermelha se superasse essa última marca. A explicação da agência reguladora é de que os consumidores não foram suficientemente informados e algumas distribuidoras não se prepararam no prazo previsto para implantação do sinal de alerta de aumento da conta de luz. O mercado não se deixou enganar por essa balela e interpretou a decisão como mais uma daquelas manobras que o governo tem utilizado para represar a inflação.
Na realidade, o governo teme que, se o sistema de bandeiras tarifárias fosse implantado já em janeiro, poderia contribuir para um repique inflacionário no início do ano, o que transmitiria uma imagem negativa para ele, com repercussões nos meses seguintes - quando as eleições estarão ainda próximas. Com os reservatórios de hidrelétricas em baixa neste verão em algumas regiões, notadamente no Nordeste, dá-se como certo que haverá um custo adicional para as distribuidoras. Se o sistema entrasse em vigor, levaria à impressão de bandeiras amarela ou vermelha nas contas, uma vez que um número maior de termoelétricas teria de ser ligado para suplementar a geração hidrelétrica, e as contas subiriam.
Há mesmo quem calcule que o governo fará tudo o que puder - e a suspensão das bandeiras é parte desse esforço - para evitar que a taxa de inflação medida pelo IPCA em janeiro de 2014 não supere 0,86%, taxa registrada no mesmo mês de 2013. O adiamento do uso de bandeiras possibilitaria um "alívio" calculado em 0,13%, o que seria de grande utilidade para evitar que a inflação de janeiro atinja 1%, o que seria considerado um desastre.
Como em toda medida relativa a preços administrados, há quem ganhe e quem perca. A Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) considerou a medida positiva. Em nota, afirmou que "o prazo estava muito apertado para as indústrias se adaptarem ao novo mecanismo de cobrança". A entidade lembrou que, em setembro, já havia alertado de que o sistema elevaria o custo de energia a "patamares preocupantes".
De outra parte, perdem as distribuidoras de eletricidade, que só conseguem repassar sua elevação de custos nas datas anuais de reajuste de tarifas. O sistema de bandeiras permitiria que repassassem imediatamente o eventual ônus com o uso maior de termoeletricidade. Com o novo mecanismo preconizado pela Aneel, e agora adiado, poderiam equilibrar mensalmente suas receitas com os custos mais pesados que teriam de arcar, como assinala a Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee).
Isso, naturalmente, geraria uma nova disputa no campo energético, que caberia ao governo arbitrar, em meio a tantas desavenças que têm caracterizado a relação entre o setor elétrico e o Planalto. Não se pode deixar de lembrar, porém, que, sendo 2014 um ano eleitoral, não convêm aos interesses do PT e de partidos aliados que as contas de luz pagas pelos consumidores - não só os industriais e comerciais, mas principalmente os residenciais - subam demais, especialmente em regiões em que o recurso à energia termoelétrica é mais frequente, como o Nordeste - justamente onde o PT é mais forte.
A solução pode ser a concessão de subsídios às distribuidoras, à custa do Tesouro Nacional. Isso significa mais um elemento de pressão sobre a política fiscal. Ou seja, os custos adicionais das distribuidoras nesta época do ano acabarão sendo pagos por todos os contribuintes e não deixarão de influir a médio prazo sobre a inflação, que tem no desequilíbrio fiscal uma de suas causas básicas.

A Copa do atraso e da gastança

07 de janeiro de 2014 | 2h 07
Editorial O Estado de S.Paulo
Atraso nas obras, rapidez na resposta: a presidente Dilma Rousseff reagiu prontamente aos comentários do presidente da Fifa, Joseph Blatter, sobre a demora na preparação da Copa do Mundo de 2014. "Amamos o futebol e por isso recebemos esta Copa com orgulho e faremos a Copa das Copas", proclamou a presidente pelo twitter. "É o país mais atrasado desde que estou na Fifa. E foi o único que teve tanto tempo para se preparar", disse o dirigente em entrevista ao jornal suíço 24 Heures. Publicado o comentário, o Ministério do Esporte logo divulgou em nota oficial a promessa de conclusão dos preparativos "a tempo para a Copa" - garantia desnecessária, se o governo houvesse iniciado muito mais cedo os investimentos necessários. Presidente da federação desde 1998, Blatter entrou na organização em 1975, há quase 40 anos. Ele se referiu a esse período, quando afirmou nunca ter visto uma preparação com tantos atrasos.
O governo brasileiro, chefiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, assumiu em 2007 o compromisso de organizar a Copa do Mundo programada para sete anos depois. Nada, ou quase nada, foi investido nos quatro anos seguintes. O trabalho ficou para a gestão da presidente Dilma Rousseff.
Só em janeiro de 2010, no começo do último ano de seu mandato, o presidente Lula instalou o comitê responsável pela organização do evento. Ao mesmo tempo, anunciou a destinação de R$ 20 bilhões - do Tesouro Nacional, do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Nessa altura, as estimativas iniciais de custos já estavam estouradas. Em agosto do ano passado, estavam prontos seis dos estádios previstos e continuavam as obras em outros seis. A projeção do investimento havia passado dos R$ 2,8 bilhões anunciados em 2007 para R$ 8 bilhões, com aumento de 285%. O novo valor superava a soma das verbas aplicadas em 12 estádios alemães e em 10 sul-africanos (equivalentes a R$ 6,9 bilhões) para as Copas de 2006 e de 2010.
O planejamento deficiente e a má gestão produziram mais que o enorme atraso no início das obras. Elevaram custos, dificultaram o acompanhamento dos gastos e resultaram em várias irregularidades na elaboração e na execução dos projetos.
Em junho de 2011 o Tribunal de Contas da União (TCU) já reclamava da falta de informações claras e atualizadas sobre as obras de estádios, de mobilidade urbana, de portos e aeroportos e também de programas de segurança e vários outros de natureza organizacional. Em relatórios anteriores, o Tribunal já havia cobrado do Ministério do Esporte informações detalhadas para a montagem do cronograma das auditorias.
Naquela altura, meados de 2011, a Matriz de Responsabilidades da Copa indicava uma previsão de gastos de R$ 23,7 bilhões. A projeção mais recente incluída no Portal da Transparência, do governo federal, indica investimentos de R$ 25,9 bilhões, provavelmente subestimada, segundo analistas. Desse total, projetos no valor de R$ 17,2 bilhões foram contratados e apenas R$ 8,6 bilhões (33,2%) foram executados. Dos R$ 6,7 bilhões previstos para aeroportos, foi contratado R$ 1,8 bilhão e desembolsados R$ 899,6 milhões (13,3%). Dos R$ 7,9 bilhões estimados para mobilidade urbana, foram contratados R$ 6,3 bilhões e pagos (executados) R$ 2,6 bilhões (32,9%).
Para facilitar a contratação de obras, o Executivo foi autorizado pelo Congresso, em 2011, a adotar o Regime Diferenciado de Contratações, menos rigoroso que o sistema normal de licitações. A exceção valeria, inicialmente, para contratos para as Copas das Confederações e do Mundo e para os Jogos Olímpicos. Mas a facilidade foi estendida a projetos do Programa de Aceleração do Crescimento e do Sistema Único de Saúde.
Apesar dessa flexibilidade, a maior parte das obras destinadas à Copa do Mundo continua com grande atraso e os custos finais serão com certeza bem maiores que os estimados inicialmente. Talvez a Lei de Licitações tornasse um pouco mais lentas as contratações. Mas o problema real estava em outra parte - na incompetência gerencial do governo.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Petrobras: INFELIZ 60 anos, nada a comemorar... - Adriano Pires

Estatal manipulada

O Globo, 23/09/213  


Adriano Pires
Nos últimos anos, em particular, a partir de 2008, o mercado em geral e os acionistas da Petrobras passaram a perceber a utilização da companhia como complemento de política econômica e verificar um distanciamento das expectativas que os levaram a investir na estatal após a abertura de 1997. As causas da deterioração são conhecidas e o problema é que muito se fala e muito pouco se faz. Enquanto isso, os números da empresa vão piorando e o horizonte continua de cinza para negro.
Exemplos não faltam. O governo obriga a empresa a manter os preços domésticos defasados em relação ao mercado internacional com o objetivo de controlar a inflação e incentivar a atividade econômica. Desde 2003 a defasagem dos preços da gasolina e do diesel promoveu perdas de mais de R$ 40 bilhões. Em 2013 a estatal tem perdido algo em tomo de 1 bilhão de reais mensais só com a importação de gasolina e diesel. Paralelamente, o crescimento da demanda incentivado pelo preço artificialmente baixo levou a empresa a importar grandes volumes de gasolina e diesel. Entre o 1º trimestre de 2010 e segundo trimestre de 2013, a área de abastecimento da Petrobras já acumula prejuízo de cerca de R$ 36 bilhões e as importações de gasolina cresceram 395%. Por conta disso, a empresa tem tido dificuldade para cumprir seus cronogramas de investimento, e o resultado tem sido o atraso em vários projetos e a queda na produção.
Pouco ou nada a comemorar em outubro quando a Petrobras completará 60 anos
Outro caso emblemático é a construção da Refinaria Abreu e Lima (RNEST), em Pernambuco, refletindo problemas relativos à gestão de projetos na Petrobras. Ao longo da construção, o custo previsto do projeto se multiplicou por dez, de US$ 2,3 bilhões para US$ 20,1 bilhões. Isso sem falar na compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, por um preço ainda não explicado de forma transparente.
Como resultado de todos esses desmandos, a lucratividade da empresa desabou, levando ao aumento de seu endividamento. Apesar de em 2010 realizar a maior capitalização da história, que gerou uma injeção de R$ 45 bilhões em seu caixa, a empresa se encontra hoje perigosamente perto dos níveis que fariam com que perdesse seu status de investimento grade. O seu endividamento cresceu 210% após a capitalização, e sua relação dívida líquida/ebtida e dívida líquida/capital líquido se encontram em 2x”,9x e 34%, respectivamente, mesmo com a empresa se utilizando de “contabilidade criativa” que reduziu 70% do impacto da desvalorização cambial sobre a sua dívida. Agora a saída encontrada é o plano de desinvestimento, onde a empresa está vendendo ativos, como metade dos campos de petróleo que possuía na África.
O próximo passo poderá ser a promoção de uma nova capitalização após as eleições de outubro de 2014, o que irá provocar uma diluição maior dos minoritários, aprofundando o movimento de estatização da empresa. Pouco ou nada a comemorar em outubro quando a Petrobras completará 60 anos.