Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
quarta-feira, 27 de agosto de 2014
Eleicoes 2014: ate o BNDES torce contra o continuismo dos companheiros no poder - Sérgio Lazzarini
Acho que é isso: o BNDES gostaria que esses keynesianos de botequim fossem aposentados...
Paulo Roberto de Almeida
O real resultado do BNDES
Sérgio Lazzarini *
O Estado de S.Paulo, 27 de agosto de 2014
O BNDES reportou um lucro recorde de R$ 5,4 bilhões referente ao primeiro semestre deste ano, valor 67,8% superior ao obtido em 2013. Ao cidadão sem tempo para entrar nos detalhes do que gerou esse resultado, a impressão que fica é de um banco público de extraordinário desempenho e que refuta, com seus resultados, as críticas à acelerada expansão das suas operações nos últimos anos. Ao cidadão que decide investigar os números, entretanto, a realidade é outra.
"A transparência é um dos princípios que o BNDES preza no seu relacionamento com a sociedade", diz um trecho da sua página de internet. De fato, na seção denominada relação com investidores, o cidadão pode ver detalhes das demonstrações financeiras e diversas explicações sobre os resultados.
Especificamente sobre o resultado do primeiro semestre de 2014, o banco atribuiu o lucro recorde, entre outros fatores, à melhoria no desempenho do seu braço de investimentos, o BNDESPAR, que aplica sua carteira em participações societárias de empresas, muitas delas negociadas em Bolsa, e outros ativos financeiros.
Na página, o banco conclui ressaltando "a boa gestão das operações da carteira da BNDESPAR". A afirmação, contudo, merece ressalvas, uma vez que no primeiro semestre de 2013 o próprio relatório do BNDESPAR reportou perda de valor de sua carteira, que impactou negativamente o resultado naquele período. Essa mesma provisão para perda já havia ocorrido ao longo de 2012. Ao comentar o mau resultado daquele ano, o banco pôs a culpa no mercado, dizendo que sua carteira é "sensível a mudanças na situação econômica do País e do mundo".
E o que o fez o resultado do último semestre melhorar? A resposta está no próprio mercado: enquanto a Bolsa despencou ao longo do primeiro semestre de 2013, o inverso ocorreu este ano, permitindo ao banco reduzir as provisões para perda de valor dos seus ativos. Ou seja: quando sua carteira vai mal, o BNDES põe a culpa no mercado; quando vai bem, o mérito é da sua "boa gestão"! Ironicamente, o que acabou animando o mercado acionário neste ano foi justamente a queda de popularidade do atual governo, controlador do BNDES, aumentando as chances de segundo turno nas eleições.
Ainda seguindo com a sua explicação sobre o resultado do semestre, o BNDES diz que "outro fator que influenciou positivamente o lucro de junho foi o aumento de 19,3% do resultado de intermediação financeira". Essa rubrica engloba os repasses de crédito do BNDES e o resultado de rendimentos dos seus ativos. Porém, do total de receitas consolidadas com intermediação financeira no período, R$ 8,4 bilhões vieram não das operações de repasse de crédito em si (a atividade central do banco), mas de aplicações em títulos e rendas com operações vinculadas ao Tesouro. Esses itens representaram nada menos que 43% das receitas com intermediação do banco.
O que são essas operações? Como todo banco, o BNDES tem ativos e pode aplicá-los no mercado, rendendo juros. Não menos importante, como já detectado por especialistas em contas públicas como Mansueto Almeida e José Roberto Afonso, parte dos títulos do BNDES é de transferências do próprio governo, que se tem endividado para capitalizar o banco. Ocorre que o governo empresta ao BNDES dinheiro atrelado a uma taxa subsidiada, a TJLP, atualmente em 5% ao ano, muito inferior às taxas de mercado. E o contexto foi mais uma vez favorável: a taxa de referência do mercado, a Selic, saltou de 7,25% para 11% ao ano do começo de 2013 para cá.
Com isso, o governo se endivida e repassa ao BNDES ativos que rendem muito mais que a taxa subsidiada do governo. Ao aumentar o lucro da sua controlada, o governo pode, então, usar parte desse lucro como dividendos e inflar o seu superávit. Convenhamos: com tantas manobras, fica difícil de acreditar que a atual gestão do BNDES e o seu controlador realmente tenham transparência como um de seus pilares.
*Sérgio Lazzarini é professor titular do Insper, autor de 'Capitalismo de Laços' e de 'Reinventing State Capitalism'. Email: sergiogl1@insper.edu.br
sábado, 1 de fevereiro de 2014
Crise energetica: incompetencia do governo (claro)
Setor elétrico
Preço da energia dispara e previsão é de calamidade para o ano
No mercado livre, a taxa de referência para as negociações de contratos quase dobrou em uma semana. Isso prejudicará distribuidoras – e os brasileiros – no longo prazo
Preço da energia de curto prazo atingirá recorde na próxima semana
Residências impulsionam consumo de energia no Brasil em novembro
Governo federal busca saída para caixa da Eletrobras
Aneel publica aviso do leilão das linhas de Belo Monte
quinta-feira, 26 de setembro de 2013
Petrobras: INFELIZ 60 anos, nada a comemorar... - Adriano Pires
Estatal manipulada
sábado, 3 de agosto de 2013
Eu coordeno a coordenacao, tu coordenas os coordenadores, elesdesccordenam o Brasil dos companheiros
Dilma cria esotérico cargo de Coordenador da Coordenação da Coordenação-Geral de Produtividade e Inovação"
“coordenador na Coordenação da Coordenação-Geral de Produtividade do Departamento de Produtividade e Inovação da Secretaria de Competitividade e Gestão da Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidência da República”
segunda-feira, 8 de julho de 2013
BNDES: seu desmantelamento na gestao companheira
Patrimônio do BNDES recua 38% com dividendos ao governo e perda na Bolsa
Em dois anos, patrimônio líquido do banco caiu de R$ 75,6 bilhões para R$ 46,8 bilhões, o que, segundo economistas, pode ter impacto no mercado de crédito
domingo, 7 de julho de 2013
A erosao do BNDES - Editorial Folha
Editorial Folha de São Paulo, 06/07/2013
Há décadas o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social tem papel essencial no financiamento de investimentos de longo prazo. Para preservar essa função, é importante que o BNDES se mantenha disciplinado e bem capitalizado --o que vem se perdendo.
Em 2011, a cada R$ 100 emprestados, o BNDES tinha R$ 20,6 em patrimônio. No ano passado, essa proporção caiu para R$ 15,4. Embora próxima da média dos bancos privados e acima do piso definido pelo Banco Central (R$ 11), ela preocupa por sinalizar a rápida redução do colchão patrimonial.
As razões para tal mudança são conhecidas: pressa em expandir o crédito e algumas práticas contábeis duvidosas que fragilizam o balanço da instituição.
Historicamente, os empréstimos do banco são alimentados principalmente por recursos captados pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e retenção de lucros. O crescimento do crédito sempre foi ancorado nessas contas, que tendem a aumentar gradualmente.
Nos últimos anos, o governo, a fim de acelerar a economia, mudou os critérios. Cresceram os aportes do Tesouro, que emite papéis de dívida pública e os repassa ao BNDES. Inflado o balanço, sua capacidade de emprestar aumenta.
A manobra traria ainda benefícios ao governo: com maiores lucros contábeis, o banco pagaria mais dividendos ao Tesouro. Assim, melhoraria o superavit primário (soma de receitas e despesas do governo antes de pagar juros), aparentando controle fiscal.
Desde 2009, o BNDES recebeu mais de R$ 300 bilhões por essa via e pôde emprestar mais --os desembolsos foram de R$ 91 bilhões em 2008 para R$ 156 bilhões em 2012.
Mas a impressão de vigor é em parte ilusória. Verifica-se erosão da qualidade do capital do banco e piora dos indicadores de solidez.
O governo tem forçado o BNDES a absorver ações de estatais como capital --cerca de 40% do total já seria formado por esses papéis, cujos preços têm derretido na Bolsa.
Não há sinais de que a estratégia esteja no caminho certo. Nesta semana, o Tesouro injetou mais R$ 15 bilhões no banco para manter o ritmo de expansão de crédito, algo temerário a esta altura.
Por seu turno, a prática de emprestar grandes montantes a pretensos campeões nacionais tem se mostrado pouco eficaz.
Finalmente, seguem fragilizadas as próprias contas do governo, cuja saúde depende cada vez mais dos dividendos pagos pelo BNDES e por outras estatais.
Governo vende pele de urso antes...
A proposta apresentada pela presidente Dilma de usar os recursos arrecadados com os royalties do petróleo para turbinar os investimentos na educação — o projeto aprovado esta semana, no Congresso, também destina 25% do montante para a área da saúde — pode demorar a surtir efeitos práticos para a maioria dos municípios.
Apesar do grande volume arrecadado com a extração, e da expectativa de aumento da produção em novas áreas, a regra atual mantém cerca de 80% da riqueza nos estados produtores, casos do Rio de Janeiro, do Espírito Santo e de São Paulo, em menor escala.
Apenas os contratos futuros representarão rendas extras para se investir na educação e na saúde nas outras unidades da Federação, pois a discussão sobre o mérito da lei aprovada, que torna a divisão mais equilibrada, está parada no Supremo Tribunal Federal (STF).
(da coluna diária do jornalista gaúcho Políbio Braga, 6/07/2013)
Desgraca pouca e' bobagem: as agruras do Brasil
Editorial O Estado de São Paulo, 06/07/2013
A governante em fim de mandato, já diziam os velhos políticos, nem cafezinho é servido. A presidente Dilma Rousseff tem ainda um ano e meio de mandato pela frente, a copa do Planalto continua às suas ordens, mas a cada dia fica mais evidente o processo de fervura a que está sendo submetida. Não admira. Chacoalhando na ribanceira das pesquisas de opinião, conseguiu ser a um só tempo oportunista e estabanada ao tentar desviar as atenções gerais do descalabro dos serviços públicos, denunciado nas ruas a plenos pulmões, apresentando-se, para recuperar a popularidade perdida, como padroeira de uma redentora reforma política mediante plebiscito - como se essa fosse a demanda central das manifestações que espocaram por todo o País.
Agindo de novo como a dona da verdade que imagina ser, ignorou o vice-presidente e jurista Michel Temer, para não falar dos líderes da base aliada, e jogou na mesa o curinga de uma consulta popular para a convocação de uma Constituinte apartada do Congresso com a exclusiva incumbência de reescrever as regras do sistema político e eleitoral. O lance, que a seu juízo decerto parecia genial, sucumbiu em menos de 24 horas, ao ficar escancarada a sua ilegalidade. Dilma não se deu por achada: alegou, descaradamente, que o que propusera não era bem isso e voltou à carga com a feitiçaria de outro plebiscito para obrigar os políticos a fazer a reforma a tempo de entrar em vigor já nas eleições de 2014. E, para mostrar quem é que manda, enviou ao Congresso cinco "sugestões" de mudança, como se nunca antes elas tivessem sido cogitadas por deputados e senadores.
O açodamento, combinado com a soberba, a cegou para os obstáculos que fariam a mágica desandar. Antes de mais nada, não previu que a Justiça Eleitoral exigiria 70 dias de prazo, a contar da aprovação do teor do plebiscito no Legislativo, para providenciar a sua realização. Nem que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), respaldado pelos titulares dos 27 tribunais regionais, alertasse que não pode autorizar consultas sobre temas a que o eleitorado não pode responder ou acerca dos quais não esteja suficientemente esclarecido. Na primeira categoria está a Constituição, insuscetível de ser alterada nas urnas. O prazo estipulado pelo TSE caiu do céu para os presidentes peemedebistas da Câmara e do Senado e as respectivas lideranças nas duas Casas, que se opõem ao plebiscito, ainda que alguns o tenham endossado da boca para fora.
Reunidos com o vice (e presidente licenciado do PMDB) Michel Temer e uma trinca de ministros, líderes de oito partidos aliados reiteraram que não seria possível aprovar os termos do plebiscito, justificar na TV posições a favor ou contra cada um deles, efetuar a consulta e transformar em lei os seus resultados, tudo antes de 5 de outubro, quando devem estar definidas as normas da eleição cujo primeiro turno se realizará na mesma data de 2014. Temer, cuja lealdade primeira é com o PMDB e que não há de ter digerido a marginalização a que a presidente o submeteu no episódio da Constituinte, disse que "não havendo condições temporais (sic) para fazer a consulta", é preciso aceitar o "inexorável" - reforma política só para as eleições subsequentes. O que se seguiu foi uma patética demonstração de que Dilma só faz correr atrás dos prejuízos para a sua autoridade que ela mesma se encarrega de causar.
A presidente pediu a Temer que voltasse atrás, e ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que reforçasse o recuo. Eles divulgaram notas ladinas, repetindo que o "ideal" continua sendo um plebiscito para valer em 2014. O episódio apenas acentua a solidão política de Dilma, enquanto o seu mentor se vê obrigado a negar a toda hora que tenha parte com o "volta, Lula". O coro cresce na razão direta das "barbeiragens" da sua escolhida, como ele teria qualificado a ideia da Constituinte exclusiva. Ontem, a colunista Dora Kramer, do Estado, revelou que a presidente desabafou com um político: "Ninguém me defende". Informado, o titular do Senado, Renan Calheiros, retrucou: "Ela tentou jogar a crise no colo do Congresso". É de lembrar o clássico Ninguém me ama, de Antônio Maria: "… E quem me abraça não me quer bem".
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Inesgotável criatividade
Editorial(OESP)
Desde que, em desastrada tentativa de responder aos clamores dos brasileiros que saíram às ruas, a presidente Dilma Rousseff propôs um "pacto pela responsabilidade fiscal", entre outras tantas medidas desnecessárias ou inviáveis, sabia-se que tudo não passava de uma cortina de fumaça para tentar encobrir a irresponsabilidade da atual política fiscal. Mas se havia algo de que o governo não precisava diante da notória corrosão de sua credibilidade era ele próprio confirmar a falácia da proposta da presidente.
Mesmo pressionado para que pratique o que cobra de outros, o governo acaba de publicar um decreto que lhe permitirá distorcer ainda mais suas demonstrações contábeis, apropriando-se de mais dinheiro vivo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), na forma de dividendos, em troca de títulos da dívida pública. Manobra semelhante está sendo feita com a Caixa Econômica Federal (CEF), que recebeu aporte de R$ 8 bilhões em títulos públicos - justificado como cobertura de risco de inadimplência e de subsídios com os empréstimos concedidos pelo programa Minha Casa Melhor - e, assim, poderá repassar dinheiro vivo ao Tesouro, também como dividendos. Ainda que legais, esses atos demonstram continuado descaso com a responsabilidade fiscal.
De nada adianta o Ministério da Fazenda anunciar um corte adicional de R$ 15 bilhões no Orçamento, insuficiente para compensar o crescimento de outras despesas, se, ao mesmo tempo, aumenta artificialmente sua receita. Pois não passa de simples artifício contábil - mais um entre tantos de que o governo já lançou mão nos últimos meses - a pequena mudança no estatuto social do BNDES que permite o pagamento antecipado de dividendos ao Tesouro.
Publicado em edição extra do Diário Oficial da União, o decreto que permite esse pagamento torna ainda mais nebulosas as contas do governo e pode ter consequências duradouras sobre a higidez financeira da instituição. Ele inclui novas reservas de lucro para aumento de capital da instituição entre os recursos que geram dividendos complementares, antes que essas reservas tenham atingido os limites definidos em lei. Além disso, permite que, a qualquer tempo, os saldos dessas reservas "sejam distribuídos a título de dividendos", desde que sejam compensados por instrumento que possa ser utilizado como capital para o cumprimento das normas bancárias.
Ou seja, de um lado, o governo se apropria de mais dinheiro vivo, que engorda suas receitas e o ajuda no cumprimento da meta de superávit primário, e, de outro, dá à instituição papéis que, embora façam crescer a dívida bruta, não são contabilizados entre as despesas.
Por meio da "contabilidade criativa" que transformou no padrão de sua política fiscal, o governo vem usando cada vez mais as instituições financeiras como fonte de receita artificial, sem levar em conta o real desempenho dessas instituições. No ano passado, por exemplo, embora tenha contabilizado lucro de R$ 8,2 bilhões, o BNDES pagou R$ 10,6 bilhões em dividendos. A CEF, com lucro de R$ 6,1 bilhões, pagou R$ 7,7 bilhões em dividendos.
O pagamento de dividendos nesse montante pelos dois bancos foi um dos truques contábeis que o governo utilizou em 2012 para alcançar a meta de superávit primário (a economia feita para o pagamento dos juros). Portarias do Ministério da Fazenda editadas no último dia útil de 2012, mas só publicadas no início deste ano, permitiram, além da apropriação antecipada de dividendos do BNDES, a troca de ações da Petrobrás que compunham o Fundo Fiscal de Investimentos e Estabilização por títulos da dívida pública, no total de R$ 8,84 bilhões. Outras manobras envolveram o desconto, da coluna de despesas, de gastos com o PAC.
No exame crítico das contas de 2012 do governo Dilma, o Tribunal de Contas da União chegou a lembrar o que ocorre na Argentina, onde os dados econômicos do governo perderam totalmente a credibilidade.
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A presidente se afunda enganando a si mesma
ROLF KUNTZ - O Estado de S.Paulo
Mentir para os outros pode ser pecado. Pode também ser crime, em algumas circunstâncias. Mentir para si mesmo é insânia. Os brasileiros, têm, portanto, mais um sério motivo para se inquietar. O governo, tudo parece indicar, mente para si mesmo e continuará mentindo para se isolar da realidade. É muito difícil explicar de outra forma a reação da presidente Dilma Rousseff e de sua equipe às manifestações de rua e ao tsunami de más notícias. O governo tentou, mas como deslocar os problemas para o Congresso, quando até fontes oficiais continuam despejando informações assustadoras sobre a economia? Até os aliados, a começar pelo vice-presidente Michel Temer, têm resistido à manobra, Mesmo sem essa resistência, a situação desastrosa do País continuaria atraindo as atenções.
O Banco Central (BC), uma das fontes oficiais, diminuiu de 3,1% para 2,7% o crescimento econômico projetado para o ano, além de reduzir de US$ 15 bilhões para US$ 7 bilhões o saldo comercial estimado. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) reestimou de 3,2% para 2% a expansão do produto interno bruto (PIB). Na semana passada estava em 2,4% a mediana das projeções do mercado financeiro. Não só as bolas de cristal mostram cenários tenebrosos. Os dados já conhecidos alimentam no dia a dia as previsões negativas.
Um bom exemplo: a produção industrial caiu 2% de abril para maio, depois de modesta recuperação nos meses anteriores, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O saldo comercial do trimestre foi um déficit de US$ 3 bilhões, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento. Mas o número seria bem pior sem as exportações fictícias de plataformas de petróleo no valor de US$ 2,4 bilhões.
A inflação continua elevada e especialistas apontam um resultado próximo de 6% até o fim do ano. A desinflação dos alimentos acabou e o custo das matérias-primas poderá em breve pressionar de novo os preços ao consumidor.
Em junho, o índice oficial de inflação, o IPCA, calculado pelo IBGE, perdeu impulso e subiu 0,26%, principalmente por causa da menor pressão dos preços dos alimentos. Mas no atacado os preços agrícolas aumentaram 1,46%, depois de recuarem 0,75% em maio, de acordo com a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Também no atacado a alta dos preços industriais chegou a 0,62%. Ainda em junho, o índice de commodities do BC, o IC-Br, subiu 5,34%, com variação de 5,72% para agropecuária, 4,3% para metais e 4,39% para energia.
O repasse desses aumentos ao varejo dependerá de fatores como o nível de emprego, a renda e a disposição dos consumidores, a possibilidade de substituição de bens, as condições do crédito e, naturalmente, a situação das contas públicas. Os consumidores andam mais ressabiados e cautelosos. Mas o emprego permanece elevado, os salários ainda acumulam ganhos reais, embora menores que os dos últimos anos, o crédito ainda aumenta e a política fiscal permanece, como afirma o pessoal do BC, "expansionista".
Nas ruas, manifestantes protestaram contra as tarifas e a qualidade do transporte urbano e cobraram melhores padrões de serviços essenciais, como educação e assistência à saúde. Diante dessas pressões a presidente propôs um plebiscito fora de hora, sobre temas políticos, e convocou os ministros para exigir maior empenho na execução de seus programas - os mesmos programas condenados nas ruas pela baixíssima qualidade de seus resultados.
Os ministros da área econômica estavam prontos, como sempre, para esse tipo de jogo. Afinal, continuam prometendo mais do mesmo - uma péssima gestão das finanças públicas, mal disfarçada com novos lances de contabilidade criativa, já famosa até na imprensa estrangeira. A quem pensam enganar? Só podem enganar a si mesmos, é claro, porque até os muito trouxas acabam percebendo, embora com algum atraso, os sinais do desarranjo.
A presidente, dizem fontes de Brasília, está isolada. De certa forma, sempre esteve. Desde o começo de seu mandato cercou-se de assessores incapazes - por incompetência ou por falta de coragem - de ajudá-la a examinar os fatos e a planejar as ações de governo com base em diagnósticos realistas.
A maior parte de sua política administrativa e econômica é mero desdobramento da herança deixada por Luiz Inácio Lula da Silva. Nenhuma alteração essencial ocorreu na diplomacia econômica. Na prática, as prioridades têm sido as mesmas. O País continua amarrado ao mundo estreito e medíocre do Mercosul. Enquanto isso, negociam-se novas alianças e novas perspectivas de comércio e integração econômica são abertas em quase todas as regiões, incluída a América Latina. A Aliança do Pacífico é um bom exemplo.
A administração continua tão ineficiente quanto na fase do antecessor, quando o Brasil foi arrastado pela prosperidade mundial e o País pareceu tornar-se uma potência de peso. A grande novidade, naquele período, foi a rápida incorporação de massas ao mercado consumidor. Como nada se fez para modernizar o País e fortalecer sua capacidade produtiva, a mágica da expansão do mercado se esgotou. A dramática perda de produtividade geral da economia deixou o País desarmado para enfrentar a concorrência estrangeira.
Os resultados são evidentes nas contas externas, mesmo com algum disfarce. Aparentemente sem perceber esses fatos, a presidente insistiu numa política baseada principalmente no estímulo ao consumo. O resultado foi uma combinação de piora das contas fiscais, erosão do balanço de pagamentos, inflação sempre alta e indústria estagnada. Na administração federal, direta e indireta. aparelhamento e loteamento continuam predominando. Vai-se consertar tudo isso com um plebiscito improvisado?
terça-feira, 23 de abril de 2013
Incompetencia petrolifera e gestao irresponsavel: a Petrossauro dos companheiros (Editorial Estadao)
Autossuficiência mais distante
sábado, 23 de fevereiro de 2013
Comparacoes: os investidores estrangeiros nao contavam com a eficiencia companheira
Só um exemplo: "A Caixa pediu até identidade e CPF do dono da empresa na Inglaterra".
Pois é, e depois acham que este blog tem má vontade com os companheiros.
Ou então é o Brasil, que vive um processo de involução mental...
Paulo Roberto de Almeida
Minha Casa, Minha Vida vira um pesadelo para investidores europeus
Principal reclamação é que burocracia para a aprovação de projetos resultou em atrasos para a assinatura dos contratos, execução das obras e recuperação do capital investido
Lançado num momento de forte depressão econômica na Europa, o Minha Casa, Minha Vida, com cifras grandiosas para construir milhões de moradias populares num curto espaço de tempo, parecia bastante sedutor para essas companhias, que cruzaram o Atlântico em busca de alta rentabilidade, o que compensaria a ociosidade da demanda europeia.
Os empresários europeus atuaram basicamente em duas frentes: constituindo subsidiárias no País ou associando-se a empresas locais. Ao se instalarem em terras brasileiras, porém, a realidade para muitos deles foi bem distinta da que motivou a vinda para o Brasil. A principal reclamação é que a burocracia para a aprovação de projetos resultou em atrasos para a assinatura dos contratos, execução das obras e recuperação do capital investido, tornando muitos empreendimentos inviáveis, segundo os empresários.
‘Nunca mais’. "Eu não quero participar do Minha Casa, Minha Vida nunca mais", sentenciou Sílvio Bezerra, presidente da Ecocil, a maior construtora e incorporadora do Rio Grande do Norte. A decisão de não investir mais no programa foi tomada em conjunto com o sócio inglês, o fundo de investimentos Salamanca Capital, que detém atualmente 65% da companhia. A gestão da companhia é compartilhada com os empresários brasileiros, que a fundaram há 64 anos.
A empresa tem um único projeto no Minha Casa, Minha Vida, para consumidores com renda de seis a 10 salários mínimos em Natal, que demorou um ano e meio para ter a análise de risco aprovada, de acordo com o executivo. "A Caixa pediu até identidade e CPF do dono da empresa na Inglaterra", relatou Bezerra.
Segundo ele, em função desse atraso, dos R$ 12 milhões investidos com capital próprio, a Caixa só reembolsou R$ 1,5 milhão até agora. Esse atraso, de acordo com Marcelo Freitas, diretor financeiro da empresa, jogou por terra a análise de risco feita na tomada de decisão dos investidores, quando a projeção de investimentos com recursos próprios seria de menos de 5%.
"É um banho de água fria muito grande. Os investidores estrangeiros têm um nível de sofisticação incrível e cálculos bem precisos que não comportam esse tipo de situação", afirmou o executivo.
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013
Petrobras: triunfo (ilusorio) e tragedia (real) do lulopetismo...
Depois foi a mediocridade da Nova República, embora se tenha tentado fazê-la avançar. A Constituinte, obtusa como era no plano econômico, confirmou as piores decisiões que se poderia esperar de estatizantes entusiasmados sobre como aproveitar (mal) os recursos nacionais e como atrasar ainda mais a exploração e transformação industrial do petróleo.
Com FHC e as emendas constitucionais de modernização econômica (e mental), a Petrobras adquiriu uma gestão profissional, tecnicamente sólida, e com a ANP pragmática foram abertos muitos campos à exploração conjunta, da Petrobras e de empresas estrangeiras.
Aí veio a praga do lulopetismo, com todos os vícios, mazelas, preconceitos, incompetências acumuladas de décadas passadas. Saíram anunciando grandes triunfos e colheram grandes tragédias.
Infelizmente todo o povo brasileiro vai pagar caro pela má gestão petista no comando da Petrobras, e mais ainda os acionistas.
Não falo só do valor de mercado da companhia, que já caiu pela metade, mas dos retrocessos acumulados na operação própria da companhia, e que vai ser difícil recuperar nos próximos anos.
Esta é mais uma das heranças malditas do lulopetismo, junto com a roubalheira do Mensalão, a deterioração das instituições, o recuo educacional, o aumento da corrupção e o atraso mental, claro.
Paulo Roberto de Almeida
A Petrobras especializada na fabricação de prodígios só existiu enquanto durou a quermesse dos patriotas de galinheiro
Augusto Nunes, 14.02.2013
“Quando a gente quiser ter orgulho de alguma coisa neste país, a gente lembra da Petrobras mais do que o Carnaval, mais do que o futebol”, comunicou em 29 de outubro de 2010 o ainda presidente Lula. “A Petrobras é a certeza e a convicção de que este país será uma grande nação”. Nem sempre fora assim, ressalvou o palanque ambulante. Fundada em 3 de outubro de 1953, a empresa nasceu de novo quando a Divina Providência presenteou o grotão sul-americano com o maior dos governantes desde Tomé de Souza.
Entre tantas ideias luminosas, foi Lula quem descobriu que a estatal merecia ser comandada pelos companheiros José Eduardo Dutra e José Sérgio Gabrielli. Em dois anos e meio no cargo, o Zé geólogo ajudou o chefe a desmatar a trilha que conduz à autossuficiência em petróleo. Nos seis anos seguintes, o Zé economista ajudou o chefe a localizar a rota que leva às jazidas do pré-sal ─ um colosso nas funduras do Atlântico que antecipou a inauguração do Brasil Maravilha.
“Vamos usar esse petróleo para resolver um problema crônico de investimento na educação e para tirar esse atraso”, anunciou Lula em agosto de 2008. “Vamos usar parte desse dinheiro para resolver o problema dos miseráveis desse país, das pessoas que ainda não conquistaram cidadania”. Já de olho no gabinete presidencial, Dilma Rousseff achou essencial explicar que “o pré-sal é um recurso tão importante para a nossa geração e próximas que é de fato um conjunto da população brasileira”.
Enquanto tentavam entender a primeira frase, os ouvintes foram apresentados pela Mãe do PAC a outras preciosidades em dilmês primitivo. “Isso define o princípio que vai nortear o governo sobre seu uso, que é tomar todas as medidas para transformar esse grande recurso em fonte que vai permitir que os brasileiros tenham melhoria da educação, das condições que permitirão que avancemos em direção à sociedade do conhecimento, que inova e faz pesquisa, e pela forma que chegamos ao pré-sal”.
Em setembro de 2009, no discurso transmitido por uma cadeia nacional de rádio e TV, Lula concedeu ao pré-sal o título de “Dádiva de Deus”, reduziu a traidores da pátria os que ousaram duvidar da eficácia da Petrobras, condenou à danação eterna os pessimistas de ofício e, caprichando na pose de Pedro III, proclamou a Segunda Independência. Terminado o palavrório, milhões de crédulos sem cura foram dormir na OPEP. E só neste começo de 2013 deixaram de sonhar com o litro de gasolina abaixo de 10 centavos.
Um ano depois da substituição de Gabrielli por Graça Foster, despertadas pelo desabamento dos lucros e dos investimentos, as vítimas da tapeação enfim começam a enxergar o que a fantasia em frangalhos procurou esconder. A autossuficiência em petróleo nunca existiu. A aventura do pré-sal não desceu do palanque. As jazidas de dimensões colossais jamais foram vistas fora da imaginação dos engarrafadores de nuvens. A festa acabou. E agora, Josés? O que tem a dizer a dupla de nulidades? E o Primeiro Farsante, tem algum álibi a apresentar?
A estatal de matar de inveja qualquer similar estrangeira é tão real quanto a transposição das águas do São Francisco, o trem-bala, a erradicação da miséria, o terceiro aeroporto de São Paulo, a inocência de Lula ou a competência de Dilma Rousseff. A Petrobras especializada na fabricação de prodígios só existiu enquanto durou a quermesse dos patriotas de galinheiro.
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Gonçalo Osório: O estranho sumiço da tropa de choque que sempre estrila quando é citado o santo nome da Petrobras
Augusto Nunes
Transcrevo na íntegra o comentário do meu amigo Gonçalo Osório sobre o post que tratou da Petrobras. (AN)
Uma observação a respeito desse excelente texto teu sobre a Petrobras. Estranha a ausência da tropa de choque da própria empresa, que sempre estrila (afinal, tem mais jornalista contratado do que 2/3 da imprensa brasileira) quando o santo nome dessa estatal é citado. Não é preciso ser sequer estudante de sociologia para entender que existe, numa empresa daquele tamanho, um espírito corporativo (como existe no Banco do Brasil, na Receita Federal, e por aí vai) que começa a reagir às barbaridades cometidas contra a própria empresa (portanto, contra seus integrantes concursados) pelo sindicalismo safado e corrupto que é a principal característica do lulopetismo.
Curiosa e irônica essa volta da história: antes acreditava-se que seria necessário lutar contra esse espírito corporativo para privatizar essa estatal; agora espera-se que esse espírito corporativo amacie o estrago causado pelo lulopetismo. Isso talvez explique a ausência dos chiliques com que o aparato de comunicação montado na estatal entrava em campo toda vez que surgia alguma crítica ao santo nome da Petrobras. A corporação acha que é o PT quem está apanhando — e deixa o chicote cair — e não a Petrobras. O que vem a ser uma boa desculpa para a própria ineficiência.
Os erros estratégicos do atual governo surgem em cada setor que se examina: energia, transportes (aeroportos incluídos), saúde, educação, política monetária e, com o anúncio das negociações entre EUA e UE para um amplo acordo de comércio, também no comércio exterior. Eu tenho a sensação chata de que o país vai sendo sufocado, manietado, travado, oprimido, sugado, espoliado e, sinceramente, só textos como esse teu ajudam a respirar e dizer: ainda há vida inteligente por aqui.
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013
Ainda a Petrossauro: presa no arqueozoico do governo (era carbonifera)
Paulo Roberto de Almeida
Areia demais
07 de fevereiro de 2013
Celso Ming - O Estado de S.Paulo
Depois que a própria direção reconheceu o desastre de 2012 e previu que resultados ainda piores podem vir em 2013, é preciso entender que a Petrobrás não está dando conta das tarefas de que foi investida.
É areia demais para seu caminhão. Não consegue cumprir todas as metas impostas pelo governo. Não se mostra capaz de, ao mesmo tempo, aumentar a produção, ajudar no combate à inflação, fazer caixa para o enorme programa de investimentos, servir de alavanca para a indústria nacional de fornecimentos e, ainda, contribuir decisivamente para as contas públicas de Estados e municípios, com polpudos pagamentos de royalties.
Essa múltipla trombada entre objetivos de política econômica é recorrente no governo Dilma - que também quer derrubar os juros a níveis recordes, puxar o câmbio para dar competitividade à indústria, emplacar um "pibão grandão" a cada ano, manter a inflação mais ou menos controlada, investir centenas de bilhões de dólares por ano sem ter poupança para isso e continuar gastando à vontade para fazer uma política anticíclica e, além disso, tentar ostentar um mínimo de austeridade fiscal.
O resultado é a progressiva desarrumação da economia, provavelmente nas mesmas proporções em que estão sendo desarrumadas as finanças da Petrobrás. Pelo menos a presidente, Graça Foster é mais sincera sobre estragos na área dela do que tem sido o ministro da Fazenda, Guido Mantega, sobre os estragos na área dele.
A política de congelamento de preços dos derivados de petróleo é da mesma qualidade que a política de congelamento de preços e salários imposta pela presidente da Argentina, Cristina Kirchner. Mas não é só por isso que ela é condenável. É, também, por sabotar a capacidade de investimentos da Petrobrás. Ou o governo Dilma revê o Plano de Negócios da Petrobrás ou revoga esse regime de preços dos combustíveis.
Há seis anos não é realizada nova licitação de áreas para exploração de petróleo. O governo Dilma finalmente concordou em fazer mais duas: uma na área do pós-sal (acima da camada de sal), agendada para maio, e outra, no pré-sal, prevista para novembro.
O novo marco regulatório exige que, nas licitações do pré-sal, onde o regime de concessão será de partilha, a Petrobrás será obrigada a entrar em todos os projetos com participação de, ao menos, 30% em cada um. Entre as áreas a serem licitadas está o Campo de Franco, comprovadamente uma jazida gigantesca de óleo e gás. Significa que o prêmio a ser pago pelos vencedores da licitação dessa área pode chegar a dezenas de bilhões de dólares. Ou a Petrobrás será obrigada a concorrer com novos e enormes desembolsos ou a licitação será novamente adiada - até que a capacidade de investimentos da Petrobrás seja recomposta. Outra hipótese será a revogação da exigência dos 30%.
Não só os governos Dilma e Lula devem ser responsabilizados pelo desmanche da Petrobrás. Seus funcionários, sempre grandes parceiros no processo de engrandecimento da empresa, hoje se omitem. Mobilizam-se para greves com o objetivo de elevar sua participação nos lucros da empresa. Mas não se mostram empenhados em que a Petrobrás se restabeleça e volte a apresentar bons resultados.