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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013
Petrobras: triunfo (ilusorio) e tragedia (real) do lulopetismo...
Depois foi a mediocridade da Nova República, embora se tenha tentado fazê-la avançar. A Constituinte, obtusa como era no plano econômico, confirmou as piores decisiões que se poderia esperar de estatizantes entusiasmados sobre como aproveitar (mal) os recursos nacionais e como atrasar ainda mais a exploração e transformação industrial do petróleo.
Com FHC e as emendas constitucionais de modernização econômica (e mental), a Petrobras adquiriu uma gestão profissional, tecnicamente sólida, e com a ANP pragmática foram abertos muitos campos à exploração conjunta, da Petrobras e de empresas estrangeiras.
Aí veio a praga do lulopetismo, com todos os vícios, mazelas, preconceitos, incompetências acumuladas de décadas passadas. Saíram anunciando grandes triunfos e colheram grandes tragédias.
Infelizmente todo o povo brasileiro vai pagar caro pela má gestão petista no comando da Petrobras, e mais ainda os acionistas.
Não falo só do valor de mercado da companhia, que já caiu pela metade, mas dos retrocessos acumulados na operação própria da companhia, e que vai ser difícil recuperar nos próximos anos.
Esta é mais uma das heranças malditas do lulopetismo, junto com a roubalheira do Mensalão, a deterioração das instituições, o recuo educacional, o aumento da corrupção e o atraso mental, claro.
Paulo Roberto de Almeida
A Petrobras especializada na fabricação de prodígios só existiu enquanto durou a quermesse dos patriotas de galinheiro
Augusto Nunes, 14.02.2013
“Quando a gente quiser ter orgulho de alguma coisa neste país, a gente lembra da Petrobras mais do que o Carnaval, mais do que o futebol”, comunicou em 29 de outubro de 2010 o ainda presidente Lula. “A Petrobras é a certeza e a convicção de que este país será uma grande nação”. Nem sempre fora assim, ressalvou o palanque ambulante. Fundada em 3 de outubro de 1953, a empresa nasceu de novo quando a Divina Providência presenteou o grotão sul-americano com o maior dos governantes desde Tomé de Souza.
Entre tantas ideias luminosas, foi Lula quem descobriu que a estatal merecia ser comandada pelos companheiros José Eduardo Dutra e José Sérgio Gabrielli. Em dois anos e meio no cargo, o Zé geólogo ajudou o chefe a desmatar a trilha que conduz à autossuficiência em petróleo. Nos seis anos seguintes, o Zé economista ajudou o chefe a localizar a rota que leva às jazidas do pré-sal ─ um colosso nas funduras do Atlântico que antecipou a inauguração do Brasil Maravilha.
“Vamos usar esse petróleo para resolver um problema crônico de investimento na educação e para tirar esse atraso”, anunciou Lula em agosto de 2008. “Vamos usar parte desse dinheiro para resolver o problema dos miseráveis desse país, das pessoas que ainda não conquistaram cidadania”. Já de olho no gabinete presidencial, Dilma Rousseff achou essencial explicar que “o pré-sal é um recurso tão importante para a nossa geração e próximas que é de fato um conjunto da população brasileira”.
Enquanto tentavam entender a primeira frase, os ouvintes foram apresentados pela Mãe do PAC a outras preciosidades em dilmês primitivo. “Isso define o princípio que vai nortear o governo sobre seu uso, que é tomar todas as medidas para transformar esse grande recurso em fonte que vai permitir que os brasileiros tenham melhoria da educação, das condições que permitirão que avancemos em direção à sociedade do conhecimento, que inova e faz pesquisa, e pela forma que chegamos ao pré-sal”.
Em setembro de 2009, no discurso transmitido por uma cadeia nacional de rádio e TV, Lula concedeu ao pré-sal o título de “Dádiva de Deus”, reduziu a traidores da pátria os que ousaram duvidar da eficácia da Petrobras, condenou à danação eterna os pessimistas de ofício e, caprichando na pose de Pedro III, proclamou a Segunda Independência. Terminado o palavrório, milhões de crédulos sem cura foram dormir na OPEP. E só neste começo de 2013 deixaram de sonhar com o litro de gasolina abaixo de 10 centavos.
Um ano depois da substituição de Gabrielli por Graça Foster, despertadas pelo desabamento dos lucros e dos investimentos, as vítimas da tapeação enfim começam a enxergar o que a fantasia em frangalhos procurou esconder. A autossuficiência em petróleo nunca existiu. A aventura do pré-sal não desceu do palanque. As jazidas de dimensões colossais jamais foram vistas fora da imaginação dos engarrafadores de nuvens. A festa acabou. E agora, Josés? O que tem a dizer a dupla de nulidades? E o Primeiro Farsante, tem algum álibi a apresentar?
A estatal de matar de inveja qualquer similar estrangeira é tão real quanto a transposição das águas do São Francisco, o trem-bala, a erradicação da miséria, o terceiro aeroporto de São Paulo, a inocência de Lula ou a competência de Dilma Rousseff. A Petrobras especializada na fabricação de prodígios só existiu enquanto durou a quermesse dos patriotas de galinheiro.
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Gonçalo Osório: O estranho sumiço da tropa de choque que sempre estrila quando é citado o santo nome da Petrobras
Augusto Nunes
Transcrevo na íntegra o comentário do meu amigo Gonçalo Osório sobre o post que tratou da Petrobras. (AN)
Uma observação a respeito desse excelente texto teu sobre a Petrobras. Estranha a ausência da tropa de choque da própria empresa, que sempre estrila (afinal, tem mais jornalista contratado do que 2/3 da imprensa brasileira) quando o santo nome dessa estatal é citado. Não é preciso ser sequer estudante de sociologia para entender que existe, numa empresa daquele tamanho, um espírito corporativo (como existe no Banco do Brasil, na Receita Federal, e por aí vai) que começa a reagir às barbaridades cometidas contra a própria empresa (portanto, contra seus integrantes concursados) pelo sindicalismo safado e corrupto que é a principal característica do lulopetismo.
Curiosa e irônica essa volta da história: antes acreditava-se que seria necessário lutar contra esse espírito corporativo para privatizar essa estatal; agora espera-se que esse espírito corporativo amacie o estrago causado pelo lulopetismo. Isso talvez explique a ausência dos chiliques com que o aparato de comunicação montado na estatal entrava em campo toda vez que surgia alguma crítica ao santo nome da Petrobras. A corporação acha que é o PT quem está apanhando — e deixa o chicote cair — e não a Petrobras. O que vem a ser uma boa desculpa para a própria ineficiência.
Os erros estratégicos do atual governo surgem em cada setor que se examina: energia, transportes (aeroportos incluídos), saúde, educação, política monetária e, com o anúncio das negociações entre EUA e UE para um amplo acordo de comércio, também no comércio exterior. Eu tenho a sensação chata de que o país vai sendo sufocado, manietado, travado, oprimido, sugado, espoliado e, sinceramente, só textos como esse teu ajudam a respirar e dizer: ainda há vida inteligente por aqui.
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