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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013
O assedio da casta dos bramanes - sintomatico
Servidores do Itamaraty protestam contra casos de assédio moral no órgão
Terra, 21/02/2013
Um grupo de servidores do Ministério das Relações Exteriores realizaram um protesto na tarde desta quinta-feira em frente à sede da pasta, em Brasília, pedindo o fim da impunidade de supostos casos de assédio moral dentro do órgão. De acordo com o Sinditamaraty, sindicato que representa a categoria, o estopim para o ato foram as denúncias recentes registradas contra o cônsul do Brasil em Sydney, na Austrália, em que pelo menos dois funcionários alegam terem sofrido agressões morais.
Com palavras de ordem e cartazes de "pizzas" simbolizando a impunidade dos agressores, os manifestantes exigem o afastamento dos servidores envolvidos em agressões. "Trata-se de contradição e desrespeito às políticas de direitos plenos quando é permitido e tolerado assédio nos órgãos públicos, como vem acontecendo reiteradamente no Ministério das Relações Exteriores", diz o manifesto divulgado pelo Sinditamaraty.
"Os vários relatos verbais e escritos de servidores e auxiliares locais evidenciam atos de assédio no Itamaraty como prática corriqueira e recorrente. É vergonhoso ver servidores públicos concursados perpetrarem atos de perseguição sistemática contra outros colegas", denuncia o sindicato.
Segundo a categoria, o procedimento administrativo a que são submetidos os agressores "é inadequado", "porque não é isento nem independente e não gera historicamente punição a ninguém". "O tratamento administrativo do tema não é o bastante para lidar com uma situação como esta. O assediador deve ser responsabilizado administrativa, cível e criminalmente pelos atos que pratica", propõe o manifesto.
Um comentário:
"(...)Talvez, por efeito dessa conversa, voltou-me agora mesmo(...)a ideia apaixonante de uma espécie de paralelismo entre a experiência de (alguém) na prisão e um diplomata no estrangeiro.(...)É uma ideia que tem me ocorrido diversas vezes sob ângulos vários; e creio que me ocorreu pela primeira vez, quando preparava a biografia de Rio Branco, portanto, ante o espetáculo de um homem vivendo por mais de trinta anos no estrangeiro e deparando-se um dia com a destinação de ter que retornar ao seu País para desempenhar um papel histórico em plenitude de personalidade, sabedoria e grandeza. Mas com outros diplomatas, ao contrário, quantos deles que só fazem murchar em estolidez ou se debilitarem em viciações - e isto por efeito da incapacidade de ânimo para a existência no estrangeiro! Com efeito, em grande parte, e quanto às consequências , a vida no estrangeiro constitui para os homens uma prova psicológica semelhante àquela que se tem com a experiência das prisões ou com o ostracismo político. Aos fortes, enrija e eleva, aos fracos, rebaixa e degrada. A vida no estrangeiro, aos fortes, enrijece em ânimo, enriquece em perspectiva, engrandece em personalidade, tornando-os mais interessados e compreensivos no ver de perto ou por dentro os problemas de seu País, mais conscientes e lúcidos em integrar-se na sua comunidade nacional. E, assim, nem porque-ufanistas, nem pessimistas de espírito descarnado na impotência do esnobismo e do bovarismo. Aos fracos, a vida no estrangeiro corrompe a natureza humana, degrada a sensibilidade nativa, amesquinha a visão pessoal como um círculo de peru, transformando-os em melancólicos 'déracinés', forrados em estufas de egoísmo pessoal e frivolidade social. E, deste modo, destroçados em sua vida interior por efeito daquele desespero dos frustados que se disfarça em ceticismo e diletantismo.(...)"
*Álvaro Lins;in:"MISSÃO EM PORTUGAL", EDITORA CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA S.A., RIO DE JANEIRO, 1960; pp.190-191.
Vale!
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