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domingo, 24 de fevereiro de 2013

Prenuncio de uma crise cambial? - Editorial Estadao

Pouco provável. Essas coisas demoram a acontecer, inclusive porque o déficit de transações correntes não evolui tão rapidamente assim, no curso normal das coisas. As autoridades dispõem de amplo tempo para remediar, seja atraindo mais investimento estrangeiro, seja emitindo mais bônus externos, seja ainda desestimulando viagens internacionais (tornando o câmbio mais caro, por exemplo).
Mas a reversão pode ser repentina, se por acaso houver uma deterioração externa, quebra de confiança, diminuição da cotação do país pelas agências de classificação de riscos, ou algum aumento mais intenso da inflação interna que induza os nacionais a buscar refúgio em outras moedas, provocando então alguma fuga de capitais mais evidente.
Pode demorar 3ou 4 anos para o déficit de transações correntes passar de 3 para 5% do PIB, mas uma vez chegado nesse patamar, pode passar muito rapidamente a 7 ou 8% do PIB, e aí entra o pânico, que gera mais corrida e mais desastre.
O resultado sabemos qual é: uma maxidesvalorização, que deixa todos mais pobres, mas que restabelece a competitividade dos produtos nacionais (ainda que por razões espúrias, e não por maior produtividade) e equilibra a balança novamente.
Em todo caso, o ideal seria ter uma economia sadia, e equilibrada pelas forças do mercado, não a golpes e patadas governamentais.
Paulo Roberto de Almeida

As contas cambiais pioram um pouco mais

23 de fevereiro de 2013 | 2h 09
Editorial econômico O Estado de S.Paulo
 
As contas cambiais apresentaram nova piora em janeiro, decorrente do déficit crescente do comércio exterior, das remessas de dividendos das empresas instaladas no País e do déficit de serviços, liderados pelo turismo. O resultado foi um déficit mensal nas contas correntes de US$ 11,4 bilhões e de US$ 58,6 bilhões nos últimos 12 meses - equivalente a 2,58% do PIB, ante 2,26% e 2,2%, respectivamente, nos 12 meses terminados em janeiro de 2011 e 2012. É cerca de US$ 2 bilhões mais elevado do que esperavam os analistas e indício de maiores dificuldades neste ano.
A entrada de Investimento Estrangeiro Direto (IED) foi de US$ 3,7 bilhões, no mês passado, muito inferior à de janeiro de 2012 (US$ 5,4 bilhões) e à média mensal do ano passado, de quase US$ 5,7 bilhões.
Em resumo, o Brasil está importando cada vez mais - e, assim, reduzindo o superávit da balança comercial, que vinha sendo um dos pontos fortes do balanço de pagamentos nos últimos anos. Entre 2011 e 2012, o peso dos importados no consumo doméstico de produtos industriais aumentou de 23,1% para 23,5% e chegou ao maior nível histórico, segundo estudo distribuído ontem pela Fiesp.
No curto prazo, há pouco a fazer para alterar a trajetória das contas cambiais. De fato, os analistas continuam esperando que elas melhorem nos próximos meses. Mas ainda falta contabilizar, provavelmente até o mês que vem, US$ 2,7 bilhões em importações de derivados de petróleo feitas no ano passado. E as projeções do mercado para este ano são de um déficit de US$ 70 bilhões nas contas correntes, quase 30% superior ao de 2012 (US$ 54,2 bilhões) e acima dos US$ 65 bilhões estimados pelo Banco Central para 2013, mostrou relatório distribuído ontem pela instituição.
O mais provável é que o déficit projetado para este ano seja, mais uma vez, financiado pelo investimento estrangeiro - o que depende de que outros países não se mostrem mais atraentes do que o Brasil.
As contas teriam sido piores, em janeiro, sem o retorno de US$ 4,3 bilhões de recursos brasileiros no exterior e sem o ingresso de US$ 3,3 bilhões para aplicações em bolsa.
Graças à acumulação de reservas de US$ 376 bilhões e aos bons resultados do balanço de pagamentos nos últimos 11 anos, o País dispõe de uma situação cambial que permite enfrentar dificuldades. Mas nem por isso o governo deve dar-se ao luxo de adicionar riscos à economia com uma política errática para o câmbio, capaz de afastar investidores e de elevar gastos, como as remessas de renda.

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