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quarta-feira, 5 de julho de 2006

560) Informações sobre a carreira diplomatica, II: oficiosas

De um colega de carreira:

O que é ser diplomata
Por Secretário César Bonamigo

O Curso Rio Branco, que freqüentei em sua primeira edição, em 1998, pediu-me para escrever sobre o que é ser diplomata. Tarefa difícil, pois a mesma pergunta feita a diferentes diplomatas resultaria, seguramente, em respostas diferentes, umas mais glamourosas, outras menos, umas ressaltando as vantagens, outras as desvantagens, e não seria diferente se a pergunta tratasse de outra carreira qualquer. Em vez de falar de minhas impressões pessoais, portanto, tentarei, na medida do possível, reunir observações tidas como “senso comum” entre diplomatas da minha geração.
Considero muito importante que o candidato ao Instituto Rio Branco se informe sobre a realidade da carreira diplomática, suas vantagens e desvantagens, e que dose suas expectativas de acordo. Uma expectativa bem dosada não gera desencanto nem frustração. A carreira oferece um pacote de coisas boas (como a oportunidade de conhecer o mundo, de atuar na área política e econômica, de conhecer gente interessante etc.) e outras não tão boas (uma certa dose de burocracia, de hierarquia e dificuldades no equacionamento da vida familiar). Cabe ao candidato inferir se esse pacote poderá ou não fazê-lo feliz.

O PAPEL DO DIPLOMATA
Para se compreender o papel do diplomata, vale recordar, inicialmente, que as grandes diretrizes da política externa são dadas pelo Presidente da República, eleito diretamente pelo voto popular, e pelo Ministro das Relações Exteriores, por ele designado. Os diplomatas são agentes políticos do Governo, encarregados da implementação dessa política externa. São também servidores públicos, cuja função, como diz o nome, é servir, tendo em conta sua especialização nos temas e funções diplomáticos.
Como se sabe, é função da diplomacia representar o Brasil perante a comunidade internacional. Por um lado, nenhum diplomata foi eleito pelo povo para falar em nome do Brasil. É importante ter em mente, portanto, que a legitimidade de sua ação deriva da legitimidade do Presidente da República, cujas orientações ele deve seguir. Por outro lado, os governos se passam e o corpo diplomático permanece, constituindo elemento importante de continuidade da política externa brasileira.
É tarefa essencial do diplomata buscar identificar o “interesse nacional”. Em negociações internacionais, a diplomacia freqüentemente precisa arbitrar entre interesses de diferentes setores da sociedade, não raro divergentes, e ponderar entre objetivos econômicos, políticos e estratégicos, com vistas a identificar os interesses maiores do Estado brasileiro.
Se, no plano externo, o Ministério das Relações Exteriores é a face do Brasil perante a comunidade de Estados e Organizações Internacionais, no plano interno, ele se relaciona com a Presidência da República, os demais Ministérios e órgãos da administração federal, o Congresso, o Poder Judiciário, os Estados e Municípios da Federação e, naturalmente, com a sociedade civil, por meio de Organizações Não-Governamentais (ONGs), da Academia e de associações patronais e trabalhistas, sempre tendo em vista a identificação do interesse nacional.

O TRABALHO DO DIPLOMATA
Tradicionalmente, as funções da diplomacia são representar (o Estado brasileiro perante a comunidade internacional), negociar (defender os interesses brasileiros junto a essa comunidade) e informar (a Secretaria de Estado, em Brasília, sobre os temas de interesse brasileiro no mundo). São também funções da diplomacia brasileira a defesa dos interesses dos cidadãos brasileiros no exterior, o que é feito por meio da rede consular, e a promoção de interesses do País no exterior, tais como interesses econômico-comerciais, culturais, científicos e tecnológicos, entre outros.
No exercício dessas diferentes funções, o trabalho do diplomata poderá ser, igualmente, muito variado. Para começar, cerca de metade dos mil diplomatas que integram o Serviço Exterior atua no Brasil, e a outra metade nos Postos no exterior (Embaixadas, Missões, Consulados e Vice-Consulados).
Em Brasília, o diplomata desempenha funções nas áreas política, econômica e administrativa, podendo cuidar de temas tão diversos quanto comércio internacional, integração regional (Mercosul), política bilateral (relacionamento do Brasil com outros países e blocos), direitos humanos, meio ambiente ou administração física e financeira do Ministério. Poderá atuar, ainda, no Cerimonial (organização dos encontros entre autoridades brasileiras e estrangeiras, no Brasil e no exterior) ou no relacionamento do Ministério com a sociedade (imprensa, Congresso, Estados e municípios, Academia, etc.).
No exterior, também, o trabalho dependerá do Posto em questão. As Embaixadas são representações do Estado brasileiro junto aos outros Estados, situadas sempre nas capitais, e desempenham as funções tradicionais da diplomacia (representar, negociar, informar), além de promoverem o Brasil junto a esses Estados. Os Consulados, Vice-Consulados e setores consulares de Embaixadas podem situar-se na capital do país ou em outra cidade onde haja uma comunidade brasileira expressiva. O trabalho nesses Postos é orientado à defesa dos interesses dos cidadãos brasileiros no exterior. Nos Postos multilaterais (ONU, OMC, FAO, UNESCO, UNICEF, OEA etc.), que podem ter natureza política, econômica ou estratégica, o trabalho envolve, normalmente, a representação e a negociação dos interesses nacionais.

O INGRESSO NA CARREIRA
A carreira diplomática se inicia, necessariamente, com a aprovação no concurso do Instituto Rio Branco (Informações sobre o concurso podem ser obtidas no site http://www2.mre.gov.br/irbr/index.htm). Para isso, só conta a competência – e, talvez, a sorte – do candidato. Indicações políticas não ajudam.

AS REMOÇÕES
Após os dois anos de formação no IRBr , o diplomata trabalhará em Brasília por pelo menos um ano . Depois, iniciam-se ciclos de mudança para o exterior e retornos a Brasília. Normalmente, o diplomata vai para o exterior, onde fica três anos em um Posto, mais três anos em outro Posto, e retorna a Brasília, onde fica alguns anos, até o início de novo ciclo. Mas há espaço para flexibilidades. O diplomata poderá sair para fazer um Posto apenas, ou fazer três Postos seguidos antes de retornar a Brasília. Isso dependerá da conveniência pessoal de cada um. Ao final da carreira, o diplomata terá passado vários anos no exterior e vários no Brasil, e essa proporção dependerá essencialmente das escolhas feitas pelo próprio diplomata.
Para evitar que alguns diplomatas fiquem sempre nos “melhores Postos” – um critério, aliás, muito relativo – e outros em Postos menos privilegiados, os Postos no exterior estão divididos em três categorias, A, B e C, obedecendo a critérios não apenas de qualidade de vida, mas também geográficos, e é seguido um sistema de rodízio: após fazer um Posto C, por exemplo, o diplomata terá direito a fazer um Posto A, e após fazer um Posto A, terá que fazer um Posto B ou C.

AS PROMOÇÕES
Ao tomar posse no Serviço Exterior, o candidato aprovado no concurso torna-se Terceiro Secretário. É o primeiro degrau de uma escalada de promoções que inclui, ainda, Segundo Secretário, Primeiro Secretário, Conselheiro, Ministro de Segunda Classe (costuma-se dizer apenas “Ministro”) e Ministro de Primeira Classe (costuma-se dizer apenas “Embaixador” ), nessa ordem. Exceto pela primeira promoção, de Terceiro para Segundo Secretário, que se dá por tempo (quinze Terceiros Secretários são promovidos a cada semestre), todas as demais dependem do mérito, bem como da articulação política do diplomata.
Nem todo diplomata chega a Embaixador. Cada vez mais, a competição na carreira é intensa e muitos ficam no meio do caminho. Mas, não se preocupem e também não se iludam: a felicidade não está no fim, mas ao longo do caminho!

DIRECIONAMENTO DA CARREIRA
Um questionamento freqüente diz respeito à possibilidade de direcionamento da carreira para áreas específicas. É possível, sim, direcionar uma carreira para um tema (digamos, comércio internacional, direitos humanos, meio ambiente etc.) ou mesmo para uma região do mundo (como a Ásia, as Américas ou a África, por exemplo), mas isso não é um direito garantido e poderá não ser sempre possível. É preciso ter em mente que a carreira diplomática envolve aspectos políticos, econômicos e administrativos, e que existem funções a serem desempenhadas em postos multilaterais e bilaterais em todo o mundo, e não só nos países mais “interessantes”. Diplomatas estão envolvidos em todas essas variantes e, ao longo de uma carreira, ainda que seja possível uma certa especialização, é provável que o diplomata, em algum momento, atue em áreas distintas daquela em que gostaria de se concentrar.

ASPECTOS PRÁTICOS E PESSOAIS
É claro que a vida é muito mais que promoções e remoções, e é inevitável que o candidato queira saber mais sobre a carreira que o papel do diplomata. Todos precisamos cuidar do nosso dinheiro, da saúde, da família, dos nossos interesses pessoais. Eu tentarei trazem um pouco de luz sobre esses aspectos.

DINHEIRO
Comecemos pelo dinheiro, que é assunto que interessa a todos. Em termos absolutos, os diplomatas ganham mais quando estão no exterior do que quando estão em Brasília. O salário no exterior, no entanto, é ajustado em função do custo de vida local, que é freqüentemente maior que no Brasil. Ou seja, ganha-se mais, mas gasta-se mais. Se o diplomata conseguirá ou não economizar dependerá i) do salário específico do Posto , ii) do custo de vida local, iii) do câmbio entre a moeda local e o dólar, iv) do fato de ele ter ou não um ou mais filhos na escola e, principalmente, v) de sua propensão ao consumo. Aqui, não há regra geral. No Brasil, os salários têm sofrido um constante desgaste, especialmente em comparação com outras carreiras do Governo Federal, freqüentemente obrigando o diplomata a economizar no exterior para gastar em Brasília, se quiser manter seu padrão de vida. Os diplomatas, enfim, levam uma vida de classe média alta, e a certeza de que não se ficará rico de verdade é compensada pela estabilidade do emprego (que não é de se desprezar, nos dias de hoje) e pela expectativa de que seus filhos (quando for o caso) terão uma boa educação, mesmo para padrões internacionais.

SAÚDE
Os diplomatas têm um seguro de saúde internacional que, como não poderia deixar de ser, tem vantagens e desvantagens. O lado bom é que ele cobre consultas com o médico de sua escolha, mesmo que seja um centro de excelência internacional. O lado ruim é que, na maioria das vezes, é preciso fazer o desembolso (até um teto determinado) para depois ser reembolsado, geralmente em 80% do valor, o que obriga o diplomata a manter uma reserva financeira de segurança.

FAMÍLIA: O CÔNJUGE
Eu mencionei, entre as coisas não tão boas da carreira, “dificuldades no equacionamento da vida familiar”. A primeira dificuldade é o que fará o seu cônjuge (quando for o caso) quando vocês se mudarem para Brasília e, principalmente, quando forem para o exterior. Num mundo em que as famílias dependem, cada vez mais, de dois salários, equacionar a carreira do cônjuge é um problema recorrente. Ao contrário de certos países desenvolvidos, o Itamaraty não adota a política de empregar ou pagar salários a cônjuges de diplomatas. Na prática, cada um se vira como pode. Em alguns países é possível trabalhar. Fazer um mestrado ou doutorado é uma opção. Ter filhos é outra... Mais uma vez, não há regra geral, e cada caso é um caso.
O equacionamento da carreira do cônjuge costuma afetar principalmente – mas não apenas – as mulheres, já que, por motivos culturais, é mais comum o a mulher desistir de sua carreira para seguir o marido que o contrário.

CASAMENTO ENTRE DIPLOMATAS
Os casamentos entre diplomatas não são raros. É uma situação que tem a vantagem de que ambos têm uma carreira e o casal tem dois salários. A desvantagem é a dificuldade adicional em conseguir que ambos sejam removidos para o mesmo Posto no exterior. A questão não é que o Ministério vá separar esses casais, mas que se pode levar mais tempo para conseguir duas vagas num mesmo Posto. Antigamente, eram freqüentes os casos em que as mulheres interrompiam temporariamente suas carreiras para acompanhar os maridos. Hoje em dia, essa situação é exceção, não a regra.

FILHOS
Não posso falar com conhecimento de causa sobre filhos, mas vejo o quanto meus colegas se desdobram para dar-lhes uma boa educação. Uma questão central é a escolha da escola dos filhos, no Brasil e no exterior. No Brasil, a escola será normalmente brasileira, com ensino de idiomas, mas poderá ser a americana ou a francesa, que mantém o mesmo currículo e os mesmos períodos escolares em quase todo o mundo. No exterior, as escolas americana e francesa são as opções mais freqüentes, podendo-se optar por outras escolas locais, dependendo do idioma. Outra questão, já mencionada, é o custo da escola. Atualmente, não existe auxílio-educação para filhos de diplomatas ou de outros Servidores do Serviço Exterior brasileiro, e o dinheiro da escola deve sair do próprio bolso do servidor.

CÉSAR AUGUSTO VERMIGLIO BONAMIGO - Diplomata. Engenheiro Eletrônico formado pela UNICAMP. Pós-graduado em Administração de Empresas pela FGV-SP. Programa de Formação e Aperfeiçoamento - I (PROFA - I) do Instituto Rio Branco, 2000/2002. No Ministério das Relações Exteriores atuou no DIC - Divisão de Informação Comercial (DIC), 2002; no DNI - Departamento de Negociações Internacionais, 2003 e atualmente trabalha no DUEX - Divisão de União Européia e Negociações Extra-Regionais.

34 comentários:

Olhos sem cor. disse...

Para ser ministro das Relações Exteriores é necessário ter carreira diplomática de alguma forma? Pois necessito saber se o ministro das relações Exteriores está inserido no rol dos cargos de brasileiros natos da Constituição Federal.

Agradeço desde já. Bom dia.

Paulo Roberto de Almeida disse...

Começo por um comentário muito simples: as pessoas fazem perguntas em comentários e não informam seus endereços postais, o que obriga o responsável pelo blog (no caso, eu mesmo) a também responder por um comentário postado, sem ter a garantia de que o perguntador vai ler a resposta solicitada...

Respondendo: Ministro de Estado, de qualquer área, é um cargo político, não funcional, assim que qualquer um, no limite, um idiota amigo do presidente, pode ser ministro de qualquer coisa. Supõe-se que no caso do Ministro das Relações Exteriores o presidente escolha alguém com familiaridade ou mesmo conhecimento específico e experiência nessa área, mas não necessariamente um diplomata de carreira (isto é, um funcionário de Estado, do Serviço Exterior). Tivemos vários diplomatas como ministros, ou chanceleres, mas os políticos foram maioria, em nossa história.
Acredito que a Constituição faça, sim, essa restrição da naturalidade para o cargo de ministro de Estado, o que acho totalmente desnecessário. Um brasileiro naturalizado poderia ser um excelente técnico ou ministro de área especifica.
Lembro, por exemplo, que os EUA tiveram dois Secretários de Estado estrangeiros (naturalizados americanos): Henry Kissinger e Madeleine Albright, esta também a primeira mulher a ocupar o cargo.

Unknown disse...

Olá Paulo,

em uma notícia antiga (2003) da Folha Online encontrei o seguinte trecho que me causou espanto:

"a legislação proíbe que os cônjuges dos diplomatas trabalhem"

Gostaria muito de saber se este dado está correto e se tal proibição ainda está em vigor.

Um grande abraço de um visitante constante de seus sites,

Rafael.

Paulo Roberto de Almeida disse...

Essa questão está vinculada aos privilegios e imunidades que são associados à permanência de um diplomata em postos no exterior: posto que nao pagamos impostos locais, pelo menos nao sobre a renda, e mesmo alguns impostos indiretos, seria complicada a contratacao de uma pessoa dispondo dessas isencoes por empresas locais.
Na verdade nao se trata de uma proibicao absoluta: seja que os conjuges de diplomatas trabalham parda organismos internacionais, seja que acordos bilaterais possam prever essa situacao, levantando a imunidade tributaria de alguns beneficiarios, permitindo assim o trabalho.

Unknown disse...

Muito obrigado pela prontíssima resposta!!

De fato, esta questão tributária faz todo o sentido.

Há alguma fonte onde eu possa obter informações sobre esse assunto específico?

Grande abraço,

Rafael.
rmagnanini@gmail.com

Paulo Beli Stakoviak disse...

Caro Dr. Paulo, muito obrigado pelas preciosas informações. Penso que a vida de diplomata para um pai de família deva ser um tanto complicada (criação dos filhos, por exemplo). O senhor concorda com esta minha opinião? Gostaria de saber se é possível, após o curso de formação, trabalhar como diplomata no Brasil mesmo, e até em alguma outra capital que não seja Brasília. Grato.

Paulo Roberto de Almeida disse...

Não concordo, em absoluto, com essa colocação. Quem teme pela educação dos filhos, esquece que eles têm inúmeras oportunidades em escolas estrangeiras de conhecerem uma outra realidade, aprender novas línguas, abrir-se ao mundo, enfim.
Quem pretende ficar no Brasil não deveria ser diplomata, pois diplomata é feito para mudar a cada dois ou três anos.
Faz parte da carreira mudar o tempo todo, portanto, apenas quem aceita essa realidade pode tornar-se diplomata...

Paulo Stakoviak disse...

Olá Dr. Paulo, bom dia novamente. É possível que o Ministério financie as viagens que o diplomara faça, juntamente com sua família, do Brasil ao país em que estiver trabalhando? Caso seja, há um limite máximo de viagens? Quais parentes são abarcados por este patrocínio? Grato.

Paulo Roberto de Almeida disse...

O MRE financia todas as viagens oficiais, mas nao as de ferias. Ou seja, quando o diplomata é removido para um posto, ou para a Secretaria de Estado, toda a familia recebe passagens, cachorro inclusive...
Os parentes sao apenas os dependentes diretos, podendo cobrir algum pai ou mae idoso, desde que oficialmente dependente. Pagam ate uma empregada, se for o caso...
Paulo Roberto de Almeida

Gustavo K disse...

Olá Paulo.

Descobri seu blog há pouco tempo; parabéns pelas publicações.

Uma pequena ressalva, sobre a questão da família e diplomacia. Eu não sei se isso é da minha cabeça, mas se eu me caso com uma estrangeira, que não é diplomata, há algum problema dentro da carreira ou ela apenas seria "uma esposa como qualquer outra"?

Abraços

Paulo Roberto de Almeida disse...

O diplomatra casado (antes ou depois) com uma estrangeira, precisa de uma autorizacao, que é dada automaticamente (a nao ser que sua esposa esteja fichada como agente estrangeira de algum servico de inteligencia, o que nao deve ser o caso, pois isso só ocorre nos romances policiais ou de espionagem).
Fique tranquilis, como diria alguem...

Gustavo K disse...

Ahhh entendi, menos mal. Ainda estou me acostumando com a ideia e algumas coisas às vezes parecem muito complexas, inclusive aquela questão de o cônjuge "não poder" trabalhar, etc. Mas obrigado pela resposta. Em tempo, estou explorando seu blog aos poucos e li sobre os anônimos e os que não deixam e-mails. Bem, o meu é vw_sp2@hotmail.com por via das dúvidas ;)

Abraços

Anônimo disse...

Paulo Roberto, parabéns pelo blog, que acompanho com um interesse inconstante há algum tempo. No final de semana passado, fiz a prova da bolsa do CNPQ para o concurso do Rio Branco, e tive a boa surpresa de encontrar um texto teu lá! Parabéns também pelo reconhecimento.

Bem, o post acima (informações sobre a carreira diplomática) foi escrito em 2006 e eu gostaria de saber se, além do substancial aumento de salário que os diplomatas tiveram há algum tempo, houve alguma grande mudança no que diz respeito ao padrão de vida de diplomatas. Para ser mais direto, gostaria de saber se agora há alguma forma de auxílio para cônjuge e/ou para educação dos filho.
Grato

Thiago, fuuro colega! rs
thdiass@yahoo.com.br

Paulo Roberto de Almeida disse...

Thiago,
Alem da substancial melhoria salarial no Brasil -- tudo sempre graças ao Nosso Guia -- sempre se ganhou bem no exterior, embora a falta de auxilio-educação não chegue a compensar a concessão de um auxílio-moradia. Existe um salário-família, no Brasil e no exterior, mas sempre é uma parcela ínfima do salário.
Por fim, registro que a inclusão de um texto meu no concurso de 2010 das bolsas-afrodescendentes se deu a minha revelia, com mudanaças não autorizadas e sem remissão à fonte original.
Paulo Roberto de Almeida

Anônimo disse...

Parabéns Paulo!
Depois de um comentário como o acima, impossível não tornar-se fã!
Grande Abraço!

Elis disse...

Olá Paulo,
Este texto foi muito esclarecedor em vários aspectos, porém tenho outras dúvidas. O auxílio-moradia corresponde ao valor total da moradia que o diplomata escolher ou é um valor pequeno/simbólico, apenas uma ajudinha mesmo?
Quanto ao cônjuge, a passagem é paga apenas nos casos de mudança de posto? Para viagens de menor duração não é possível incluir o cônjuge?
Obrigada,
Elis
cintila_@hotmail.com

Regina disse...

Prezado Paulo, boa noite,

Sei que para se casar com um estrangeiro, o diplomata precisa de autorização do MRE. Minha dúvida é a seguinte: no caso do aspirante a cônjuge ser, além de estrangeiro, também diplomata de seu país, existe alguma regra especial mais rígida que a simples autorização para casamento? E mais, há alguma norma (instrução do MRE ou mesmo um tratado bilateral, por exemplo) que facilite a remoção para um mesmo posto dos dois diplomatas a serviço de seus respectivos países (no caso, Brasil e EUA)?

Agradeceria muito se você pudesse, ao menos, me dar alguma indicação de onde pesquisar essa questão, já que, imagino, deva acontecer vez por outra no Itamaraty, não?

Por favor, responda em meu email: gina_asusth @ yahoo. com. br

Saudações cordiais,
Regina

sunshine disse...

Olá Paulo!

Parabéns pelo blog e pelo post esclarecedor.

Tenho uma dúvida: caso a esposa de um diplomata seja oficial de chancelaria, existe a possibilidade dos cônjuges trabalharem no mesmo posto?

Obrigada!

Paulo Roberto de Almeida disse...

Sim, Sunshine. Voce poderá brilhar com o seu (ou a sua, realmente não sei, e me desculpe por isso) Moonshine no mesmo pedaço de planetinha para onde vocês forem designados...
O Itamaraty protege casais apaixonados (acho que atualmente qualquer que seja o gênero, entre os quatro ou cinco existentes, ou combinação entre eles...)
PRA

sunshine disse...

Obrigada, Paulo!

E desculpe-me pela falta de identificação! hahaha

Meu nome é Camila e estou interessada no próximo concurso de ofchan. Meu namorado Moonshine já está estudando para o CACD. Fico feliz em saber que, quando passarmos, o Itamaraty facilitará a nossa remoção para o mesmo posto.

mas disse...

Bom dia Paulo,
Desculpa invadir aqui o seu espaço, mas gostaria de fazer uma pergunta. Você saberia me informar se o oficial de chancelaria também precisa pedir permissão para casar com estrangeiros? Ou se ele deve pedir autorização para realizar o concurso caso já seja casado com estrangeiro?
Obrigada
e parabéns pelo blog
abs

Paulo Roberto de Almeida disse...

Casamento de OfChan com estrangeiro(a),
Creio que a mesma regra se aplique, mas não tenho certeza.
Paulo R Almeida

Andressa disse...

Pode o cônjuge de uma diplomata argentina trabalhar em um terminal portuário público no Brasil?

Paulo Roberto de Almeida disse...

Andressa,
Creio que sim. Nao sou versado nessa área, mas creio que existe um acordo bilateral Brasil-Argentina para regular a questão tributária e o exercício de um cargo remunerado nos dois países.
Ou seja, diplomatas e familiares possuem imunidade e privilégios diplomáticos, mas se faz uma exceção para os que trabalham legalmente no outro país.
Voce pode consultar o consulado argentino junto a Embaixada em Brasilia, ou algum outro consulado no Brasil.
Paulo Roberto de Almeida

Unknown disse...

Boa tarde, Sr. Paulo.

Tenho 36 anos e desde os 12 anos sonho em ser diplomata, porém somente agora, após várias idas e vindas, consegui estudar para valer para a Diplomacia. Já sou servidor público federal, na área Judiciária, mas meu interesse pela Diplomacia nunca desapareceu. Minha pergunta é: a carreira de diplomata, até ser embaixador, é longa. Já estaria eu "um pouco velho" para isso, ou a carreira até prefere quem tenha experiência a mais de vida. Neste meio tempo, além de passar em alguns concursos, até residi por um ano e meio no exterior (Itália). Obrigado. Rafael

Paulo Roberto de Almeida disse...

Rafael,
De fato, pode ser um pouco tarde para uma carreira completa, mas nada que impeca vc de entrar e aproveitar o carreira oferece como oportunidades de enriquecimento pessoal e intelectual. No comeco pode ser im pouco chato, pelo burocratismo e chefias mais jovens

Unknown disse...

Isso eu já sinto no meu trabalho mesmo, mas gosto de estudar para a Diplomacia, gosto dos assuntos, das matérias. Além do que, ainda acho que seja uma carreira atraente e gratificante. Meu trabalho também é burocrático. Uma outra questão: já li, em algum lugar, que se a pessoa fica algum tempo em determinado posto, ela "ganha" tempo de carreira. Exemplo: no posto D, parece que conta 4 anos da carreira. Desse jeito, a pessoa poderia "subir" rapidamente, apesar do perigo destes postos, né? É assim mesmo? Rafael

Luana Faria disse...

Bom dia! Existe algum impedimento ou problema no caso de um oficial de inteligência da ABIN se casar com um diplomata? Obrigada

Paulo Roberto de Almeida disse...

Não conheço. Creio que não.
Um casal bem informado, sem dúvida...
Quem sabe não criam um cargo de Adido de Inteligência nas embaixadas. A CIA já tem, mas disfarçado de diplomata, justamente.
PRA

Paulo Roberto de Almeida disse...

Rafael,
Desculpe o atraso, mas eu estava de mudança.
Sim, você pode ir para um posto C ou D, e contar o seu tempo em dobro. Ainda não criaram posto F ou G, para contar em triplo ou em quádruplo, mas um dia virá...
Mas não pense que você só fará postos assim para subir ao Embaixador em 10 anos. De castigo, eles lhe mandam para um posto A, depois de passar por um D...
Paulo Roberto de Almeida

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Paulo Roberto de Almeida disse...

José Alberto,
Você precisa de um conselheiro vocacional, pois não está preocupado em estudar para entrar, e sim em saber o que fazer depois de entrar.
Não sou a pessoa mais indicada para ajudá-lo.
Sou apenas um estudioso...
Minha única recomendação seria esta: estude, apenas isto.
Depois que você entrar, se entrar, você resolve seus outros problemas conjugais, profissionais, funcionais. Está bem assim?
Paulo Roberto de Almeida

Unknown disse...

Senhor Paulo,
O pedido de desculpas pela demora em respondê-lo é todo meu.
Obrigado pelas orientações e pelo blog, que já faço como uma bússola nos meus estudos. Continue a mantê-lo sempre atualizado, por favor, para que possamos nos inteirar melhor da vida política e/ou econômica nacional, não apenas para o concurso, mas, mais importante para a vida.
Curioso mesmo, e não deixa de ser engraçado, que o IRBR nos aplica "castigos" não nos deixando permanecer em postos ruins (talvez até por uma questão de sanidade, física e mental).
Gostei da ironia!
Abraços, Rafael.

Paulo Roberto de Almeida disse...

Não Rafael, o castigo de um posto A é para impedir você de ser embaixador em 10 anos fazendo só postos D (não sei se já criaram postos E, nessas novas embaixadas abertas pelo Lula). Assim vão lhe obrigar a servir em Paris, Londres ou NY, só para impedi-lo de ser embaixador muito rapidamente...
Paulo Roberto de Almeida