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terça-feira, 11 de julho de 2006

582) Derrubando Chavez...

Não, não sou eu. É o Norman Gall, em entrevista dada ao jornalista gaúcho Políbio Braga, e publicada em sua newsletter datada (equivocadamente) da terça-feira, 12 de julho de 2006:

"Entrevista com Norman Gall, jornalista e escritor.

Chavez não durará mais um ano no poder.

P: Lula saiu ligeirinho da Venezuela, quinta a noite, antes que na sexta-feira o coronel Chavez o levasse para um desfile militar com aviões e armas russos, do tipo caça Sukhoy e fuzis Kalashnikov, tudo para cutucar os EUA. Como é esta aliança Lula-Chavez?
NG: Lula não tem nada a ganhar com Chavez e nem deveria apoiar a inclusão da Venezuela no Conselho de Segurança da ONU.

P: O que significa o ingresso da Venezuela no Mercosul?
NG: Nada. O Mercosul não é foro político para brilhatura.

P: E o gasoduto do Sul?
NG: A Venezuela não tem esse gás.

P: O que o senhor espera do futuro de Chavez?
NG: Morei seis anos em Caracas. Tenho voltado lá. Estudo o caso. Chavez não dura mais um ano ou dois. Ele está conduzindo a economia para um desastre anunciado e seus apoiadores já se dividem em mil frações. Pode anotar. A Venezuela mergulhará na total desordem.

E-mail: ngall@braudel.org.br"

Minhas impressões pessoais (PRA): Eu não morei em Caracas, visitei a Venezuela há muitos anos, mas já encontrei o Chávez nos EUA, num jantar promovido pelo ex-presidente Jimmy Carter, à margem de reunião promovida pelo Carter Center em Atlanta, em 2003. Minha impressão é a de que o Norman Gall se engana, não quanto à extensão do desastre econômico sendo promovido atualmente na Venezuela, mas quanto à possibilidade de uma queda iminente de Chávez. Com dinheiro, pode-se fazer de tudo, inclusive plantar banana na Groenlândia. Não fosse apenas pelo dinheiro, haveria ainda todos os mecanismos de "poder popular" que ele também está construindo, a golpes de muito dinheiro, muito dinheiro... Isso pode durar muito tempo, mais de dez anos, provavelmente, ou enquanto o petróleo for essa fonte generosa de recursos livremente administrados pelo poder central...

2 comentários:

Orlando Tambosi disse...

Concordo com você. Este não sairá tão cedo. A não ser que aconteça o impossível: o preço do petróleo cair...

Reginaldo Macêdo de Almeida disse...

Esse é exatamente o espírito. Enquanto o petróleo estiver nos patamares que está, é muito possível que o Hugo Chavez se mantenha no poder.

Por motivo de trabalho, já estive na Venezuela por três vezes nos últimos dois anos, e o que se vê é uma direita completamente fragmentada, mas muito por culpa deles.

A Venezuela é um dos países mais corruptos que eu já visitei, e todos os empresários lá rezam por essa cartilha. Daí não terem legitimidade de fazer frente ao Chavez. Isso de fato é uma lástima, já que este senhor está acabando com a indústria local (quase tudo lá é importado dos EUA).

Mas eu acredito que até com o preço alto do barril, o Chavez dure menos que o ciclo do petróleo, e isso porque a corrupção estatal suga muito mais do que a PDVSA pode dar, e não sobra dinheiro para reinvestir na produção, de forma que os investimentos caminham para a obsolescencia, e a produção de petróleo está em cadência de declínio, daí a ênfase do Ditador em querer diminuir as quotas da OPEP, não para baixar os preços, e sim porque não consegue cumprí-las.