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segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Trem-bala: torrando dinheiro do contribuinte com obsessoes desnecessarias

Provavelmente 9 entre 10 especialistas em transportes públicos no Brasil não consideram necessária a construção imediata de um trem bala, seja onde for, preferindo que os investimentos públicos se façam nos grandes centros metropolitanos, em obras de metrô, vias expressas, novas facilidades de diversos tipos para transportes em comum. O décimo "especialista" deve trabalhar para o governo, ou como lobista de uma dessas empresas que querem ganhar um dinheiro fácil com uma inutilidade desnecessária.
Incrível como o governo vem abusando de nossa inteligência, achando que somos todos idiotas, e perpetrando novos gastos públicos para superfluidades desse tipo.
Paulo Roberto de Almeida

Empresa estrangeira será contratada para fazer o projeto do trem-bala brasileiro
O Globo, 9/02/2013

No páreo, estão companhias da  Europa e da Ásia

BRASÍLIA - A Empresa de Projetos e Logística (EPL) quer publicar até o fim deste mês um edital de concorrência internacional para contratar a empresa que fará os estudos necessários para o projeto executivo da construção do Trem de Alta Velocidade (TAV), o trem-bala. Com um valor do edital de cerca de R$ 30 milhões para o trabalho, essa empresa estrangeira deverá fazer o controle de todos os tipos de estudos relativos ao traçado entre Campinas e Rio, passando por São Paulo, para chegar ao projeto-executivo que servirá de base para a licitação da obra, no ano que vem.
Segundo o presidente da EPL, Bernardo Figueiredo, estão nesse páreo empresas de França, Espanha, Alemanha, Coreia, Japão e até mesmo da China, que foi excluída do edital de operação por ter tido acidentes recentemente em seu trem-bala. O custo total do projeto-executivo está estimado em R$ 1 bilhão segundo o governo. Na lista, além de estudos de geologia estão pontes e viadutos. (Danilo Fariello e Eliane Oliveira).
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Bullet trains in Brazil: progress or white elephant?
by Thalita Carrico
Financial Times - Blog Beyondbrics, 10/02/2013

Brazil’s government knows that if there is a silver bullet to solve the country’s mounting transport infrastructure problem, it is rail. That is why it is pushing with increasing determination a proposal to build not just one but possibly several bullet trains in the country.

The government said this week that if private sector bidders were reluctant to take on the public works for a bullet train it is planning between the cities of Rio de Janeiro, São Paulo and Campinas, it will provide a state guarantee for the project.

The comments came as the government revealed it is also evaluating three other possible high-speed railways – one connecting São Paulo to Curitiba, southern Brazil, another to Belo Horizonte in the southeast, and a third to the Triângulo Mineiro, a wealthy area west in Minas Gerais, the same state as Belo Horizonte, according to local newspaper Valor Econômico.

The first instinct is to decry such ambitious plans, especially given that Brazil is struggling to implement far more modest infrastructure proposals. But the idea is not as crazy as it sounds. Brazil must be the only continental country in the world that does not have passenger train connections between major cities. Foreigners are often shocked to learn that the travel options inside Brazil do not include rail, and even more horrified when they have to pay the exorbitant prices that airlines charge for tickets at short notice or they have to face kilometres of traffic jams deep in the interior.

The US, India, China and Russia – other countries of Brazil’s scale – have national passenger train systems. In Brazil, by contrast, rail was abandoned in the 1970s in favour of the car, with what little remained of the rail network used for cargo transportation.

The problem, of course, is that train services are not cheap to build and high-speed rail, especially in Brazil, is even more precipitously expensive. The bullet train between Rio, São Paulo and Campinas is expected to cost about R$60bn. Critics of the proposal point out this could be better spent in São Paulo, where for half that, the local government is looking to build 27 kilometres of desperately needed metro lines with new 33 stations by the end of next year. A city of 20m people, São Paulo has only 74kms of metro lines, leaving the city locked up with traffic every morning and night.

Yet, there is no single answer. Yes, Brazil needs more metros. But it also needs inter-city passenger railways to provide another form of cost-efficient transportation and avoid depending too heavily on roads and airports. Yes, bullet trains may seem a gold-plated option for a country with so many competing infrastructure needs. But any train between Brazil’s far flung major cities would need to be fast to be competitive with air travel.

The critics are right to press the government on cost because they know corruption and inefficiency will lead to money-wasting. But petty squabbling should not get in the way of vision. If Brazil wants to develop, it needs to think on a scale appropriate to a country of its size.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

O custo da diplomacia da generosidade: Haiti

Sem comentarios:
Rubens Valente
Folha de S.Paulo, 11/06/2012

O que começou como uma operação emergencial de seis meses, com um custo previsto de R$ 150 milhões, completou no início deste mês oito anos de duração, a um preço de quase R$ 2 bilhões. A operação militar do Brasil no Haiti, iniciada em 1º de junho de 2004 como parte do plano do governo Lula para obter um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, consumiu até agora mais de seis vezes o que foi gasto pelo governo federal com a Força Nacional brasileira entre 2006 e 2012. Além disso, equivale a cerca de dois anos de gastos do principal programa de segurança pública da União, o Pronasci.
O valor de R$ 1,97 bilhão, já descontada a inflação do período, foi obtido pela Folha por meio da Lei de Acesso à Informação junto ao Ministério da Defesa. A conta total é ainda maior, pois o ministério alegou não dispor de informações sobre auxílios, indenizações e outros benefícios previstos numa lei, criada após a entrada do Brasil no Haiti, que trata da remuneração de militares que atuam em missões internacionais de paz. Mais de 16 mil militares brasileiros estiveram no país desde 2004.
Segundo o levantamento, uma boa parte do dinheiro gasto pelo Brasil no Haiti foi dirigida à modernização de equipamentos. O Brasil adquiriu veículos (R$ 162,3 milhões), explosivos e munições (R$ 24,3 milhões), armamentos (R$ 22 milhões) e embarcações e equipamentos para navios (R$ 18,1 milhões). Uma parte dos gastos do Brasil no Haiti é reembolsada pela ONU, responsável pela missão de paz. Até outubro de 2010, foram R$ R$ 328 milhões, ou apenas 25% do total (o ministério não repassou números atualizados).
Em nota, o ministério afirmou à Folha que os gastos estimulam a indústria militar brasileira. “A aquisição de material moderno para equipar os militares brasileiros permite, além da eficiência no emprego da tropa, fomentar a indústria de defesa brasileira e projetar o Brasil internacionalmente.” Um dos generais que lideraram a missão no Haiti disse, sob garantia de não ser identificado, que o Brasil “já devia ter pensado em sair” do país caribenho. O oficial reconhece que o Brasil não vai retirar suas tropas “tão cedo” e por uma razão política: a missão é usada como cartão de visitas do Brasil no exterior, como um exemplo de sucesso.