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sábado, 24 de setembro de 2016

O Grande Assalto aos Fundos de Pensao: criminosos sindicais do PT esvaziam os cofres - Aguirre Talento (IstoE)

O grande assalto aos Fundos de Pensão: durante anos, bastava olhar para constatar que sindicalistas da CUT e dos sindicatos controlados pelo PT estavam controlando soberanamente todos os mais importantes fundos de pensão das estatais do país. Dava para perceber que eles estavam roubando os associados.
E ninguém fez nada? As assembleis de cotistas e membros não serviam para nada?
As entidades de controle do governo não faziam nada? Fechavam os olhos?
Sinto pelos associados, mas deixar suas entidades nas mãos de bandidos dá nisso.
Paulo Roberto de Almeida

As gravações que comprovam a fraude de R$ 2 bi na Funcef
Aguirre Talento
IstoÉ, sábado, 24 de setembro de 2016

• Documentos e áudios obtidos por ISTOÉ revelam como diretores do fundo de pensão da Caixa, pressionados por dirigentes petistas, entre eles o ex-tesoureiro João Vaccari, aprovaram investimentos prejudiciais à instituição que beneficiaram aliados e a OAS, de Léo Pinheiro, implicada no Petrolão

Operação Greenfield
Segundo os procuradores, o núcleo político da organização criminosa influenciava os diretores dos fundos de pensão

Aparelhados pelos partidos políticos durante a era petista, os fundos de pensão das estatais e empresas federais se tornaram alvo de uma megainvestigação da Procuradoria do Distrito Federal sobre desvios de recursos que lesaram os aposentados em R$ 8 bilhões. Trata-se da Operação Greenfield, que cumpriu, no último dia 5, um conjunto de 28 mandados de condução coercitiva, sete de prisões temporárias e 106 de buscas e apreensão. ISTOÉ obteve com exclusividade as gravações que fundamentaram a operação. Os áudios referem-se a reuniões de diretores da Funcef – órgão que administra a previdência complementar da Caixa e foi comandado por executivos indicados e ligados ao PT, acumulando um prejuízo de ao menos R$ 2 bilhões. O material explosivo revela a total negligência com os recursos dos aposentados e indica uma clara atuação de dirigentes da Funcef no sentido de honrar acertos políticos. Para a PF, há fortes indícios de que o ex-tesoureiro petista João Vaccari Neto, atualmente preso pela Lava Jato, esteja por trás das operações fraudulentas aprovadas pela cúpula da Funcef. As suspeitas também recaem sobre o ex-ministro da Casa Civil de Dilma, Jaques Wagner. Um dos beneficiários do esquema, segundo as investigações, foi o ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro, ligado ao PT, a Lula e a Jaques Wagner.

A postura observada nas reuniões é escandalosa: diretores dão o aval aos investimentos mesmo admitindo não terem lido todos os documentos, autorizam aportes sem saber de onde a Funcef vai tirar dinheiro e passam por cima de riscos considerados graves por executivos do órgão, como a existência de dívidas tributárias e trabalhistas de uma empresa que demandava recursos do fundo. Em comum, nos encontros de diretores da Funcef, há o fato de os presidentes do Fundo de Pensão dos servidores da Caixa, indicados pelo PT, sempre defenderem a liberação dos recursos, a despeito dos reiterados alertas feitos pelos seus diretores. São eles, em dois momentos administrativos distintos da Funcef: Guilherme Lacerda e Carlos Alberto Caser, ambos ligados ao PT. Os dois e outros cinco gestores do fundo foram presos temporariamente durante a Operação Greenfield. Depois de prestarem depoimento, deixaram a cadeia.

A PF destaca três reuniões como as mais emblemáticas para demonstrar a existência de negociações prejudiciais à Funcef, feitas única e exclusivamente para cumprir acordos políticos: a que selou aportes de R$ 400 milhões na OAS Empreendimentos, a que confirmou investimentos de R$ 1,2 bilhão em três anos na Invepar (braço da OAS na área de transportes) e a que ratificou a aplicação de R$ 17 milhões no FIP Enseada, a fim de reerguer a Gradiente. Naquele momento, o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro pressionava a cúpula petista pelo aval aos negócios de seu interesse. Nas mensagens extraídas do celular do empreiteiro, há referências à atuação de Jaques Wagner e Vaccari na Funcef. Em julho de 2013, quando o caso estava sob discussão, Léo Pinheiro escreveu para o acionista da OAS Antônio Carlos Mata Pires: “Como foi na Funcef? O nosso JW [Jaques Wagner] me perguntou”. Ao que Pires respondeu: “Ótimo. Foi aprovado para contratação do avaliador, Deloitte. Agora, precisaremos de JW [Jaques Wagner] na aprovação final”. Em outra conversa pelo celular, Léo Pinheiro diz que pela Funcef estaria tudo certo, mas adverte César Mata Pires, dono da OAS, que poderia haver problemas na aprovação do negócio pela Caixa. Segundo a mensagem, Carlos Borges, diretor da Funcef, havia ligado para Pinheiro preocupado com a questão. Quem também telefonou para agendar um encontro foi João Vaccari. Ao fim, o investimento foi aprovado. “Não esqueça de me reservar uma vaga de officeboy nesse arranjo político. Afinal com a sua influência junto ao Galego e o Lula, vc é o CARA”, atesta Carlos Borges, da Funcef, em mensagem encaminhada a Léo Pinheiro em 2014.

Sinal verde à fraude

Para a PF, a pressão que precedeu a aprovação do negócio explica o conveniente “descuido” na hora de aprovar os investimentos que deram prejuízos à Funcef. A reunião da diretoria da Funcef para sacramentar o investimento na OAS Empreendimentos ocorreu em novembro de 2013. O aporte seria feito em duas parcelas de R$ 200 milhões. Os diretores não sabiam de que fonte orçamentária sairia o segundo aporte. Mesmo assim, deram o sinal verde para a operação. Isso gerou longos embates na reunião, que durou 1 hora e 23 minutos. Nas conversas, o então diretor de Planejamento e Controladoria da Funcef, Antônio Bráulio de Carvalho, faz uma autocrítica e alerta para o risco de faltar dinheiro para honrar os compromissos: “A gente não presta muita atenção na política de investimentos e não faz as discussões nos momentos que têm que ser feitos. Se eu aprovo R$ 200 milhões aqui pro ano que vem, se chegar outro investimento também que não está previsto… se chegar outro que não tá previsto, o que vou fazer? Nós estouramos a liquidez”. Um outro participante da reunião, não identificado, faz outra ressalva: “Vai ter que vencer isso, de onde sai o dinheiro. Não dá pra investir R$ 400 milhões, ou R$ 200 milhões, e falar ‘ah não sei de onde’”. No final da reunião, o diretor-presidente Carlos Alberto Caser, indicado pelo PT, rebate as críticas e sustenta que não deveriam deixar de aprovar o negócio só porque não estava previsto na política de investimentos. Para ele, a fonte dos recursos seria resolvida posteriormente. “Depois de termos gastado um ano de discussões, contratando uma consultoria que custou R$ 500 mil, foi cara pra dedéu. Negociamos blá blá blá blá blá blá. Agora [para quê] eu vou submeter isso (…) burocraticamente à política de investimentos, tendo um retorno bom?”, afirmou Caser. Ao fim, a Funcef aprovou o negócio. Segundo o Ministério Público Federal, os milhões investidos viraram pó: valiam apenas R$ 117,5 mil em dezembro de 2015.

Gestão temerária
Outro investimento na OAS de R$ 1,2 bilhão, o chamado FIP Invepar, foi aprovado sem relatórios da análise jurídica e de conformidade – que avalia o cumprimento a determinadas regras. É o que revela o áudio da reunião ocorrida em 20/10/2008, com duração de 37 minutos. No encontro, o diretor de Planejamento e Controladoria, Antônio Bráulio, discorda da pressa na aprovação: “Em termos de coerência fica complicado. Como é que um diretor de conformidade e controle pode aprovar uma coisa sem ter analisado anteriormente?”. Coube mais uma vez a um diretor-presidente ligado ao PT, neste caso Guilherme Lacerda, intervir para garantir o negócio: “(…) Eu queria também fazer um apelo, é um apelo, é um esforço muito grande o investimento que a gente tá, pode dar errado (…) mas é um investimento que vinha pensado aqui muitas vezes, na perspectiva de ter uma valorização grande”.

O terceiro caso que chamou a atenção dos investigadores envolveu a aprovação do investimento de R$ 17 milhões no FIP Enseada, um fundo constituído para reerguer a antiga Gradiente, mergulhada em dívidas trabalhistas e tributárias. De novo os diretores resolveram passar por cima dos riscos que envolviam o negócio para agradar ao então presidente da empresa, Eugênio Staub, que havia declarado apoio a Lula na eleição. Logo ao apresentar o projeto, o diretor de investimentos Demósthenes Marques adverte: “A gente tá entrando em um negócio que é de nível de risco maior do que a grande maioria”. Bráulio, por sua vez, classifica de “preocupante” a possibilidade de as dívidas da empresa provocarem perdas à Funcef. A exemplo do episódio anterior, em que avalizou um negócio altamente temerário com o único objetivo de atender demandas políticas, o presidente Guilherme Lacerda banca o aporte. Atribui as advertências a “fofocas de jornal” e diz que o fato de o dono da Gradiente ter anunciado apoio ao Lula não pesaria em sua decisão. Pesou.

“Estou tranquilo em relação às posições que adotei na Funcef porque as informações que tinha à época levariam qualquer gestor a ter a mesma postura”, disse Lacerda por meio de seu advogado. Não é o que pensam os investigadores. Para eles, as negociações ocorriam “em conjunto com autoridades políticas que tinham clara ascendência sobre os diretores dos fundos de pensão”. Vaccari integraria o chamado núcleo político do esquema e, segundo a PF, “possivelmente concorreu” para que fosse aprovado o investimento na OAS “em detrimento do patrimônio da Funcef”. O próximo passo do procurador Anselmo Henrique é destrinchar ainda mais a relação desse núcleo político com os fundos de pensão. Nos últimos dias, foram analisados os depoimentos prestados no último dia 5. Agora, o MP quer acesso a delações da Lava Jato. Na última semana, empresas alvo da operação firmaram acordos com o MP para depositar valores em juízo e ficarem livres de medidas restritivas. A OAS devolveu R$ 240 milhões. Ainda é muito pouco perto do bilionário prejuízo amargado pelos aposentados da Caixa.

China's pivot, Brazil's stance: a personal view - Paulo Roberto de Almeida

Invited, at the last minute, to a GIBSA (Germany, India, Brazil, South Africa) conference in Brasilia, to express myself about China's pivot in Asia Pacific and its implications for Brazil, I have chosen to put a few ideas on paper about this important relationship, much more of a mere commercial nature than having greater geopolitical implications. Brazil is not part of the big geopolitical game of the Asia Pacific region, we are just a middle country struggling to recover ourselves from the Great Destruction brought by the criminal government of Worker's Party and its mafia kind of government.
Paulo Roberto de Almeida

This is the meeting: 

GIBSA Workshop: Germany, India, Brazil and South Africa:A Strategic Quadrilogue 2016
Geoeconomics and Geopolitics at Play:
The outlook from Europe, South Asia, South America and Africa

Brasilia, September 25 – 27


The GIBSA Quadrilogue was launched in 2007 as a collaboration between four Think Tanks: Stiftung Wissenschaft und Politik (SWP) in Berlin, the Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI) in Rio de Janeiro, the Institute of Peace & Conflict Studies (IPCS) in New Delhi, and the Institute for Security Studies (ISS) in Pretoria. The forum is supposed to facilitate exchanges of ideas between these countries with regard to their respective perceptions and analyses of international relations.

And this is my paper: 


China’s pivot, Brazil’s stance: a personal view

Paulo Roberto de Almeida
 [GIBSA meeting, Brasília, September 26, 2016]

Since August, I’m Director of the Brazilian International Relations Research Institute, supposedly a think tank for Itamaraty, today much more a tank than a think. Let’s assume, then, that we are capable of doing some free think work, as we do not have financial resources of our own, or a proper research staff to fill the tank side of this dependent body of the Alexandre de Gusmão Foundation.
Alexandre de Gusmão is said to be the grand-father of the Brazilian diplomacy, as the role of father is reserved to our Grand Priest, Baron of Rio Branco, for once minister in Berlin, before being the most famous Brazilian diplomat, the sole to be reproduced in at least six of our last eight currencies throughout the 20th century. Gusmão, a Brazilian diplomat on behalf of the Portuguese crown, negotiated the 1750 partition of South America between Spain and Portugal, redrawing the geopolitical map of the region and in fact abolishing the famous Tordesillas treaty (1494), a kind of Yalta partition of the world at the dawn of modern era.
Being currently outside the Ministry of Foreign Affairs, I cannot pretend to speak on behalf of this respectable, traditional and very old institution, older than the corresponding bodies of Germany, India and South Africa. As I cannot speak for the Ministry, and as I cannot either redraw any geopolitical map for today’s international relations of Brazil, I’ll speak for myself, trying to express personal views about, not exactly China’s role in the world, but Brazil’s stance towards the new giant of the 21st geopolitical scenario. I will try to correct some misperceptions, among our friends from abroad, about Brazil’s stance in relation to the new kids in the block, that is, IBSA and BRICS, the innovations of the 2000s, and about Brazil’s recent partisan diplomacy.
What is important to perceive, at the start, and I stress this for our guests, is that we have to make a very clear distinction between Brazilian traditional, and professional, diplomacy, and that other “diplomacy”, the one that was publicized and practiced by the Worker’s Party governments, both under Lula and Dilma, a diplomacy that was based much more on ideological choices than well reflected decisions, a foreign policy that pursued old beliefs based on a North-South divide, and on an delusional and futile attempt to unite “non-hegemonic” countries in the restructuring of global relations.
(...)

Available at Academia.edu: 

https://www.academia.edu/s/42e5a419f5/3041-chinas-pivot-brazils-stance-a-personal-view-2016

In Twetter: 
Join my feedback session on "3041) China's pivot, Brazil's stance: a personal view (2016)." https://www.academia.edu/s/42e5a419f5/3041-chinas-pivot-brazils-stance-a-personal-view-2016?source=twitter

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Excertos da biografia de Alexander von Humboldt, por Andrea Wulf


A invenção da natureza por Alexander von Humboldt,
livro de Andrea Wulf

Paulo Roberto de Almeida
 [Excertos de livro, divulgação]



O livro de Andrea Wulf, jornalista alemã radicada na Grã-Bretanha, sobre o maior cientista ambientalista de todos os tempos, verdadeiro patrono dos ecologistas contemporâneos, é uma preciosidade bibliográfica: A invenção da natureza: as aventuras de Alexander von Humboldt (tradução de Renato Marques; 1a. edição; São Paulo: Planeta, 2016) é uma biografia perfeitamente reconstituída, com todo o aparato científico das citações e consultas a um volume impressionante de literatura secundária usada para a composição de um imenso painel cultural do mundo, em todas as partes, tal como existente do final do século 18 a meados do 19, mas remetendo igualmente aos modernos discípulos do sábio alemão.
Realizei muitas anotações a partir do livro de Andrea Wulf, e coloco estes excertos, exclusivamente selecionados por interesse pessoal, nos parágrafos seguintes.

A partir de sua viagem à América do Sul, entre 1799 e 1804, Humboldt elaborou um relato pessoal e uma narrativa científica, na qual ele relata os primeiros efeitos da destruição humana sobre as paisagens naturais:
“Quando as florestas são destruídas, como o são em toda a parte na América por obra dos plantadores europeus, com uma precipitação imprudente, as fontes de água secam por completo ou se tornam menos abundantes. Os leitos dos rios, permanecendo (p. 97) secos durante parte do ano, são convertidos em torrentes toda vez que caem pesadas chuvas em suas cabeceiras. Desaparecendo a relva e o musgo juntamente com a vegetação rasteira nas encostas das montanhas, as águas das chuvas não sofrem obstrução em seu curso; em vez aumentarem lentamente o nível dos rios por meio de progressivas filtragens, durante as intensas chuvaradas as águas sulcam os declives das colina, empurram para baixo o solo solto e formam as súbitas inundações que devastam o país”. (p. 98)
Alguns anos antes, na própria Alemanha, onde trabalhava como inspetor de minas, Humboldt já havia feito as mesmas observações com respeito ao excessivo desmatamento e o uso de madeira como combustível. Outros tinham feito as mesmas observações antes dele, mas com preocupações mais econômicas do que amnbientais.
Texto de Andrea Wulf: “A madeira era o petróleo dos séculos XVII e XVIII, e qualquer escassez do produto criava ansiedades com relação a combustível, manufatura e transporte, semelhantes à comoção que as ameaças à produção de petróleo geram hoje em dia. Já em 1664m o jardineiro e autor inglês John Evelyn escrevera um livro sobre silvicultura que se tornou um sucesso de vendas – Sylva, a Discourse of Forest Trees, que tratava da escassez de madeira como crise nacional. ‘Seria melhor ficarmos sem ouro do que sem madeira’, Evelyn tinha declarado, porque sem árvores não haveria indústrias de ferro e vidro, lareiras ardentes para aquecer as casas durante as noites frias de inverno, tampouco uma marinha de guerra para proteger as costas da Inglaterra.” (p. 98). Colbert, na França, também proibiu o corte de árvores, e plantou árvores para uso exclusivo da Marinha. “A França perecerá pela falta de madeira”. (p. 99). Mais tarde, Benjamin Franklin inventou uma lareira eficiente no uso de combustível.
Sobre um outro americano, Jefferson, o terceiro ou quarto presidente dos Estados Unidos: “Sofria do que chamava de ‘enfermidade da bibliomania’, constantemente comprando e estudando livros”. (p. 151)

Joseph Banks, naturalista inglês do Kew Gardens, escreveu a Jacques Julien Houtton de la Billardière, em 9 de junho de 1796, no auge dos conflitos entre os dois países na sequência das guerras napoleônicas:
“A ciência das duas nações pode ficar em paz, enquanto a Política está em guerra”, (p. 123), citando o livro de Joseph Banks: The Letters of Joseph Banks, A Selection, 1768-1820 (London: Imperial College Press, 2000, p. 171).
Alexander von Humboldt se espantou com os abusos e o arbítrio da dominação autocrática da coroa espanhola nas Américas: “O rei espanhol detinha até mesmo o monopólio sobre a neve que caia em Quito, Lima e outras cidades coloniais, de modo que pudesse ser usada na fabricação de sorvete para as elites abastadas. Era um absurdo, afirmou Humboldt, que algo que ‘caia do céu’ pudesse pertencer à Coroa espanhola. A seu ver, a política e a economia de um governo colonial eram baseadas na ‘imoralidade.’” (p. 160), escreve Andrea Wulf com base no livro de AH, reproduzindo observações feitas em Quito, em fevereiro de 1802; Voyage aux régions équinoxiales du Nouveau Continent, fait en 1799, 1800, 1801, 1802, 1803 et 1804, em 34 volumes, ilustrados com 1.500 gravuras.
Humboldt também produziu um livro inteiro de observações sociais, políticas e econômicas sobre a ilha de Cuba: Essai politique sur l’île de Cuba (1826), com severas críticas ao sistema da escravidão.
Encontrei um único erro neste livro, não sei se da tradução por inadvertência, ou da edição original, por distração, quando aparece uma frase sobre “..a morte Bolívar no final de 1814” (p. 231, da edição brasileira), quando o libertador morreu em 1830.

Paulo Roberto de Almeida 
Brasília, 3042: 23 setembro 2016