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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

sexta-feira, 7 de agosto de 2020

Ser diplomata: uma longa digressão - Paulo Roberto de Almeida

 Hoje, 7/08/2020, um futuro mestrando no Uniceub, onde dou aulas desde 2004 (com algumas interrupções por saídas na carreira), fez referência a um antigo texto meu sobre a condição de diplomata, do qual eu tinha esquecido completamente. Fui reler, e acho que ainda é válido no essencial, embora eu tivesse outras coisas a acrescentar, depois de um longo limbo na carreira, sob o lulopetismo (de 2003 a 2016) e de uma nova travessia no deserto que teve início sob o bolsonarismo e sua antidiplomacia, que não sei quanto tempo vai durar.
Eu não mudei, embora as circunstâncias tenham mudado. Por isso, posto novamente meu texto de 2006, com o acréscimo dos comentários, que também são instrutivos para todos aqueles que já são ou para todos aqueles que pretendem ser diplomatas. 
Apenas registro que diplomatas, ou candidatos à carreira, não devem necessariamente fazer o que eu faço: ser anarquista cultural, antihierárquico e rebelde na carreira não são dados a todos, pois tudo tem um custo, e é preciso assumir suas responsabilidades. Continuo em meu quilombo de resistência intelectual contra ventos e marés, contra a destruição da inteligência, contra os autoritários e oportunistas.
Paulo Roberto de Almeida 
Brasília, 7/08/2020


1023) Ser diplomata: para os candidatos à carreira

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Um correspondente interessado na carreira  diplomática escreveu-me hoje, 7/02/2009, para dizer que tinha se sentido inspirado por um texto meu, de quase três anos atrás, do qual eu sequer me lembrava mais. 
Como pode eventualmente interessar a outros, e como ele tinha sido apenas objeto de palestra e divulgação muito discreta em meu site pessoal, acredito que uma nova transcrição facilite o conhecimento e a leitura por um número maior de eventuais interessados na carreira.
Eis a ficha do trabalho, seguida do próprio:
1591. “O Ser Diplomata: Reflexões anárquicas sobre uma indefinível condição profissional”, Brasília, 2 maio 2006, 3 p. Reflexões sobre a profissionalização em relações internacionais, na vertente diplomacia. Palestra organizada pela Pacta Consultoria em Relações internacionais, em cooperação com o Instituto Camões, realizada na Embaixada de Portugal, em 4/05/2006.


O Ser Diplomata
Reflexões anárquicas sobre uma indefinível condição profissional

Paulo Roberto de Almeida
Reflexões sobre a profissionalização em relações internacionais,
na vertente diplomacia, para palestra em 4 de maio de 2006 na embaixada de Portugal
(Ciclo de Debates da Pacta Consultoria, Brasília, dia 4/05, às 19h30).


1) Não se é diplomata, acredito, como se é economista, ou advogado, ou médico. Nós, diplomatas, não pertencemos a nenhuma guilda medieval, a nenhuma corporação de ofício, a nenhuma ordem feita de requisitos estanques, ainda que muitos nos comparem a uma casta, ou a um estamento social, numa acepção bem mais difusa deste conceito weberiano. Ou seja, ser diplomata não é simplesmente uma questão de profissão; é uma vocação, uma questão de status, quase que uma missão, o chamado calling, examinado por Weber em seu famoso estudo sobre a ética protestante e o espírito do capitalismo.
2) Ser diplomata não é apenas uma questão de nomadismo, de gostar de viajar ou de viver fora do país; ser diplomata é ser, antes de mais nada, um ser com raízes na sua terra, um servidor público na acepção mais completa dessa palavra, um funcionário do Estado, antes que de um governo e, como tal, estar identificado com a nação ou com a sociedade da qual se emergiu, na qual nos formamos e para a qual desejamos legar uma situação melhor do que aquela que recebemos de nossos pais e antecessores.
3) Ser diplomata não resulta, simplesmente, de um treinamento ad hoc, adquirido num desses cursinhos preparatórios de seis meses ou um ano, feitos de muita decoreba, alguma simulação para os exames e uma leitura sôfrega da bibliografia recomendada, por mais que ela seja ampla. Ser diplomata resulta de uma preparação de longo curso, adquirida no contato constante com uma cultura superior à da média da sociedade, no cultivo da leitura descompromissada com a aquisição de qualquer saber instrumental, resulta da curiosidade atemporal por todas as culturas e sociedades, passadas ou presentes e, sobretudo, da contemplação ativa da realidade, daquilo que um dramaturgo brasileiro famoso, Nelson Rodrigues, chamava de “a vida como ela é”.
4) Ser diplomata não é estar ou viver obcecado pela diplomacia, fazer dessa atividade o seu último ou supremo objetivo de vida, a sua única ocupação possível ou imaginável, sem outros afazeres ou hobbies. Ser diplomata, ser um bom diplomata significa, também, fazer algo mais no seu itinerário de vida, ter uma outra ocupação, uma distração, um divertissement, ou hobby, outras obsessões e amores na existência, de maneira a poder enfrentar a diversidade da vida, inclusive os altos e baixos da própria diplomacia, quando descobrimos que nem todo diplomata é exatamente um diplomata, naquela acepção que emprestamos ao termo. Ser um bom diplomata é se ver imaginando que, “se eu não fosse diplomata, o que mais, exatamente, eu gostaria de ser?; de onde mais eu poderia tirar motivos de satisfação, aonde mais eu poderia colaborar, com pleno gosto, com a sociedade na qual me formei, no país onde vivo?”. Se soubermos bem responder a esta questão, “o que eu faria se não fosse diplomata?”, já se tem meio caminho andado para ser um bom diplomata...
5) Ser diplomata é saber se colocar acima das paixões e dos modismos do presente, transcender interesses políticos conjunturais, em favor de uma visão de mais longo prazo, afastar posições partidárias ou de grupos e movimentos com inserção parcial ou setorial na sociedade, em favor de uma visão nacional e uma perspectiva de mais longo prazo. Significa, sobretudo, contrapor às preferências ideológicas pessoais, ou de grupos momentaneamente dominantes, ou dirigentes, uma noção clara do que sejam os interesses nacionais permanentes.

Muito bem, uma vez dito o que acabo de expor, o que mais eu poderia dizer a vocês, ávidos de uma legítima curiosidade sobre os segredos da carreira diplomática, sobre o que é ser diplomata, enquanto profissão, enquanto vocação?
É claro que tudo começa em poder ser diplomata, em poder ingressar na carreira, em passar pelo crivo dos exames de entrada, dos requisitos de desempenho na soleira da profissão, ou seja, ultrapassar a porteira da entrada do concurso público: aberto, secreto, universal (ou quase).
Para isso, minha primeira e principal recomendação seria: pense numa preparação de longo curso, de longue haleine, diriam os franceses. E, sobretudo, pensem numa formação essencialmente autodidata. Isto por uma razão muito simples: por melhor que seja um curso universitário, e certamente existem dos bons, dos maus e dos feios, as “faculdades Tabajara”, como dizemos, por melhores que sejam esses cursos, eles nunca vão dar a vocês tudo aquilo de que vocês necessitam para entrar e para ser, já não digo um diplomata prêmio Nobel, mas um bom diplomata, de primeira linha. Quem vai prover o essencial da formação de vocês, são vocês mesmos, é o esforço individual, é o empenho pessoal no auto-aperfeiçoamento, no estudo voluntário, na pesquisa constante.
Em segundo lugar, eu diria que o recomendável seria ter a diplomacia como uma aspiração e, ao mesmo tempo, preparar-se para uma profissão “normal” – não que a diplomacia seja “anormal”, mas ela é relativamente excepcional, só uns poucos são chamados a exercê-la e seria uma pena que todos os demais, não chamados a servir o país nessa área, vivam uma existência de adultos frustrados, de profissionais desgostosos com o que foram levados a trabalhar. Por isso, eu colocaria a diplomacia numa espécie de Gólgota algo inatingível, uma montanha escarpada à qual se ascende com certo sacrifício pessoal (em alguns casos familiar, também), uma recompensa depois de muita labuta. Profissionais que já conheceram experiências diversas na vida civil costumam fazer bons diplomatas; o que não quer dizer que aqueles jovens saídos dos bancos universitários diretamente para a carreira não façam, ou não sejam, bons diplomatas; ao contrário: bem vocacionados, eles farão tudo o que estiver ao seu alcance para bem servir ao Estado e à nação. Mas, alguém dotado de competências outras que não as simples artes diplomáticas – que são as da representação, da informação e da negociação, todos sabem – alguém assim saberá servir ao país com vários outros instrumentos e ferramentas adquiridos na vida prática, seja na veterinária, na engenharia, na agronomia, na economia doméstica ou no corte e costura, whatever...
Em terceiro lugar, eu diria que existem muitas formas de trabalho profissional e de expressão individual dentro das relações internacionais, dentro e fora da diplomacia, estrito senso. Existe a diplomacia empresarial, existe uma diplomacia do agronegócio, uma diplomacia das ONGs, dos jogadores de futebol – hoje um dos principais itens de exportação da pauta brasileira –, assim como existe uma diplomacia na própria academia, mas ela costuma ser das mais chatas, com suas vaidades e torres de marfim. Tudo é uma questão de competência e de dedicação. Sendo competentes na atividade que escolheram e estando contentes no desempenho quiçá temporário daquilo que estão fazendo, vocês serão felizes na vida, farão os outros felizes, e lutarão, talvez, pelo ingresso na carreira com a tranqüilidade que um exame desse tipo requer, não com o desespero ou a obsessão de uma batalha de vida ou morte. Sejam competentes e desempenhem as tarefas nas quais se encontram engajados e vocês já serão bons diplomatas, em qualquer hipótese e em qualquer profissão onde estiverem efetivamente colocados.
Minha mensagem central é justamente esta: o diplomata já é um ser realizado na vida, feliz consigo mesmo, confiante em seus estudos e em sua capacidade; conhecedor do mundo, mesmo que nunca tenha viajado de avião; curioso de todas as artes, mesmo que tenha estacionado num escritório durante vários anos; crítico dos seus professores, mesmo que nunca tenha ousado contestá-los em classe; anotador de livros; recortador de notícias de jornal e de páginas de revista; invasor de bibliotecas; delinqüente reincidente na arte de ler livros em livrarias – o que eu já fiz milhares de vezes –, enfim, uma pessoa totalmente à vontade nas artes do impossível e apaixonada por novos desafios.
Se vocês são um pouco assim, mesmo de forma distraída, desajeitada, totalmente sbagliatta, como diriam os italianos, se vocês também acham que sabem mais do que o chefe, então vocês já são diplomatas, só falta agora ingressar na carreira. Mas isso é uma mera formalidade.

Por fim, e termino aqui esta preleção, caberia abordar a carreira pelo lado prático: uma vez dentro da diplomacia, o que fazer exatamente? Ao lado, das missões clássicas, e tradicionais, do diplomata – que são as de informar, representar e negociar, sobre as quais não me estenderei por sua obviedade elementar –, existem aqueles que acreditam que o diplomata deve igualmente participar de uma espécie de projeto nacional, e aí sua missão seria, não apenas participar e contribuir para o processo de desenvolvimento do país, mas também engajar-se ativamente na transformação do mundo, de maneira a que este sirva, de maneira mais adequada, aos objetivos nacionais de desenvolvimento.
Sou cético quanto a essa extensão indevida das funções do diplomata, ainda que eu reconheça que nossas capacidades analíticas e por vezes executivas possam ser tão boas quanto as de qualquer especialista em políticas públicas. Defendo que o diplomata seja excelente nas suas funções tradicionais e, se possível, agregue valor ao seu trabalho pela dedicação paralela a atividades de pesquisa, similares, em grande medida, às que são conduzidas no âmbito da academia. Existe, obviamente, grande interface e uma notável similitude de métodos entre o trabalho acadêmico e o diplomático, naquilo que se refere à elaboração de estudos, position papers, diagnósticos de situação, reflexões prospectivas e tudo o mais que possa identificar-se com o processamento de informações. O diplomata, contudo, à diferença do seu colega de academia, não se limita a processar informações, ele as utiliza para elaborar posições negociadoras, para propor posturas práticas que o seu país deva assumir nos foros mundiais, nas relações bilaterais, nos desafios do sistema internacional.
Em determinadas instâncias negociadoras, o diplomata pode até ficar, no terreno de batalha, sem instruções precisas da capital quanto a que atitude adotar. Ele deverá portanto contar com todo o seu tirocínio e conhecimento do problema em causa, de molde a poder defender o interesse nacional da melhor forma possível. Na capital, ele deverá, na elaboração de posições, mobilizar todos os recursos técnicos e humanos de diferentes agências governamentais e alguns até privados, de maneira a extrair, na postura negociadora, o máximo de benefícios para o país num determinado contexto negociador.
Em última instância, a matéria-prima essencial do diplomata é a inteligência, e isso não depende de nenhuma fonte externa, mas de sua própria capacidade em acolher todo tipo de conhecimento e colocar essa informação a serviço de seu país.
Abraçando a carreira diplomática, vocês abordam uma carreira aberta sobretudo à inteligência. Cada um deve confiar em sua própria capacidade de trabalho e abrir-se o tempo todo a novos conhecimentos.
Muito obrigado...

Vôo São Paulo-Brasília (Gol 1778), 2 maio 2006, 4 p.
Revisão em 4.05.06. (1591).


8 comentários:

  1. Brilhante abordagem, reveladora de maturidade profissional, discernimento, equilíbrio e absoluta consciência do que é exercer a diplomacia. Acrescento mais, ser diplomata é um caso de amor ao nosso país; de exercício de um patriotismo tão necessário para a formação do conceito de cidadania que se tem hodiernamente. Acredito que seja uma verdadeira história de amor e vontade instigante de vê-lo entre as grandes nações. Uma vontade que nos move, mesmo que talvez não possamos ver ele chegar exatamente onde queremos. Mas nossos filhos, netos com certeza poderão ver e, aí eles saberão que nós contribuímos de alguma forma para o alcance deste feito. Este texto simples revela o respeito que o senhor tem a nós, aspirantes, sonhadores e guerreiros nesta empreitada que é o acesso. Bem se vê sua grandiosidade e em que se baseia seus valores no incentivo de jovens a esta carreira... Parabéns !!!!
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  2. Concordo plenamente com o que disse a colega Xxxx Xxxxxx.
    Tenho esses mesmos sentimentos à respeito dessa maravilhosa [e tão sonhada] profissão.
    Seus escritos são fantásticos, Sr PRA!!! Estão sendo de enorme utilidade para mim que sou estudante [graduações de Ciências Sociais e Relações Internacionais].

    Abraço!
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  3. Por favor, continue falando sobre o tema, que sempre terei muito interesse em ler. E obrigada pelas informações.
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  4. Não diretamente conectado a este post recuperado, mas referindo-se a meu site de modo geral e à seção sobre a carreira diplomática de modo especial, acabo recebendo, através do formulário de contato de meu site, comentários elogiosos sobre os materiais postados e, aparentemente, muito lidos pelos candidatos à carreira diplomática.
    Abaixo, uma das muitas mensagens que recebi nesta fase de preparativos para o próximo concurso do Rio Branco, e que estimula o vigor competitivo em muitos jovens.
    Suprimi o nome completo do missivista, por uma simples questao prática, e talvez de segurança. Abaixo do comentário transcrito, vai minha resposta bilateral.
    PRA

    Nome: CLAUDIA XXXXXX XXXX
    Cidade: XXXXX
    Estado: XX
    Email: xxxxxx@xxx.xxx
    Assunto: Sem assunto
    Mensagem: Elogio. É isso que quero fazer a você ! E porquê não há esta palavra na lista de opções de \"assunto\" ? Você não se acha merecedor de um elogio ? Ou esta opção pareceria um pouco pretenciosa de sua parte ?... Pois lhe digo.. você merece sim um elogio...Dr. Paulo Roberto.. seu site é inspirador, autêntico e rico. Sua entrevista com você mesmo é de uma clareza e autênticidade que nos faz pensar em nossas próprias vidas.. Vou prestar o concurso do IRB este ano e estava buscando mais informações sobre o dia-a-dia de um diplomata e seu site foi fundamental pois, também sou professora, e pensava que ao ser diplomata teria que abrir mão da área acadêmica. Engano enorme.

    Muito obrigada pelos seus ensinamentos... e pode ter a certeza... se na sua lápide estiver escrita \"multiplicador de conhecimentos\"...vou assinar embaixo... \"Sim ! Ele me ensinou !
    Abraços !
    Sucesso nas relações humanas ! Pq no resto você já é.
    Cláudia X. Xxxx

    Meus comentários em resposta:

    Claudia,
    Muito obrigado pelas belas palavras, que muito me estimulam a continuar labutando, madrugada adentro, em temas que nao sao propriamente "alimentares" -- posto que correspondendo a uma atividade "secundaria", ou puramente voluntaria -- mas que aparentemente contribuem para o enriquecimento intelectual dos mais jovens e o estimulo a que eles tambem se dediquem ao estudo e à pesquisa.
    As tentativas de ingresso na carreira representam justamente isso: a necessidade de muito estudo, o que sempre será util a todos e a cada um, mesmo quando nao expressamente vinculados aos exames de ingresso, ou quando este nao foram coroados de exito, o que obviamente nao deveria frustrar ninguem, pois a preparacao e o aprofundamento intelectual estao garantidos.
    Tenho tentado transmitir essas ideias aos jovens.
    Quanto à sugestao de uma secao "Elogio", sinceramente nao creio apropriado. Nao costumo ser narcisista, ainda que todos possamos ter como fraqueza individual uma certa vaidade propria. Fico apenas contente de poder ser util a outros, e sobretudo de poder devolver à sociedade aquilo que dela recebi, outrora, como presente mais precioso: uma escola publica de qualidade, que me formou, parcialmente, e me preparou para ser aquilo que sou hoje, um cidadao bem formado e bem informado. Muito foi meu proprio esforco individual, mas tambem credito minha preparacao inicial à escola publica de qualidade, o que, infelizmente, ja nao mais existe. Faco voto, e esforços, para que essa realidade volte, no futuro, para que tantos jovens de recursos modestos como eu tenham chances reais na vida.
    O abraco do
    -------------
    Paulo Roberto de Almeida
    pralmeida@mac.com www.pralmeida.org 
    http://diplomatizzando.blogspot.com/
    Responder
  5. Agradeço pela publicação do texto. Sou professor de inglês e francês e tento há alguns anos passar no concurso. Sinto-me, pela primeira vez, tranquilo e sereno para realizar a prova. Pretendo continuar dando aulas em BSB e suas palavras confirmam tudo que sempre pensei sobre a carreira.
    Grato
    Responder
  6. Olá!
    Seu blog é no minimo um das melhores leituras para quem se interessa por relações internacionais!
    Parabéns! E obrigada por disponibilizar para nós, aspirantes, informações tão essenciais!
    Tenho uma duvida sobre a carreira que só voce pode me responder:
    Sou descendente de Italianos e a minha mae está pedindo nossa cidadania.
    Pra mim, ter a dupla cidadania seria ótimo pois poderia excluir os vistos nas futuras viagens... só. Até que ponto ter a dupla cidadania interferiria na aprovação no concurso Rio Branco, ou até mesmo na profissão?
    Obrigada
    Xxxxx
    Responder
  7. Xxxxx,
    Desconheço (e acredito que nao exista, objetivamente) qualquer impedimento a que um brasileiro que dispoe de dupla nacionalidade venha a servir como diplomata. A nacionalidade é um direito de todo e qualquer cidadão, ou súdito, de um determinado Estado ou nação, e um atributo de um Estado particular, e um indivíduo pode, no maximo, renunciar a uma nacionalidade, tornando-se apatrida, ou a uma dupla nacionalidade, ficando com outra.
    Mas, nao deve existir objeção a que ele sirva um Estado que o reconhece plenamente como cidadao.
    Responder

quinta-feira, 6 de agosto de 2020

75th Anniversary of Hiroshima Bombing - Belfer Center of Harvard University

 

Belfer Center of Harvard University - Experts Reflect on 75th Anniversary of Hiroshima Bombing

The bombing of Hiroshima, Japan, 75 years ago today announced the dawn of the nuclear age. The world has been living with the presence and dangers of nuclear weapons ever since. Several Belfer Center experts offer their reflections on this somber occasion.  

August 6, 2020
 



GRAHAM ALLISON, Douglas Dillon Professor of Government

“After the U.S. dropped atomic bombs on Hiroshima and Nagasaki in August 1945 to force Japan to surrender in World War II, if anyone had suggested that for the next three quarters of a century, no nuclear weapon would again be used in war, he would have been ridiculed. ‘Unimaginable,’ pundits would have declared. That this has occurred is not only reason to give thanks, but grounds for believing that human beings can learn!

In the past seven and a half decades, the world has seen several close calls, most dangerously in the Cuban Missile Crisis of 1962. Over time, however, nuclear superpowers came to understand that neither could kill its adversary without destroying itself. This brute fact forced rational governments to accept constraints on their competition that would historically have been unacceptable. As Ronald Reagan put it famously in favorite one-liner: A nuclear war cannot be won, and must therefore never be fought. 

This remains a central constraint in relations between the U.S. and what Washington calls its two ‘great power rivals:’ China and Russia. However unacceptable their behavior, however demonic either seems or even may be, a full-scale war with either could literally erase the U.S. from the map. After so many years without use of this absolute weapon in war, the possibility of nuclear Armageddon has become unimaginable for many today. It is precisely because serious constraints on geopolitical competition are  unnatural that each generation must internalize the lessons of the nuclear age.”
 

MATTHEW BUNN, James R. Schlesinger Professor of the Practice of Energy, National Security, and Foreign Policy

“Seventy-five years ago, a single nuclear bomb incinerated the Japanese city of Hiroshima. Tens of thousands of men, women, and children were killed in an instant, and tens of thousands more died after terrible suffering in the days, weeks, and years to come. Three days later, the United States dropped another nuclear bomb on Nagasaki. Despite the terrors of the Cold War, those were the last nuclear weapons used in war; the world has managed to avoid nuclear war for 75 years, through a combination of a lot of fear, a little wisdom, and a lot of luck. Yet today, there are still thousands of nuclear weapons in the world, many poised for immediate launch. The memory of the horrors of nuclear war should motivate us all to take action to ensure that nuclear weapons are never used in war again—and to find a path that will someday allow us to eliminate the dangers nuclear weapons pose to humanity.”
 

REBECCA DAVIS GIBBONS, Project on Managing the Atom Associate

“Today the United States is engaged in a long-term plan to update its nuclear arsenal, spending as much as two trillion dollars over thirty years, with the new platforms expected to last through the 2080s. Despite this astounding cost and the trade-offs necessitated by spending such vast sums, there is little public discussion in the United States about nuclear policy. When polling my college students about what they know about nuclear weapons and where they learned about them, the most common source of their knowledge is video games. Few Americans know there are still over 13,000 nuclear weapons in the world, the majority of them vastly more destructive than the bombs dropped on Hiroshima or Nagasaki.”


STEPHEN HERZOG, Stanton Nuclear Security Fellow, International Security Program/Project on Managing the Atom

“The bombings of Hiroshima and Nagasaki left behind a tragic legacy of death and destruction. On this 75th anniversary of the attack on Hiroshima, nine countries continue to maintain thousands of nuclear weapons. There is also a disturbing trend toward the abandonment of arms control treaties and renewed interest in nuclear weapon test explosions. It is important to reflect upon the stories of the hibakusha—survivors of the atomic bombings—and remember why these deadly weapons must be eliminated.”
 

SHEILA JASANOFF, Pforzheimer Professor of Science and Technology Studies

“Seventy-five years ago today the world woke to a new reality—the atomic age. The bombs dropped on Hiroshima and Nagasaki introduced new words into our vocabulary of risks to the human future: dreaded, catastrophic, apocalyptic, existential.  Soberingly, these were not risks posed by the natural world, but ones we brought upon ourselves without much forethought. Today, as we grapple with climate change and a global pandemic, and the Belfer Center looks afresh at questions of technology and public purpose, let’s stop to take stock and ask what we have learned about governing technology well since Robert Oppenheimer recalled those famous words of Vishnu, ‘Now I am become Death, the destroyer of worlds.’ Can we use technology to nurture and preserve worlds, not destroy them?”
 

JOSEPH S. NYE, Harvard University Distinguished Service Professor, Emeritus

“The morality of Truman’s decision has been debated since the start, but as I show in my book Do Morals Matter? people sometimes forget that Truman also created what Tom Schelling called the all important ‘nuclear taboo’ when he refused General MacArthur’s request to use nuclear weapons to save the situation in Korea five years later.”

Palestra e livro de Celso Amorim: Entre virtudes e vocações - UEPB, 6/08/2020

 PALESTRA

Diplomata Celso Amorim lança livro publicado pela Editora A União em parceria com a EDUEPB


Celso ministrará a palestra “Política externa brasileira e Democracia: Balanço e perspectivas”. Imagem: Divulgação

Primeira personalidade a receber o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), o embaixador e ex-ministro de Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, lança, nesta quinta-feira (6), o livro “Celso Amorim: Entre virtudes e vocações”, publicado pela Editora A União, em parceria com a Editoria da UEPB (EDUEPB).

O lançamento será por meio de uma live, às 18h, com o diplomata, transmitida na página do facebook do livro (https://www.facebook.com/Livroamorim) e também pelas redes sociais oficiais da Rádio Tabajara no Instagram (@radiotabajara) e no Youtube (https://www.youtube.com/channel/UCfE3N8284UA8bVe4Jc789qg). Na ocasião, Celso ministrará a palestra “Política externa brasileira e Democracia: Balanço e perspectivas”. O evento está sendo organizado pelo professor do Câmpus V da UEPB, Carlos Enrique Ruiz Ferreira, e pela diretora-presidente da Empresa Paraibana de Comunicação (EPC), Naná Garcez.

“Celso Amorim: entre virtudes e vocações” é uma coletânea de textos do embaixador, produzidos entre 1991 e 2011. Os textos foram selecionados pelos professores Carlos Enrique Ruiz Ferreira e Daniel Afonso da Silva (organizadores), tendo em conta a dimensão histórica e analítica sobre as questões fundamentais da política internacional e da política externa brasileira.

Professor Carlos destacou a relevância da obra e lembrou que o livro foi impresso pela Editora A União, em parceria com a Editora Universitária da UEPB (EDUEPB), que realizou a revisão, editoração e diagramação, além da criação de arte da capa do livro. “É um livro que apresenta uma coletânea de textos de Celso Amorim durante 20 anos da vida do ex-ministro. Fizemos uma criteriosa seleção dos textos dele, tendo em conta o rigor e a contribuição analítica que ele deu para a política internacional e para a política externa brasileira”, comentou professor Carlos Enrique.

O livro abarca 20 anos de escritos e produção intelectual desse importante homem da República brasileira. Neste tempo, Celso Amorim ocupou o posto de embaixador em Genebra e Londres, foi representante do Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU) e ministro de Relações Exteriores do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

A obra também contempla alguns de seus escritos e contribuições para a Carta Capital, na coluna Radical Livre. Com prefácio do ex-presidente Lula, o livro pretende contribuir para o debate e a formação acadêmica de estudantes, diplomatas, funcionários internacionais, professores e interessados em geral na área de Ciências Sociais e Humanas, em especial dos campos de Relações Internacionais, Ciência Política, História, Economia, Direito e Geopolítica.

Celso Amorim foi ministro de Relações Exteriores entre 1993 e 1995 e entre 2003 e 2010. Foi também ministro da Defesa entre 2011 e 2015. No livro, Celso aborda a trajetória da política brasileira em relação aos países árabes, culminando no reconhecimento do Estado Palestino. O ex-ministro, ora no papel de político-diplomata, ora no de negociador comercial, conduziu o Brasil ao protagonismo na busca por uma solução pacífica e negociada para a questão iraniana, bem como nas negociações da Rodada Doha.

Celso Amorim se tornou a primeira personalidade a receber o título de Doutor Honoris Causa da UEPB, a mais alta honraria outorgada pela Instituição. O título de Doutor Honoris Causa foi uma propositura oriunda do Centro de Ciências Biológicas e Sociais Aplicadas (CCBSA), Câmpus de João Pessoa, através do Departamento de Relações Internacionais.


Missão Pimenta Bueno ao Paraguai, 1843-1847: edição facsimilar

 

A Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG) publica, em edição fac-similar, o livro A missão Pimenta Bueno (1843-1847), do historiador Pedro Freire Ribeiro. A missão desenrolou-se no contexto de aproximação do Brasil com o Paraguai diante da ascensão de Juan Manuel Rosas em Buenos Aires, quando havia ameaça à livre navegação do Rio da Prata. Pimenta Bueno foi nomeado encarregado de negócios em outubro de 1843, chegando a Assunção em 18 de agosto de 1844, e coube-lhe reconhecer a independência paraguaia no ano de sua chegada no posto.


Publicada originalmente em 1965 pelo Ministério das Relações Exteriores, a obra possui dois volumes. O primeiro trata dos antecedentes e dos objetivos da missão Pimenta Bueno, além das atividades do diplomata em Assunção no ano de 1844. O segundo traz transcrições de documentos como as instruções do então chanceler Paulino José Soares de Souza, futuro visconde do Uruguai; relatos dos ministros dos Negócios Estrangeiros sobre as consultas ao Conselho de Estado referentes a assuntos que afetavam a missão; e a reação do governo brasileiro sobre a atuação de Pimenta Bueno.


Os dois volumes integram a coleção “Bicentenário: Brasil 200 anos – 1822-2022”, lançada pela FUNAG com o intuito de contribuir para a celebração do ducentésimo aniversário de Independência do Brasil. 


A obra está disponível para download gratuito na biblioteca digital da FUNAG.

 

Jeffrey Sachs sobre o hegemonismo americano e sua confrontação anti-China

South China Morning Post – 6.8.2020

America’s Unholy Crusade Against China

Last month, Secretary of State Mike Pompeo delivered an anti-China speech that was extremist, simplistic, and dangerous. If biblical literalists like Pompeo remain in power past November, they could well bring the world to the brink of a war that they expect and perhaps even seek.

Jeffrey D. Sachs

 

New York - Many white Christian evangelicals in the United States have long believed that America has a God-given mission to save the world. Under the influence of this crusading mentality, US foreign policy has often swerved from diplomacy to war. It is in danger of doing so again.

Last month, Secretary of State Mike Pompeo launched yet another evangelical crusade, this time against China. His speech was extremist, simplistic, and dangerous – and may well put the US on a path to conflict with China.

According to Pompeo, Chinese President Xi Jinping and the Communist Party of China (CPC) harbor a “decades-long desire for global hegemony.” This is ironic. Only one country – the US – has a defense strategy calling for it to be the “preeminent military power in the world,” with “favorable regional balances of power in the Indo-Pacific, Europe, the Middle East, and the Western Hemisphere.”China’s defense white paper, by contrast, states that “China will never follow the beaten track of big powers in seeking hegemony,” and that, “As economic globalization, the information society, and cultural diversification develop in an increasingly multi-polar world, peace, development, and win-win cooperation remain the irreversible trends of the times.”

One is reminded of Jesus’s own admonition: “Thou hypocrite, first cast out the beam out of thine own eye; and then shalt thou see clearly to cast out the mote out of thy brother’s eye” (Matthew 7:5). US military spending totaled $732 billion in 2019, nearly three times the $261 billion China spent.

The US, moreover, has around 800 overseas military bases, while China has just one (a small naval base in Djibouti). The US has many military bases close to China, which has none anywhere near the US. The US has 5,800 nuclear warheads; China has roughly 320. The US has 11 aircraft carriers; China has one. The US has launched many overseas wars in the past 40 years; China has launched none (though it has been criticized for border skirmishes, most recently with India, that stop short of war).

The US has repeatedly rejected or withdrawn from United Nations treaties and UN organizations in recent years, including UNESCO, the Paris climate agreement, and, most recently, the World Health Organization, while China supports UN processes and agencies. US President Donald Trump recently threatened the staff of the International Criminal Court with sanctions. Pompeo rails against China’s clampdown on its mainly Muslim Uighur population, but Trump’s former national security adviser, John Bolton, claims that Trump privately gave China’s actions a pass, or even encouraged them.

The world took relatively little notice of Pompeo’s speech, which offered no evidence to back up his claims of China’s hegemonic ambition. China’s rejection of US hegemony does not mean that China itself seeks hegemony. Indeed, outside of the US, there is little belief that China aims for global dominance. China’s explicitly stated national goals are to be a “moderately prosperous society” by 2021 (the centenary of the CPC), and a “fully developed country” by 2049 (the centennial of the People’s Republic).

Moreover, at an estimated $10,098 in 2019, China’s GDP per capita was less than one-sixth that of the US ($65,112) – hardly the basis for global supremacy. China still has a lot of catching up to do to achieve even its basic economic development goals.

Assuming that Trump loses in November’s presidential election, Pompeo’s speech will likely receive no further notice. The Democrats will surely criticize China, but without Pompeo’s brazen exaggerations. Yet, if Trump wins, Pompeo’s speech could be a harbinger of chaos. Pompeo’s evangelism is real, and white evangelicals are the political base of today’s Republican Party.

Pompeo’s zealous excesses have deep roots in American history. As I recounted in my recent book A New Foreign Policy, English protestant settlers believed that they were founding a New Israel in the new promised land, with God’s providential blessings. In 1845, John O’Sullivan coined the phrase “Manifest Destiny” to justify and celebrate America’s violent annexation of North America. “All this will be our future history,” he wrote in 1839, “to establish on earth the moral dignity and salvation of man – the immutable truth and beneficence of God. For this blessed mission to the nations of the world, which are shut out from the life-giving light of truth, has America been chosen...”

On the basis of such exalted views of its own beneficence, the US engaged in mass enslavement until the Civil War and mass apartheid thereafter; slaughtered Native Americans throughout the nineteenth century and subjugated them thereafter; and, with the closure of the Western frontier, extended Manifest Destiny overseas. Later, with the onset of the Cold War, anti-communist fervor led the US to fight disastrous wars in Southeast Asia (Vietnam, Laos, and Cambodia) in the 1960s and 1970s, and brutal wars in Central America in the 1980s.

After the September 11, 2001, terrorist attacks, the evangelical ardor was directed against “radical Islam” or “Islamic fascism,” with four US wars of choice – in Afghanistan, Iraq, Syria, and Libya – all of which remain debacles to this day. Suddenly, the supposed existential threat of radical Islam has been forgotten, and the new crusade targets the CPC.

Pompeo himself is a biblical literalist who believes that the end time, the apocalyptic battle between good and evil, is imminent. Pompeo described his beliefs in a 2015 speech while a Congressman from Kansas: America is a Judeo-Christian nation, the greatest in history, whose task is to fight God’s battles until the Rapture, when Christ’s born-again followers, like Pompeo, will be swept to heaven at the Last Judgment.

White evangelicals represent only around 17% of the US adult population, but comprise around 26% of voters. They vote overwhelmingly Republican (an estimated 81% in 2016), making them the party’s single most important voting bloc. That gives them powerful influence on Republican policy, and in particular on foreign policy when Republicans control the White House and Senate (with its treaty-ratifying powers). Fully 99% of Republican congressmen are Christian, of whom around 70% are Protestant, including a significant though unknown proportion of evangelicals. 

Of course, the Democrats also harbor some politicians who proclaim American exceptionalism and launch crusading wars (for example, President Barack Obama’s interventions in Syria and Libya). On the whole, however, the Democratic Party is less wedded to claims of US hegemony than is the Republican Party’s evangelical base.

Pompeo’s inflammatory anti-China rhetoric could become even more apocalyptic in the coming weeks, if only to fire up the Republican base ahead of the election. If Trump is defeated, as seems likely, the risk of a US confrontation with China will recede. But if he remains in power, whether by a true electoral victory, vote fraud, or even a coup (anything is possible), Pompeo’s crusade would probably proceed, and could well bring the world to the brink of a war that he expects and perhaps even seeks.

 

Jeffrey D. Sachs, Professor of Sustainable Development and Professor of Health Policy and Management at Columbia University, is Director of Columbia’s Center for Sustainable Development and the UN Sustainable Development Solutions Network. He has served as Special Adviser to three UN Secretaries-General. His books include The End of Poverty, Common Wealth, The Age of Sustainable Development, Building the New American Economy, and most recently, A New Foreign Policy: Beyond American Exceptionalism.


PS: grato ao Pedro Luiz Rodrigues pel envio da matéria.


quarta-feira, 5 de agosto de 2020

18º Congresso Brasileiro de Direito Internacional - Convite do prof. Wagner Menezes

Recebi, no mês passado, o seguinte convite do Prof. Wagner Menezes: 

São Paulo, 16 de julho de 2020. 

 

REF: Convite para ministrar Conferência no 18º Congresso Brasileiro de Direito Internacional


ILMO. EMBAIXADOR PAULO ROBERTO DE ALMEIDA


Venho, pelo presente, comunicar que o 18º Congresso Brasileiro de Direito Internacional será realizado, virtualmente, devido ao COVID-19, entre os dias 26 e 29 de agosto de 2020. O tema central desse ano é: biodiversidade, mobilidade e integração.

O Congresso é realizado ininterruptamente por 18 anos, sempre sob os auspícios das mais renomadas Universidades e Instituições de investigação brasileiras. As edições anteriores foram realizadas nos seguintes estados brasileiros: Paraná, São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Ceará, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraíba.

O Congresso é o mais importante e expressivo evento sobre Direito Internacional do país e um dos maiores eventos na área no mundo.

No Congresso, contamos com palestras ministradas pelos mais renomados internacionalistas do Brasil e do mundo, bem como autoridades diplomáticas, professores brasileiros e estrangeiros, pesquisadores e jovens estudantes. O Congresso criou mais de uma geração de brilhantes internacionalistas no país, com impactos na formação doutrinária internacional.

Nesse sentido, convidamos Vossa Senhoria para ministrar Conferência no referido evento, de acordo com sua agenda, em qualquer dos dias, no período da noite. Haverá dois painéis reservados a nossos convidados especiais: (i) 19h00 e (ii) 20h30.

A confirmação deverá ser feita pelo Sistema do Congresso, através do link: http://sistema.direitointernacional.org/convite, até o dia 27 de julho de 2020. Ao acessar o link, digite, por favor, todas as informações solicitadas no formulário. Haverá um campo “observação”, nele, solicitamos, por gentileza, que coloque alguma observação sobre algum cuidado que devamos ter ou dúvida.

Será expedido certificado pela conferência e divulgada sua participação no referido evento.

Sua presença no Congresso Brasileiro de Direito Internacional será muito importante porque sua perspectiva em muito contribuirá para o avanço dos debates científicos do Direito Internacional no país.

Caso queira enviar um artigo para publicarmos no Boletim da Sociedade Brasileira de Direito Internacional é muito bem-vindo. O envio deverá ser realizado até o dia 20 de agosto de 2020, pelo e-mail: boletim@direitointernacional.org.

Cordialmente,

 

___________________________________________

Professor Wagner Menezes

Presidente da Academia Brasileira de Direito Internacional


Já estou inscrito, e até já enviei minha colaboração: 

O Brasil e os projetos de integração regional: passado, presente e futuro”, Brasília, 5 agosto 2020, 26 p. Contribuição ao 18 Congresso Brasileiro de Direito Internacional e à publicação decorrente: Boletim da Sociedade Brasileira de Direito Internacional.


Domício da Gama, correspondente em Paris da Gazeta de Notícias, de 1888 a 1893 - livro de Franco Baptista Sandanello

Acabo de receber, este livro que se segue a estudos do organizador sobre Domício da Gama, escritor, jornalista, membro da Academia Brasileira de Letras, e que se tornou Secretário do Barão do Rio Branco desde o caso de Palmas, continuando depois na carreira diplomática até ser embaixador em Washington, chanceler (1918-1919) e embaixador em Londres.

 
Gama, Domício: 
De Paris: Domício da Gama; 

estabelecimento do textos, notas e introdução Franco Baptista Sandanello; transcrição Wellem Assunção Araújo, Franco Baptista Sandanello; revisão Vanessa de Oliveira Temporal, Franco Baptista Sandanello - 1a edição - São Paulo: Alameda, 2020, 426 p.; ISBN: 978-85-86081-15-2

Cem anos atrás, escrevendo de Paris no final de 1889, em crônica publicada na Gazeta de Notícias em 26 de janeiro de 1890, Domício descrevia algo que não nos é desconhecido nos tempos que correm:

"Corre a Europa, de S. Petersburgo a Madrid, uma epidemia de constipações violentas, a que dão os nomes esquisitos de febre dengue, influenza e outras. Dizem que é contagioso o mal e que o tempo frio e úmido favorece-0. Começa por uma febre violenta, dor de cabeça, quebramento de todo o corpo, grande prostração e não passa disso. Mas obriga ao repouso. Isso faz que nos internatos, colégios, liceus, escolas militares e quartéis, as enfermarias estando cheias, dão-se férias extraordinárias até que diminua o número de doentes." (p. 143)

Pouco antes, numa correspondência enviada em 5 de dezembro de 1889, publicada em 27 de dezembro, ele já refletia o golpe da República no Brasil:  
"Decididamente, somos uma atualidade. Continuamos sempre na primeira linha das questões interessantes, que os jornais estudam ou fingem estudar, questão múltipla, multiforme esta, com as suas faces facetas infinitas de problema social em via de solução.
Além da vulgar curiosidade que a nossa revolução desperta, ressurgem os problemas de raça e nacionalidades e predomínios, as questões políticas de unidade e federação, questões econômicas, questões sociológicas, questões de princípio, de forma, destinos, interessando a Europa pensante, que acompanha ansiosamente as fases dessa experiência política feita em grande, em vistas da lição que daí tire.
Ainda não chegaram pormenores sobre o caso, ignora-se o espírito e a tenção [sic] do movimento, assim como o sentimento de que a nação se acha animada, as resistências, as adesões, os entusiasmos, os desalentos, os ecos da opinião nacional livremente manifestada, faltam elementos para julgar, e no entanto já começam a tirar da nossa originalidade, do nosso singular deduções e argumentos em favor de quanta teoria política moderna, podem defender os homens de estado... teoristas. E mesmo os não teoristas." (p. 137).

Mais adiante, escrevendo em 20 de dezembro de 1889, Domício confirma o interesse francês pelos acontecimentos do Brasil: 
"Continua o Brasil a interessar à imprensa francesa. Já esse resultado benéfico produziu a revolução. Agora é o Temps que manda um correspondente ao Rio de Janeiro, para estudar de perto os acontecimentos da nossa crise política e comunicar-lhos." (p. 150)

Anteriormente, em 2017, Franco Sandanello já tinha publicado, pela editora da Universidade Federal do Maranhão, EDUFMA, um livro sobre o trabalho literário de Domício da Gama. Foi um estudo muito meticuloso realizado na França, durante o período de pós-doutorado dele:
Domício da Gama e o impressionismo literário no Brasil

Nesse primeiro livro, ele fez uma análise dos contos do Domício da Gama, propondo uma associação do autor com o impressionismo literário. 

São mais de mil páginas de estudo. O livro está disponível na íntegra em e-book nos sites do Academia.edu:  https://www.academia.edu/31464914/Dom%C3%ADcio_da_Gama_e_o_impressionismo_liter%C3%A1rio_no_Brasil 
e no Archive.org:  

Recomendo ambos livros, para os que apreciam belos contos (no livro de 2017) e saborosas crônicas literárias e jornalísticas.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 5 de agosto de 2020