Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
domingo, 20 de outubro de 2024
Uma declaração de invejável atualidade - Paulo Roberto de Almeida
Uma declaração de invejável atualidade
Paulo Roberto de Almeida
Parece, de fato, extremamente atual:
"É necessário opormo-nos a todas as ideias tendentes à criação de sistemas que possam desfechar na hegemonia de uma nação sobre outras, tanto quanto no domínio dos fortes sobre os fracos. O mundo não mais tolera impérios cesaristas erigidos e suportados pela força e tendo a pretensão de submeter as outras soberanias. Passou o tempo em que a classificação das nações se fazia de acordo com a extensão e a qualidade do seu poderio militar... A força das armas cede caminho à da razão. A violência recua ante as prerrogativas da justiça. O egoísmo nacionalista se desvanece em face do impulso pela política de cooperação, fraternidade e paz."
Parece atual, mas não é. A frase foi pronunciada por Afrânio de Melo Franco, pai de Afonso Arinos, ele chanceler do governo provisório de Getúlio Vargas, em 1934, em alocução feita no aniversário do armistício de 1918, em 11 de novembro de 1934, quando ele já tinha deixado a chancelaria brasileira, em cerimônia internacional promovida pela Columbia University, sob os auspícios da Fundação Carnegie para a Paz, para a qual tinha sido convidado em sua condição pessoal de grande estadista. Afonso Arinos de Melo Franco, filho de Afrânio, que também presidiu uma Comissão Constitucional prévia à Constituinte de 1987-88 – o pai tinha feita a sua, também no Itamaraty do Rio, em 1934 –, foi igualmente chanceler duas vezes nos anos 1960, a primeira no governo presidencial de Jânio Quadros, a segunda num dos gabinetes do governo parlamentarista de João Goulart.
A despeito do otimismo de Afrânio, o despotismo dos fortes, antes Hitler, agora Putin, continua a prevalecer.
Fonte: Afonso Arinos, Um Estadista da República, vol. III – Fase Internacional, 1955, p. 1518.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Postagem em destaque
Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida
Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...
-
Uma preparação de longo curso e uma vida nômade Paulo Roberto de Almeida A carreira diplomática tem atraído número crescente de jovens, em ...
-
FAQ do Candidato a Diplomata por Renato Domith Godinho TEMAS: Concurso do Instituto Rio Branco, Itamaraty, Carreira Diplomática, MRE, Diplom...
-
Países de Maior Acesso aos textos PRA em Academia.edu (apenas os superiores a 100 acessos) Compilação Paulo Roberto de Almeida (15/12/2025) ...
-
Mercado Comum da Guerra? O Mercosul deveria ser, em princípio, uma zona de livre comércio e também uma zona de paz, entre seus próprios memb...
-
Reproduzo novamente uma postagem minha de 2020, quando foi publicado o livro de Dennys Xavier sobre Thomas Sowell quarta-feira, 4 de março...
-
Itamaraty 'Memórias', do embaixador Marcos Azambuja, é uma aula de diplomacia Embaixador foi um grande contador de histórias, ...
-
Israel Products in India: Check the Complete list of Israeli Brands! Several Israeli companies have established themselves in the Indian m...
-
Pequeno manual prático da decadência (recomendável em caráter preventivo...) Paulo Roberto de Almeida Colaboração a número especial da rev...
-
O Brics vai de vento em popa, ao que parece. Como eu nunca fui de tomar as coisas pelo seu valor de face, nunca deixei de expressar meu pen...
Nenhum comentário:
Postar um comentário