O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

domingo, 28 de junho de 2015

Petrolao elevado a vigesima potencia: a roubalheira petralha denunciada - Veja

Teor integral da matéria da revista Veja sobre a delação premiada de um dos chefes das empresas extorquidas pelo PT, que resolveu contar tudo, com documentos em apoio.
Paulo Roberto de Almeida


À sombra do empreiteiro
 Revista Veja, 27 de junho de 2015

Ricardo Pessoa revela detalhes do esquema de corrupção da Petrobras e entrega a lista dos beneficiados com o dinheiro desviado: as campanhas eleitorais de Dilma e Lula, deputados, senadores e ministros do governo

A LISTA DOS ACUSADOS


Campanha de Dilma em 2014 7,5 milhões de reais
Campanha de Lula em 2006 2,4 milhões de reais
Ministro Edinho Silva (PT) *

Ministro Aloizio Mercadante (PT) 250 000 reais

Senador Fernando Collor (PTB) 20 milhões de reais
Senador Edison Lobão (PMDB) 1 milhão de reais

Senador Gim ArgelIo (PTB) 5 milhões de reais
Senador Ciro Nogueira (PP) 2 milhões de reais

Senador Aloysio Nunes (PSDB) 200 000 reais

Senador Benedito de Lira (PP) 400 000 reais

Deputado José de Fillipi (PT) 750 000 reais

Deputado Arthur Lira (PP) 1 milhão de reais

Deputado Júlio Delgado (PSB) 150 000 reais

Deputado Dudu da Fonte (PP) 300 000 reais

Prefeito Fernando Haddad (PT) 2,6 milhões de reais
O ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto 15 milhões de reais
O ex-ministro José Dirceu 3,2 milhões de reais
O ex-presidente da Transpetro Sergio Machado 1 milhão de reais
*COMO TESOUREIRO, ARRECADOU DINHEIRO PARA A CAMPANHA DE DILMA DE 2014

Achaque na campanha 2014
Ricardo Pessoa, dono da construtora UTC, tem contratos bilionários com o governo. Ele é apontado como o chefe do clube dos empreiteiros investigados pela Operação Lava-Jato e contratante das palestras do ex-presidente Lula. Desde a sua prisão, em novembro passado, ele ameaça contar em detalhes como petistas e governistas graúdos se beneficiaram do maior esquema de corrupção da história brasileira. Nos últimos meses, Pessoa pressionou os detentores do poder — por meio de bilhetes escritos a mão — a ajudá-lo a sair da cadeia e livrá-lo de uma condenação pesada. Ao mesmo tempo, negociava com as autoridades um acordo de delação premiada, em que se oferecia para revelar o muito que testemunhou graças ao acesso privilegiado aos gabinetes de Brasília. O Ministério Público queria extrair dele todos os segredos da engrenagem criminosa que desviou pelo menos 6 bilhões de reais dos cofres públicos. Essa negociação arrastada e difícil acabou na última semana, quando o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), homologou o acordo de colaboração firmado entre o empresário e os procuradores.

VEJA teve acesso aos termos desse acerto. O conteúdo é demolidor. As confissões do empreiteiro deram origem a quarenta anexos recheados de planilhas e documentos que registram o caminho do dinheiro sujo. Em cinco dias de depoimentos prestados em Brasília, Pessoa descreveu como financiou campanhas à margem da lei e distribuiu propinas. Ele disse que usou dinheiro do petrolão para bancar despesas de dezoito figuras coroadas da República. Foi com a verba desviada da estatal que a UTC doou dinheiro às campanhas de Lula em 2006 e de Dilma em 2014. Foi com ela também que garantiu o repasse de 3,2 milhões de reais a José Dirceu, uma ajudinha providencial para que o mensaleiro pagasse suas despesas pessoais. A UTC ascendeu ao panteão das grandes empreiteiras nacionais nos governos do PT. Ao Ministério Público, Pessoa fez questão de registrar que essa caminhada foi pavimentada com propinas. Altas somas. O empreiteiro delatou ao STF essas somas que entregou aos donos do poder, segundo ele, mediante achaques e chantagens. Relatou que teve três encontros em 2014 com Edinho Silva, tesoureiro da campanha de Dilma e atual ministro de Comunicação Social. Nos encontros, disse, ironicamente, ter sido abordado "de maneira bastante elegante". Contou ele: "O Edinho me disse: "Você tem obras na Petrobras e tem aditivos, não pode só contribuir com isso. Tem que contribuir com mais. Eu estou precisando"". A abordagem elegante lhe custou 10 milhões de reais, dados à campanha de Dilma. Um servidor do Palácio chamado Manoel de Araújo Sobrinho acertou os detalhes dos pagamentos diretamente com Pessoa. Documentos entregues pelo empresário mostram que foram feitos dois depósitos de 2,5 milhões de reais cada um, em 5 e 30 de agosto de 2014. Depois dos pagamentos, Sobrinho acertou com o empreiteiro o repasse de outros 5 milhões para o caixa eleitoral de Dilma. Pessoa entregou metade do valor pedido e se comprometeu a pagar a parcela restante depois das eleições. Só não cumpriu o prometido porque foi preso antes. Doar para campanhas não é crime, desde que a operação seja declarada e os recursos tenham origem lícita. Foi assim? Pessoa deixou claro que não. "O senhor tem obras no governo e na Petrobras. O senhor quer continuar tendo?", disse-lhe Edinho Silva. Fica a indagação para a Justiça: ameaçar doadores de campanha é lícito?

Senha: tulipa?...Contrasenha: caneco!

A campanha de Lula à reeleição recebeu dinheiro sujo das empreiteiras envolvidas no petrolão
Em 2006, Lula conquistou um novo mandato ao derrotar, em segundo turno, o tucano Geraldo Alckmin. Com a vitória, ele adotou como prática zombar dos efeitos eleitorais do mensalão, descoberto um ano antes e até então o maior esquema de corrupção política da história do país. As denúncias de compra de apoio parlamentar, dizia o líder petista, não haviam sido capazes de conter o projeto de poder do partido. Também pudera. Sem que ninguém soubesse, na campanha à reeleição, Lula contou com a ajuda do petrolão e recebeu uma bolada desviada dos cofres da Petrobras. Segundo o empreiteiro Ricardo Pessoa, a UTC contribuiu com 2,4 milhões de reais em dinheiro vivo para a campanha à reeleição de Lula, numa operação combinada diretamente com José de Filippi Júnior, que era o tesoureiro da campanha e hoje trabalha como secretário de Saúde da cidade de São Paulo. Para viabilizar a entrega do dinheiro e manter a ilegalidade em segredo, o empreiteiro amigo de Lula e o tesoureiro do presidente-candidato montaram uma operação clandestina digna dos enredos rocambolescos de filmes sobre a máfia.
Pessoa contou aos procuradores que ele, o executivo da UTC Walmir Pinheiro e um emissário da confiança de ambos levavam pessoalmente os pacotes de dinheiro ao comitê da campanha presidencial de Lula. Para não chamar a atenção de outros petistas que trabalhavam no local, a entrega da encomenda era precedida de uma troca de senhas entre o pagador e o beneficiário. Ao chegar com a grana, Pessoa dizia "tulipa". Se ele ouvia como resposta a palavra "caneco", seguia até a sala de Filippi Júnior. A escolha da senha e da contrassenha foi feita por Pessoa com emissários do tesoureiro da campanha de Lula numa choperia da Zona Sul de São Paulo. Antes de chegar ao comitê eleitoral, a verba desviada da Petrobras percorria um longo caminho. Os valores saíam de uma conta na Suíça do consórcio Quip, formado pelas empresas UTC, lesa, Camargo Corrêa e Queiroz Galvão, que mantém contratos milionários com a Petrobras para a construção das plataformas P-53, P-55 e P-63. Em nome do consórcio, a empresa suíça Quadrix enviava o dinheiro ao Brasil. A Quadrix também transferiu milhares de dólares para contas de operadores ligados ao PT.
Pessoa entregou aos investigadores as planilhas com todas as movimentações realizadas na Suíça. Os pagamentos via caixa dois são a primeira prova de que o ex-presidente Lula foi beneficiado diretamente pelo petrolão. Até agora, as autoridades tinham informações sobre as relações lucrativas do petista com grandes empreiteiras investigadas na Operação Lava-Jato, mas nada comparável ao testemunho e aos dados apresentados pelo dono da UTC. Depois de deixar o governo, Lula foi contratado como palestrante por grandes empresas brasileiras. Documentos obtidos pela Polícia Federal mostram que ele recebeu cerca de 3,5 milhões de reais da Camargo Corrêa. Parte desse dinheiro foi contabilizada pela construtora como "doações" e "bônus eleitorais" pagos ao Instituto Lula. Conforme revelado por VEJA, a OAS também fez uma série de favores pessoais ao ex-presidente, incluindo a reforma e a construção de imóveis usados pela família dele. UTC, Camargo Corrêa e OAS estão juntas nessa parceria. De diferente entre elas, só as variações dos apelidos, das senhas e das contrassenhas. "Brahma", "tulipa" e "caneco", porém, convergem para um mesmo ponto.

O homem do "pixuleco"
Homem do dinheiro, João Vaccari Neto é citado em diferentes trechos da delação de Ricardo Pessoa. O tesoureiro do PT aparece cobrando propina, recebendo propina, tratando sobre propina. O empreiteiro contou que conheceu Vaccari durante o primeiro governo Lula, mas foi só a partir de 2007 que a relação entre os dois se intensificou. Por orientação do então diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque, um dos presos da Operação Lava-Jato, Pessoa passou a tratar das questões financeiras da quadrilha diretamente com o tesoureiro. A simbiose entre corrupto e corruptor era perfeita, a ponto de o dono da UTC em suas declarações destacar o comportamento diligente do tesoureiro: "Bastava a empresa assinar um novo contrato com a Petrobras que o Vaccari aparecia para lembrar: "Como fica o nosso entendimento político?"". A expressão "entendimento político", é óbvio, significava pagamento de propina no dialeto da quadrilha. Aliás, propina, não. Vaccari, ao que parece, não gostava dessa palavra.
Como eram dezenas de contratos e centenas as liberações de dinheiro, corrupto e corruptor se encontravam regularmente para os tais "entendimentos políticos". João Vaccari era conhecido pelos comparsas como Moch, uma referência à sua inseparável mochila preta. Ele se tornou um assíduo freqüentador da sede da UTC em São Paulo. Segundo os registros da própria empreiteira, para não chamar atenção, o tesoureiro buscava "as comissões" na empresa sempre nos sábados pela manhã. Ele chegava com seu Santa Fé prata, pegava o elevador direto para a sala de Ricardo Pessoa, no 9Q andar do prédio, falava amenidades por alguns minutos e depois partia para o que interessava. Para se proteger de microfones, rabiscava os valores e os porcentuais numa folha de papel e os mostrava ao interlocutor. O tesoureiro não gostava de mencionar a palavra propina, suborno, dinheiro ou algo que o valha. Por pudor, vergonha ou por mero despiste, ele buscava o "pixuleco". Assim, a reunião terminava com a mochila do tesoureiro cheia de "pixulecos" de 50 e 100 reais. Mas, antes de sair, um último cuidado, segundo narrou Ricardo Pessoa: "Vaccari picotava a anotação e distribuía os pedaços em lixos diferentes". Foi tudo filmado.

Propina de 15 milhões
Foi quanto a UTC pagou ao PT por um único contrato na Petrobras
Uma parte da delação premiada de Ricardo Pessoa se dedica exclusivamente ao sistema de arrecadação de propina montado por João Vaccari Neto, que está preso em Curitiba sob a acusação de operar a coleta do "pixuleco" que as empreiteiras do petrolão reservavam ao partido do governo. O empreiteiro conta que só por uma única obra da Petrobras, a construção do Comperj, no Rio de Janeiro, a UTC destinou nada menos que 15 milhões de reais ao caixa clandestino do PT. Pessoa diz que o pagamento da propina era condição para que a empreiteira fosse escolhida para tocar o empreendimento. O Comperj, um complexo petroquímico projetado para ampliar a capacidade de refino da Petrobras, começou a ser construído em 2006. Foi orçado inicialmente em 6,1 bilhões de dólares, mas a conta já passa de 30 bilhões — e não há nem sinal de quando vai funcionar. O pacote de obras foi dividido. A UTC de Ricardo Pessoa ficou com o maior contrato, de 11,5 bilhões de reais, em consórcio com a Odebrecht e com a japonesa Toyo.
Pessoa contou também aos investigadores que o pagamento das "comissões" ficou a cargo dos integrantes do consórcio. A UTC foi encarregada de pagar ao PT. A Odebrecht, segundo ele, ficou responsável pelo suborno aos políticos do Partido Progressista (PP), representado nas negociações pelo então diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, e pelo doleiro Alberto Youssef. Os pagamentos de propina ao PT não se limitavam ao período eleitoral. Eram feitos, segundo o empreiteiro, "de modo contínuo", seja por meio de doações oficiais, seja por repasses de dinheiro vivo. Nessa segunda modalidade, a transação era pilotada diretamente com Vaccari nos encontros realizados na sede da UTC e retratados na reportagem anterior. Nos documentos que anexou ao processo, Ricardo Pessoa incluiu vídeos das câmeras de segurança da empresa que colocam o tesoureiro petista na cena do crime.
As planilhas em poder do Ministério Público demonstram que os repasses eram cuidadosamente contabilizados pelo empreiteiro, como se fosse uma conta-corrente. Havia a coluna dos "créditos" que o tesoureiro recebia como propina das obras da Petrobras e a dos "débitos" com as deduções de pagamentos solicitados por Vaccari ou pelo PT, como as "consultorias" fajutas do ex-ministro José Dirceu. Sob o título "JVN-PT" (João Vaccari Neto-PT), o documento traz valores pagos entre 2008 e 2013. Pessoa também informou os números dos telefones celulares a que Vaccari costumava atender — e listou encontros em hotéis de Copacabana, no Rio de Janeiro, onde se reuniu com o petista para tratar do rateio da propina. "Nas principais obras da Petrobras existia um arranjo entre empresas concorrentes, que funcionava por intermédio de um pacto de não agressão e de fixação de prioridades na obra." O empreiteiro disse que pagava a propina ao PT para "evitar dificuldades no futuro e para manter a engrenagem funcionando".

5 milhões: O preço de uma CPI
Foi quanto Gim Argello cobrou para "matar" a CPI da Petrobras em 2014
Quando parlamentares se empenharam em criar uma CPI para investigar denúncias de corrupção na Petrobras, em meados do ano passado, todos sabiam o potencial de destruição que o caso tinha. Instalada no Senado logo depois das primeiras revelações da Operação Lava-Jato, a comissão foi encerrada sem apurar absolutamente nada. E não foi por incompetência, negligência nem omissão. Sabe-se agora que congressistas foram pagos para fechar os olhos diante das evidências de corrupção. Enquanto posavam perante as câmeras como defensores do contribuinte, nos bastidores os principais integrantes da CPI extorquiam os empresários investigados pela Polícia Federal. 
A tática é antiga: os senadores anunciam a intenção de convocar para depor os empreiteiros envolvidos no escândalo e depois negociam a não convocação. Ricardo Pessoa corria o risco de ser intimado a depor, e ele mesmo se encarregou de contornar o problema. Mas custou caro. Uma bolada de 5 milhões de reais.
O pagamento, segundo ele, foi negociado pelo dono da UTC diretamente com o então senador Gim Argello, líder do PTB e vice-presidente da comissão. O empresário contou aos investigadores que as tratativas ocorreram por meio do senador porque ele exercia "forte influência" sobre o presidente da CPI, Vital do Rêgo, o atual ministro do Tribunal de Contas da União, e sobre o relator da comissão, o deputado Marco Maia (PT-RS). Na "conversa" com Argello em Brasília, Ricardo Pessoa foi orientado a pagar os 5 milhões de reais em forma de "doações oficiais" da UTC. O empreiteiro entregou às autoridades uma lista dos partidos que foram usados para receber o dinheiro e o nome do operador do esquema, um lobista chamado Paulo Roxo. Além de Gim Argello, Pessoa cita o nome do deputado Júlio Delgado (PSB-MG), que, segundo ele, ganhou 150 000 reais na mesma operação.

Consultoria na Papuda
A consultoria que não era consultoria
Depois de cair em desgraça durante o escândalo do mensalão, em 2005, o ex-ministro José Dirceu começou a atuar como lobista nos bastidores do governo. Como a Operação Lava-Jato já mostrou, as "consultorias" prestadas por Dirceu a empreiteiras e outras empresas com interesses na máquina pública renderam ao mensaleiro uma fortuna de 39 milhões de reais. 
Quando essa informação emergiu, Dirceu defendeu-se dizendo que havia realizado um trabalho legítimo de consultoria. As suspeitas de que contratos desses serviços seriam, na verdade, simulacros para esconder propina das obras da Petrobras eram refutadas com veemência pelos advogados do ex-ministro, que, temendo voltar à cadeia, e para provar que agia dentro da legalidade, se antecipou e encaminhou à Justiça cópias de todos os contratos assinados e a relação de seus clientes. Embora suspeito, parecia legal.
 A delação de Ricardo Pessoa, no entanto, mostra o que realmente fazia o consultor Dirceu. Ou melhor, o que não fazia. O dono da UTC contou aos investigadores que foi procurado pelo ex-ministro em meados de 2012. Dirceu, que exercia forte influência sobre os operadores petistas da Petrobras — Renato Duque, por exemplo, o diretor de Serviços que está preso, foi colocado no cargo por Dirceu —, ofereceu ao empreiteiro os seus serviços de consultor na prospecção de obras para a UTC junto ao governo do Peru. Ciente de que negar dinheiro a Dirceu poderia ser o começo de graves problemas nos contratos da Petrobras, o empreiteiro não teve dúvida. Fechou um contrato de 1,4 milhão de reais com o mensaleiro. Trabalho? Promessas de abrir portas para a empreiteira em países da América Latina. Nada aconteceu.
Um ano depois, porém, a UTC renovou o contrato de consultoria por mais 906 000 reais. No ano seguinte, ainda sem ver nenhum resultado no trabalho do consultor, Ricardo Pessoa assinou um segundo aditivo, dessa vez no valor de 840000 reais. E eis que surge a prova de que não havia mesmo serviço algum a ser prestado. O empreiteiro contou aos investigadores que, em plena vigência do primeiro aditivo, José Dirceu foi preso por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF). Recolhido ao Complexo da Papuda, em Brasília, o ex-ministro não teria mais como prospectar negócios para quem quer que fosse, muito menos em outro país. 
Mas Dirceu era Dirceu. A pedido do próprio mensaleiro, que alegava passar por dificuldades financeiras, a UTC continuou pagando a ele os gordos honorários. O dinheiro era entregue ao irmão, Luiz Eduardo, e era debitado diretamente da conta-corrente de propina que a UTC administrava por intermédio de João Vaccari Neto. Aliás, Ricardo Pessoa revelou que acertou a mesada de José Dirceu com o tesoureiro do PT, que autorizou o repasse de parte da propina diretamente ao mensaleiro. Assim como nos demais casos, Pessoa entregou ao Ministério Público toda a contabilidade do dinheiro pago ao ex-todo-poderoso chefe da Casa Civil do governo Lula. Também dissecou os pagamentos detalhados do PT que, por ordem de Vaccari, foram canalizados para José Dirceu com o objetivo de quitar despesas pessoais e pagar aos seus advogados enquanto estava na cadeia.

Conexão no TCU
A UTC pagava por informações privilegiadas e acesso ao Tribunal de Contas da União
Além de pagar propina para obter contratos no governo federal, o empreiteiro Ricardo Pessoa mantinha uma rede de informantes em órgãos considerados estratégicos pela UTC. Um deles era o Tribunal de Contas da União (TCU). Na corte, que tem por atribuição fiscalizar o andamento das obras, identificar sinais de superfaturamento e punir eventuais desvios, o contato do empreiteiro era Tiago Cedraz, um jovem advogado de Brasília cujo escritório virou grife entre as bancas da capital por causa do sobrenome que carrega. Tiago é filho do atual presidente do TCU, Aroldo Cedraz. Segundo Pessoa, o advogado tinha acesso privilegiado a informações valiosas de interesse da UTC. O empreiteiro contou aos procuradores que, desde junho de 2012, o jovem Cedraz atuava como uma espécie de espião da UTC no TCU. Sem nenhum contrato ou registro em notas fiscais, Pessoa diz que pagava mensalmente a Tiago 50 000 reais em dinheiro vivo para obter o que ele chama de "informações de inteligência". O objetivo do empreiteiro era antecipar-se às ações de fiscalização dos auditores do TCU e, assim, evitar problemas.
O advogado também alertava o empreiteiro quando um processo de interesse da UTC estava prestes a ser julgado pelos ministros — e atuava para solucionar a pendenga. Segundo Pessoa, Tiago dizia que tinha acesso irrestrito ao tribunal, inclusive na área técnica. "Tiago não chegava a antecipar o resultado do julgamento, mas, diante da notícia de um possível resultado negativo, avisava "tem de tirar de pauta, se não vai dar problema" ", contou o empreiteiro. Ao ser perguntado sobre o porquê de ter feito os pagamentos, confessou, sem meias palavras: "contratar um tráfico de influência no TCU". Além dos pagamentos mensais, Tiago Cedraz era remunerado quando havia uma questão mais grave a ser solucionada. Para fazer lobby em defesa da UTC num processo sobre a construção da usina nuclear de Angra 3, recebeu um extra de 1 milhão de reais, segundo Ricardo Pessoa. O pagamento foi feito em espécie, em 23 de janeiro do ano passado. Uma parte do valor foi entregue em Brasília e a outra, retirada na sede da UTC. Os repasses a ele constam numa planilha intitulada "Tiago BSB", com 25 pagamentos feitos ao filho do ministro do TCU. Pessoa contou que, por vezes, o tesoureiro do partido Solidariedade, Luciano Araújo, retirava valores em nome de Tiago Cedraz. A VEJA, ele afirmou que nunca patrocinou nenhum caso da UTC no TCU e disse que está "à disposição das autoridades para fornecer as informações necessárias à correta compreensão dos fatos".

O senador de 20 milhões
Foi quanto o grupo de Fernando Collor embolsou num único negócio
Em troca de manter o seu apoio ao governo Lula, o senador Fernando Collor (PTB-AL) conseguiu emplacar o engenheiro José Zonis na diretoria de Operações e Logística da BR Distribuidora, uma subsidiária da Petrobras. Um excelente negócio — principalmente para o bolso do próprio senador. Depois da posse do diretor, Ricardo Pessoa foi procurado pelo empresário Pedro Paulo Leoni Ramos. Ex-ministro de Collor e amigo pessoal do ex-presidente, "PP", como é conhecido, falou abertamente de seus planos. Disse que a BR Distribuidora estava no raio de influência dele e ofereceu à UTC um pacote de 650 milhões de reais em contratos com a estatal. Em contrapartida, queria uma "comissão". Para convencer o empreiteiro, deixou claro que seu fiador no negócio era o amigo "Fernando" e, para provar que não era blefe, levou Ricardo Pessoa até José Zonis para uma primeira aproximação. O dono da UTC contou aos investigadores que, após a reunião com o diretor, a empreiteira aceitou o acordo, ganhou os contratos e pagou a Pedro Paulo e a Fernando Collor nada menos que 20 milhões de reais.
Questionado sobre o suborno, Pessoa esclareceu que seguira a tabela de corrupção da Petrobras durante o governo Lula — o padrão de 3% sobre o montante do contrato. O empreiteiro entregou ao Ministério Público as planilhas com a data dos desembolsos e narrou detalhes de como o dinheiro foi repassado a Pedro Paulo Leoni Ramos. Disse que só aceitara fechar o negócio, inclusive adiantando parte do suborno, por saber que o senador alagoano estava por trás das tratativas. 
O ex-presidente da República é investigado pelo Ministério Público e pela Polícia Federal desde o início da Operação Lava-Jato. Em abril do ano passado, os investigadores apreenderam no escritório do doleiro Alberto Youssef, um dos operadores do esquema de corrupção na Petrobras, comprovantes de depósitos bancários na conta pessoal de Fernando Collor — num total de 50 000 reais. Quantia pequena se comparada aos volumes de propina movimentados pelos principais corruptos identificados até agora. Era apenas o começo. 
Em delação premiada, Rafael Ângulo, outro envolvido no escândalo, disse às autoridades que, em 2012, entregou outros 60 000 reais em dinheiro a Collor num apartamento em São Paulo. Mesmo assim parecia um suborno ínfimo para alguém com a biografia do ex-presidente. Com o depoimento de Ricardo Pessoa, fica evidente que tanto os depósitos em conta-corrente como os valores entregues em domicílio não passavam de gorjeta. Organizado, o empreiteiro anotou numa tabela as propinas repassadas ao grupo do senador. Os pagamentos começaram em dezembro de 2010 e se estenderam até julho de 2012, quando José Zonis se desentendeu com os padrinhos e acabou deixando a Petrobras. Para garantir os contratos, o empreiteiro deu um sinal de 2 milhões de reais e mais vinte parcelas de 900000. Total: 20 milhões. O típico mensalão.

A turma do caixa dois
A UTC, como praticamente todas as grandes empreiteiras, financiou muitos políticos e partidos. Apenas na campanha de 2014, a empresa distribuiu quase 55 milhões de reais em doações eleitorais, incluindo aquelas que camuflavam o dinheiro desviado dos contratos superfaturados da Petrobras. Ao seu acordo de delação, Ricardo Pessoa anexou uma lista com todas as contribuições da empreiteira — as legais, as aparentemente legais e as completamente ilegais. A relação dos clientes dessa última categoria compromete figuras importantes da República.  
Segundo o empreiteiro, o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, recebeu 500 000 reais para a sua campanha ao governo de São Paulo, em 2010
Desse total, 250000 reais foram repassados ao ministro em dinheiro vivo. Mercadante nega: "Desconheço qualquer ação não contabilizada para a minha campanha". O caixa dois do empreiteiro envolve também o ex-tesoureiro das campanhas de Lula e de Dilma, o atual secretário de Saúde da prefeitura de São Paulo, José de Filippi Júnior. Ele recebeu 150 000 reais em doação oficial da UTC e outros 750 000 reais por fora para a sua campanha a deputado, em 2010. Para não chamar atenção, segundo Ricardo Pessoa, Filippi mandava um taxista de sua confiança buscar os pacotes de dinheiro na sede da empresa. 
O caixa dois do tesoureiro está registrado na planilha "Filippi Diadema" entregue pelo empreiteiro aos investigadores da Lava-Jato.
A lista dos beneficiários é extensa e envolve políticos de vários partidos. O senador Aloysio Nunes Ferreira recebeu 300 000 reais oficialmente e outros 200 000 reais em dinheiro. Constam ainda o senador Ciro Nogueira (2 milhões), o senador Benedito de Lira (400 000), o deputado Artur Lira (1 milhão) e o mensaleiro Valdemar Costa Neto (200000). Na campanha de 2012, quem recebeu recursos de maneira irregular foi o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad.
Pessoa contou aos investigadores que foi procurado por João Vaccari, que pediu a ele que pagasse uma dívida de 2,6 milhões de reais do PT com uma gráfica. O gasto foi descontado da conta-corrente clandestina que o PT deixava sob a administração da UTC. 
Pessoa também revelou que pagava para não ter problemas. O senador Edison Lobão recebeu 1 milhão de reais para não atrapalhar as pretensões da empresa nas obras de Angra 3. Já o ex-senador Sergio Machado recebeu 1 milhão de reais como retribuição pelas gentilezas durante o período em que presidiu a Transpetro, uma subsidiária da Petrobras. As operações políticas, quase sempre, eram bem-sucedidas. A exceção foi o deputado Dudu da Fonte. Líder do PP na Câmara, ele recebeu 300000 reais da UTC em troca de indicação da empreiteira para uma obra no Paraná. Ricardo Pessoa pagou, mas disse que, nesse caso, levou um tremendo "passa-moleque" do deputado. Todos os citados negam ter recebido dinheiro de caixa dois.

sábado, 27 de junho de 2015

A mafia que tomou de assalto o Brasil - Reinaldo Azevedo

Apenas registrando para benefício da história. Eu nunca disse outra coisa: desde o início afirmei que estávamos sendo governados por uma máfia. Estou enganado?
Paulo Roberto de Almeida 

A economia vai mal. Muito mal. Mas a política está muito pior. É discutível se a crise econômica piora a política, mas é certo que a crise política piora a economia. É a fraqueza do governo que dá as cartas. Dilma não sabe o que dizer, o que fazer, o que anunciar. E, um ano e três meses depois de iniciada a operação Lava Jato — depois de muitos desacertos, ainda em curso, protagonizados também pela Procuradoria Geral da República, sob o comando de Rodrigo Janot, e pelo juiz Sérgio Moro —, eis que cai a máscara, eis que a verdade se desnuda: UMA VERDADEIRA MÁFIA TOMOU CONTA DO ESTADO BRASILEIRO. E ELA PRECISA SER TIRADA DE LÁ PELA LEI.

Vá à banca mais próxima e adquira um documento: a edição desta semana da revista VEJA. Em 12 páginas, você lerá, no detalhe, como atuou — atua ainda? — a máfia que tomou conta do Brasil e como se construiu o establishment político que nos governa. O empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC e ex-amigo pessoal de Luiz Inácio Lula da Silva, resolveu contar tudo. Ficou preso mais de cinco meses. Só fez o acordo de delação premiada depois de ter deixado a cadeia. ESTE BLOGUEIRO FALASTRÃO, COMO LULA ME CLASSIFICOU NO CONGRESSO DO PT, SENTE-SE, DE ALGUM MODO, VINGADO. Vingado também contra as hostes da desqualificação e do cretinismo da esquerda e da direita burra e desinformada. NÃO HÁ NEM NUNCA HOUVE CARTEL DE EMPREITEIRAS, COMO SEMPRE SUSTENTEI. O QUE SE CRIOU NO BRASIL FOI UMA ESTRUTURA MAFIOSA DE ACHAQUE.

É claro que as empreiteiras praticaram crimes também. Mas não o de formação de cartel. Insistir na tese do cartel CORRESPONDE A NEGAR A ESSÊNCIA DO MODELO QUE NOS GOVERNA.

O achaque
VEJA teve acesso ao conteúdo da delação premiada de Ricardo Pessoa, homologada pelo ministro Teori Zavascki. É demolidor. Segue, em azul, um trecho do que vai na revista:

Em cinco dias de depoimentos prestados em Brasília, Pessoa descreveu como financiou campanhas à margem da lei e distribuiu propinas. Ele disse que usou dinheiro do petrolão para bancar despesas de dezoito figuras coroadas da República. Foi com a verba desviada da estatal que a UTC doou dinheiro às campanhas de Lula em 2006 e de Dilma em 2014. Foi com ela também que garantiu o repasse de 3,2 milhões de reais a José Dirceu, uma ajudinha providencial para que o mensaleiro pagasse suas despesas pessoais.

A UTC ascendeu ao panteão das grandes empreiteiras nacionais nos governos do PT. Ao Ministério Público, Pessoa fez questão de registrar que essa caminhada foi pavimentada com propinas. O empreiteiro delatou ao STF essas somas que entregou aos donos do poder, segundo ele, mediante achaques e chantagens. Relatou que teve três encontros em 2014 com Edinho Silva, tesoureiro da campanha de Dilma e atual ministro de Comunicação Social.

Nos encontros, disse, ironicamente, ter sido abordado “de maneira bastante elegante”. Contou ele: “O Edinho me disse: ‘Você tem obras na Petrobras e tem aditivos, não pode só contribuir com isso. Tem que contribuir com mais. Eu estou precisando”. A abordagem elegante lhe custou 10 milhões de reais, dados à campanha de Dilma. Um sservidor do Palácio chamado Manoel de Araújo Sobrinho acertou os detalhes dos pagamentos diretamente com

Documentos entregues pelo empresário mostram que foram feitos dois depósitos de 2,5 milhões de reais cada um, em 5 e 30 de agosto de 2014. Depois dos pagamentos, Sobrinho acertou com o empreiteiro o repasse de outros 5 milhões para o caixa eleitoral de Dilma. Pessoa entregou metade do valor pedido e se comprometeu a pagar a parcela restante depois das eleições. Só não cumpriu o prometido porque foi preso antes.
(…)

Retomo
Edinho, claro, nega. Será preciso agora saber quem é o tal Manoel Araújo Sobrinho, que tem de ser convocado pela CPI nas primeiras horas da segunda-feira. Ricardo Pessoa sempre foi considerado o homem-bomba do caso, muito especialmente por Lula e pelo Palácio do Planalto. Ele é apontado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público como o coordenador do “Clube do Bilhão”. O nome é meio boboca, e duvido que tenha existido algo parecido. Mas é inegável que ele exercia uma espécie de liderança política entre os empresários.

Escrevi aqui umas quinhentas vezes que INSISTIR NA TESE DO CARTEL CORRESPONDIA A NEGAR A NATUREZA DO JOGO. Empresas, quando se cartelizam, fazem uma vítima do outro lado. Sim, as vítimas da roubalheira são os brasileiros, é inegável. Mas, do outro lado da negociação com as empreiteiras, estava a Petrobras, a contratadora única, que determinava os preços, e no comando da empresa, a máfia que tomou conta do governo e impunha as suas vontades.

Máfia cachaceira
Quando falo em máfia, não forço a mão nem recorro a uma figura de linguagem. Havia até senha secreta para entregar dinheiro aos petistas, segundo Ricardo Pessoa. As palavras, nem poderia ser diferente, referem-se, vamos dizer, ao universo alcoólico. Tudo compatível com um Poderoso Chefão chamado “Brahma”. Leiam esta passagem da reportagem, em que o empreiteiro conta como era entregue O DINHEIRO VIVO AO TESOUREIRO DA CAMPANHA DE LULA, EM 2006.

Segundo o empreiteiro Ricardo Pessoa, a UTC contribuiu com 2,4  milhões de reais em dinheiro vivo para a campanha à reeleição de Lula, numa operação combinada diretamente com José de Filippi Júnior, que era o tesoureiro da campanha e hoje trabalha como secretário de Saúde da cidade de São Paulo.

Para viabilizar a entrega do dinheiro e manter a ilegalidade em segredo, o empreiteiro amigo de Lula e o tesoureiro do presidente-candidato montaram uma operação clandestina digna dos enredos rocambolescos de filmes sobre a máfia. Pessoa contou aos procuradores que ele, o executivo da UTC Walmir Pinheiro e um emissário da confiança de ambos levavam pessoalmente os pacotes de dinheiro ao comitê da campanha presidencial de Lula. Para não chamar a atenção de outros petistas que trabalhavam no local, a entrega da encomenda era precedida de uma troca de senhas entre o pagador e o beneficiário.

Ao chegar com a grana, Pessoa dizia “tulipa”. Se ele ouvia como resposta a palavra “caneco”, seguia até a sala de Filippi Júnior. A escolha da senha e da contrassenha foi feita por Pessoa com emissários do tesoureiro da campanha de Lula numa choperia da Zona Sul de São Paulo. Antes de chegar ao comitê eleitoral, a verba desviada da Petrobras percorria um longo caminho. Os valores saíam de uma conta na Suíça do consórcio Quip, formado pelas empresas UTC, Iesa, Camargo Corrêa e Queiroz Galvão, que mantém contratos milionários com a Petrobras para a construção das plataformas P-53, P-55 e P-63.

Em nome do consórcio, a empresa suíça Quadrix enviava o dinheiro ao Brasil. A Quadrix também transferiu milhares de dólares para contas de operadores ligados ao PT. Pessoa entregou aos investigadores as planilhas com todas as movimentações realizadas na Suíça. Os pagamentos via caixa dois são a primeira prova de que o ex-presidente Lula foi beneficiado diretamente pelo petrolão.

Até agora, as autoridades tinham informações sobre as relações lucrativas do petista com grandes empreiteiras investigadas na Operação Lava-Jato, mas nada comparável ao testemunho e aos dados apresentados pelo dono da UTC. Depois de deixar o governo, Lula foi contratado como palestrante por grandes empresas brasileiras. Documentos obtidos pela Polícia Federal mostram que ele recebeu cerca de 3,5 milhões de reais da Camargo Corrêa. Parte desse dinheiro foi contabilizada pela construtora como “doações” e “bônus eleitorais” pagos ao Instituto Lula. Conforme revelado por VEJA, a OAS também fez uma série de favores pessoais ao ex-presidente, incluindo a reforma e a construção de imóveis usados pela família dele. UTC, Camargo Corrêa e OAS estão juntas nessa parceria. De diferente entre elas, só as variações dos apelidos, das senhas e das contrassenhas. “Brahma”, “tulipa” e “caneco”, porém, convergem para um mesmo ponto.

Pixuleco
Leiam a reportagem da VEJA. Ao longo de 12 páginas, vocês vão constatar que o país foi literalmente assaltado por ladrões cínicos e debochados. João Vaccari Neto, o ex-tesoureiro do PT que foi objeto de um desagravo feito pela Executiva Nacional do partido na quinta, depois de um encontro de Rui Falcão com Lula, chamava a propina de “pixuleco”. Segue um trecho.

O empreiteiro contou que conheceu Vaccari durante o primeiro governo Lula, mas foi só a partir de 2007 que a relação entre os dois se intensificou. Por orientação do então diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque, um dos presos da Operação Lava-Jato, Pessoa passou a tratar das questões financeiras da quadrilha diretamente com o tesoureiro. A simbiose entre corrupto e corruptor era perfeita, a ponto de o dono da UTC em suas declarações destacar o comportamento diligente do tesoureiro: “Bastava a empresa assinar um novo contrato com a Petrobras que o Vaccari aparecia para lembrar: ‘Como fica o nosso entendimento político?’”. A expressão “entendimento político”, é óbvio, significava pagamento de propina no dialeto da quadrilha. Aliás, propina não.

Vaccari, ao que parece, não gostava dessa palavra. Como eram dezenas de contratos e centenas as liberações de dinheiro, corrupto e corruptor se encontravam regularmente para os tais “entendimentos políticos”. João Vaccari era conhecido pelos comparsas como Moch, uma referência à sua inseparável mochila preta. Ele se tornou um assíduo frequentador da sede da UTC em São Paulo. Segundo os registros da própria empreiteira, para não chamar atenção, o tesoureiro buscava “as comissões” na empresa sempre nos sábados pela manhã.

Ele chegava com seu Santa Fé prata, pegava o elevador direto para a sala de Ricardo Pessoa, no 9º andar do prédio, falava amenidades por alguns minutos e depois partia para o que interessava. Para se proteger de microfones, rabiscava os valores e os porcentuais numa folha de papel e os mostrava ao interlocutor. O tesoureiro não gostava de mencionar a palavra propina, suborno, dinheiro ou algo que o valha. Por pudor, vergonha ou por mero despiste, ele buscava o “pixuleco”. Assim, a reunião terminava com a mochila do tesoureiro cheia de “pixulecos” de 50 e 100 reais. Mas, antes de sair, um último cuidado, segundo narrou Ricardo Pessoa: “Vaccari picotava a anotação e distribuía os pedaços em lixos diferentes”. Foi tudo filmado.

Retomo
Aí está apenas parte dos descalabros narrados por Ricardo Pessoa. E agora? Até havia pouco, parecia que o petrolão era fruto apenas de empresários malvados, reunidos em cartel, que decidiram se associar a três funcionários corruptos da Petrobras — tese de Dilma por exemplo — e a alguns parlamentares, a maioria de segunda linha, para roubar o país. Faltava o cérebro dessa operação, que sempre esteve no Poder Executivo.

Eis aí. Nunca houve cartel. Eu estava certo! O depoimento de Ricardo Pessoa — que não se deixou constranger pela prisão preventiva e que, tudo indica, confessou o que quis, não o que queriam ele confessasse — REVELA A REAL NATUREZA DO JOGO.

Ainda não terminei. Em outro post, vou chamar Rodrigo Janot e o juiz Sérgio Moro para um papinho sobre lógica elementar.

Corrupcao companheira: registro historico da roubalheira organizada

Apenas para deixar consignado como funciona o governo companheiro:

Empreiteiro lista 18 políticos na Lava-Jato e Dilma convoca reunião

Presidente da UCT diz que pagou R$ 62 milhões para campanhas com dinheiro da Petrobras. Para o caixa 2 ao PT, foram R$ 3,6 milhões. Ele entregou vários documentos aos investigadores, como planilha de pagamentos e agenda não apreendida pela PF



    

 postado em 26/06/2015 20:14

 Eduardo Militão , Enviado Especial

CURITIBA – As denúncias do presidente e acionista da UTC Engenharia, Ricardo Ribeiro Pessoa, provocaram reação imediata nesta noite de sexta-feira (26/6). A presidente Dilma Rousseff, cuja campanha é citada como alvo de pagamentos irregulares, convocou uma reunião de emergência no Palácio do Planalto. Ao todo, foram R$ 62 milhões em pagamentos cuja origem era dinheiro desviado da Petrobras.

Só para o caixa 2 do PT, foram R$ 3,6 milhões. Pessoa firmou que pagou o valor para o partido entre 2010 e 2014. Os valores foram pagos aos então tesoureiros José de Filipi Júnior e João Vaccari Neto, presos na Operação Lava-Jato. Ele fez delação premiada em que apresentou documentos, planilhas e agenda pessoal não apreendida pela Polícia Federal para comprovar pagamentos ilegais a campanhas de 18 políticos, como Dilma e os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Fernando Collor (PTB-AL), o senador Ciro Nongueira (PP-PI) e o ex-senador Gim Argello (PTB-DF).

Em delação premiada prestada a procuradores da Procuradoria Geral da República (PGR), Pessoa trouxe informações novas sobre a investigação que apura esquema de desvio de dinheiro na Petrobras, que foi vítima de um cartel de empreiteiras que combinava licitações, superfaturava obras e repassava propinas a políticos e funcionários da estatal. A delação foi homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) porque o empreiteiro fez acusações contra políticos com foro privilegiado, como ministros, deputados e senadores.

Segundo o Correio apurou com fontes com acesso à investigação, Pessoa prestou 27 depoimentos durante uma semana. Além das afirmações, apresentou documentos. Um deles é uma agenda pessoal, que não foi apreendida pela Polícia Federal. Os depoimentos foram tomados em Brasília, mas para evitar chamar a atenção, as oitivas não aconteciam na Procuradoria Geral da República, mas no Ministério Público Militar, de acordo com essa fonte. A quantidade de detalhes que trouxe chegou a atrapalhar o andamento da negociação do acordo.

De acordo com a a revista Veja, os pagamentos para 18 figuras políticas tinham origem nos contratos da empreiteira com a Petrobras. Lista divulgada pela publicação elenca a distribuição de R$ 62,75 milhões para políticos. O ex-presidente Collor foi quem mais recebeu dinheiro de contratos com da UTC com a petroleira: R$ 20 milhões. Em segundo lugar, ficou João Vaccari, que comandou as finanças do PT até ser preso na Lava-Jato: R$ 15 milhões.

A campanha de Dilma de 2014 recebeu R$ 7,5 milhões. A de Gim, R$ 5 milhões. Condenado no mensalão, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu ficou com R$ 3,4 milhões. O prefeito de São Paulo, R$ 2,6 milhões, pouco mais que os R$ 2,4 milhões da campanha de Lula em 2006. O ministro da Casa Civil, Aloízio Mercadante, R$ 250 mil.

Segundo o jornal O Estado de S.Paulo, os pagamentos feitos pela UTC Engenharia ao PT sob forma de caixa dois incluíram repasses em 2010, 2011, 2012 e 2014 nas mãos de Filippi, totalizando R$ 750 mil. Para Vaccari, foram R$ 2,9 milhões divididos em parcelas em 2011, 2012 e 2013.

Negativa
Procurado, o PT não se manifestou até a publicação deste texto. Mas o ministro Aloízio Mercadante negou ter recebido doações irregulares da UTC Engenharia. “A empresa UTC, por ocasião da campanha ao governo do Estado de São Paulo, em 2010, fez uma única contribuição, devidamente contabilizada e declarada à Justiça Eleitoral, no valor de R$ 250 mil reais, conforme demonstrado em minha prestação de contas aprovada pela Justiça Eleitoral”, afirmou o ministro ontem, por meio de uma nota distribuída à imprensa. A doação foi feita em 27 de agosto de 2010.

A Constram, empresa do grupo da UCT, fez ainda outra doação, de mais R$ 250 mil, em 29 de julho de 2010. O ministro destacou que esse valor também foi informado à Justiça Eleitoral. “Desconheço o teor da delação premiada do senhor Ricardo Pessoa”, afirmou Mercadante.

PUBLICIDADE



    
 Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal;
a responsabilidade é do autor da mensagem.
Faça seu login para comentar

sexta-feira, 26 de junho de 2015

OECD and the global political economy, 1948 to present - conference, Zurich, 27-29 August 2015

Received from my list of Economic History:

Dear all,
We are happy to announce the program for the first historical conference on the OECD entitled “Warden of the West. The OECD and the global political economy, 1948 to present” that will take place 27-29 August 2015 at the University of Zürich. You will find enclosed the conference poster and final program (both are also available at www.OECDhistoryproject.net).
Registration: attendance is free and all interested are most welcome. However, for organization purposes, please contact us (matthias.schmelzer@unige.ch) if you plan to attend the conference!
Please distribute widely.
Best wishes,
Matthias Schmelzer
Paul Bairoch Institute of Economic History
University of Geneva
Pont d'Arve 40, CH-1205 Geneva
www.unige.ch/ses/ihise

WARDEN OF THE WEST: THE OECD AND THE GLOBAL POLITICAL ECONOMY, 1948 TO PRESENT 
UNIVERSITY OF ZURICH, 27–29 AUGUST 2015

CONFERENCE PANELS:
Thursday 27.08.2015
• Increasing output. The challenges of productivity and free trade
• From growth to crisis. Overseeing the capitalist economy

Friday 28.08.2015
• Beyond competition. Connections across the economic front of the Cold War
• Being a member of the Club. Membership, rules, and access
• Natural limits. Facing environmental and energy challenges
• Roundtable – Writing the history of the OEEC/OECD

Saturday 29.08.2015
• Human capital. Managing and adapting the workforce
• Contested development. The Rich Mans’ Club and the Global South

CONVENORS
Prof. Matthieu Leimgruber & Dr. Matthias Schmelzer - Forschungsstelle für Sozial- und Wirtschaftsgeschichte, University of Zurich, www.fsw.uzh.ch

CONFERENCE VENUE
Rämistrasse 74 (Law faculty building), room RAI-J-031

PROGRAM AND REGISTRATION
www.OECDhistoryproject.net

INTERNATIONAL CONFERENCE

THURSDAY 27.08.2015
13h30 Welcome & Introduction
13h45 Increasing output. The challenges of productivity and free trade
Comments: Jakob Tanner (Zurich)
• Carine Germond (Maastricht)
Sharing ideas, shaping policy. Agricultural experts and expertise in the OEEC/OECD, 1955-1992
• Ludovic Fulleringer (Geneva & EHESS Paris)
Ore, wood and coal. A new look at the OEEC productivity program during the 1950s
• Wolfram Kaiser (Portsmouth)
The OEEC/OECD and steel, 1948-1989

15h45 Coffee break

16h15 From growth to crisis. Overseeing the capitalist economy
Comments: Tobias Straumann (Zurich)
• Floriane Galeazzi (Rouen)
The OECD WP3 as a gatekeeper of the international payments system, 1961-1987
• Samuel Beroud (Geneva)
“Positive adjustments”: the emergence of supply-side economics in the OECD and G7, 1975-1983
• William Glenn Gray (Purdue, USA)
Peer pressure in Paris. OECD country exams in the radical 1970s

18h30 Food and drinks

FRIDAY 28.08.2015
9h00 Beyond competition. Connections across the economic front of the Cold War
Comments: Sandrine Kott (Geneva)
• Andrej Marković (Zurich) & Ivan Obadić (EUI Firenze)
The limits of non-alignment. Yugoslavia and the OEEC/OECD, 1955-1980
• Daniel Stinsky (Maastricht)
“Community of destiny”? The OEEC and the UN Economic Commission for Europe, 1947-1961

10h30 Coffee break

11h00 Being a member of the Club. Membership, rules, and access
Comments: Richard Woodward (Hull)
• Heinrich Hartmann (Basel)
Professor Tinbergen’s delicate mission. OECD expertise between policy making and public protest in Turkey in the 1960s
• Peter Carroll (Hobart, Australia)
Access, influence and policy learning in the 1960s and 1970s: Australian, Japanese and New Zealand membership of the OECD
• Magdaléna Hadjiisky (Strasbourg)
Exploration of a conversion. New Public Management at the OECD-PUMA, 1970s-1990s

13h00 Lunch

14h15 Natural limits. Facing environmental and energy challenges
Comments: Rüdiger Graf (ZZF Potsdam)
• Henning Türk (Duisburg-Essen)
Anticipations and reactions. The OECD, the IEA and the second oil crisis in 1979
• Iris Borowy (Aachen)
Addressing transfrontier pollution: The OECD Environment Committee in the 1970s
• Dominique Pestre (EHESS Paris)
The Economicization of the environment. The place of OECD, 1970-2010

16h15 Coffee break

16h45 Roundtable – Writing the history of the OEEC/OECD
• Vincent Gayon (Paris-Dauphine)
• William M. Hynes (OECD NAEC Program)
• Matthieu Leimgruber (Zurich)
• Richard Woodward (Hull)

19h30 Conference Dinner

SATURDAY 29.08.2015
9h00 Human capital. Managing and adapting the workforce
Comments: Matthias Schmelzer (Zurich)
• Emmanuel Comte (EUI Firenze) & Simone Paoli (Padua)
The OEEC/OECD in West European migration policies, from the Cold War to the North-South confrontation, 1947-1986
• Regula Bürgi (Luxemburg)
Planned education for the “free world”. The emerging role of the OEEC/OECD in education expertise, 1957-1972
• Rianne Mahon (Waterloo, Canada)
Articulating a feminist agenda Inside the OECD. The Working Party on the role of women in the economy, 1974-1998

11h00 Coffee break
 
11h30 Contested development. The Rich Mans’ Club and the Global South
Comments: Corinne Pernet (Basel)
• Patricia Hongler (Luzern)
The construction of a Western voice. OECD and UNCTAD in the 1960s and 1970s
• Kevin O’Sullivan (Galway)
Mobilizing for development. The OECD, NGOs and global governance, 1973-1988

13h00 Wrap up comments and lunch


WARDEN OF THE WEST: THE OECD AND THE GLOBAL POLITICAL ECONOMY, 1948 TO PRESENT

Economia brasileira: as coisas vao melhorar? NAAAAOOOO!!! - Itau Macroeconomica

A Semana em Revista - Desemprego volta a subir em maio
Pesquisa macroeconômica - Itaú, 26/07/2015

• Taxa de desemprego alcança 6,7% no mês
• Resultados fiscais fracos em maio
• Relatório de inflação indica que juros devem continuar a subir

Nova alta da taxa de desemprego em maio
Segundo o IBGE, a taxa de desemprego atingiu 6,7% em maio, em linha com a nossa projeção e um pouco acima das expectativas de mercado (6,6%). Com ajuste sazonal, a taxa aumentou de 6,0% em abril para 6,3% em maio (Gráfico 1). A massa salarial real recuou 1,8% contra o mês anterior, demonstrando que o aumento de 0,3% de abril foi transitório. A contração da massa salarial reforça o cenário de enfraquecimento do consumo das famílias em 2015. À frente, esperamos que a taxa de desemprego continue em tendência de alta e termine o ano em 7,6%.

Resultados fiscais fracos em maio
Os dados fiscais de maio mostram dificuldades no lado da receita. A arrecadação federal foi de R$ 91,5 bilhões, resultado abaixo das expectativas e impactado pela fraqueza da atividade econômica. Com isso, o governo central teve um déficit primário de R$ 8,1 bilhões, o que representa um fraco resultado para o mês. Os dados do governo consolidado serão divulgados na semana que vem.

Câmara aprova medida de ajuste fiscal
A Câmara aprovou o projeto de lei que reduz a desoneração da folha de pagamentos, aumentando as alíquotas em 56 setores da economia. Esta medida é relevante para o resultado fiscal em 2016. Além desse projeto de lei, a Câmara aprovou a MP do salário mínimo e adicionou uma emenda que estende a regra de reajuste do salário mínimo para todos os aposentados. Esta medida, caso seja implementada, eleva os gastos da Previdência em torno de R$ 10 bilhões por ano. Ambas as medidas seguem para análise do Senado.

CMN eleva a TJLP e reduz a banda para meta de inflação em 2017
O Conselho Monetário Nacional (CMN) elevou em 0,5 p.p. a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), que parametriza boa parte dos empréstimos do BNDES. A alta, a terceira este ano, faz parte do conjunto de ajustes econômicos propostos pela equipe econômica. Projetamos que a TJLP alcance 7% este ano e 8% no ano que vem (Gráfico 2). O Conselho também decidiu a meta de inflação para 2017, que foi mantida em 4,5%, mas o intervalo de tolerância foi reduzido de 2,0 p.p. para 1,5 p.p.

Relatório de Inflação: Missão quase, mas ainda não, cumprida
O Banco Central divulgou o Relatório de Inflação do segundo trimestre. As previsões apresentadas no cenário de referência (juros e câmbio constantes) mostram inflação em 4,8% no final de 2016 - um pouco menor do que o 4,9% do Relatório de Inflação do primeiro trimestre, mas ainda acima do centro da meta de 4,5%. O BCB salientou que os avanços na luta contra a inflação “ainda não se mostram suficientes". Isso indica que o ciclo de alta deve continuar na próxima reunião. Acreditamos que seja a última elevação de juros. O relatório de inflação reforça nosso cenário de uma última alta de 0,50 p.p. em julho.

Aprovação do governo volta a recuar
De acordo com pesquisa Datafolha conduzida entre os dias 17 e 18 de junho, a aprovação do governo caiu de 13% em abril para 10% neste mês (Gráfico 3). Este é o nível de aprovação mais baixo registrado desde setembro de 1992. A pesquisa também perguntou sobre as perspectivas econômicas dos entrevistados: cerca de 77% dos respondentes acreditam que a inflação deve subir, enquanto 73% esperam um aumento do desemprego.

Confiança e utilização da capacidade instalada na indústria voltam a cair em junho
Segundo a prévia da sondagem empresarial da FGV, o índice de confiança do empresário industrial recuou 4,7% em maio e atingiu 68,2 (Gráfico 4). Caso o resultado seja confirmado, será o menor nível da série histórica. A prévia do nível de utilização da capacidade instalada (NUCI) também aponta recuo de 79 para 78,7, com ajuste sazonal. Os dados preliminares da sondagem sugerem queda da produção industrial no mês, o que poderá ser confirmado na semana que vem com a divulgação final.

Confiança do consumidor volta a recuar
A confiança do consumidor (calculado pela FGV) recuou 1,4% em junho na comparação com o mês anterior, após ajuste sazonal. O índice continua perto do mínimo histórico da série iniciada em 2005. O percentual de pessoas reportando que está difícil conseguir emprego aumentou de 82,2% em maio para 84,5% em junho, reforçando o cenário de enfraquecimento do mercado de trabalho.

Déficit em conta corrente menor do que esperado em maio
O déficit em conta corrente no mês de maio somou US$ 3,4 bilhões, bem abaixo da nossa projeção (US$ 5,0 bi) e do consenso do mercado (US$ 4,6 bi). Acumulado em 12 meses, o déficit recuou para US$ 95,7 bi (4,4% do PIB), o que reflete tanto o câmbio mais depreciado quanto a atividade em ritmo mais lento. Os principais destaques no mês foram, mais uma vez, as contas de viagens internacionais, transportes e remessas de lucros e dividendos. Do lado do financiamento, a situação permanece confortável, com o investimento direto no país cobrindo 87% do déficit em conta corrente. No entanto, houve arrefecimento nos fluxos de investimento em carteira e direto acumulados em 12 meses.

Caio Megale
Laura Pitta
Giulia Coelho
Pesquisa macroeconômica - Itaú
Ilan Goldfajn - Economista-Chefe

Governo mente sobre apoio na Venezuela - senador Ricardo Ferraco (Congresso em Foco)

Política
 
Governo mente sobre apoio na Venezuela, diz senador
Congresso em Foco, 23/06/2015 - as 13:00:00
Brasil - Ex-presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) era o único peemedebista presente na comitiva de oito senadores que voltou ao Brasil após ser hostilizada durante frustrada tentativa de visitar políticos presos na Venezuela. Integrante de um dos principais partidos da base aliada, Ferraço faz coro à oposição e acusa o governo brasileiro de mentir sobre o tratamento dispensado aos parlamentares em Caracas. O senador afirma que o grupo foi abandonado pelas autoridades diplomáticas do Brasil na Venezuela e, em momento algum, foi informado de que não seria acompanhado por representantes do consulado. “Isso é uma brutal mentira”, rebateu Ferraço, nesta entrevista concedida ao Congresso em Foco.


Ele disse que Henrique Capriles, um dos líderes da oposição venezuelana ao governo Maduro, é a prova viva de que a diplomacia brasileira mentiu no episódio. Fundador do partido Primero Justicia e governador do Estado de Miranda, Capriles pediu desculpas aos senadores brasileiros e confirmou que havia uma agenda pré-definida com eles na Venezuela, contrariando versão divulgada por governistas como o assessor especial da Presidência Marco Aurélio Garcia. Marco Aurélio acusou os senadores de tentar fazer da visita frustrada um embate ideológico.

“Há a manifestação pública do Capriles nessa direção. O Capriles, inclusive, virá ao Brasil agora em agosto, e poderá falar. No fundo, no fundo, não desejaríamos qualquer tipo de privilégio da embaixada brasileira lá em Caracas. O que desejávamos era ter o apoio institucional que nos faltou. Não apenas o embaixador, como nenhum membro da chancelaria do Brasil na Venezuela nos acompanhou. Nenhum conselheiro, nenhum diplomata esteve conosco, de modo que as ações deliberadas pelo governo da Venezuela contaram com a conivência, lamentavelmente, do Itamaraty”, protestou Ferraço.

Coincidências

“Foi uma ação deliberada. As coincidências são extraordinárias. A primeira delas é que, quando os oficiais do avião da Força Aérea Brasileira desejaram fechar o avião para irem almoçar, os membros da polícia nacional bolivariana da Venezuela disseram a eles: ‘Não precisa fechar, não precisa almoçar, eles [senadores] logo estarão voltando’. Foram muitos os fatos que se seguiram para impedir que nós pudéssemos cumprir a agenda que havíamos estabelecido”, declarou o senador.

A comitiva pretendia visitar prisioneiros como o líder do partido de oposição Vontade Popular, Leopoldo López; o ex-prefeito de Caracas Antonio Ledezma e o ex-prefeito de San Cristobal Daniel Ceballos. Entre outras acusações, eles estão presos por incitar a violência em protestos nacionais que paralisaram o país vizinho no início de 2014. Eles se queixam de não ter direito a ampla defesa. Preso desde fevereiro do ano passado, López está em greve de fome há quase um mês.

Segundo relatos ouvidos pelo Congresso em Foco de jornalistas brasileiros que estavam em Caracas, ficou evidente que o protesto foi armado propositadamente por simpatizantes de Maduro. O grupo, de acordo com esses profissionais, pretendia fazer os senadores voltarem ao país com agressões verbais e socos no veículo em que circulavam. Além disso, observam esses jornalistas, o bloqueio da pista foi seletivo. Figuras conhecidas que defendem o governo Maduro tiveram acesso livre. O deputado petista João Daniel (SE), que também estava em Caracas naquele dia, contestou a versão dos senadores. Segundo ele, um acidente é que impediu a passagem dos parlamentares.

Vídeo feito pelo líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), mostra homens esmurrando o micro-ônibus alugado pela Embaixada do Brasil e entoando palavras de ordem de apoio ao presidente venezuelano, Nicolás Maduro. Houve relatos de que pedras foram atiradas no veículo, que transitou por poucos quilômetros, a partir do aeroporto de Caracas, até ser parado por um bloqueio na pista.

Ditadura?

Herdeiro político de Hugo Chávez (1954-2013), Maduro é visto como ditador também pela oposição brasileira e por organismos internacionais como a Human Rights Watch, a Anistia Internacional e a própria Organização das Nações Unidas (ONU). Segundo Ferraço, houve omissão por parte do governo Dilma Rousseff e uma ação orquestrada, inclusive com a participação de brasileiros, para impedir o cumprimento da agenda dos senadores, que incluía uma visita à prisão militar de Ramo Verde, onde López, Ledezma e Ceballos estão presos.

O incidente provocou imediata reação no Congresso brasileiro e teve repercussões na própria Venezuela e por todo o mundo. Moções de repúdio foram aprovadas na Câmara e no Senado, onde autoridades diplomáticas darão explicações à Comissão de Relações Exteriores – colegiado presidido por Ferraço entre 2013 e 2014. Diversos parlamentares já defendem a exclusão do país vizinho no Mercosul, bloco comercial que reúne, além do Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e, desde 2012, Venezuela. Com críticas ao grupo de senadores da oposição, uma nova comissão do Senado tentará manter o diálogo bilateral. O Ministério das Relações Exteriores, por meio de nota, lamentou o episódio e pediu esclarecimentos ao governo Maduro “pelos canais diplomáticos” e “à luz das tradicionais relações de amizade entre os dois países”.

“Existem questionamentos muito vigorosos de que todos nós que somos parte do bloco temos obrigações, deveres e responsabilidades. E, se a Venezuela não está cumprindo com essas pré-condições – e cláusulas democráticas são premissas –, o Senado vai discutir caminhos para que ou a Venezuela reveja todo esse modelo que está levando o país para o buraco, ou de fato tenhamos que discutir o afastamento dela do Mercosul”, emendou o senador capixaba, para quem os indicadores socioeconômicos venezuelanos são os piores possíveis.

Confira a íntegra da entrevista:

Congresso em Foco – Há ditadura na Venezuela?

Ricardo Ferraço - O déficit de democrático na Venezuela me faz afirmar que o não funcionamento das instituições e a escalada do autoritarismo, que a falta de uma Justiça neutra e independente e que a ausência de liberdade de expressão me dão a conclusão de que, sim, a Venezuela está mergulhada em uma ditadura.

Houve uma ação orquestrada pelo governo venezuelano em relação à comitiva?

Foi uma ação deliberada. As coincidências são extraordinárias. A primeira delas é que, quando os oficiais do avião da Força Aérea Brasileira desejaram fechar o avião para irem almoçar, os membros da polícia nacional bolivariana da Venezuela disseram a eles: “Não precisa fechar, não precisa almoçar, eles [senadores] logo estarão voltando”. Foram muitos os fatos que se seguiram para impedir que nós pudéssemos cumprir a agenda que havíamos estabelecido.

E a versão de que os senhores sabiam que não receberiam acompanhamento do consulado brasileiro em território venezuelano? Também foi falado que não havia agenda definida com os presos políticos…

Isso é uma brutal mentira. Já foi desmentido. Já há a manifestação pública do Capriles nessa direção. O Capriles, inclusive, virá ao Brasil agora em agosto, e poderá falar. No fundo, no fundo, não desejaríamos qualquer tipo de privilégio da Embaixada Brasileira lá em Caracas. O que desejávamos é que pudéssemos ter o apoio institucional que nos faltou. Não apenas o embaixador, como nenhum membro da chancelaria do Brasil na Venezuela nos acompanhou. Nenhum conselheiro, nenhum diplomata esteve conosco, de modo que as ações deliberadas pelo governo da Venezuela contaram com a conivência, lamentavelmente, do Itamaraty.

O aparato de segurança era suficiente?

Era uma piada. Nós fomos levados para um corredor polonês. E, nesse corredor polonês – uma espécie de funil –, os manifestantes milicianos contratados estavam lá na hora em que chegamos, no dia em que chegamos. Os batedores que nos estavam acompanhando assistiam a tudo pacificamente.

Houve um acidente com um caminhão de farinha na pista em que os senhores tentavam se deslocar? O deputado João Daniel (PT-SE), que estava lá, disse que o automóvel estava atravessado na rodovia, de maneira a impedir o tráfego…

O que houve, na prática, foi que na exata hora em que nós chegamos havia um congestionamento monstruoso em toda a região metropolitana de Caracas. Para sairmos do aeroporto para chegar a Caracas, tínhamos que passar por três túneis. Exatamente no dia em que chegamos, na hora em que chegamos, eles [membros do governo venezuelano] resolveram fazer manutenção nesses túneis. Essa manutenção impediu o livre trânsito. E nesse mesmo dia, nessa mesma hora, eles afirmam que estavam recebendo um criminoso venezuelano que cometeu um assassinato na Colômbia. Esse dois fatos levaram a uma paralisia da região metropolitana de Caracas. E tudo isso, ao meu juízo, foi deliberado. Uma ação absolutamente orquestrada.

O fato de o escritor brasileiro Fernando Morais ter cumprido agenda na Venezuela, nesse mesmo dia, com um grupo de esquerdistas alinhados ao governo Maduro tem a ver com essa confusão toda?

É evidente. Isso foi organizado de modo a neutralizar a nossa visita, que era uma visita de solidariedade a presos políticos – uma outra coisa que reforça essa minha convicção de ditadura: que país democrático tem preso político? E sem direito a defesa? Que país democrático cassa mandato de parlamentar sem direito a contraditório, sem direito a defesa, como foi o caso da Corína [Machado, líder oposicionista], que foi cassada? Que democracia cassa o mandato o prefeito da capital [Caracas], acusando-o de golpismo sem fundamentação de provas? Enfim, a produção em série desses fatos é que confirma que estamos, de fato, diante de uma ditadura.

Mas não há um numeroso contingente populacional que apóia o governo Maduro?

Mas nas poucas ditaduras que existem no mundo há manifestações favoráveis. Em Cuba há manifestações favoráveis ao regime. Porque, na verdade, o que o ditador [Hugo] Chávez fez, e o que o atual faz? O Chávez governou em um momento de preços extraordinários do barril de petróleo. A Venezuela é um país que depende, fundamentalmente, da produção de petróleo. Nada produz além de petróleo, e importa 70% de seus alimentos. O Chávez e o Maduro se favoreceram desse modelo em que os preços do petróleo estavam lá em cima para se apropriar da PDVSA e financiar um conjunto de programas sociais que, no começo, foi importante. Houve, nos últimos anos, avanços sociais na Venezuela, mas esses avanços foram financiados por programas que não são sustentáveis. É como você…

O senhor parece falar do Brasil…

Evidentemente que sim, porque também no Brasil o governo da presidente Dilma, nos últimos anos, meio que desafiou a Lei da Gravidade, meio que quis fazer chover debaixo para cima, convivei com a inflação, não respeitou as regras de governança fiscal, e estamos mergulhados aí nessa crise. Há pouquíssimos meses tínhamos a presidente falando na expansão do ProUni [Universidade para Todos], na expansão do Fies [financiamento estudantil], do Pronatec [ensino técnico]. E hoje, na verdade, todos esses programas estão sofrendo recessão. Por quê? Porque por trás desse programas não tinha uma estrutura consistente de manutenção de sua sustentabilidade por anos a fio. Então a Venezuela, durante alguns anos, produziu ganhos e conquistas sociais que estão se dissipando. A Venezuela deve ter, se não me engano, a maior inflação do mundo. A então está calculada entre 80% e 120%. Com um dólar, compra-se 400 bolívares! A miséria e a pobreza avançam a olhos nus na Venezuela. Aquilo ali está se desmanchando, porque esses governos que preconizam essa coisa de socialismo do século 21 se estabelecem por meio da mentira, do populismo e da demagogia. Esses são princípios e valores que não se sustentam no tempo.

Mas é apenas isso o que está por trás da situação na Venezuela?

Não apenas isso. Evidentemente, esses programas sociais só com porta de entrada e sem porta de saída são uma forma de se manter a dependência das pessoas do modelo e do regime. Em algum período, por algum momento, dá-se o peixe, mas isso tem de ser um processo progressivo para você ir substituindo o peixe pela vara, para as pessoas irem pescar – até porque, eu percebo também, as pessoas não querem viver de favor. Esses programas sociais e assistencialistas, na prática, são formas modernas, e até mesmo sofisticadas, de se manter o povo administrado pelo estômago.

O que será feito a partir de agora? A intenção é mesmo a exclusão da Venezuela do Mercosul?

Existem questionamentos muito vigorosos de que todos nós que somos parte do bloco temos obrigações, deveres e responsabilidades. Da mesma forma que o Brasil tem deveres e responsabilidades, o Paraguai, o Uruguai, a Argentina e a Venezuela também têm que ter. E, se a Venezuela não está cumprindo com essas pré-condições – e cláusulas democráticas são premissas –, o Senado vai discutir caminhos para que ou a Venezuela reveja todo esse modelo que está levando o país para o buraco, ou de fato tenhamos que discutir o afastamento dela do Mercosul. Isso é uma regra comum aos nossos países – se a Venezuela puder violar, significa dizer que o Brasil pode, também? Significa dizer que os outros podem? A regra precisa valer para todos. Esse debate vai se acelerar na medida em que a escalada da violência, da truculência e do autoritarismo na Venezuela está chegando a níveis insuportáveis. E não somos nós que falamos. Primeiro, nós constatamos isso lá. Mas são organismos insuspeitos que acompanham essas regras democráticas. Tem Cruz Vermelha, Anistia Internacional, OEA [Organização dos Estados Americanos], a própria ONU [Organização das Nações Unidas], a Human Watch, que é uma instituição de presença global, que fez um capítulo específico sobre Venezuela, colocando um conjunto de coisas que eles estão vendo.

Há espaço, no Congresso, para a expulsão da Venezuela?

Não posso afirmar que haja espaço para expulsão, mas ambiente para debater o tema já está posto, está colocado, formado. É preciso ver que o juízo de valor os senadores vão formar. Mas não dá para a gente assistir a tudo isso como se nada estivesse acontecendo.

O senhor foi presidente da Comissão de Relações Exteriores e integrou a comitiva que foi impedida de cumprir a missão oficial. No dia seguinte à tentativa frustrada, uma nova comitiva, com viés de esquerda, foi criada para visitar a Venezuela – na justificativa de criação do colegiado, senadores dizem que desfarão o atrito que teria sido provocado pela primeira comissão. Como o senhor reage a isso?

Meu desejo é que essa comitiva possa ser bem sucedida na sua missão. O que não tem cabimento é uma missão formada por simpatizantes do regime [venezuelano] sem bem recebida e uma missão que não é simpatizante ser mal recebida, como nós fomos. Isso não tem cabimento, é preciso haver respeito institucional.

Como a CRE procederá daqui em diante, no que diz respeito às futuras convocações?

Já esteve aqui a Maria Corína; já estiveram aqui as esposas do Antonio López, do Ledezma… O que está na pauta, na quinta-feira [25], é a deliberação para convocação do chanceler [DelcyRodriguez] e do embaixador [Ruy Pereira], para que a gente possa discutir não apenas as questões relacionadas a essa nossa missão e a omissão do Itamaraty em nos dar apoio institucional. O Itamaraty, efetivamente, nos entregou à própria sorte. Mas vamos discutir até mesmo as questões relacionadas à escalada do autoritarismo.

Há quem diga que os senhores fizeram uma espécie de intervenção na soberania nacional da Venezuela. Como o senhor responde a isso?

Isso é uma coisa absolutamente descabida. A nossa missão – e, agora, eu sou informado que o Parlamento Europeu está constituindo uma missão para visitar a Venezuela. É óbvio que não se trata de intervenção, até porque nossa Constituição define que nossa política externa será movida e presidida pela autodeterminação dos povos. Agora, na medida em que somos membros do mesmo bloco, e à medida que há, nesse bloco, algumas premissas e pré-condições como cláusulas democráticas, temos a obrigação e a responsabilidade de fiscalizar o cumprimento desse acordo. Por que o estamos fazendo? Porque o governo brasileiro tem sido omisso e tem silenciado diante das atrocidades que temos percebidos. E a Unasul [União de Nações Sul-Americanas], que poderia atuar nessa direção, se transformou em uma instituição absolutamente parcial.

Questiona-se, também, por que os senhores não vão visitar Guantánamo. Lá também é América…

É uma boa ideia. Esse tema pode ser discutido, sim, na Comissão de Relações Exteriores. Acho que faz sentido, sim, que a gente possa ampliar esse nosso protagonismo para que não pareça que estamos agindo seletivamente. Acho que a prisão de Guantánamo merece, sim, e acho que com essa sua pergunta eu vou fazer um requerimento na Comissão de Relações Exteriores visando fazer uma visita a Guantánamo. Não pode haver dois pesos e duas medidas.

O senador Aécio Neves está usando o episódio eleitoralmente, em um momento de fragilidade da presidenta Dilma Rousseff, como também o têm acusado?

Acho que não. O senador Aécio Neves está no exercício do seu mandato. Como senador da República, tem manifestado toda a preocupação com o futuro do Mercosul. E a nossa obrigação, como senadores, é fiscalizar o cumprimento das cláusulas constitutivas do Mercosul.