http://twitter.com/#!/linoxgill/status/142361959315161088/photo/1
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
Indulging in Narcisism: lancamento dos livros na Cultura
http://twitter.com/#!/linoxgill/status/142361959315161088/photo/1
domingo, 4 de dezembro de 2011
Veja, caro leitor, como roubam o seu dinheiro...
Com isso, ele teria arrecadado, se tivesse ficado o tempo todo -- o que, reconheçamos, não foi o caso -- cerca de R$ 45 milhões.
Mas, mesmo descontando esse valor pela metade, ainda assim dá uma bela pacotama de dinheiro, um ajutório para comprar mansão, carros, passeios pelo mundo, restaurantes, amantes (ops, foi só para rimar...), etc. e tal...
Grande negócio esse de trabalhar em certos postos do governo.
Depende de qual, obviamente, mas sempre existem oportunidades para fazer negócios nos lugares mais insuspeitos.
Apenas para terminar, duas perguntas: o ministro que sai será homenageado com belas frases de agradecimento, reconhecimento, elogio e toda aquela hipocrisia e mentira novamente?
E o galinheiro vai ficar novamente a cargo do mesmo plantel de larápios?
Não precisa responder, eu só estava perguntando...
Paulo Roberto de Almeida
PS.: Acho que os Adesistas Anônimos desistiram de me incomodar com suas defesas do que é indefensável...
PS2.: Sim, o ministro saiu com palavras elogiosas. Parece que ele só saiu por perseguição da imprensa -- que imprensa malvada, não é? -- mas vai continuar "colaborando com o Brasil". Eu entendo que, se ele seguir sua verdadeira natureza, ele vai continuar roubando contra o Brasil, e mentindo para nós...
Encruzilhadas mundiais - Fernando Henrique Cardoso
Encruzilhadas mundiais
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, sociólogo, foi presidente da República
O Estado de S.Paulo, 04 de dezembro de 2011 | 3h 03
Diante dos horrores da 2.ª Guerra Mundial, os vencedores dispuseram-se a criar a Organização das Nações Unidas (ONU) e outras instituições internacionais para impedir as grandes conflagrações e regular, dentro do possível, certas matérias de interesse geral, como o comércio, com a Organização Mundial do Comércio (OMC), os desequilíbrios financeiros globais e o socorro a países endividados, com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Outras, ainda, para promover o desenvolvimento (Banco Mundial) ou para remediar as questões básicas dos povos em matéria de saúde (Organização Mundial da Saúde) e da educação (Unesco). Embora longe do ideal, é inegável que essas organizações alcançaram algum progresso. Em pelo menos um ponto crucial a ONU foi vitoriosa: apesar da guerra fria, não se deu um choque direto entre os Estados Unidos e a União Soviética. No período pós-guerra fria tampouco se veem riscos de confronto militar entre a China e as potências ocidentais.
Acontece, entretanto, que já se passaram mais de 50 anos da formação da ONU e os fundamentos econômicos e políticos da ordem mundial se transformaram enormemente. Pelo menos quatro fatos significativos impõem uma revisão dessas instituições internacionais: o fim da União Soviética, a incrível expansão econômica da China, a reaparição do mundo islâmico na cena internacional e a emergência de novos polos de poder econômico e político no mundo (não apenas o Bric, mas a Turquia, o Irã, a África do Sul, a Coreia do Sul e outros países asiáticos). Sem esquecer que o Japão e a Alemanha, que não têm assento no Conselho de Segurança, se colocaram no topo da economia mundial.
No mundo ocidental, a transformação de maior significado foi a construção da União Europeia, por seu alcance político-civilizatório. Esse movimento unificador foi consequência do mesmo impulso que levou à formação da ONU: cansadas de guerrear, a Alemanha e a França tornaram-se o sustentáculo da Comunidade Europeia, conjunto de nações cujas relações se devem basear na solidariedade entre a Europa mais rica e a mais pobre, num arranjo supranacional que busque a paz fundamentada na prosperidade comum.
Considerados em conjunto, os acontecimentos político-econômicos pós-Guerra Mundial foram capazes de substituir a guerra pela luta por melhores posições na produção, no comércio e nas finanças mundiais. Os conflitos refluíram para o âmbito regional e muito frequentemente tiveram, depois do desabamento da União Soviética e dos ideais comunistas, mais fundamentos culturais e religiosos do que propriamente econômicos. As transformações no sistema produtivo nos últimos 40 anos, com uma série de avanços tecnológicos, permitiram uma expansão econômica à escala global sem guerras nem anexações territoriais. A atual globalização difere, portanto, da anterior expansão capitalista, denominada geralmente de imperialismo, que supunha o poder dos Estados, com exércitos, guerras e ocupações coloniais.
Que modificações advirão do quadro de poder que se vai desenhando no mundo, somado à crise financeira iniciada em 2007, e que perdura? Uma coisa parece certa: o predomínio do Ocidente vê-se contestado pela emergência de fatores econômicos, demográficos, e mesmo culturais, sinocêntricos, ou, melhor, "asiáticocêntricos". Está reaberta a rota para o Extremo Oriente. Dominique Moïsi, analista francês da cena internacional, vem insistindo nessa tese, exposta no livro A Geopolítica da Emoção. Em artigo mais recente, mostrou que a América está tentando se adaptar ao que chama de "século da Ásia", formando uma comunidade econômica com países dessa região. Alguns países emergentes, como o próprio Brasil, desde a década de 1990 se vêm aproximando da China e da Ásia em geral - em nosso caso, as relações com o Japão são mais antigas e já foram mais próximas. Países africanos, mesmo não sendo "economias emergentes", do mesmo modo se vinculam crescentemente à China como exportadores de matérias-primas, tendência seguida por vários países da América Latina.
Com as consequências econômicas da crise financeira atual, é natural que a tendência a depender da Ásia se reforce. Dela escapa a Europa, embora não tenha sido capaz de tomar decisões que interrompam a débâcle econômico-financeira. Velhas tensões voltam a incandescer os corações europeus. Berlim quer se manter na ortodoxia financeira, não aceita que o Banco Central Europeu empreste aos Tesouros nacionais, teme que os eleitores reajam negativamente a ajudar países que, ao ver deles, não souberam ser previdentes. Por isso se recusa a emitir bônus salvadores em troca de títulos das dívidas dos bancos e países europeus. É como se, de alguma maneira, voltássemos, figurativamente, à linguagem das guerras. Em alguns países europeus se deu a falência da política: enquanto os povos protestam, indignados, os "mercados" indicam e conseguem impor primeiros-ministros, tal a desmoralização dos partidos e da classe dirigente.
Neste panorama, é premente que apareçam lideranças globais do calibre das que conseguiram criar a ONU e suas diferentes organizações e daquelas que construíram a velha-nova Europa. Os governos norte-americanos já erraram muito ao não perceberem o significado do mundo árabe e islâmico e tentarem impor-lhe o seu estilo de democracia, quando eles próprios já se retorciam em dificuldades econômicas e políticas. O mundo todo paga o preço da expansão do terrorismo e da quase impossibilidade de manter unidas comunidades religiosas, culturais e nacionais diversas sob o domínio de um mesmo Estado. Caiu o Iraque, mas a paz não veio. O Afeganistão padece entre a corrupção e os senhores da guerra e do ópio. Na Líbia, uma intervenção que tinha propósitos humanitários percorreu o caminho das atrocidades. E por aí vamos, sem mencionar as áreas mais quentes, como Palestina/Israel, Irã ou Paquistão.
Com realismo, mas sem perder de vista os ideais universais desenhados em 1948, é urgente que as potências dominantes reconheçam as novas realidades e convidem à mesa os que têm vez e voz no mundo. Tomara que Dominique Moïsi tenha razão e a liderança americana esteja mesmo construindo as bases para um relacionamento estável, de paz, prosperidade e respeito aos direitos humanos, com a Ásia, sem ambicionar difundir sua ideologia política, muito menos aceitar a generalização do modelo chinês.
E agora, apertem os cintos: a aterrisagem será dura...
Sim, quero me referir à possibilidade de que a China faça, não um pouso suave, mas aquilo que os americanos chamam de "crash landing", uma queda brutal, o que afetaria a tudo e a todos, indiscutivelmente.
Eu costumo dizer que a China ainda não é uma locomotiva mundial, e que ela ainda não tem a capacidade de liderar o mundo econômico, e que seu único impacto mundial seria sob a forma de uma "disruption", ou seja, um fator perturbador, mais do que um fator de ruptura positiva para algo que possa consolidar a economia mundial. A China é um elefante na loja de louças, que durante mais de dez anos desempenhou um papel eminentemente positivo na economia mundial: destruindo empregos industriais no resto do mundo, mas obrigando os países avançados a avançarem na escala tecnológica e provocando um efeito deflacionista sobre os preços das principais manufaturas intercambiadas nos mercados internacionais.
Pois bem, isso agora acabou, não de vez, mas pelo menos na presente conjuntura.
Lembro-me de um desses ministros lulistas, mais lulista que o próprio, adorador do "Nosso Guia" como ele dizia, que "congratulou-se" -- termo mais besta, não é? -- com todos e cada um, quando da primeira fase da crise atual, quando os EUA aterrisaram pesadamente o seu "boeing" econômico na sequência do estouro da bolha imobiliária em 2007 e das falências bancárias de 2008.
Pois o preclaro ministro achou ótimo que a gestão lulista tivesse rompido com as negociações da Alca e diminuido a "dependência brasileira em relação aos EUA", assim disse ele, referindo-se aos fluxos de comércio bilaterais, e à crise que afetou o México em função de sua extrema concentração nos mercados americanos. "Imaginem", disse o desonesto intelectual, "se estívessemos na Alca; em lugar de uma minicrise, como estamos tendo, teríamos uma super-recessão, como está acontecendo com o México".
As palavras podem não ter sido exatamente essas, já que cito de memória, mas o sentido era claramente esse.
E ele referiu-se, uma vez mais, à tal de "nova geografia do comércio internacional", que o governo do "Nosso Guia" estaria supostamente criando, ao desviar comércio dos países desenvolvidos -- o que era chamado de "dependência comercial", dizia o supremo idiota -- para os aliados estratégicos antihegemônicos e para os países do Sul de forma geral.
Pois é: rompendo a tal de "dependência comercial" dos países hegemônicos, os companheiros criaram uma nova dependência para a economia brasileira, desta vez representada pela China.
O Brasil NUNCA foi dependente do comércio com os EUA, e em todo caso é MUITO MAIS dependente atualmente da China do que jamais o foi dos EUA em décadas passadas, quando grande parte do nosso comércio com o gigante hemisférico era feita de manufaturas, em qualquer hipótese um comércio bem mais diversificado e positivo para o Brasil do que o que ocorre hoje com a China, com a qual mantemos uma típica relação de dependência colonial: 95% de commodities exportadas do lado brasileiro, e 95% de importações de manufaturas chinesas, que estão destruindo empregos e indústrias inteiras no Brasil.
E o "Nosso Guia", genial condutor dos povos, ainda cometeu a idiotice de propor acordo de livre comércio e intercâmbio "em moedas nacionais" com os chineses, o que faria o Brasil recuar mais de 80 anos em sua interface comercial externa. Idiotas desse tamanho são raros na história brasileira, mas existem, acreditem.
Conseguiram implodir a Alca -- para eles um fator destruidor da indústria brasileira -- e conseguiram amarrar o Brasil a um elefante ainda mais destruidor...
Tomem crise, agora...
Paulo Roberto de Almeida
- Jim Rogers: Faber's Wrong About China
- Markets Focus on Europe, but China May Be Bigger Worry
- China Factory Sector Shrinks First Time in Nearly 3 Years
Imprensa vs... (voces sabem quem...): 10 a 0 (zero, ZERO...)
Parece que tem de ser assim: a imprensa relata, o outro lado resiste, até que o fruto caia de podre...
Que vergonha...
Aliás, a vergonha é toda minha: tenho vergonha de morar num país assim, em que a corrupção, a mentira, o desprezo pela cidadania se tornaram marcas registradas daquilo que vocês sabem o que é...
Paulo Roberto de Almeida
Veja como torram o seu dinheiro, caro leitor; alias, desde o começo...
Cenário de propaganda eleitoral da presidente Dilma Rousseff e responsável por parte de sua expressiva votação recebida no Nordeste, a transposição do Rio São Francisco foi abandonada por construtoras e o trabalho feito começa a se perder. O Estado percorreu alguns trechos da obra em Pernambuco na semana passada e encontrou estruturas de concreto estouradas e com rachaduras, vergalhões de aço abandonados e diversos trechos em que o concreto fica lado a lado com a terra seca do sertão nordestino.
Durante três dias, a reportagem percorreu cerca de 100 quilômetros da extensão dos canais da obra. O abandono foi a tônica da viagem, com canteiros completamente parados. As únicas exceções foram as partes da transposição sob responsabilidade do Exército.
O FMI ajudado pela America Latina - The Washington Post
sábado, 3 de dezembro de 2011
O FMI ajudando a Europa pode espalhar a crise pelo mundo - Washington Post
Paulo Roberto de Almeida
Euro program at IMF could spread rescue risk worldwide
A democracia deles e a da OEA: vale quanto pesa?
Parece que eles, os assim chamados, não são muito explícitos ao tratar da assim chamada democracia.
Na OEA, desprezada pelos que se reuniram em Caracas, a questão é tratada de forma bastante explícita.
Quem quiser conferir, pode ver este instrumento:
Nem todo mundo está contente com a criação de sua nova e vibrante substituta. O jornalista abaixo, por exemplo, acha que a comunidade sem o império fica menos democrática. Não é para menos.
Confiram...
Paulo Roberto de Almeida
*
A declaração sobre democracia que será assinada pelos 33 países da recém-criada Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) teve de ficar no genérico. Para não ferir sensibilidades e ser aprovada por todos, a declaração, apoiada pelo Brasil, se concentra na condenação a tentativas de golpe e de “subverter o Estado de Direito”, mas deixa de lado questões como eleições diretas livres ou liberdade de expressão, pilares da democracia.
Antônio Simões é diplomata e coisa e tal. Entre as suas funções, está tentar dar nó em pingo d’água e usar as palavras mais para esconder do que para revelar. Como é? Se houver violação à democracia, o país pode ser suspenso, é? E quem já entra nela com a democracia violada, como Cuba e Venezuela? O que se entende por democracia está em prática no Equador, na Bolívia ou na Nicarágua, em que a imprensa vive sob constante assédio do estado? Que diabo de “declaração democrática” é essa que não pode fazer referência a eleições para não deixar zangados os irmãos carniceiros que governam Cuba, onde o Granma, jornal oficial, é usado como papel (anti)higiênico — e isso não é metáfora? Há a possibilidade, para, poucos, de consultar a versão virtual em www.granma.cubaweb.cu/; na edição internacional, basta www.granma.cu…