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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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quarta-feira, 11 de outubro de 2023

Uma nova ópera dos três vinténs na Argentina - Paulo Roberto de Almeida

 Um libreto porteño, sem qualidades

Paulo Roberto de Almeida

“Argentinos aceleram compra de dólares; para Milei, peso não vale nem um “excremento”.”

A Argentina se prepara atabalhoadamente para um salto no escruro. Quem tem dólares é a classe média, que ainda sobrevive. A imensa maioria da população não os tem, e vai ficar muito mais pobre com um governo Milei, que seria o caos completo. 

Para o Brasil seria o fim do Mercosul e da possibilidade de qualquer liderança na América do Sul, menos ainda no diáfano Sul Global. Um fracasso partilhado com muitos outros vizinhos.

Para os argentinos, seria o labirinto do Minotauro sem qualquer fio de Ariadne. 

Já se pode chorar antecipadamente pela Argentina, mas isso não vale nem um ópera de três vinténs. 

Brasília, 11/10/2023

quinta-feira, 21 de setembro de 2023

Voltamos aos tempos da “clausura de los rios”? Argentinua continua se achando dona do pedaço…

 Um dos conflitos do Prata, no Império, foi justamente causado pela ação argentina de tentar controlar os afluentes do Rio da Prata. Voltamos a isso?

Pedágio em hidrovia coloca Brasil e Paraguai contra Argentina e gera crise 

Via é usada como caminho mais barato para transportar soja, milho e derivados Júlia Barbon BUENOS AIRES É dia 28 julho e uma embarcação de bandeira paraguaia navega pelas águas do rio Paraná levando 13.561 toneladas de soja brasileira à Argentina. Ao chegar para descarregar os grãos na cidade de San Lorenzo, a cerca de 300 km da costa, porém, o rebocador se recusa a pagar pedágio e é retido por decisão judicial.

 O barco é liberado dez dias depois, com o pagamento da tarifa, e faz emergir uma discussão que até então estava se dando abaixo da superfície: a imposição de uma taxa pela Argentina, desde janeiro, a quem passar por um trecho da hidrovia Paraguai-Paraná, que corta cinco países ligando o Mato Grosso ao rio da Prata. Sem que se conseguisse um acordo na instância técnica nos últimos dez meses, o assunto foi parar nos gabinetes políticos, escalando na semana passada para trocas de acusações públicas e até retaliações práticas entre Argentina e Paraguai. Este último chegou a suspender a venda de energia aos argentinos, que tiveram que recorrer às usinas brasileiras, mais caras. 

 A tensão subiu em toda a região, gerando um cenário de quatro contra um: Brasil, Bolívia e Uruguai se juntaram ao coro paraguaio para pedir que os vizinhos retirem o pedágio até que a questão seja resolvida. Enquanto isso, os países já iniciaram os trâmites para uma possível arbitragem internacional, o que é visto como um retrocesso para a integração regional tão almejada pelo presidente Lula. 

 A hidrovia em debate, com 3.442 km de extensão, é gerida de forma conjunta entre essas nações desde o fim da década de 1980, servindo de caminho mais barato para soja, milho e derivados, além de combustíveis, fertilizantes e minério de ferro. A via é especialmente importante para o Paraguai, que não tem ligação com o mar, então depende dela para transportar quase 80% do seu comércio exterior, e tem a terceira maior frota de embarcações do mundo. 

 Os quatro países criticam principalmente dois pontos: primeiro, dizem que a Argentina impôs o pedágio —de US$ 1,47 ou R$ 7 por tonelada— de forma unilateral e arbitrária, o que vai contra os tratados que preveem uma decisão em conjunto. Depois, reclamam que, ao reter os barcos, a nação restringiu a liberdade de navegação de bens estratégicos, novamente indo contra os acordos vigentes. "No entendimento do Brasil, da Bolívia, do Paraguai e do Uruguai, o governo argentino não foi capaz de demonstrar, até o momento, que o pedágio constitui ressarcimento de serviços efetivamente prestados na hidrovia, condição prevista no acordo para qualquer cobrança", afirmou o Itamaraty à Folha. O Paraguai disse que não seria possível indicar porta-voz. 

 A Argentina argumenta que a taxa é uma compensação por melhorias estruturais feitas no rio nos últimos 13 anos e insinua que a situação escalou pelo lado paraguaio, que estaria agindo por pressão do empresariado local. Procurada, a Casa Rosada afirmou que está respeitando o acordo de não dar declarações sobre o assunto e que o ambiente das negociações tem sido positivo. 

 O tom começou a subir em 24 de agosto, após o ministro da Economia e candidato presidencial argentino, Sergio Massa, fazer uma escala em Assunção para conversar com o presidente recém-empossado Santiago Peña. Eles posaram juntos para a foto, mas horas depois o Ministério de Relações Exteriores paraguaio criticou a Argentina nas redes sociais por não ter cumprido o suposto combinado de retirar o pedágio. 

Diego Giuliano, ministro dos Transportes argentino, respondeu no post que lamentava "que o conteúdo de uma reunião tão frutífera tenha sido distorcido". "Não sei se é falta de comunicação, acredito que são momentos distintos. No caso do Paraguai é muito claro: quando dizemos algo, se cumpre", alfinetou Peña a jornalistas no dia seguinte. "Nós não negamos a opção de cobrança [...], mas não podemos cobrar unilateralmente, deve ser um acordo entre os cinco países", adicionou.

O marco da escalada do conflito, então, ocorreu no último dia 6, quando uma segunda embarcação paraguaia foi parada em Zárate, cidade a 90 km de Buenos Aires, após também se negar a quitar o pedágio por transportar diesel paraguaio ao próprio Paraguai. Ela só foi liberada cinco dias depois, após pagar uma taxa. Enquanto isso, as farpas se transformaram em ações concretas: no dia 8, Peña decidiu parar de vender o excedente de energia produzido pela hidrelétrica Yacyretá, compartilhada entre os dois países, acusando a Argentina de não pagar uma dívida antiga —do outro lado, os argentinos também reclamam um passivo histórico menor pela construção da represa. "A decisão de retirar 100% da energia disponível para o Paraguai foi intencional, e a Argentina teve que comprar energia do Brasil a um custo mais alto. Fizemos grandes esforços para recompor a relação [...], mas os atrasos significativos com o Paraguai persistem", disse o presidente Peña ao jornal argentino La Nación no dia 10, depois negando uma relação com o assunto do pedágio. 

 Na mesma noite, os quatro países divulgaram uma nota pedindo que a Argentina suspenda a taxa e garanta a livre navegação até que se resolva o impasse, o que não foi feito até agora. No dia seguinte, uma delegação ligada a Massa viajou a Assunção para reduzir a tensão. Indicou-se que os dois lados concordaram com o direito de cobrar pedágio, mas ainda sem saber quanto nem como. Achamos que US$ 1,47 é um valor excessivo, os cerealistas calculam que deveria ser de US$ 0,66 [ou R$ 3,20]. 

Dependendo da carga, isso encarece em até 10% o valor do frete, e quem acaba pagando é a população em geral quando compra produtos importados", diz Raúl Valdez, presidente do Centro de Armadores Fluviais e Marítimos do Paraguai (Cafym). Ele diz que os pedágios pagos desde janeiro somam cerca de US$ 50 milhões, o dobro dos US$ 25 milhões que a Argentina afirma ter gasto com melhorias na hidrovia —o país não respondeu sobre as cifras. "Reconhecemos os investimentos e a necessidade do pedágio, mas as dragagens e sinalizações feitas até aqui não se traduziram em mais eficiência e segurança. 

É preciso trabalhar juntos, nós sabemos o que tem que ser feito." Agora, iniciaram-se as reuniões técnicas para decidir o valor e a forma de pagamento, além de debater a situação da hidrelétrica de Yacyretá. Se os dois lados não chegarem a um acordo, o caso deve passar à arbitragem internacional, como indicou Peña. O chanceler paraguaio Rubén Ramírez também chegou a dizer que acionou o Tribunal Permanente de Revisão do Mercosul.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

Kossovo: Brasil, com o BRICS, não reconhece a sua independência - GZero Signal Newsletter

 GZero Signal Newsletter, Dec 27, 2022

Kosovo crisis escalates 

Serbia has placed its military on high alert amid rising tensions between ethnic Serbs and the government in neighboring Albanian-majority Kosovo. Meanwhile, ongoing protests on Wednesday prompted Kosovo to shut its main border crossing with Serbia. The center of the action is the ethnically divided town of Mitrovica, in northern Kosovo. Earlier this year, Serbs there refused to adopt Kosovo license plates and set up barricades to keep Kosovar authorities out of their areas. In recent weeks, things have gotten worse with more roadblocks and exchanges of gunfire between Mitrovica Serbs and local police. Kosovo’s government says Serbia, with backing from its friends in Moscow, is deliberately stirring up trouble in the country. Belgrade says it’s merely protecting its ethnic kin across the border. The background? Serbs consider Kosovo their historical heartland, but for centuries the region has been populated chiefly by Albanians who consider it home. In 2008, Kosovo declared independence from Serbia after surviving a brutal 1998-1999 assault by Belgrade. The US and most Western European countries recognize that independence, but a number of countries, including Brazil, China, India, and Russia, do not. The EU has, as usual, called for an elusive calm. No one in Belgrade or Mitrovica seems to be listening.

domingo, 6 de fevereiro de 2022

Ucrânia-Rússia-OTAN: desenvolvimentos da crise e a opinião de George Kennan em 1997 (CNN)

 

CNN Meanwhile in America, February 7, 2022

 

 

Stephen Collinson and Shelby Rose

Was the Ukraine crisis tragic and unnecessary?

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Does Vladimir Putin have a point?


The underlying cause of the Ukraine crisis is the Russian President’s belief that NATO, by expanding into former Warsaw Pact states in Eastern Europeafter the Cold War, is threatening the security of its old enemy Russia. As well as seeking a guarantee that Ukraine will never join the Western alliance, Putin wants NATO to pull troops and weapons out of states like Poland and Romania that were once behind the Iron Curtain. President Joe Biden has refused such demands since they would shatter the alliance’s core purpose, appease Russian aggression and desert nations that embraced democracy after decades under Soviet repression. He ordered US troops to both Poland and Romania last week.


Putin is right that NATO moved east after the Cold War, in a way that may almost have been guaranteed to anger Moscow. The bloc's assurances that it is a defensive alliance get no hearing in the Kremlin. Had Russia transformed into a western-style European democracy, this wouldn’t have been an issue. But starry-eyed optimists who held such hopes in the 1990s were always disregarding lessons of the country’s scorched-earth political history.


So did NATO’s triumphalism and stampede over Russian pride pave the way for where we are now? It was always a possibility that a future strongman in the Kremlin would use NATO expansion to spark a foreign policy crisis and as a nationalistic tool for his own legitimacy as Putin has done. George Kennan,the diplomat who in the 1940s coined the core US containment policy against an expansionist Soviet Union, predicted exactly this scenario after the Clinton administration decided to go ahead with NATO expansion.


“That the Russians will not react wisely and moderately to this decision of NATO to expand its boundaries to the Russian frontiers is clear,” Kennan wrote in his diary on January 4, 1997. He predicted a “strong militarization” of Russian politics and claims by Russia that it was an innocent victim of foreign aggressors. He predicted Moscow would seek to unite Iran and China to form an anti-Western bloc. “Thus will develop a wholly and even tragically unnecessary division between East & West and in effect a renewal of the Cold War," he wrote.

 

Twenty-five years later, the final plank of Kennan’s warning fell into place as Putin clinched a new strategic friendship Friday between China and Russia in his Olympian summit with President Xi Jinping in Beijing.

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The case for NATO expansion

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But what would have happened had NATO not expanded? 


President Bill Clinton told historian Taylor Branch for his contemporary taped oral history of his administration that he spent a 1994 trip to Europe dancing between Russian fears of NATO expansion and NATO’s fear of Russia. He said then-German Chancellor Helmut Kohl worried about the possibility of Russian influence on the eastern border of his newly unified nation and also about the threat of authoritarianism in newly liberated post-Soviet Eastern Europe. Clinton also presciently noted that Poland’s move west would leave Ukraine isolated.


Critics of NATO expansion must also answer the question of why nations that had been suppressed, ruled by outsiders and even been wiped off the map at times, should not grasp the freedom denied them even before Soviet domination? And would a vacuum in Eastern Europe have already caused a resurgent, imperial Russia to move west once more and again threaten European democracies?


Biden’s actions have reaffirmed a 70-year American commitment to Western European security. US power allowed market democracies in Poland, the Czech Republic and the Baltics to grow and thrive, despite some political backsliding in recent years. But Putin also knows that US commitment is not a given in the long term. In a speech in Poland in 2017, then-President Donald Trump implied that the West was more threatened by the weakening of white culture and tradition through waves of outside immigration than it was by the Kremlin. His far-right populism and vision of national sovereignty is closer to Putin’s worldview than the traditional US creed. A new Trump presidency, should he run again in 2024, would raise new doubts about NATO’s purpose and his own affinity for Putin. Already, pro-Trump Republican senators are questioning Biden’s dispatch of more troops to Europe.


With all this in mind, the current standoff is hardly remarkable. It’s perhaps surprising that all the post-Cold War forces that have precipitated the crisis took so long to hit boiling point.

 

Ukraine’s plight is part of a broader crisis. It's about whether individual nations have the chance to choose their own political destiny or whether they must live in the sphere of influence of a greater, hostile power. And whether the US still has the stomach to serve as Europe’s security guarantor nearly a century after the political madness that caused World War II and forged the modern world.


sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

Erdogan, o sultão está nu, dizem seus opositores - Anthony Faiola (The Washington Post)

Um antigo correspondente na América Latina se ataca a um típico ditador latino-americano, com a peculiaridade dele ser turco...

The Washington Post
Today's WorldView
Presented by Goldman Sachs
 
 

segunda-feira, 8 de novembro de 2021

A crise energética no Brasil e no mundo: entrevista de Paulo Roberto de Almeida ao jornal A União, da Paraíba

 Na semana passada, dei uma entrevista ao jornalista Luiz Carlos Nascimento Sousa, do jornal A União, da Paraíba, sobre crise energética no Brasil e no mundo. Acabo de receber um arquivo pdf do jornal, com minha entrevista resumida, publicada neste domingo 7 de novembro de 2021.

Reproduzo apenas as partes que interessam ao tema selecionado pelo jornalista que tratou apenas de energia, mas nem tudo o que eu disse foi integrado nesta seleção.

Paulo Roberto de Almeida








sexta-feira, 5 de novembro de 2021

O multilateralismo em crise - Ngaire Woods

 The Telegraph, Londres – 5.11.2021

Is Multilateralism a Fig Leaf?

International organizations must manage a constant tension between the interests of their most powerful member states and those of the rest. Three factors – leadership, effective internal processes, and transparency – are crucial to managing these strains.

Ngaire Woods

 

Oxford - International organizations are currently plagued by allegations of powerful states wielding undue influence over outcomes. These include recent revelations about Australia, Japan, Saudi Arabia, and other countries pushing back against the United Nations on climate change, suggestions that senior World Bank officials intervened to boost China’s ranking in the Bank’s Doing Business index, and suspicions that China influenced the World Health Organization’s approach to the COVID-19 pandemic.

Underlying all these controversies is the simple reality that powerful countries exert great influence over multilateral organizations. But their clout does not render multilateralism impossible. Rather, it is a force that must be actively managed and counterbalanced.

The undue influence of some countries in multilateral institutions is of course not new, but the shifting global balance of power has brought it back into focus. For example, the recent Doing Business fracas prompted arguments implying that otherwise technocratic and evidence-based institutions such as the World Bank were at risk of being led by managers too attentive to China’s concerns. As Anne Krueger writes, “Like Caesar’s wife, IMF and World Bank leaders must be well above suspicion in overseeing these institutions’ work and safeguarding the integrity of the data on which that work relies.”

But history tells a different story. The United States has long dominated the World Bank, in both its formal and informal governance. In the 1960s, it was said that the US hardly needed to exercise its formal powers over the organization, because its staff worked with one eye constantly trained on the preferences of the US government, a few blocks away in the center of Washington, DC. As the historian Catherine Gwin noted, “The result was a strong and enduring American imprint on all aspects of the Bank, including its structure, general policy direction, and the manner of granting loans.”

The US government has typically channeled its preferences through the World Bank’s senior management. In 2006, an independent panel commissioned by the Bank to evaluate its research criticized the way in which “research was used to proselytize on behalf of Bank policy, often without taking a balanced view of the evidence, and without expressing appropriate skepticism.” Moreover, “[i]nternal research that was favorable to Bank positions was given great prominence, and unfavorable research ignored.” The panel lamented that, “when the Bank leadership selectively appeals to relatively new and untested research as hard evidence that its preferred policies work, it lends unwarranted confidence to the Bank’s prescriptions.”

Other powerful countries also exercise influence over international organizations’ senior management and staff. In the International Monetary Fund’s 2014 surveillance review, for example, staff noted the “additional internal pressure and scrutiny associated with surveillance of systemic economies.” And in a background paper on evenhandedness for the review, nearly 60% of IMF mission-chief respondents who worked on advanced economies acknowledged “pressure to dilute the candor of staff reports in order to avoid upsetting the country authorities.”

But international organizations need the backing of powerful countries in order to be effective, and they have historically secured that backing by giving these countries special rights. For example, whereas the US stayed out of the League of Nations in the 1920s, it was persuaded to join the UN, the IMF, and the World Bank after World War II. This was not least because the US gained a say over these organizations’ leadership, hosted their headquarters, and had outsize decision-making power (a veto in the UN Security Council and weighted voting power in the IMF and World Bank). China’s leading position within the Asian Infrastructure Investment Bank today reflects similar considerations.

At the same time, powerful countries must accept some constraints in order to persuade and co-opt others to participate in multilateral institutions. For this reason, strong states create organizations that give votes to other states, with formal decision-making arrangements that (however weakly) limit their power to decide unilaterally what the institution does.

The result is a constant constructive tension between the interests of the most powerful and those of everyone else. Three factors are crucial to managing the inevitable strains.

First, leadership is vital. The role of any multilateral institution’s leader includes not only “speaking truth to power,” but also mobilizing smaller countries to ensure their voices are heard in counteracting the influence of the powerful. Yet, such offsetting influence will be muted as long as powerful states control the appointment and reappointment of organizations’ senior leadership – as the US and the European Union(and increasingly China) do at the World Bank and the IMF. As matters stand, the heads of these institutions are implicitly accountable to the leading powers.

Second, in principle, formal governance arrangements guaranteeing the representation of all members, rules about staffing and funding, and decision-making processes permit all member states to hold an institution to account. But the effective operation of such mechanisms requires attention, information, and experience. Currently, too many countries are represented in multilateral institutions by officials who serve brief terms and have little access to information. This makes them easy to outmaneuver. Less powerful countries need to train and equip their representatives appropriately to serve on the boards of international organizations, so that they can hold their own and constrain the undue influence of the more powerful.

Lastly, transparency is crucial. The trend toward open evaluations conducted by independent evaluation offices, and the increased publicity surrounding efforts by some countries to influence international organizations, are uncomfortable for all participants, but they are vital in the pursuit of effective cooperation.

Given today’s heightened geopolitical tensions, complaints about some countries’ supposedly excessive sway in multilateral institutions may become more frequent. More accountable leadership, effective representation, and transparency are the best tools for counteracting, detecting, and mitigating it.(P.S.)

 

Ngaire Woods is Dean of the Blavatnik School of Government at the University of Oxford.

 

domingo, 24 de outubro de 2021

Cidades fantasmas? Aldeias Potenkim? Assim é EverGrande

 

Jurong, la ville chinoise dans laquelle « personne n’habite »

Par Simon Leplâtre (Jurong (Chine), envoyé spécial)
Le Monde, 24/10/2021 
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REPORTAGE Le promoteur immobilier chinois Evergrande avait promis un mégacomplexe avec immeubles, commerces et parc d’attraction. Un projet à l’abandon, qui illustre les raisons qui l’ont mené – ainsi qu’une partie du secteur immobilier – au bord du gouffre. 

Assis autour de petites tables rondes, les agents immobiliers d’Evergrande passent le temps : certains discutent, cigarette aux lèvres, quand d’autres sont penchés sur leurs smartphones. Derrière sa façade de fausses maisons à colombages, style conte de fées, la grande salle d’exposition du promoteur immobilier le plus endetté du monde compte bien quelques clients, mais ils sont venus régler des problèmes administratifs.

Hu Cui, la trentaine, tailleur bleu, tend une série de contrats à une femme un peu plus âgée à lunettes rondes. La cliente, venue signer, fait grise mine : il y a un an, elle a payé la totalité de son appartement un peu plus de 9 000 yuans (environ 1 212 euros) du mètre carré. Maintenant, Evergrande brade certains appartements du même complexe à 6 000 yuans le mètre carré… « Mais, même à ce prix-là, personne n’en veut », précise l’agent immobilier. L’appartement de cette cliente devait être livré en mai. Mais les ouvriers ont déserté les dizaines d’immeubles en construction qui jouxtent un gigantesque projet de parc d’attractions, à Jurong, une petite ville à l’est de Nankin, dans le Jiangsu.

Dans le parc à thème désert de Jurong (Chine), le 19 octobre 2021.
Dans le parc à thème désert de Jurong (Chine), le 19 octobre 2021. RAUL ARIANO POUR « LE MONDE »

Etranglé par une dette équivalant à 260 milliards d’euros, le promoteur Evergrande est aux abois depuis deux mois. Vendredi 22 octobre, le groupe a évité de peu le défaut de paiement formel en payant in extremis 83,5 millions de dollars (environ 71,2 millions d’euros) à des investisseurs étrangers, après avoir manqué une échéance un mois plus tôt.

(…)

Artigo reservado aos assinantes…


quarta-feira, 31 de março de 2021

Ditadura militar: nota zero em democracia, e zero também em economia - Felippe Hermes

 Felippe Hermes

Não há pontos positivos na ditadura – nem mesmo a economia no período

Período marca o início de um intervencionismo sem fim, responsável por produzir a ilusão, que reina até hoje, de que gerou evolução ao país, ao menos no campo econômico