Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
domingo, 6 de outubro de 2024
Pessoas cometem erros, países cometem erros: uma análise histórica - Paulo Roberto de Almeida
terça-feira, 1 de outubro de 2024
Argentina e Venezuela, à frente da história latino-americana de fracassos - Paulo Roberto de Almeida
Argentina e Venezuela, à frente da história latino-americana de fracassos
Paulo Roberto de Almeida, diplomata, professor.
Nota de caráter histórico sobre retrocessos ocorridos na América Latina, com destaque para Argentina e Venezuela, na economia, na educação, na política, no social.
Fazem muitos anos que o Brasil é ultrapassado pela Argentina nos exames do PISA-OCDE, o que para mim constitui talvez o sinal mais eloquente e dramático dos retrocessos do país em décadas, destruindo tudo o que Sarmiento e Alberdi haviam legado de positivo para o único pais no mundo capaz de andar para trás por seus próprios meios e decisões soberanas.
Mas antes da Argentina, a Venezuela ganha a Palma de Ouro de uma destruição completa de um país pelos seus próprios dirigentes. São coisas surpreendentes na história do mundo: na Argentina foram os peronistas os principais responsáveis, na Venezuela os chavistas, duas tropas organizadas para dois retrocessos exemplares.
Fenômenos como esses me deixam estupefato sobre como determinados países se deixam conduzir para o abismo. Em ambos, qualquer recuperação, quando começar, vai levar décadas para recompor o país, na Venezuela de forma ainda mais determinada, pela “exportação” de um quarto de sua população, algo extraordinário e devastador, incluindo quadros qualificados, não apenas refugiados econômicos.
Certos países africanos talvez superem os dois “campeões latino-americanos” em decadência, pois convivem ademais com guerras civis, inter-étnicas e religiosas.
O caso do Brasil é muito diferente, pois se trata apenas de um país lentíssimo em se desenvolver, com pequenos retrocessos apenas pontuais na esfera das políticas econômicas. Em todos os casos registrados sobre esse tipo de processo exasperante em sua lentidão as causas nunca são choques externos; sempre se trata de populismo e incompetência nas políticas públicas. O que mais uma vez remete à má qualidade da educação para explicar a baixa qualidade da governança.
Pessoas, povos inteiros podem sim se tornar deseducados. Basta piorar na qualidade da educação, o que resulta de má formação de capital humano dedicado ao setor. O Brasil é um exemplo disso, mas num processo geral de incorporação progressiva dos mais pobres (um grande estoque) aos benefícios democratizantes da inserção social. Somos lentos nesse processo, por falta de prioridades claras na casta dos políticos, sempre selecionados entre os piores e mais oportunistas. Mas o que mais me tem impressionado nos últimos tempos é o crescimento da estupidez entre segmentos outrora aparentemente bem educados da população branca majoritária mos EUA: senão como explicar a resiliência e a extensão do trumpismo ignaro?
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 4745, 1 outubro 2024, 2 p.
terça-feira, 24 de setembro de 2024
Cláusulas Democráticas servem para alguma coisa?
Milei lança ofensiva diplomática contra Maduro na região
Governo argentino quer promover a adoção de uma cláusula democrática no Consenso d Brasília, como passo prévio e uma eventual expulsão da Venezuela do grupo
O governo do presidente argentino, Javier Milei, iniciou uma ofensiva diplomática que tem como objetivo cercar a Venezuela de Nicolás Maduro em foros regionais e, no cenário mais otimista traçado pelos argentinos, expulsar o país do Consenso de Brasília, criado ano passado por iniciativa do Brasil, e da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac). O plano da Casa Rosada é conseguir que o Consenso, formado por todos os países da América do Sul, incorpore uma cláusula democrática e, em base a essa cláusula, a Venezuela seja obrigada a sair do grupo. A estratégia do governo Milei foi confirmada ao GLOBO por fontes dos governos brasileiro e argentino.
domingo, 16 de junho de 2024
A Argentina volta às “relações carnais” - Roberto López (Pagina 12)
La errática política exterior y de defensa de Javier Milei
Socio global de la OTAN y miembro del grupo Ramstein: la irresponsabilidad como factor común
segunda-feira, 29 de abril de 2024
O que Marcos Galperín, chefe do Mercado Livre, pensa sobre Milei, Argentina e os perigos da lacração - The Economist
O que Marcos Galperín, chefe do Mercado Livre, pensa sobre Milei, Argentina e os perigos da lacração
Conheça as ideias, os temores e os desejos do homem mais rico da Argentina, cada vez mais extrovertido nas redes sociais
Por The Economist
O Estado de S. Paulo, 28/04/2024
Até os bilionários refletem a respeito do caminho que não seguiram. Aos 17 anos, Marcos Galperín havia retornado de uma viagem jogando rúgbi competitivo na Austrália e na Nova Zelândia, duas potências dessa modalidade esportiva, quando ofereceram a ele uma vaga na Universidade da Pensilvânia para estudar administração. “Tive de fazer uma escolha”, lembra o fundador do Mercado Livre, a empresa que domina o setor de comércio eletrônico e pagamentos na América Latina, a partir do seu escritório em Montevidéu, capital do Uruguai.
Mas velhos sonhos não morrem facilmente. “Se eu nascesse de novo, certamente seguiria uma carreira esportiva”, diz Galperín, agora com 52 anos. Ainda assim, ser bilionário tem suas compensações. No ano passado, ele comprou o Miami Sharks, um time de rúgbi dos Estados Unidos.
Galperín nasceu em meio à tradicional riqueza argentina: um império familiar do couro. Entusiasmado com a internet, ele fez as jogadas clássicas de um aspirante a magnata da tecnologia, frequentando a Faculdade de Administração de Stanford e abrindo um negócio a partir de uma garagem. Isso foi em 1999.
Hoje o Mercado Livre tem uma capitalização de mercado de cerca de US$ 70 bilhões, o que o torna a segunda empresa de capital aberto mais valiosa da região, depois da Petrobras, uma gigante brasileira do petróleo.
Depois de lutar contra a lentidão do serviço e os frequentes aumentos de tarifas por parte das empresas postais, o Mercado Livre construiu uma rede de entregas própria e vasta, ostentando aviões e a maior frota de veículos eléctricos do continente.
O Mercado Pago processou pagamentos no valor de US$ 183 bilhões no ano passado e fornece cartões de crédito e empréstimos a cerca de 15 milhões de pessoas, 60% das quais nunca haviam feito um empréstimo antes, diz Galperín.
Quando jovem, ele teve muita autoconfiança. “Para ser sincero, pensamos que chegaríamos aqui muito mais rápido”, brinca. No entanto, ele também admite ter tido dúvidas a respeito do sucesso do Mercado Livre e destaca a sorte como um elemento da sua trajetória. “Por todos esses anos eu tive muita ansiedade… Você vê seu saldo no banco caindo todo mês. É uma sensação horrível.” O equilíbrio financeiro em 2005 não foi um momento de comemoração, mas de alívio.
Seguindo essa mentalidade, em 2014 ele se queixou dos patrões que usavam suas empresas como caminho para a fama. O Mercado Livre era diferente, disse ele. “Queremos que a empresa seja famosa. Quanto mais discreto for o nosso perfil pessoal, melhor.” Isto, no entanto, mudou.
Hoje ele fala abertamente, especialmente a respeito da Argentina, onde suas publicações nas redes sociais causam impacto regularmente. A economia argentina é como um esportista que já foi o melhor do mundo, diz ele. “Agora ele está obeso, viciado em drogas, tem câncer e AIDS e é alcoólatra”.
Tal como muitos argentinos, Galperín foi radicalizado por anos de caos econômico. Em 2019, ele se autodenominou democrata ao estilo de Bill Clinton. Hoje ele apoia o presidente da Argentina, Javier Milei, um autodenominado “anarcocapitalista”. Quando Milei foi eleito, em novembro, Galperín postou uma foto de pombas se libertando das correntes com uma palavra: “Livre”.
Milei teve um início impressionante, diz ele, apontando para superávits orçamentais mensais, queda da inflação e aumento da confiança do mercado. “Eles tiraram o álcool e as drogas, mas isso também é muito doloroso”, diz ele, referindo-se à recessão provocada por profundos cortes de gastos. Há um longo caminho a percorrer: “O paciente ainda tem câncer e AIDS e está obeso porque, para isso mudar, é preciso reformar muita coisa”. Apesar desta análise sombria, Galperín considera que as probabilidades de Milei conseguir reformar a economia estão aumentando.
A história da Argentina também molda suas outras opiniões. Ele está otimista em relação ao bitcoin, que pode ser comprado e vendido no Mercado Pago, porque afirma que é uma reserva de valor melhor do que dólares, euros ou ienes. “Vindo da Argentina, sei o que acontece quando você tem déficits permanentes: sua moeda se desvaloriza”, diz ele, ignorando as oscilações do próprio bitcoin.
Seu ceticismo em relação ao governo é mais amplo. “Não há inovação na Europa”, afirma, culpando a regulamentação excessiva. Ele ama Israel, pelo contrário, porque o país mostra “o triunfo do capitalismo”.
Na Argentina, muitas pessoas discutem a respeito do capitalismo em vez de fazê-lo, sugere ele. E ele se preocupa com a influência da mentalidade lacradora, uma característica proeminente do último governo peronista da Argentina; ele traça uma linha reta entre a lacração, o socialismo e a ditadura. “Tudo começa com um discurso muito bonito sobre igualdade e termina em autoritarismo e pobreza”, diz ele.
O sucesso é a melhor vingança
Galperín é mais estridente na X (antigo Twitter), onde se envolve com figuras públicas e contas aleatórias, zombando de críticos com memes, emojis de beijinho e questionando se eles possuem ações no Mercado Livre.
Judeu secular, ele é veemente no seu apoio a Israel na guerra em Gaza. Ele descarta a possibilidade de que sua sinceridade possa representar um risco para o Mercado Livre. Poucos fora da Argentina se importam com o que ele diz, argumenta ele, antes de insistir que na verdade não é tão extrovertido.
O Mercado Livre certamente está crescendo. Em 17 de abril, a empresa anunciou que contrataria mais 18 mil pessoas, elevando sua força de trabalho total para 76 mil funcionários. Esta é talvez a resposta mais reveladora aos seus críticos esquerdistas na internet.
TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL
sábado, 30 de março de 2024
Sobre la dolarización y los economistas - Emilio Ocampo (El Cato)
Um importante artigo para colocar em boas bases o debate sobre dolarização ou não dolarização, em bases nacionais, ou desdolarização no plano dos intercâmbios, como pretendem alguns partidários de uma "nova ordem global". Aplicado especialmente ao caso da Argentina, onde o autor a defende com argumentos consistentes.
Sobre la dolarización y los economistas
Emilio Ocampo dice que la dolarización no ha sido descalificada por una mayoría de los economistas, de hecho hay una larga tradición del pensamiento económico que se ha opuesto al nacionalismo monetario.
El CATO, 25 de Marzo de 2024
https://www.elcato.org/sobre-la-dolarizacion-y-los-economistas?mc_cid=f1760a8ffa&mc_eid=19e757ffce
"Sin embargo, la mayoría de las naciones civilizadas siguen siendo tan bárbaras en sus transacciones que casi todos los países independientes optan por afirmar su nacionalidad teniendo, para su inconveniencia y la de sus vecinos, una moneda propia".
– John Stuart Mill
Leyendo lo que escriben algunos economistas argentinos y repiten ciertos medios, un lector desprevenido podría llevarse la impresión de que la dolarización ha sido descalificada por una mayoría de la profesión.
Nada más lejos de la verdad. Se puede estar a favor o en contra de la dolarización. Como en muchos otras cuestiones, hay economistas respetables y distinguidos en ambos lados del debate.
Una larga tradición en el pensamiento económico que se remonta a John Stuart Mill, Juan Bautista Alberdi y William Stanley Jevons en el siglo XIX y a Friedrich A. Hayek en el siglo XX ha cuestionado el nacionalismo monetario. A principios de los años setenta, dos premios Nobel, Milton Friedman y Robert Mundell, enarbolaron la bandera de la dolarización. En 1973 Friedman la recomendó específicamente para la Argentina en un testimonio al Congreso norteamericano, y, Mundell, a quien se considera el padre intelectual del euro, asesoró al gobierno de Panamá luego de que Nixon declarara la inconvertibilidad del dólar a oro. Desde entonces la lista de académicos reconocidos que la han propuesto para países con inflación alta y endémica incluye a Alberto Alesina, Robert Barro, Guillermo Calvo, John Cochrane, Tyler Cowen, Rudiger Dornbusch, Steve Hanke, Steven Kamin, David Malpass, Carmen Reinhart, Kurt Schuler, George Selgin, Larry Summers, Scott Sumner, François Velde, Marcelo Veracierto, y Larry White, entre otros.
Habría que agregar que los economistas Alfredo Arízaga, Carlos Julio Emanuel y Manuel Hinds, que como ministros de economía llevaron adelante la dolarización en sus países (los dos primeros en Ecuador y el último en El Salvador), también la recomiendan para la Argentina. Los economistas ecuatorianos Alberto Acosta, Alberto Dahik, Marco Naranjo Chiriboga, Pablo Lucio Paredes y Francisco Zalles en el último año han opinado públicamente de la misma manera (muchos otros lo han hecho en privado).
En la Argentina, la lista de economistas que en algún momento en las últimas cuatro décadas han propuesto la dolarización como solución al problema de la inflación incluye a Ricardo Arriazu, Jorge Ávila, Enrique Blasco Garma, Alberto Benegas Lynch (h), Roberto Cachanosky, Nicolás Cachanosky, Iván Carrino, Gerardo Della Paolera, Alejandro M. Estrada, Agustín Etchebarne Bullrich, Pablo Guidotti, Javier Milei, Agustín Monteverde, Pedro Pou, Adrián Ravier, Alfredo Romano y Gabriel Rubinstein, entre otros (aclaro que hoy no todos están a favor de una dolarización).
En algunos casos, la oposición de algunos economistas argentinos a la dolarización excede un análisis racional y pasa a un plano casi emocional. Con notables y loables excepciones, la chicana y la tergiversación priman sobre el análisis objetivo y racional.
En el plano teórico el debate sobre la dolarización se puede resumir como un trade-off entre los costos y beneficios de la credibilidad versus la flexibilidad de la política económica. Por el lado de los costos, la dolarización implica la pérdida de: 1) ingresos por señoreaje; 2) un banco central que pueda actuar de prestamista de último instancia, y, 3) la política cambiaria como amortiguadora de shocks externos. Los beneficios incluyen: 1) una tasa de inflación baja de manera permanente, 2) menores costos de transacción; 3) eliminación del riesgo de devaluación, que reduce las tasas de interés internas y el costo de capital de las empresas; 4) una prima de riesgo país potencialmente más baja, 5) un entorno más favorable para la inversión y el crecimiento gracias a la estabilidad de precios, 6) eliminación del descalce cambiario en el sector público y el sistema financiero, y 6) menor riesgo de refinanciación (roll-over) de la deuda pública.
De manera simplificada, si los gobernantes de un país demuestran de manera consistente a lo largo del tiempo que con un régimen de política flexible y discrecional no logran generar credibilidad, y, por ende, tampoco estabilidad, entonces, para alcanzar este último objetivo no queda otro camino que la dolarización. La flexibilidad es un lujo que sólo se pueden dar los países creíbles. Es decir, aquellos que consistentemente han adoptado políticas sensatas. Teniendo en cuenta que: a) con estabilidad de precios el señoreaje a lo sumo puede representar 1-1,5% del PBI y hay manera de recuperarlo parcialmente, b) hace años que no tenemos ni un banco central independiente ni un verdadero prestamista de última instancia, c) la política cambiaria en vez de estabilizar la economía tiende a desestabilizarla, y d) el costo del endeudamiento del sector público a largo plazo es prohibitivo, una dolarización no parece una opción costosa.
Hay quienes se oponen a la dolarización porque la asocian con la Convertibilidad, cuyo final traumático quedó grabado en la memoria colectiva de los argentinos. Se trata de regímenes parecidos pero esencialmente distintos. A Duhalde y Alfonsín les costó muy poco revertir la Convertibilidad, mientras que Rafael Correa, habiendo sufrido la crisis de 2008, un default soberano y un terremoto, nunca pudo revertir la dolarización porque el dólar era más popular que él. La inconsistencia de la política fiscal con un régimen de tipo de cambio fijo no explica por si sola el fin de la Convertibilidad. Fue una combinación de factores, en los que la política doméstica jugó un papel decisivo. Además, hay que recalcar que la Convertibilidad empezó en un momento en el que el dólar tocaba su punto más bajo en quince años mientras que hoy está en el punto más alto de los últimos cincuenta (y casi 40% por encima del valor que tenía en marzo de 1991).
Un análisis crítico de la historia argentina sugiere que apoyar un régimen flexible y discrecional requiere grandes dosis de optimismo (¿voluntarismo?). Básicamente, implica creer que esta vez será diferente.
¿Qué puede justificar semejante creencia?
- La ilusión de qué, aunque la Argentina no es un “país normal”, puede fácil y rápidamente convertirse en un país normal. ¿Por qué no podemos tener el mismo régimen bi-monetario con el que Perú y Uruguay lograron doblegar la inflación? Descartar la respuesta obvia a esta pregunta denota una peligrosa ingenuidad. Estos países no están donde están, ni tienen la inflación que tienen por casualidad, sino porque, a lo largo de varias décadas, sus gobernantes tomaron decisiones que nuestro sistema político no estuvo, ni hoy demuestra estar, dispuesto a tomar. Si mi perro tuviera un manubrio y dos ruedas no sería mi perro, sino mi bicicleta.
- La soberbia de algunos economistas que creen que si ellos estuvieran a cargo de la política económica podrían lograr lo que no han logrado otros economistas tanto o más calificados y/o experimentados que ellos en el pasado. La Argentina ha demostrado que se come crudos a los golden boys con PhDs de la Ivy League. Sin embargo, algunos académicos encerrados en la torre de marfil juegan con modelos matemáticos en los que las medidas que proponen siempre obtienen los resultados esperados. Como advirtió Ricardo Caballero hace algunos años, es peligroso para un economista dejarse hipnotizar por la lógica de los modelos y confundir la precisión con la que obtienen resultados en un mundo ideal con la que se puede esperar en el mundo real. Esta confusión es lo que Hayek denominó “la pretensión del conocimiento”, que termina resultando carísima a la sociedad.
- La ilusión de qué bajo un régimen flexible y discrecional, futuros gobiernos emplearán las herramientas de política cambiaria, monetaria y fiscal de acuerdo a lo que prescriben los libros de texto a pesar de que nunca lo han hecho.
- La ilusión de que lo único que se necesita para eliminar la inflación es un banco central independiente. Esta es probablemente una de las ideas más perniciosas que circulan en nuestro medio (en este artículo explico por qué). En lo que va del siglo, la independencia de jure del BCRA supera a la del Bank of England y, hasta 2011, también superó a la de la Reserva Federal, sin embargo, resulta obvio que, de facto, la poca independencia que tuvo bajo la Convertibilidad desapareció por completo. Por ley tenemos un banco central relativamente independiente, pero en la práctica es una dependencia del Ministerio de Economía con funcionarios mejor pagos. Esta divergencia es una clara señal de anomia institucional.
- La ilusión de que lo único que se necesita para eliminar la inflación es eliminar el déficit fiscal. Ya tuvimos la fallida experiencia del “Plan Picapiedras” bajo el gobierno de Mauricio Macri que se asentaba sobre dos pilares: emisión cero y déficit cero. Entre el primer semestre de 2018 y el primer semestre de 2019 el equilibrio primario pasó de un déficit a un superávit con una reducción del gasto de casi 13% en términos reales, mientras que la base monetaria pasó de crecer al 24% anual a crecer al 35% anual. Sin embargo, la tasa de inflación anual promedio saltó de 26% a 54% entre ambos semestres. En vez de asegurar la reelección de Macri este plan contribuyó a su derrota. Como explica Persio Arida, uno de los autores del Plan Real brasileño, “los planes de estabilización no suelen ir acompañados de un déficit cero. Por el contrario, el plan de estabilización es el que genera el apoyo político para estabilizar el déficit”. No sólo la experiencia de Brasil con el Plan Real sino también la de la Argentina bajo la Convertibilidad prueban la verdad de esta afirmación. Es increíble la facilidad con la que volvemos (¿vuelven?) a cometer los mismos errores.
- La ilusión de que los gobiernos malos en la Argentina son cosa del pasado. El remedio que proponen algunos economistas para eliminar la inflación sólo funcionaría con “gobiernos buenos”. Pero nuestra historia sugiere que la probabilidad de que en el futuro volvamos a tener “gobiernos malos” es muy alta. Si dejamos en manos de estos gobiernos un banco central que pueda emitir pesos para financiar su corrupción, su nepotismo y su clientelismo, volveremos a tener una inflación descontrolada.
- Una pereza intelectual y cierto esnobismo lleva a algunos colegas a ignorar la experiencia de otras economías dolarizadas como Ecuador, El Salvador y Panamá porque, supuestamente, no son comparables a la economía argentina, ya sea por su tamaño, grado de desarrollo y/o patrón de comercio internacional. Otros creen que ya saben todo sobre la dolarización cuando, en realidad, nunca dedicaron suficiente tiempo a estudiar el tema con profundidad.
A todo esto habría que agregar algo obvio que enturbia el debate: el propio interés profesional. La máxima aspiración profesional de algunos colegas es dirigir (u ocupar un cargo en) el BCRA, que bajo una dolarización debería dejar de existir. Otros, especialmente aquellos dedicados al análisis de coyuntura, son socios del statu quo. Naturalmente se oponen cualquier cambio que pueda hacer peligrar su posición. Los bancos argentinos, que básicamente lucran a costa del BCRA, también se perjudicarían en el muy corto plazo si se avanzara con una dolarización, por lo cual es esperable que sus asesores también se opongan.
Sin embargo, sólo una mirada miope puede llevar a un banquero competente y serio a creer que una dolarización sería perjudicial para sus intereses. Ecuador tiene un PBI equivalente a 20% del de la Argentina, sin embargo, su banco privado más grande, el Banco Pichincha, tiene un balance y una rentabilidad superior a las del Banco de Galicia o el Banco Macro. Resulta obvio que, si el objetivo de un banquero es intermediar de manera eficiente el ahorro y la inversión de la sociedad, la dolarización sería beneficiosa para su rentabilidad a mediano y largo plazo. También sería beneficiosa para la mayoría de los argentinos, ya que por primera vez en su vida podrían acceder al crédito hipotecario a largo plazo a tasas de interés razonables. Hoy en Ecuador se consiguen préstamos para comprar una vivienda con hasta 20 años de plazo al 9% anual en bancos privados y a 25 años de plazo en los bancos públicos.
De ninguna manera pongo a toda la profesión en la misma bolsa pero sí a los 200 colegas que firmaron una solicitada en contra de la dolarización y que nunca en su vida se les ocurrió firmar una solicitada en contra de la inflación descontrolada, el impuesto más regresivo que existe.
No hay que cancelar el debate sino promoverlo. Es la mejor manera de acercarnos a la verdad. Nosotros nunca hemos reuído el debate y lo hemos aceptado en varias ocasiones con economistas serios y profesionales (ver por ejemplo aquí, aquí y aquí). Nadie nace dolarizador. Algunos nos convencemos estudiando la historia argentina y estudiando lo que ha ocurrido en otros países. Quizás algunos consideren que nuestra postura es demasiado pesimista. Yo la considero realista, pero obviamente es una cuestión subjetiva.
En cierto sentido, se puede decir con respecto a la dolarización lo mismo que decía Cavallo con respecto a la Convertibilidad: “el escepticismo de los economistas profesionales argentinos, con algunas excepciones como Ricardo Arriazu, Alejandro Estrada y Adolfo Sturzenegger, en el momento de lanzarse el plan, reflejaba a su vez el pensamiento más frecuente de los especialistas en macroeconomía de las principales universidades del mundo”.
Hay una diferencia importante. En 1991 el régimen de convertibilidad era desconocido en el mundo. Sólo había sido aplicado en Hong Kong y pocos economistas comprendían como funcionaba. Desde entonces, la dolarización no sólo ha sido estudiada con gran detenimiento sino también implementada en varios países. Y como señalé algunos párrafos más arriba una lista de economistas notables la consideran la herramienta más adecuada para países con alta inflación endémica. No hay excusas.
Me sorprende que Cavallo se siga oponiendo a la dolarización, y, a pesar de la experiencia de los últimos 25 años, siga abrigando esperanzas de que el peso pueda ser una moneda fuerte y estable. Esto solo ocurrió cuando fue plenamente convertible y estuvo respaldado por el oro o el dólar con la Convertibilidad (que terminó muy mal). Durante el resto de la larga historia del papel moneda en nuestro país, que se remonta a 1822, el peso fue una moneda basura, impuesta compulsivamente por el curso forzoso y abusada recurrentemente por el poder político, democrático o autocrático, para financiar su estrafalaria afición al gasto.
En una democracia anómica como la argentina, el único mecanismo de compromiso efectivo para reducir la inconsistencia temporal de la política económica es el voto de una mayoría, no lo que establezca la Constitución o una ley del Congreso siempre reversible. La dolarización es un mecanismo de compromiso efectivo porque una vez que los votantes cobran sus salarios en dólares se resisten a que se los vuelvan a pagar en una moneda depreciada. Basta ver lo que ocurrió en Ecuador bajo la presidencia de Rafael Correa.
Este artículo fue publicado originalmente en el Substack Dolarización en Argentina (Argentina) el 12 de marzo de 2024.
Emilio Ocampo
Emilio Ocampo es profesor de Finanzas e Historia Económica en UCEMA (Buenos Aires), donde también dirige el Centro de Estudios de Historia Económica.
domingo, 4 de fevereiro de 2024
A Libertarian President! (em intenção talvez…) - John Stossel (Taki's Magazine)
February 02, 2024
Source: Wikipedia Commons
Argentina actually elected a libertarian president.
Javier Milei campaigned with a chainsaw, promising to cut the size of government.
Argentina’s leftists had so clogged the country’s economic arteries with regulations that what once was one of the world’s richest countries is now one of the poorest.
Inflation is more than 200%.
People save their whole lives — and then find their savings worth nearly nothing.
They got so fed up they did something never done before in modern history: they elected a full-throated libertarian.
Milei understands that government can’t create wealth.
He surprised diplomats at the World Economic Forum this month by saying, “The state is the problem!”
He spoke up for capitalism, “Do not be intimidated by the political caste or by parasites who live off the state … If you make money, it’s because you offer a better product at a better price, thereby contributing to general well-being. Do not surrender to the advance of the state. The state is not the solution.”
Go, Milei! I wish current American politicians talked that way.
In the West, young people turn socialist. In Argentina, they live under socialist policies. They voted for Milei.
Sixty-nine percent of voters under 25 voted for him. That helped him win by a whopping 3 million votes.
He won promising to reverse “decades of decadence.” He told the Economic Forum, “If measures are adopted that hinder the free functioning of markets, competition, price systems, trade and ownership of private property, the only possible fate is poverty.”
Right.
Poor countries demonstrate that again and again.
The media say Milei will never pass his reforms, and leftists may yet stop him.
But already, “He was able to repeal rent controls, price controls,” says economist Daniel Di Martino in my new video. He points out that Milei already, “Eliminated all restrictions on exports and imports, all with one sign of a pen.”
“He can just do that without Congress?” I ask.
“The president of Argentina has a lot more power than the president of the United States.”
Milei also loosened rules limiting where airlines can fly.
“Now (some) air fares are cheaper than bus fares!” says Di Martino.
He scrapped laws that say, “Buy in Argentina.” I point out that America has “Buy America” rules.
“It only makes poor people poorer because it increases costs!” Di Martino replies, “Why shouldn’t Argentinians be able to buy Brazilian pencils or Chilean grapes?”
“To support Argentina,” I push back.
“Guess what?” Says Di Martino, “Not every country is able to produce everything at the lowest cost. Imagine if you had to produce bananas in America.”
Argentina’s leftist governments tried to control pretty much everything.
“The regulations were such that everything not explicitly legal was illegal,” laughs Di Martino. “Now … everything not illegal is legal.”
One government agency Milei demoted was a “Department for Women, Gender and Diversity.” DiMartino says that reminds him of Venezuela’s Vice Ministry for Supreme Social Happiness. “These agencies exist just so government officials can hire their cronies.”
Cutting government jobs and subsidies for interest groups is risky for vote-seeking politicians. There are often riots in countries when politicians cut subsidies. Sometimes politicians get voted out. Or jailed.
“What’s incredible about Milei,” notes Di Martino, “Is that he was able to win on the promise of cutting subsidies.”
That is remarkable. Why would Argentinians vote for cuts?
“Argentinians are fed up with the status quo,” replies Di Martino.
Milei is an economist. He named his dogs after Milton Friedman, Murray Rothbard and Robert Lucas, all libertarian economists.
I point out that most Americans don’t know who those men were.
“The fact that he’s naming his dogs after these famous economists,” replies Di Martino, “shows that he’s really a nerd. It’s a good thing to have an economics nerd president of a country.”
“What can Americans learn from Argentina?”
“Keep America prosperous. So we never are in the spot of Argentina in the first place. That requires free markets.”
Yes.
Actually, free markets plus rule of law. When people have those things, prosperity happens.
It’s good that once again, a country may try it.