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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
domingo, 20 de abril de 2014
Petrobras: o fosso da corrupcao cada vez mais fundo...
Emprego: tres mitos do governo derrubados pelo IBGE
sábado, 19 de abril de 2014
Petrobras: um covil de ladroes? - Caio Gorentzvaig
Petrobras: repensar a empresa - Adriano Pires, Paula Barbosa
É preciso repensar a Petrobrás
O Estado de S.Paulo
ADRIANO PIRES E PAULA BARBOSA
A delicada situação econômico-financeira e operacional que a Petrobrás vem apresentando nos últimos anos sofreu considerável deterioração com os eventos e as revelações ocorridos a partir de março. Embora a companhia apresente plenas condições para sua recuperação e retorno a uma trajetória de êxitos, é necessário corrigir a rota e promover mudanças estratégicas. Em especial, reduzir a interferência que o governo passou a ter na companhia ao longo dos últimos anos.
Refletir sobre erros e acertos talvez ajude a empresa a reencontrar seu rumo e sua vocação. De seus primórdios, em 1953, até 2004, a contagem de acertos e elementos que atraíram admiração e orgulho do povo brasileiro se sobrepõe à contagem dos erros. De 2005 para cá, no entanto, a balança se inverteu e a Petrobrás passou a ter de um cenário de céu azul para nuvens e tempestades.
Desde 2005, a companhia sistematicamente não consegue entregar a produção de petróleo nos níveis pretendidos, vindo esta a crescer apenas 10% nos últimos sete anos, de aproximadamente 1,8 mil barris diários, em 2006, para pouco mais de 2 milhões de barris diários, em 2013. Em paralelo, o endividamento da companhia cresceu vertiginosamente 260% no mesmo período, de R$ 64 bilhões, em 2006, para quase R$ 240 bilhões, no fim de 2013. Já o lucro, em moeda constante, decresceu 46% no período, para R$ 20 bilhões em 2013, revelando uma gestão que ou é falha ou afetada por fatores alheios à pura e simples boa governança.
É notório que uma grande fonte de perdas de recursos para a Petrobrás vem sendo a administração política dos preços dos combustíveis, de modo a evitar o contágio para os índices de inflação, mas produzindo uma destruição de R$ 40 bilhões, aproximadamente, de janeiro de 2010 até dezembro de 2013, valor que é subtraído do acionista e que provavelmente jamais retornará ao caixa da empresa.
O ajuste dos preços dos combustíveis é um fator indispensável e reconhecido pela própria direção da companhia, que já o propôs no fim de 2013, sem êxito, por causa da decisão do governo federal de evitar impactos na inflação e possíveis desgastes eleitorais. Enquanto essa visão do governo não mudar, a Petrobrás continuará a punir os acionistas minoritários com a sua perda de valor de mercado e a enfrentar sérios problemas em várias frentes:
nos resultados operacionais e financeiros e na avaliação das agências de classificação de risco, que recentemente rebaixaram a nota da empresa e a do País;
na totalidade da cadeia produtiva, que alcança os mais diversos setores e movimenta bilhões de reais e milhares de empregos;
e na capacidade de desenvolver o pré-sal e de se tornar uma das líderes mundiais do setor de petróleo e gás, enquanto nações como os Estados Unidos já avançam a passos largos na indústria do petróleo e do gás não convencional, ameaçando inundar o mercado com enormes volumes de hidrocarbonetos, reduzindo preços e, com isso, sufocando as aspirações nacionais de ter na Petrobrás uma líder nessa indústria.
Diante de tão críticos fatos, é necessário começar a adotar medidas precisas, austeras e corajosas.
Duas medidas já foram publicamente anunciadas pelo corpo técnico da empresa, mas a interferência do governo vem impedindo a sua adoção.
A convergência dos preços domésticos dos combustíveis com os preços internacionais é absolutamente imprescindível. A diretoria da companhia indica que isso ocorrerá apenas em 2015, ou seja, após as eleições deste ano. O atraso é um erro.
A segunda medida, anunciada recentemente pela presidente Graça Foster, consiste na priorização da curva de produção sobre o conteúdo local. Não poderia ter encontrado melhor acolhida pelo mercado. O acelerado programa de investimentos da empresa no pré-sal é absolutamente incompatível com o atual nível de exigências de conteúdo local, explícito na regulamentação vigente.
Ativos. Desinvestir (ou vender) ativos que foram adquiridos e que não têm afinidade com a vocação e foco da empresa no pré-sal é outra ação sine qua non. Entre esses ativos, as refinarias dos Estados Unidos e do Japão, hoje tarefa difícil, e outros ativos espalhados pelo mundo, adquiridos por razões incompatíveis com o momento atual.
Reestruturar o portfólio de ativos no Brasil também é imperativo. Como proprietária de dutos de transporte, plantas de regaseificação e distribuidoras de gás natural, a Petrobrás aufere baixa rentabilidade e entrega a seus clientes um serviço de baixa eficiência, que poderia ser desempenhado com melhores resultados por empresas com outro perfil, e puramente dedicadas a esses serviços.
Analogamente, não faz sentido que a Petrobrás detenha o controle da BR Distribuidora, um tipo de negócio totalmente diverso do segmento de exploração e produção, em que reside a sua vocação e no que deveria residir também o foco da Petrobrás. A oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da BR Distribuidora se configura como um avanço na estrutura organizacional e no foco estratégico da companhia.
No exterior, grandes petroleiras de capital privado (por exemplo, Exxon, Shell, Chevron, BP, BG) iniciaram recentemente programas dedesverticalização, isto é, fazendo desinvestimentos e vendas dos segmentos com os quais têm menor afinidade e nos quais têm menor vocação, como abastecimento (refinarias) e distribuição (postos de gasolina, gás natural, dutos diversos). A elevação acentuada dos custos dessas indústrias na última década, aliada à manutenção do preço do petróleo no patamar de cerca de US$ 100,00 o barril, vem gerando contínua perda de rentabilidade e a urgente necessidade de reorganizar suas estruturas produtivas, justificando, portanto, os movimentos dedesverticalização.
Por fim, está claro que esse elenco de medidas não será posto em prática em 2014, um ano de eleições. Entretanto, é absolutamente imprescindível discutir a Petrobrás e seu futuro nestas eleições, sem demagogias e com bastante pragmatismo. A companhia, seus acionistas, funcionários, fornecedores, clientes e o próprio País agradecem.
ECONOMISTAS, SÃO, RESPECTIVAMENTE, DIRETOR DO CENTRO BRASILEIRO DE INFRA ESTRUTURA E ESPECIALISTA NO MERCADO DE PETRÓLEO E GÁS NATURAL
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quinta-feira, 17 de abril de 2014
1964: Jornal O Dia, 2 de Abril, o povo festeja nas ruas
Inflacao: governo companheiro encomenda uma taxa robusta - Alexandre Schwartsman
Intenção e gesto
- Autor: Alexandre Schwartsman
- em Artigos, Economia de Mercado, Eficiência
- 17/04/2014
Embora ateu, sou fascinado pela literatura bíblica, como, imagino, alguns dos 18 heróis já devem ter percebido. Li recentemente um estudo sensacional a respeito, mais precisamente sobre a evolução da interpretação das Escrituras, “How to Read the Bible”, de James L. Kugel, e aprendi que, de acordo com a visão tradicional, cada palavra da Bíblia seria carregada de significado. Eventuais inconsistências seriam, portanto, apenas fruto das dificuldades de interpretação, pois a palavra divina não admitiria falhas.
Entendimento semelhante têm os economistas que, oito vezes por ano, uma semana após a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em que o Banco Central decide sobre a taxa de juros básica (Selic), se acotovelam para ler a ata da reunião em busca de pistas acerca das próximas decisões, assim como suas prováveis consequências.
Cada palavra é sopesada, assim como adições ou subtrações em relação às versões anteriores do documento, ou mesmo a ordem dos parágrafos. Nada é por acaso e cada vírgula pode indicar o rumo futuro das taxas de juros.
Isto dito, a exegese da última ata deixou poucas dúvidas acerca das intenções do BC. A eliminação da referência à “continuidade” do processo de ajuste monetário, a introdução do termo “neste momento” para qualificar a decisão de elevar mais uma vez a taxa de juros, assim como a menção a uma “política monetária vigilante” (não mais “especialmente vigilante”) oferecem indicações claras que o BC deseja parar o aperto monetário.
Por outro lado, a evolução da inflação não condiz com este anseio. Na véspera da divulgação da ata soubemos que a inflação atingiu 0,92% em março e 6,15% nos últimos 12 meses, taxa perigosamente próxima à máxima permitida pelo sistema de metas (6,5%), que, a propósito, deve ser ultrapassada com folga nos próximos meses.
Não faltou, é claro, quem procurasse reduzir a relevância do número desastroso. Condições climáticas fizeram com que os preços dos alimentos “in natura” saltassem no mês, contaminando o índice de inflação. Como, porém, este processo seria temporário, não caberia ao BC reagir nem à população ficar alarmada com os desenvolvimentos recentes.
Trata-se de já conhecida conversa para boi dormir. Sim, preços de alimentos subiram muito por causa da seca, mas quem faz este argumento deixa convenientemente de lado o virtual congelamento dos preços administrados pelo governo, como energia, combustíveis, passagens de ônibus, que têm atuado do lado contrário (em março, por exemplo, caíram 0,02%, acumulando alta de apenas 3,4% nos últimos 12 meses).
De fato, se desconsiderarmos tanto o impacto dos alimentos consumidos em casa como o das tarifas públicas chegaríamos à conclusão de que o conjunto dos demais preços aumentou nada menos do que 0,88% no mês, valor apenas levemente inferior ao registrado pelo IPCA “cheio”. Mais grave, esta medida, “limpa” de ambos efeitos, mostra inflação de 7,36% nos últimos 12 meses, bastante superior à registrada pelo IPCA.
Diga-se, aliás, que esta conclusão também é válida para as demais medidas de inflação que tentam justamente eliminar eventuais efeitos de preços muito voláteis ou sujeitos à intervenção governamental (os chamados “núcleos de inflação”).
A aceleração inflacionária não resulta, pois, de preços de alimentos nem tem caráter temporário. Pelo contrário, vai muito além dos alimentos (a inflação de serviços supera 9%) e é disseminada (no mês passado 72% dos itens não alimentícios do IPCA subiram de preço).
Neste contexto, o BC até pode fingir que não tem nada a ver com o problema e parar o ciclo de aperto monetário com a Selic nos atuais 11% (ou mesmo em 11,25%).
Não vai, porém, escapar de ter que voltar ao tema uma vez passadas as eleições. Problemas não desaparecem porque sua solução é adiada; apenas voltam vitaminados a requerer doses muito maiores de sacrifícios.
Fonte: Folha de S. Paulo, 16/04/2014
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