O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

As relacoes internacionais como oportunidade profissional (2006) - Paulo Roberto de Almeida

Alguém me lembrou deste antigo ensaio sobre as angústias dos jovens internacionalistas, elaborado muito tempo atrás e aparentemente ainda válido (disso não estou seguro). Em todo caso, pode ser que tenha algum interesse para os jovens vocacionados para a área de relações internacionais, não necessariamente na diplomacia.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 5/12/2018

As relações internacionais como oportunidade profissional

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 22-23 de março de 2006
Respostas a algumas das questões mais colocadas pelos
jovens que se voltam para as carreiras de relações internacionais.


Questões:

1. Com quais expectativas o jovem ingressa no curso de relações internacionais?
            PRA: Provavelmente, na maior parte dos casos, com a expectativa de tornar-se diplomata ou funcionário internacional, ou então animado pelo vago desejo (ou mesmo vontade concreta) de sair do Brasil, passar sua vida entre capitais européias e da América do Norte, fazer-se no mundo, enfim. Deve-se observar desde logo que o ingresso na diplomacia, na verdade, acaba ocorrendo para uma fração mínima dos ingressados nesses cursos, uma parte também relativamente pequena voltando-se para as próprias atividades acadêmicas ligadas às relações internacionais e a maior parte devendo inserir-se, de algum modo, no mercado de trabalho “normal”, isto é, do setor privado, altamente competitivo. 
Aqueles muito jovens – digamos entre os 18 e 20 anos – ostentam uma visão relativamente romântica do que seja o mundo ou a projeção internacional do Brasil, não estando aqui excluídas motivações essencialmente idealísticas, no sentido da atuação em causas humanitárias, ecológicas, imbuídos que são do desejo de mudar o mundo ou de ajudar aqueles que são percebidos como “vítimas da globalização” ou de misérias ancestrais. Os mais “velhos” – que podem eventualmente ter iniciado o terceiro ciclo por algum outro curso e efetuado o desvio para relações internacionais no meio da rota – possuem expectativas mais concretas e realistas, eventualmente construídas a partir do exercício de alguma atividade profissional paralela aos estudos de terceiro ciclo, mas eles também podem estar imaginando ou aspirando por uma “vida diferente” da mesmice cotidiana em âmbito puramente nacional, algum relevante papel de “negociador”, de “funcionário” ou de “executivo internacional”. Ou seja, todos eles possuem altas expectativas em relação aos cursos e as oportunidades profissionais dele resultantes, sem talvez medir muito bem a distância que ainda separa o universo relativamente teórico do universo “mental” desses cursos e a realidade do mundo profissional, feita de muito esforço individual, salários nem sempre elevados como esperado e uma indefinição geral quanto ao exercício concreto das “generalidades” aprendidas nos bancos universitários.

2. Em quais as áreas o bacharel em RI sai preparado para atuar?
            PRA: Como ele é um generalista em especialidades “internacionais” ele poderá, supostamente, atuar em todas as áreas nas quais alguma competência vinculada ao seu terreno é requerida, seja no campo da análise e processamento de informações relativas aos diferentes cenários regionais e internacionais, seja na pesquisa e ensino acadêmico, nas áreas de relações internacionais das burocracias públicas – o que inclui a diplomacia tradicional, novas “diplomacias” em ministérios setoriais, assessorias internacionais de diversos órgãos etc. – e, provavelmente em maior “volume”, nas empresas privadas e nas chamadas ONGs que possuem ou aspiram possuir qualquer tipo de interface com o mundo exterior. O problema, aqui, é que as empresas requerem, em geral, uma competência mais específica e provavelmente mais especializada do que o conhecimento sintético das relações internacionais, a qualquer título. As empresas não estão minimamente preocupadas com a teoria institucionalista ou neo-realista das relações internacionais, tampouco com o funcionamento do Conselho de Segurança da ONU: elas desejam simplesmente vender ou fazer negócios com parceiros externos e por isso elas são mais suscetíveis de apelarem para profissionais especializados como economistas, advogados ou algumas outras profissionais mais “tradicionais”. Afinal de contas, trata-se de fazer uma prospecção de mercado ou de elaborar um contrato de cessão ou compra de direitos e outros ativos entre dois agentes privados, que devem rentabilizar seu tempo e seus recursos humanos e materiais, não havendo muito lugar para teorizações indevidas ou abstrações fora do campo essencialmente pragmático no qual atuam essas empresas.
Em outros termos, o bacharel de RI seria extremamente consciencioso se ele procurasse, de imediato, suprir suas carências em competências específicas buscando uma especialização dentro de seu campo de estudo, procurando estágios desde cedo ou mesmo fazendo algum outro curso paralelamente. Como para as demais especializações disciplinares, uma pós-graduação seria altamente recomendável, ou então uma outra via, mais racional, a formação de base numa profissão “normal” ou “tradicional” e uma pós ou estudos especializados em relações internacionais, eventualmente com orientação já definida para a área na qual o candidato a um bom emprego pretende atuar.

3. Qual o nome dado ao profissional depois de formado?
            PRA: Não tenho certeza se o termo está consagrado, mas, aparentemente, seria “internacionalista” (uma expressão ainda não oficializada, diga-se de passagem, como a própria “profissão”, que não corre nenhum “risco” de ser regulamentada no futuro previsível). Em todo caso, melhor assim, do que algo estranho como “internacionalóide” ou “internacionaleiro”. 

4. Existe a discussão sobre a relevância do curso para quem quer seguir carreira diplomática. É mesmo o melhor caminho ou o primeiro passo para o Instituto Rio Branco e o Itamaraty?
            PRA: Não tenho certeza de que este seja o melhor caminho para os indivíduos que aspiram a ter alguma atividade já consagrada no circuito profissional, pois se trata de uma área relativamente nova, ainda não suficientemente “testada” nos mercados de trabalho. O que ocorreu, nos últimos anos, levado pelos ventos da globalização e da regionalização, foi um fenômeno “anormal” de expansão “geométrica” dos cursos de relações internacionais, provavelmente sem qualquer relação com a demanda efetiva do mercado. Havia uma demanda da parte dos jovens, atraídos pelo que parece ser um campo novo e talvez vasto – mas provavelmente não suficientemente “elástico” como o desejado pelos jovens – e as instituições privadas de ensino se encarregaram de satisfazer essa demanda por cursos de “aspecto” internacional. 
            Quanto à carreira diplomática, estrito senso, o recrutamento é altamente seletivo e a formação deveria ser, portanto, focada nas humanidades em geral, com um domínio igualmente satisfatório de ciências sociais aplicadas como economia e direito. Não é seguro que um curso de relações internacionais consiga dar todas as competências requeridas, mas ele é provavelmente o que mais estaria dentro do “campo” da diplomacia profissional. Acontece, porém – e isso precisa ficar muito claro aos jovens aspirantes à carreira – que, sendo o recrutamento caracterizado pela “hecatombe” de 90% dos candidatos, os “não-entrantes” precisam “sobreviver”, de alguma forma, nas profissões normais, requeridas pelo mercado, e aqui o nicho das relações internacionais ainda é relativamente difícil. 
            Pode-se dizer, de uma maneira geral, que o curso, in abstracto, é relevante, mas os cursos, tomados concretamente, diferem muito entre si pela qualidade das matérias oferecidas, pela competência dos professores contratados, pela disponibilidade de recursos didáticos e materiais, etc. 
            Parece ocorrer, atualmente, com os cursos de relações internacionais, algo semelhante ao que se passou, em outras épocas, com os cursos de ciências sociais, de psicologia, de jornalismo, que passaram a atrair multidões de jovens sem um perfil muito definido quanto à carreira desejada ou suas aspirações concretas. O modismo, como tudo a cada época, um dia vem abaixo… Mas é também possível que os patamares de demanda sejam mantidos ou até ampliados, pois há certas “modas” que não passam, seja por uma demanda regular – como ocorre hoje com os cursos de jornalismo – seja porque a globalização é mesmo irrefreável e contínua, um “universo em expansão”...

5. O que diferencia o curso de RI dos cursos de comércio exterior e de direito e economia internacionais?
            PRA: Não existem cursos de “economia internacional”, apenas de economia, tout court, assim como no direito, embora os egressos desses cursos possam buscar, nos últimos semestres, algum tipo de especialização informal dentro desses campos em suas respectivas áreas. Comércio exterior se apresenta hoje como uma orientação relativamente técnica, algo assim como “contador”, embora seja uma área que requeira e deva contar com estudos aperfeiçoados, que aliás podem estar dentro de alguns cursos de relações internacionais – que assim exibiriam especializações mais para “ciência política” ou mais para economia internacional, segundo o gosto do cliente. 
            Acredito mesmo que no decurso da sedimentação necessária e natural dos cursos de relações internacionais nas diferentes regiões do país, essas orientações geográfico-espaciais ou essas inclinações temáticas acabarão emergindo progressivamente. Ou seja, pode-se conceber cursos de relações internacionais voltados para o agronegócio nas principais regiões produtoras de commodities demandadas pelo mercado mundial, cursos voltados para a diplomacia e a pesquisa nas ciências sociais em algumas grandes capitais, outros cursos voltados para o comércio exterior e a integração regional nas regiões mais “expostas” aos processos sub-regionais de integração e assim por diante. 

6. O aumento de ofertas para o curso de RI em diversas faculdades públicas e particulares poderia significar que a procura é alta para a carreira?
            PRA: A procura ainda é alta por uma espécie de ilusão dos jovens quanto ao “charme” e a oferta de empregos nessa área, pelo efeito do já mencionado “modismo”, ou porque o Brasil está mesmo deslumbrado com a globalização, ingressante tardio – e incompleto – que foi nos grandes circuitos da interdependência global. Não imagino que a demanda venha a se manter nos próximos anos, seja porque haverá um “plafonnement” e queda ulterior, seja porque o ritmo de crescimento tenderá a diminuir, ao descobrirem, muitos egressos, que os cursos não são assim tão “funcionais” para as necessidades de uma carreira concreta, seja porque a oferta, como sempre ocorre, supera a demanda efetiva. Não deve ocorrer, aqui, nenhum “keynesianismo” avant la lettre, pois o governo não parece estar em condições de garantir demanda efetiva numa área que não aparece como prioritária em termos de recursos humanos. 
            Resumindo: a procura, a jusante, não é alta, mas sim está ocorrendo um crescimento da oferta de cursos para atender uma demanda pré-existente, a montante, portanto. O mercado deverá ajustar oferta e procura dentro em breve. De toda forma, não existe UMA carreira de relações internacionais, e sim diferentes “carreiras” – ou melhor, oportunidades de emprego – que vão se ajustando aos nichos existentes, muito diversos entre si. Como a profissão não é regulamentada, nem tem chances de sê-lo muito em breve, persistirá essa relativa indefinição do que é “carreira” ou “especialização” em relações internacionais.

7. O jovem passou a se interessar mais por assuntos relacionados ao mundo?
            PRA: Certamente. O bebê já nasce ouvindo teclado de computador, e a internet, como as demais tecnologias de informação, permeia a vida das pessoas desde tenra idade. Não há como escapar, hoje, dos apelos do mundo. Mesmo que algum jovem não tenha o mínimo interesse por “coisas” do mundo, o mundo vem inevitavelmente até ele, pelos mais diferentes caminhos e meios. Ninguém escapa…

8. Os atentados de 11 de Setembro e as subseqüentes guerras no Afeganistão e no Iraque podem ter tido alguma influência no aumento de interesse por Relações Internacionais?
            PRA: Provavelmente, mas não mais do que MP3, celular, internet de modo geral. Há hoje uma crescente interpenetração entre o nacional e o mundial, todo dia franquias estrangeiras vêem se estabelecer no Brasil, as viagens internacionais são cada vez mais freqüentes e acessíveis, o inglês tornou-se obrigatório para o simples exercício (e vício) preguiçoso do “cut and paste” para os trabalhos escolares, enfim, o mundo vem até nós, aos borbotões. É natural que cresçam e apareçam as profissões e especializações ligadas às relações internacionais, mas os interesses e as oportunidades são ainda muito difusos.

9. Certos cursos, como direito e administração, são opções de vestibular para muitos adolescentes que não sabem exatamente o que querem fazer da vida. Por abranger muitas áreas, a carreira de RI não acaba atraindo mais jovens indecisos?
            PRA: Exatamente: direito e administração oferecem amplas possibilidades para todos os tipos de vocações, por vezes sequer diretamente relacionadas com os campos temáticos dessas duas áreas. As RI podem, também, oferecer muitas possibilidades, mas, à diferença das duas primeiras, elas não constituem uma profissão reconhecida, “testada” no mercado e expressamente demandadas pelos mercados ou pelas empresas. Essa pequena diferença pode ser decisiva na inserção profissional dos jovens: entre o certo de uma profissão tradicional e o incerto de um campo novo, talvez seja o caso de ficar com o certo. O problema é que o Brasil é um país dotado de muito pouco empreendedorismo, a despeito da tremenda flexibilidade de sua mão-de-obra, revelada na grande capacidade adaptativa e nos esquemas informais que permeiam os mercados de trabalho (existem vários, do mais inserido ao totalmente informal). Uma pesquisa na escola média revelaria, provavelmente, que poucos jovens aspiram lançar o seu próprio negócio, a maior parte deles estando voltada para cursinho ou estudo para algum concurso, qualquer um, em carreira dotada de estabilidade.
            Esse problema da “indecisão” dos jovens pode hoje estar levando muito deles para as RI, assim como no passado os jovens “revolucionários” eram atraídos pela sociologia – segundo Mário de Andrade, a “arte de salvar rapidamente o Brasil” – e as jovens casadoiras eram levadas a fazer psicologia, esperando marido… Hoje se faz RI, porque protestar contra a “globalização perversa” virou esporte quase obrigatório entre os jovens…

10. Com tanta oferta de cursos, há espaço suficiente para o profissional em RI no mercado?
            PRA: Certamente tem ocorrido certa “inflação” de cursos, mas nisso os próprios demandantes levam a culpa: eles “pediram” e os empresários da educação correram para atender essa demanda do mercado de estudantes. Esses “industriais da educação” não estão minimamente preocupados com o espaço do “profissional” de RI – se é possível chamá-lo assim – no mercado de trabalho, esse não é o “departamento” deles. Sua função é a de apenas “fornecer” aquilo que lhes é pedido: um curso e um canudo, depois cada um que se vire como puder num mercado indefinido. Ou seja, não estamos num “supply side economics of international relations”, mas essencialmente num mercado demandante por cursos e canudos, o resto fica ao sabor do próprio mercado…

11. O mercado e as empresas estão preparados para entender o que é profissional de RI?
            PRA: A pergunta deve ser completamente invertida: nem os mercados, nem a fortiori as empresas precisam estar “preparados para entender o que é profissional de RI”. Essa não é função deles. Sua única função é recrutar competências para o exercício de atividades profissionais específicas e os requerimentos são estritos: ou o profissional se adapta e atende ao que lhe é demandado, ou então ele pode procurar outro emprego. Por isso, volto a insistir: as empresas, na maior parte das vezes, não querem intelectuais brilhantes que sabem discorrer sobre o Conselho de Segurança da ONU ou o último livro do Keohane, elas querem alguém que saiba redigir um contrato, negociar um acordo com parceiro de outro país, fazer uma boa prospecção de mercado, trazer negócios, lucros e resultados, ponto. Este é o mercado, que deve ocupar pelo menos 80% dos egressos dos cursos de RI, qualquer que seja o seu número (o resto indo para os governos e as academias). 
            Quem deve entender as (e de) empresas e o (de) mercado são esses profissionais, que se não souberem lidar com essas realidades, se auto-excluem dos melhores empregos nesses mercados. Não é uma questão de preferência, é assim, ponto. As empresas não vão à cata de jovens egressos dos cursos de RI, eles é que devem tentar se oferecer para elas.
            Os jovens precisam, desde o início, tomar consciência de que, ao receber o canudo, ao saírem das faculdades, não vai haver uma fileira de “head hunters” esperando por eles na calçada, não haverá sequer um mísero recrutador esperando por eles para dizer: “Venha, meu jovem, tenho um emprego esperando por você!”. Isso simplesmente não vai acontecer. Ou eles se preparam, desde o segundo ou terceiro ano, fazendo estágios, montando empresas juniores com seus colegas, pesquisando por conta própria novos nichos de mercado, ou eles vão ficar de canudo na mão reclamando da vida.
            Se eu fosse um jovem, hoje, e não um diplomata com 28 anos de carreira, mas ainda disposto a diversificar no privado (ensino e pesquisa, eventualmente consultoria), eu me perguntaria: “qual é o meu nicho no mercado futuro, o que o Brasil ou o mundo me reserva, dentro de dois ou três anos?” Uma breve pesquisa de internet me daria a resposta em 5 minutos, ou a minha própria vontade e vocação determinariam o meu destino imediato. Abstraindo-se a própria carreira diplomática – excessivamente restrita para servir de “colocação” para um grande número de jovens – e algumas outras carreiras no serviço público – analistas de comércio exterior ou de inteligência – e nas academias, o que sobra, obviamente, como “opção” são as empresas, grandes e pequenas. Eu até diria que o “profissional” de RI poderia montar a sua própria, mas o empreendedorismo individual ainda é muito pouco desenvolvido no Brasil.
            Nessa perspectiva, é óbvio que um jovem paulistano precisa ter uma visão “global business”, é evidente que um jovem do “cerrado central” precisa pensar no Brasil como o grande fornecedor mundial – o que ele já é, mas será cada vez mais – de produtos do agronegócio, é evidente que aqueles que amam praia, sol, florestas e montanhas encontrarão excelentes oportunidades no turismo de massa ou especializado, está mais do que claro que o Brasil tem um imenso campo em todas as áreas nas novas energias renováveis, na exploração dos recursos naturais, na conformação de um espaço integrado na América do Sul. Se eu fosse jovem e quisesse ganhar muito dinheiro, eu já estaria estudando todas essas oportunidades. Tudo isso É relações internacionais, tudo isso é interdependência global, tudo isso é globalização. Quanto antes o jovem se preparar, e não ficar passivamente esperando o fim do curso para depois pensar no que vai fazer, será melhor para ele e para suas famílias.
            Desse ponto de vista, acho, particularmente, que os cursos, atuais, das faculdades voltadas para esse campo, e seus respectivos professores, estão muito pouco preparados para atender essa demanda. Trata-se de uma demanda real, não daqueles requisitos prosaicos de uma grade curricular tradicional, que copia passivamente a inércia “humanistóide” dos cursos tradicionais das universidades públicas – em ciências sociais em geral, mas fazendo uma combinação de direito, história, economia e ciência política – que, elas, parecem não ter nenhum compromisso com os mercados reais. Talvez os jovens não encontrem o curso ideal nem nas faculdades privadas nem nas públicas. O melhor, então, seria que eles “construam”, sozinhos, e de maneira absolutamente auto-didática (se possível com os colegas), os seus próprios “cursos”. Talvez eles não sejam melhores, em qualidade imediata, do que aqueles oferecidos oficialmente pelas instituições de ensino, mas eles certamente serão mais adaptados e estarão mais conformes às aspirações e necessidades dos próprios jovens.
            Acho que é hora de deixar de ser passivos: arregacem as mangas, jovens, mãos à obra, construam suas próprias vidas!

Paulo Roberto de Almeida
(www.pralmeida.org) 
Brasília, 22-23 de março de 2006

Os poloneses, entre nazistas e bolcheviques - Jozef Czapski

BY JÓZEF CZAPSKI
Translated from the Polish by Antonia Lloyd-Jones
Introduction by Timothy Snyder

In 1941, when Germany broke the Molotov-Ribbentrop pact and invaded the USSR, tens of thousands of Poles—men, women, and children who were starving, sickly, and impoverished—were released from Soviet prison camps and allowed to join the Polish army being formed in the south of Russia. One of the survivors who made the difficult winter journey was the painter and reserve officer Józef Czapski. After Czapski's release, General Anders tasked him with investigating the disappearance of thousands of missing Polish officers. Blocked at every level by the Soviet authorities, Czapski was unaware that in April 1940 the officers had been shot dead in Katyn forest and elsewhere.

Czapski’s account of the years following his release from the camp and the formation of the Polish Army, and its arduous trek through Central Asia and the Middle East to fight on the Italian front, offers a stark depiction of Stalin’s Russia at war and of the suffering, stoicism, and bravery of his fellow Poles.

"The Polish painter and writer Józef Czapski lived through almost the entire twentieth century as an exception to the rule. A pacifist who became a Polish army officer being deported to a Soviet prison camp in 1939, he was one of very few to survive the Katyn massacre perpetrated by Stalin’s secret police the following year....He was both a patriot and a European in the deepest sense, with friends and family connections across the continent. In this year’s centenary of independence regained, a new generation of Poles in a country at the crossroads must decide whether Czapski’s vision will also be theirs." —Stanley Bill, Times Literary Supplement

The world according to Mister Trump

The New York Times – 5.12.2018
Pompeo Questions the Value of International Groups Like U.N. and E.U.
Speaking in Brussels, the secretary of state said that some institutions fail to serve their member nations, and should be revised or eliminated.
Gardiner Harris

Brussels - In a major speech on Tuesday, Secretary of State Mike Pompeo tried to explain one of the abiding conundrums of the Trump administration: How does a nationalist lead on the international stage?
The answer, he said, is to jettison some treaties and institutions while bolstering others. Among the institutions that Mr. Pompeo criticized were the United Nations, the European Union, the Organization of American States and the African Union, but he embraced NATO — which President Trump has harshly criticized — as an “indispensable institution.”
The speech, delivered in a palatial concert hall in Brussels, was intended to explain Mr. Trump’s worldview to a deeply skeptical audience, including many Europeans who see Mr. Trump as undermining international agreements that have kept the peace in Europe and enhanced prosperity.
“Even our European friends sometimes say we’re not acting in the free world’s interest. This is just plain wrong,” Mr. Pompeo said, adding that “under President Trump, we are not abandoning international leadership or our friends in the international system. Indeed, quite the contrary.”
But since the end of the Cold War, the international order “failed us, and it failed you,” he said. “Multilateralism has become viewed as an end unto itself. The more treaties we sign, the safer we supposedly are. The more bureaucrats we have, the better the job gets done.”
Of the United Nations, he asked, “Does it continue to serve its mission faithfully?”
Mr. Pompeo called Britain’s decision to leave the European Union a “political wake-up call” for the bloc,which is based in Brussels. He then asked whether the European Union “is ensuring that the interests of countries and their citizens are placed before those of bureaucrats here in Brussels?” Someone in the audience shouted an unequivocal, “Yes,” a response Mr. Pompeo ignored.
The World Bank, International Monetary Fund and World Trade Organization also came in for sharp criticism.
“International bodies must help facilitate cooperation that bolsters the security and values of the free world, or they must be reformed or eliminated,” he said. After the short speech, Mr. Pompeo took no questions.
Responses ranged from tepid to hostile. In addition to Mr. Trump’s regular criticism of NATO, the United States and the European Union are fiercely at odds over the Iran nuclear deal, which Mr. Trump has pulled out of. Washington has restored harsh sanctions on Tehran, while America’s main European allies are doing their best to preserve the deal and find ways to go around U.S. sanctions.
Washington and Brussels are also engaged in sometimes vicious negotiations about trade as well as American sanctions on European steel on the grounds of “national security,’’ whereas the Europeans do not see themselves as a national security threat to the United States.
The Trump administration is also threatening new tariffs on imported cars, all in an effort to reduce the American trade deficit with the European Union. And Washington has sharply criticized Germany for supporting the Nordstream II, a gas pipeline from Russia to Germany that is now under construction.
Mr. Pompeo’s challenge to the European Union was a surprisingly undiplomatic comment from America’s chief diplomat, making some European officials wonder what the American response would be if a European foreign minister or the bloc’s chief diplomat, Federica Mogherini, criticized the fissures in the United States in a public speech in Washington.
A spokesman for the European Union refuted the claim that the bloc and its administrators fail the member states and their people. Margaritis Schinas, chief spokesman of the European Commission, the bloc’s executive arm, explained its governing structure and system of popular elections, adding pointedly, “I’m simplifying for those who do not know us.”
“That’s how it works, O.K.?” Mr. Schinas said, throwing his hands in the air. “So for those people who come to Brussels and coin an opinion without knowing how our system works, that’s how our system works, and that’s our reply.”
Ian Lesser, director of the Brussels office of the German Marshall Fund of the United States, which organized the event, said: “Clearly this was a speech intended to signal that multilateralism wasn’t dead, it simply needed to be revived. There may be a sharp debate about how he suggested to do that. But all in all, I don’t think it was a destructive message about multilateralism per se.”
Some listeners were less sanguine, like David Fouquet, a professor at the Free University of Brussels.
“I was struck by the fact that he put the European Union on his administration’s hit list of bad actors,” he said. “I’m in disbelief: the tone, the lack of sensitivity to the place where he was. His predecessors built and created these institutions. Although he professes to want to strengthen them, I think he is undermining them.”
A Spanish representative to the European Union described the speech as “a very compelling case on the current administration’s plans for a more national oriented” set of policies — while diplomatically avoiding saying what he thought of those policies.
Mr. Pompeo’s audience listened for clues about the future of the Intermediate-Range Nuclear Forces Treaty, known as the I.N.F. treaty, which the Trump administration has threatened to jettison despite European opposition. For years, American officials have maintained that Russia was violating the treaty, which banned land-based missiles of certain ranges.
“When treaties are broken, the violators must be confronted, and the treaties must be fixed or discarded,” Mr. Pompeo said, in what will surely be interpreted as a threat to the agreement. “Words should mean something.”
The I.N.F. treaty is “a critical issue right now,” said Brig. Gen. Arild Heiestad of Norway, a deputy military representative to NATO. “The U.S. should continue to stand by the treaty provided the other side does the same — but we know they aren’t, so it’s a complicated issue.”
Mr. Lesser said that Mr. Pompeo’s counterparts “will try to understand the timing and the implications of the withdrawal from the I.N.F., if indeed that’s what happens. But for now I heard no signal suggesting that America is prepared to withdraw from the nuclear treaty, unless of course something happens on the Russian side, but I don’t think that’s very likely.”
Mr. Pompeo said there were some international institutions that “work in American interests and yours, in service of our shared values.” But he listed only three such bodies: NATO, the Proliferation Security Initiative and the Society for Worldwide Interbank Financial Telecommunication, a bank messaging service that is widely known as Swift.
John R. Bolton, the national security adviser, threatened to penalize Swift, which gives financial institutions a secure way to wire money around the world, if it did not remove Iran’s banks, including its central bank, from the system.
Despite opposition from the European Union, Swift acceded to American demands and thus passed muster with Mr. Pompeo.
“This is an excellent example of an international institution acting responsibly,” Mr. Pompeo said.
Although NATO also received praise from Mr. Pompeo, he repeated Mr. Trump’s frequent complaint that the other 27 nations in the alliance need to spend more on defense. He then announced that he would host other foreign ministers for a meeting in Washington in April to celebrate the alliance’s 70th anniversary.
It would be the first time that a major NATO birthday was celebrated without heads of state. .
NATO officials said that there may be another summit meeting of leaders later in the year that could be portrayed as being timed for the anniversary.
In closing, Mr. Pompeo cited a quote from George Marshall, who as secretary of state after World War II helped to design much of the international system that Mr. Trump has so derided, that “international action cannot replace self-help.”
“It’s not popular to buck the status quo,” Mr. Pompeo said. “But too much is at stake not to. This is the reality which President Trump so viscerally understands.”
“President Trump knows that when America leads, peace and prosperity follow,” he added. “He knows that if we don’t lead, others will.”

Ideias e ideologia: breves propostas - Paulo Roberto de Almeida

Ideias e ideologia: breves propostas

Paulo Roberto de Almeida
 [Objetivo: auto-esclarecimento; finalidade: caráter didático]


O que são ideias? O que é ideologia? Seguem minhas breves considerações.
Ideias podem ser representadas por, ou apresentadas como, um conjunto disperso, diversificado, variado, muitas vezes incompleto, parcial ou preliminar, de proposições, argumentos, sugestões, opiniões, especulações, sobre quaisquer temas ou assuntos pertinentes ao universo mental de seus proponentes, sejam elas propostas sobre o mundo real, observável, empiricamente fundamentado, sejam apenas construções mentais sob a forma de conceitos abstratos. Para serem identificadas como ideias, e aspirarem legitimamente a esse título, ou identidade, tais ideias, por mais especulativas que sejam, necessitam guardar certa coerência, consistência intrínseca, conexão com o mundo real ou com a lógica formal (a que deve obedecer qualquer proposição), do contrário serão, ou terão de ser, descartadas como meras expressões sem sentido de seu enunciador. Ideias tem essa peculiaridade necessária de que elas precisam ser racionais, ou inteligíveis, de forma a permitir um debate de tipo socrático. Ponto.

O que é ideologia? Uma ideologia pode ser um conjunto de ideias que se apresenta de modo alegadamente coerente, que tende a fornecer uma explicação, ou interpretação, sobre algum aspecto do mundo real, ou do próprio mundo das ideias (pois estas costumam ter vida própria, e sobrevivem mesmo na ausência de vínculos aferíveis com a realidade). Geralmente se trata de um conjunto fechado, ou seja, que se basta a si mesmo, no sentido em que oferece uma resposta que se autocontém, e que se justifica por si próprio. Não importa muito se a ideologia é um conjunto de falsas ideias sobre o mundo – no sentido marxista do conceito – ou se ela é uma interpretação coerente e consistente do universo que se pretende descrever e explicar. 
O lamarckismo, por exemplo, foi uma ideologia dotada de certa validade durante o período em que ofereceu uma explicação plausível sobre a evolução das espécies; depois foi superado pela seleção natural darwiniana, como uma explicação superior em termos de consistência intrínseca com a realidade e atendendo a certos critérios da lógica formal. Não importa muito, agora, se a seleção natural, nas condições do mundo contemporâneo, vem sendo cada vez mais “enviesada”, distorcida ou transformada, pela seleção cultural, dirigida pelo próprio homem, com base na sua capacidade de manipular a natureza no nível do código genético das espécies, ou em escala molecular. O darwinismo se submete inteiramente aos critérios popperianos de “falsificabilidade”, e pode, portanto, aspirar ao título de “teoria”, o que é um status superior ao da ideologia. Os adeptos do criacionismo, por exemplo, ou os propositores do “desenho inteligente”, se esforçam em contestar a validade do darwinismo, pretendendo relegá-lo ao status de ideologia, mas suas “ideias”, ou proposições, não apresentam qualquer consistência lógica e qualquer conexão com a realidade observável, tratando-se, portanto, de “ideias falsas”, ou seja, o entendimento marxista de ideologia. 

Ideias são úteis ao avanço do conhecimento humano, mesmo quando falsas ou equivocadas, pois permitem discutir, em bases racionais, o entendimento que se tem sobre o mundo real e o próprio mundo das ideias. Ideologias, por outro lado, tendem a ser conjuntos fechados, o que dificulta um debate racional em torno de ideias, que sempre se contrapõem umas às outras. O debate racional é sempre saudável, e é sobre a base do questionamento das ideias entre si que a humanidade caminha a passos cada vez mais rápidos para o domínio sistemático do homem sobre o mundo real, e, com isso, para o progresso material dos povos e para a elevação espiritual da espécie humana, ou seja, sempre em benefício das comunidades existentes. Más ideias podem, obviamente, levar a retrocessos temporários ou delongados nessa trajetória: racismo, por exemplo, ou escravismo, ou qualquer outra forma de tirania sobre indivíduos ou comunidades, e essas más ideias podem se converter em ideologia, como o “racismo científico” de épocas passadas. Fundamentalismos, de qualquer tipo – político, religioso, ou mesmo torcidas de futebol – costumam se apresentar como “ideologias”, ainda que precárias, incoerentes, absurdas, geralmente agressivas e excludentes. 

Devemos sempre favorecer o florescer das ideias, o debate racional, a confrontação educada das ideias entre si. Devemos nos resguardar das ideologias, sempre perigosas e potencialmente danosas, por excludentes e potencialmente fundamentalistas. O debate continua aberto...

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 5 de dezembro de 2018

O movimento comunista internacional e seu impacto no Brasil - Paulo Roberto de Almeida

Uma apresentação em PowerPoint, destinada a subsidiar palestra-debate sobre o tema título, infelizmente não realizada por circunstâncias não pertinentes ao debate, e que será feita em ocasião ulterior. Abaixo o registro do trabalho em questão: 


“O movimento comunista internacional e seu impacto no Brasil”, Brasília, 3 dezembro 2018, 20 slides. Apresentação em PowerPoint para servir de base a pequena exposição sobre o tema título em palestra-debate no quadro dos “Diálogos Internacionais” do IPRI, juntamente com o jornalista e historiador Hugo Studart, autor de livros sobre a guerrilha do Araguaia. Palestra não realizada na data programada (4/12), postergada a oportunidade futura. 
Postada na plataforma Academia.edu (5/12/2018; link: https://www.academia.edu/37915306/3370_O_Movimento_comunista_internacional_e_seu_impacto_no_Brasil_2018_).




Barao da Ponte Ribeiro: Memory of World Register for Latin America


Brazilian Collection added to the Memory of the World Register for Latin America

The “Barão da Ponte Ribeiro: the making of Latin American identity (1794-1884)” collection has been inscribed in the regional Register of the Memory of the World by the selection committee of the Memory of the World for Latin America (MOWLAC). The collection comprises manuscripts and cartographic documents collected or created by the Baron Duarte da Ponte Ribeiro and is housed at the Ministry of Foreign Affairs's Center for Historical Documentation, in Rio de Janeiro. Duarte da Ponte Ribeiro (1795-1878) was a physician, diplomat and cartographer, whose diplomatic work in the establishment of Brazilian borders is among the most important achievements of Brazilian diplomacy in the 19th century.

Aprendizado: acolher ou resistir?

Mini-reflexão sobre os tempos que correm:

As pessoas geralmente aprendem, e melhoram, ao longo do tempo, pela leitura, pelos estudos, pela própria experiência, pela observação refletida, por novas ideias recebidas e testadas. 
Só os ideólogos não o fazem.
 Mas é pena! 
É isso? 
É isso!

terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Biologa da UnB ganha premio em Londres: Thais Vasconcelos

(Universidade de Brasilia)
----------------------------------------

Brasileira tem tese de doutorado considerada a mais importante do mundo para a Biologia



 
Apesar do recente corte orçamentário do governo em relação ao campo científico, nós ficamos felizes e orgulhosos em saber que muitos estudantes e profissionais brasileiros seguem resistindo e mesmo sem incentivo, conseguem fazer história, como é o caso de Thaís Vasconcelos, que se teve sua tese de doutorado considerada “apenas” a mais importante para a história da biologia.

Thaís tem apenas 29 anos e fez seu doutorado em Londres, graças ao programa Ciências sem Fronteiras e acaba de se tornar a primeira latino-americana a ser premiada pela Linnean Society da Inglaterra desde que a premiação começou a existir, em 1888. A jovem é graduada em ciências biológicas e possui mestrado em botânica pela UnB – Universidade de Brasília.

Sua tese analisa a história evolutiva das plantas através do material genético de espécies diferentes e receber este prêmio significa que ela foi reconhecida por uma das mais importantes e respeitadas condecorações no mundo das ciências. Sua pesquisa é extremamente relevante, pois permite que os cientistas compreendam as relações de parentesco entre as diferentes espécies, podendo até mesmo traçar uma linha do tempo.

Através de suas pesquisas ela pôde descobrir, por exemplo, que a pitanga e o eucalipto fazem parte da mesma família e que, algumas espécies que hoje estão aqui na América do Sul, chegaram no planeta Terra há 40milhões de anos: “por meio da Antártida, quando esta ainda não era coberta por gelo. A gente sabe disso por causa do parentesco entre as plantas daquela região com as daqui e também por causa de fósseis na Antártida e na Patagônia”.

Thaís também conseguiu mapear mapear a relação do formato das flores com as abelhas responsáveis pela polinização. “As flores dessas plantas precisam ter um formato específico para que a polinização aconteça e esse formato mudou muito pouco ao longo dos últimos 40 milhões de anos, o que não era um resultado esperado. Geralmente, as flores mudam muito de formato ao longo da evolução por causa da seleção por polinizadores”.

Sua tese chama  “Homogeneidade morfológica, heterogeneidade filogenética e complexidade sistemática em grupos ricos em espécies” e foi publicada periódico científico Comparative Biochemistry and Physiology Part B: Biochemistry and Molecular Biology. Além de ter sua pesquisa muito elogiada, os avaliadores de seu belíssimo trabalho completaram e disseram: “É excepcional e não apenas pela sua ciência. Ela é ricamente ilustrada com impressionantes micrografias eletrônicas de varredura, retratos florais, bem como figuras eficazes e muitas vezes muito bonitas, que simplesmente transmitem ideias e processos complexos para o leitor não especializado”.

Quanto à falta de incentivo por parte do governo, Thaís lamenta: “É importante mostrar que aqui tem muita gente boa também e que a gente já entenderia muito mais sobre a nossa biodiversidade se houvesse mais incentivos à pesquisa dentro do Brasil. Espero que esse prêmio me dê mais energia para tentar fazer a diferença aqui, porque, às vezes, ir para fora do país parece muito atraente, parece que as coisas serão mais fáceis lá“.
Com informações de Hypeness

Can Mexico Be Saved? - Denise Dresser (Economist)

Can Mexico Be Saved?
The Peril and Promise of López Obrador
ByDenise Dresser
The Economist, December 3, 2018

ABOUT THE AUTHOR:
DENISE DRESSER is Professor of Political Science at the Autonomous Technological Institute of Mexico.
Read more by Denise Dresser @DeniseDresserG

In 2012, Mexico’s future looked promising. The election of a dashing young president, Enrique Peña Nieto, imbued the country with a new sense of energy and purpose. Back in power after a 12-year hiatus, the Institutional Revolutionary Party, or PRI, had promised to reinvent itself and shun the corrupt authoritarianism it had practiced during the seven decades it ruled Mexico. As the country seemed to reach a consensus on long-delayed structural reforms, the international press heralded “the Mexican moment.”According to the cover of Timemagazine, Peña Nieto was “saving Mexico” by opening up the energy sector to foreign investment, combating monopolies, changing archaic labor laws, and leaving nationalism and crony capitalism in the past.
Just six years later, however, a historic electionswept the PRI from power and delivered a landslide victory to its nemesis, the antiestablishment leader Andrés Manuel López Obrador, and his party, the National Regeneration Movement (MORENA). The election was a sharp rebuketo Peña Nieto, his agenda, and the political and economic system that has been in place since the country transitioned to democracy in 2000. Despite the early promise of Peña Nieto’s modernizing reforms, by 2018, eight in ten voters disapproved of the PRI. The election catalyzed popular anger over frustrated economic expectations, rampant corruption, and a homicide ratethat has made Mexico one of the most violent countries in the Western Hemisphere.
But the vote was about more than merely punishing the PRI for its failings. López Obrador won because he was perceived as an authentic opposition leader: an insurgent politician who for years—including during two previous runs for the presidency—had railed against rapacious elites and a democratic transition gone awry. This time, however, his message in defense of “the people” resonated with wider segments of the Mexican electorate because the ills he diagnosed had become increasingly evident during the Peña Nieto administration.
López Obrador’s promise to shake up the status quo appealed to a restive populationeager for regime change. What it will mean in practice, however, remains unclear. So far, the president-elect’s policy positions have been vague, and his team is unknown and untested. Addressing Mexico’s toxic mix of truncated democracyand crony capitalism will require substantive reform. Many citizens hope that López Obrador will make Mexico’s government and economy genuinely inclusive. Others fear that he will push the country backward by resurrecting dominant-party rule, increasing presidential power, and stoking nationalism. A polarized Mexico is now caught between two forces: anger at those who have governed so badly and fear of those who have just been elected.

UNFULFILLED PROMISES
For decades, Mexico has been plagued by the same set of problems. From 1929 to 2000, single-party rule normalized corruption and stunted the development of Mexican institutions. Even now, the country’s economy produces profound inequality, with wealth concentrated in the hands of a few elites. Power operates through patronage and bribery. There are no adequate checks and balances to hold leaders to account. At the same time, the proliferation of drug-related crime has made violence routine.
Throughout the 1990s, political elites and party leaders focused on changing the rules of electoral competition in Mexico. These efforts culminated in Vicente Fox’s victory in the country’s 2000 presidential election. Fox, a member of the National Action Party (PAN), was the first opposition candidate to defeat the PRI. His victory ended single-party rule and marked the country’s official transition to electoral democracy.
Many believed that the PRI’s defeat would transform the prevailing political and economic system, but that did not prove to be the case. The vices associated with authoritarian rule persisted, including corruption and a lack of transparency and accountability. After Fox’s victory, the Mexican political system became a strange hybrid of authoritarianism and democracy: a system that promoted power sharing among party leaders but did little to guarantee the representation of ordinary citizens.
From 2000 to 2012, the PAN’s approach to governing closely resembled that of the party it had replaced. Patronage, vote buying, and corruption continued. As a result, citizens began to lose faith in the system altogether. According to a government survey from 2011, only four percent of the population had a favorable impression of political parties, and only ten percent believed that legislators governed on behalf of their constituents.
The democratic transition also failed to improve the country’s security situation—in fact, before long it got worse. In 2006, President Felipe Calderón launched a “war on drugs,” deploying the Mexican military to fight powerful drug cartels and end drug-related violence. Instead of solving these problems, the policy, which is still in place, has turned Mexico into a country of graveyards, where mothers sift through dirt to find the remains of their children. In states where the military has conducted operations, the violence has actually increased, as cartels fight both government forces and one another over territory and move on to other illicit activities, such as extortion and kidnapping. Where the armed forces have replaced civilian police officers, ordinary crime has skyrocketed. The army is not trained to carry out police duties, and its incursions to fight the cartels have often produced an escalation in human rights violations.
In the last decade, Mexico has seen over 250,000 homicides and over 34,000 disappearances. More than 140 mayors and candidates for office have been assassinated. And whole swaths of the country, including parts of the states of Guerrero, Michoacán, Morelos, and Tamaulipas, are now controlled by organized crime. Meanwhile, corruption and incompetence in the police forces, the courts, and the military have continued unabated.

PENASTROIKA AND ITS DISCONTENTS
The deteriorating security situation and the PAN’s failure to turn Mexico into a functioning democracy opened the door for a PRI comeback. Peña Nieto promised to help his struggling country join the ranks of the developed world. Immediately after assuming office in 2012, he forged the Pact for Mexico, a legislative accord among the country’s main political parties that approved structural reforms on issues such as energy, labor, tax policy, telecommunications, and education.
The pact was initially celebrated as a political achievement. But although many of the reforms looked good on paper, their design and execution were deeply flawed. Peña Nieto’s proposals conflicted with the vested interests of the same powers that had enabled his ascent to the presidency: the gerontocracy that controlled the labor unions, the monopolists that dominated the Mexican economy, the government-controlled media, and the powerful television duopoly that carefully manufactured his image. These forces were willing to support a light version of the proposed reforms, but they opposed more substantive changes that threatened to undercut their power. As a result, when the reforms reached Congress, where secondary legislation was designed to put them into effect, a legislative branch captured by special interests introduced new rules that diluted the possibility of a deeper impact. Peña Nieto’s cronies defended their privileged positions with the tacit consent of a government that seemed more interested in marketing the approval of the reforms than in making them succeed.
Although not all the reforms failed—energy reform, for example, spurred foreign investment, and telecommunications reform lowered cell phone rates for consumers—their modest achievements pale in comparison to what was promised. Peña Nieto assured Mexicans that he would raise economic growth to six percent per year. Instead, growth has averaged only 1.3 percent per year. Meanwhile, inequality and wealth concentration are on the rise. According to the economist Gerardo Esquivel, ten percent of the Mexican population now controls more than 64 percent of the country’s wealth. In 2002, the fortunes of Mexico’s top 16 multimillionaires represented two percent of GDP; by 2014, that share had risen to nine percent. And the four richest people in Mexico all made their fortunes in sectors regulated or controlled by the government. Mexico now occupies seventh place in The Economist’s index of crony capitalist countries, behind Russia, Malaysia, Ukraine, Singapore, Hong Kong, and the Philippines.
Mexican society is shaped like a pyramid: at the top are a handful of rent seekers, who manipulate the system to increase their personal wealth rather than invest in the economy or support innovation. At the base, meanwhile, are the 52 million Mexicans who live below the poverty line—21 million of whom survive on less than $2 a day. According to a 2015 Oxfam report, only one in five Mexicans can be considered not poor or vulnerable to poverty. Successive reformist governments have failed to address the persistence of manipulated, highly concentrated markets. Growth is not possible when the state cannot ensure equality, regulate monopolies, or guarantee the transparency of economic transactions. Under Peña Nieto and his predecessors, pervasive cronyism crippled reformist efforts. Even good intentions delivered bad results.

IT'S THE CORRUPTION, STUPID
In Mexico, paradoxically, more democracy has meant more corruption. The democratic transition did not stop the transfer of public wealth into private pockets; instead, it exacerbated and normalized that historical practice. Although democratic theory suggests that pluralism and political competition help combat corruption, Mexico demonstrates that in the absence of the rule of law, they actually incite further rapacity.
In Mexico’s fledgling democracy, corruption has spread from the executive branch to the legislature, the judiciary, state and local governments, and even the media. As the legislative branch has gained more power over how money is spent, illegal appropriations for political use have multiplied. Decentralizing the federal budget to the states has opened up new opportunities for local leaders to do business with public funds. Instead of providing checks and balances against corruption, the federal and local legislatures have been the beneficiaries of government largess. The same is true of the 32 governors who receive large amounts of federal funds, which they use at their own discretion.
According to the nongovernmental organization México ¿Cómo Vamos? (Mexico, How Are We Doing?), corruption eats up nine percent of Mexico’s GDP. It deters foreign investment, hampers economic growth, and limits the benefits of the North American Free Trade Agreement. The World Economic Forum says that corruption is the main factor that makes it hard to do business in Mexico.
During the Peña Nieto administration, however, corruption, which had long been considered normal, was increasingly denounced as it became more public and less constrained. According to the nongovernmental organization Mexicanos Contra la Corrupción y la Impunidad (Mexicans Against Corruption and Impunity), corruption has reached alarming levels in the last six years. Mexico is currently ranked 135 out of 180 countries on Transparency International’s Corruption Perceptions Index; 90 percent of Mexican citizens believe that corruption is one of the country’s primary problems. This concern is not unwarranted. During the Peña Nieto administration, the governor of Veracruz, Javier Duarte, allegedly embezzled millions of dollars of public funds, and more than a dozen other governors and former governors, many of whom Peña Nieto praised as examples of the new PRI, are now under investigation or hiding from the authorities. The president’s own family has been implicated: in 2014, the so-called Casa Blanca scandal revealed that the president’s wife had purchased a $7 million house from a favored government contractor.
Under Peña Nieto and his predecessors, pervasive cronyism crippled reformist efforts.
Peña Nieto attempted to avoid responsibility for these scandals by arguing that corruption was a cultural issue. Instead of reforming bad rules or designing better laws, he blamed amoral citizens. But corruption is the product of incentives, not habits; it’s about what authorities sanction, not what society condones. And under Peña Nieto, Mexican authorities were willing to tolerate a staggering level of official wrongdoing. Consider, for example, the massive scandal involving the Brazilian construction company Odebrecht, which has admitted paying more than $800 million in bribes to government officials in various countries. The case has shaken up politics throughout the region, bringing down presidents and prominent members of the political elite. But in Mexico, not a single politician or contractor has been indicted, owing to pressure on law enforcement authorities from high-level officials who fear that a real investigation would be damaging to the PRI. What the Mexican media have dubbed “a pact of impunity” protects the political class regardless of party or ideology, undermining public trust in government institutions.
The starkest example of official impunity is the case of the 43 studentsfrom Ayotzinapa Rural Teachers’ College who disappeared in 2014 and whose fate remains unknown. After massive protests erupted over the incident, Peña Nieto’s government brought in a panel of independent international experts to review the case. But when the experts began to cast doubt on the government’s handling of the investigation, authorities made it impossible for them to carry out their work and ultimately forced them out of the country.

ENTER AMLO
During the 2018 election, López Obrador became the candidate of choice for the majority of voters, who were frustrated with the current state of affairs. Decades of corruption and the failures of the Peña Nieto government allowed López Obrador to cast himself as the redeemer of a fundamentally flawed system.
The election results were a crushing defeat for the PRI, which did not win a single governorship out of the nine in contention or any of the 300 federal electoral districts. The party even lost in Atlacomulco, Peña Nieto’s hometown. The PRI will become the fifth-largest party in Congress after being dominant for 89 years.
For López Obrador, the results were a triumph. MORENA earned 53 percent of the vote, versus the PRI’s 16 percent, and it received 30 million votes, significantly more than the 15 million that Fox obtained in 2000. López Obrador’s party and its coalition allies will have an absolute majority in Congress, with over 300 seats out of 500, and a majority in the Senate. After 24 years of divided rule, López Obrador will enjoy a unified government, which will have the capacity to pass laws and approve the budget with little opposition.
López Obrador’s victory can be explained by both what happened during the race and what failed to happen over the last 30 years. There is no question that his opponents ran disastrous campaigns. Ricardo Anaya, the candidate of a center-right–center-left alliance that had been forged among the PAN, the Party of the Democratic Revolution, and the Citizens’ Movement, was viewed as smart but robotic—someone who connected more easily with Silicon Valley executives than with his disgruntled fellow citizens. And he was never credible as a transformative opposition leader, given the 12 years of PAN rule that came before. Meanwhile, the PRI candidate, José Antonio Meade, bore the brunt of Peña Nieto’s unpopularity and the tarnished PRI brand.
López Obrador, on the other hand, assembled a team of moderates who tempered his strident tendencies and explained his policies in a way that made them seem more acceptable and less radical. MORENA transitioned from purism to pragmatism and created a broad, multiclass, and ideologically vague coalition that was capable of drawing in both conservative evangelicals and progressive civic activists. U.S. President Donald Trump’s demonization of Mexico also helped López Obrador, whose brand of nationalism resonated among those who felt offended by Trump’s tirades and Peña Nieto’s mild response to them. López Obrador also won support by defending the oil industry in the face of energy reforms that many viewed as benefiting only foreign investors and their domestic allies.
But something more profound lies at the root of this political reconfiguration. López Obrador’s message and personality have been the same since he became an opposition leader in 2006. But what seemed radical in 2006 feels necessary in 2018. What once provoked fear now engenders hope. The majority of the electorate supported López Obrador because his bleak diagnosis corresponded with the violence, corruption, and insecurity that ordinary Mexicans experience every day.
Members of Mexico’s traditional ruling class did not understand that lambasting López Obrador as a populist would not prevent him from reaching the presidency; they should have instead addressed the grievances he exploited. But they did little to make the economic system more inclusive or the political system more representative. López Obrador’s ascent is the predictable consequence of failed modernization. Greedy, antidemocratic elites should have seen it coming.

THE ROAD AHEAD
Despite his landslide victory, López Obrador remains a polarizing figure. His critics view him as a divider and a class warrior; his supporters cherish him as an unwavering champion of democracy and social justice. For some, he is a wolf in sheep’s clothing; for others, he represents a radical and long-desired break with the old regime.
López Obrador’s victory will almost certainly alter the party system and the existing economic model. But the specific nature of that change is difficult to predict. When it comes to policy, López Obrador has been erratic and often contradictory. As mayor of Mexico City from 2000 to 2006, he was a pragmatic leader, and his team today mostly consists of moderates. Now, however, there will be pressure from his base to disavow many of the reforms implemented during the Peña Nieto administration. López Obrador has said that he will support the North American Free Trade agreement, but he has also hinted that protectionist measures might be necessary to invigorate the domestic market and promote food security. Ultimately, he is a social leader drawn to grand narratives, not to the specifics of public policy. It will be up to his inexperienced cabinet to maintain the delicate balance between the changes that Mexicans demand and the macroeconomic stability that investors expect.
In his victory speech, López Obrador espoused the language of reconciliation, declaring that he would seek a peaceful and orderly transition and that he would not “govern arbitrarily.” But there is no question that he will have a great deal of discretionary power. Along with the smaller parties in his electoral coalition, he may even have enough votes to modify the constitution.
Although the PRI and the PAN retained a small presence in the legislature and still control a number of governorships, the opposition has been decimated, and it could become even smaller as members flee to join MORENA. López Obrador’s party is on its way to becoming a new version of the old PRI: a hegemonic party that crowds out competition by uniting disparate political factions under a pragmatic umbrella. Patronage and corruption held the PRI together, and MORENA has not signaled that it will break with those practices; in fact, it is well positioned to emulate and embrace them. López Obrador has not broken ties with union leaders associated with government graft or acted against members of his own party accused of using public funds for personal gain.
For those worried about Mexico’s dysfunctional democracy, there are some troubling signs. López Obrador has promised to return power to the people by submitting key policy issues to public referendums. This practice could push the country toward majoritarian extremism, in which democracy is seen as a constant confrontation between the popular will and those who oppose it, rather than as an inclusive system of negotiation and compromise. During the campaign, López Obrador portrayed institutions such as the Supreme Court and the National Institute for Transparency, Access to Information, and Personal Data Protection as obstacles, vilified the media outlets that criticized him, and suggested that his personal moral rectitude meant that he should be granted broader discretionary powers than his predecessors.
But much of what he has promised, including an end to corruption and violence, will require significant modifications to Mexico’s institutions, which were created in an era of single-party rule. Unless the government promotes an agenda focused on transparency, accountability, institutional remodeling, and the protection of individual rights, Mexico will simply replace one unaccountable party with another. Some of López Obrador’s critics have warned that he might turn Mexico into another Venezuela, where the authoritarian leader Nicolás Madurohas dismantled democratic institutions and bankrupted the state, pushing society to the brink of collapse. The real risk for Mexico, however, is not that it will become another Venezuela; it is that it will simply remain the same old Mexico.
To prevent this outcome, López Obrador would be well advised to take a new approach when he assumes office on December 1. The centerpiece of this agenda should be the establishment of an autonomous attorney general’s office with the authority to investigate and prosecute corruption at the highest levels. In addition, he should push for the passage of legislation, currently stalled in Congress, that would make the national anticorruption system fully functional. He will also need to name an anticorruption czar and guarantee that the position has teeth. Finally, López Obrador should rethink the war on drugsby gradually returning the military to the barracks and, at a minimum, legalizing marijuana for medicinal and recreation.
Mexico will experience truly transformative change only if its new leaders focus on strengthening the rule of law. The biggest mistake López Obrador can make would be to delegitimize democracy by relying on referendums and centralizing power in his own office. Much of the positive change that Mexico has experienced since 2000 was the result of pressure from below, fomented by an increasingly vibrant and demanding civil society. The country’s future does not depend on one man or one movement. Mexico needs a broad, pro-democracy coalition that addresses the root cause of its polarized politics: the absence of institutions that are capable of providing transparency, accountability, and systemic checks and balances. The Mexican people need to put pressure on López Obrador to make good on his bold promises. The Mexican novelist Juan Rulfo once wrote, “It had been so long since I lifted my face that I forgot about the sky.” If Mexicans do not look upward and demand more, those who govern won’t do so, either.