O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

sexta-feira, 24 de julho de 2020

Direitos Humanos na Pandemia: Ideologia, Genocídio ou Loucura? - José Augusto Lindgren Alves (Lua Nova)

DIREITOS HUMANOS NA PANDEMIA: IDEOLOGIA, GENOCÍDIO OU LOUCURA?
José Augusto Lindgren Alves
(embaixador aposentado)
Boletim Lua Nova, 8 de julho de 2020

No panorama apavorante em que se encontrava o Brasil desde meados de março, quando autoridades estaduais e municipais começaram a adotar medidas de isolamento social para reduzir a disseminação do coronavírus, indo contra a vontade do Presidente da República, a situação política do país foi-se agravando de tal maneira, junto com a tragédia sanitária, que outras questões graves não tinham condições de se impor na consciência do público. Era o caso das violações de direitos humanos acirradas como efeitos colaterais da pandemia. 
Denúncias de abusos e retrocessos feitas pela sociedade civil se haviam intensificado desde a posse do governo e continuavam sem interrupção, mas ecoando pouco no país. As autoridades federais, quando as ouviam, desqualificavam-nas como “comunistas” e atentatórias à soberania nacional. Surpreendentemente, na constrangedora reunião ministerial de 22 de abril, a Ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos tomou a palavra para assinalar, com veemência, a massa de queixas diárias de violações que sua pasta estaria recebendo. Em suas palavras:

“Idosos estão sendo algemados e jogados dentro de camburões no Brasil. Mulheres sendo jogadas no chão e algemadas sem terem feito nada. Estamos vendo padres sendo multados em noventa mil reais porque estavam dentro da igreja com dois fiéis.[1] A maior violação de direitos humanos da história do Brasil nos últimos trinta anos está acontecendo neste momento. Mas estamos tomando providências.
Se a intervenção foi inesperada, as providências aludidas eram chocantes. Nada tinham a ver com a omissão federal no controle do coronavírus, nem com a situação aflitiva dos segmentos populacionais desfavorecidos. Tampouco tinham a ver com o aumento das agressões domésticas a mulheres propiciadas pela quarentena, amplamente divulgado por seu ministério. Na ânsia de reforçar o egocentrismo do Presidente contra todos os discordantes, as providências da ministra, integrante do chamado “grupo ideológico” do Executivo, seriam ações judiciais para punir, não os perpetradores das violações, mas os governadores e prefeitos que haviam imposto o confinamento nas jurisdições respectivas.  
Para tentar compreender de maneira racional esse tipo de atitude, absurda para quem a vê de fora, normal para quem a assume, é preciso apreender um pouco da ideologia desse grupo. 
Curiosamente, “ideologia” era vocábulo usado pelo Presidente exclusivamente para “os outros”, que ele opunha como responsáveis pela implantação de valores degenerados no país, como a chamada “ideologia de gênero”. Embora o comportamento presidencial demonstrasse seu condicionamento ultradireitista em quase tudo, “ideologia” para ele seria sempre de esquerda, socialista ou comunista, hegemônica no Brasil desde o fim do regime militar. A direita não teria ideologia. Por mais que essa seja a ideia que se pretendia fazer passar no mundo globalizado pelo capitalismo neoliberal desde o desmoronamento do comunismo como alternativa, a posição do governo era diferente, voltada inteiramente para a área sociocultural. A postura antiideológica do Presidente, que sempre assinalou nada saber de economia, não dava atenção tampouco aos escritos do funcionário da carreira diplomática escolhido para chanceler, que desde antes de assumir as funções, tentava conferir um lustro intelectual às atitudes arrogantes do Presidente Trump, prosseguindo depois com as da família Bolsonaro. O diplomata, por sua vez, ao mascarar com circunlóquios supostamente eruditos o irracionalismo das atitudes presidenciais, desconsiderava desde então o aspecto mais atraente do populismo do chefe: seu primitivismo antiintelectual, provocado por ignorância e soberba, copiado de maneira feroz por seus seguidores, nas ruas, nas redes sociais, na vida pública, no Ministério da Educação. 
Malgrado todos os percalços, uma ideologia sincrética, que escapa a classificações abrangentes, perpassa a atuação do Executivo, com certa coerência. Exige, portanto, atenção de todos os que se lhe opõem, em particular dos que se dedicam à área dos direitos humanos. Ainda que para isso seja necessário coser, como em colcha de retalhos, preconceitos e chavões, com aportes simplificados das ideologias extremistas da direita do Século XX.  

Circunstâncias que facilitam sua penetração

Começando pela obsessão militarista, com louvores à repressão e aos abusos nefandos de torcionários conhecidos, é preciso, para obstá-la, ter em mente fatores conjunturais relevantes
A maior parte da população brasileira nasceu muito depois do período militar, iniciado em 1964. Não tem experiência vivida para saber o quanto aquela ditadura multifásica representou na generalização do medo. Não somente por meio de batidas e invasões sinistras, bisbilhotice, detenções abusivas, desaparecimentos e torturas. O receio de delações infundadas, desconfiança de todos e sensação de insegurança permanente abarcava os cidadãos comuns, não envolvidos na luta armada. A maioria atual ignora, sobretudo, que os pavores rotineiros provocados pelas ações do regime não eram sequer compensados por tranquilidade com relação ao crime comum, ou por menor corrupção no país.
Por outro lado, a par desses aspectos empíricos, os jovens idealistas de hoje não parecem haver compreendido adequadamente o quanto os direitos universais, declarados pela ONU em 1948, na Declaração Universal dos Direitos Humanos, foram instrumentos formidáveis nas lutas pela redemocratização do Brasil. Tal como o vinham sendo alhures, para a erradicação de outros regimes opressivos, de direita e de esquerda, constituindo fatores conducentes ao fim da Guerra Fria. 
Um pouco em virtude desses dois fatores de natureza distinta, não é de surpreender que uma parte não negligenciável da juventude e mocidade brasileiras tenha sido tão facilmente conquistada pelo populismo de extrema direita, contra a “velha política corrupta”, as instituições da democracia representativa, o Judiciário independente e o discurso dos direitos.

A ideologia do governo e sua retroalimentação

Chamar a ideologia do Executivo atual de “conservadora”, de simples “direita”, ou até mesmo “fascista”, é prestar-lhe uma reverência. A reação de um general no governo contra comparação feita por ministro do Supremo entre a situação do Brasil com a da Alemanha em 1933, num momento de tensão elevada em Brasília, com manifestantes cobrando o fechamento de instituições democráticas, foi positiva, mas de interpretação duvidosa. Não dava para entender se era um desabafo individual patriótico, ou um ultimato ao Supremo para possível intervenção militar. Consta que os militares no governo, apesar de gestos de devoção a seu chefe, não se enquadrem integralmente na ideologia dominante. Talvez. Que esta assume riscos de comparações com o nazismo, assume. Basta notar a semelhança, difícil da não ser percebida, do slogan “Brasil acima de tudo” com o “Alemanha acima de tudo” (Deutschland über Alles), de conhecidos efeitos funestos. O ex secretário de cultura que imitou Goebbels não foi exonerado porque sua fala ia além do programado. Caiu porque a cena hitlerista, com fundo musical wagneriano, ofendeu a comunidade judaica. Esta, por sua vez, é cultivada pelos protestantes fundamentalistas em função de ensinamentos do Velho Testamento, sem qualquer pitada de tolerância humanista. Pode não ser deles a autoria, mas certamente lhes agrada a complementação do slogan com um segundo refrão “Deus acima de todos”. 
Variação superficial e racista do velho fascismo italiano, o nazismo místico de Hitler, para ser rejeitado, é dado como ideologia de esquerda, como o comunismo, rotulação considerada infamante para tudo o que não seja de ultradireita. “Neoliberal” no campo econômico é apenas o Ministro da Economia, aliado circunstancial de 2018. De “Estado mínimo” a ideologia presidencial tem pouco. Autoritária e absolutista, tem tudo com a ideia de amor ao líder, pregado por Mussolini. Seu argumento é a confrontação, numa relação polarizada que encara o adversário como inimigo, a ser vencido e eliminado. 
Nesse contexto desafiador, a escolha de pessoas contrárias aos objetivos da função para a qual são indicadas não é mera provocação. O objetivo assumido como prioridade, em vídeos do Presidente, consiste em desconstruir tudo o que foi feito pela “ideologia” de esquerda, na imposição de costumes decadentes ao país, a fim de restabelecer crenças e práticas anacrônicas como valores nacionais autênticos. Com eles o Brasil voltaria a ser – se é que algum dia o foi - uma nação homogênea, conservadora, sem diversidades, classes sociais ou fissuras, de religião pentecostal cristã, contrária ao racionalismo científico, ao iluminismo e à liberdade acadêmica. Idealmente, talvez, a exemplo de alguns de seus equivalentes islâmicos, uma “República Evangélica do Brasil”, a perdurar como um segundo império, branco, patriarcal, mercantilista e escravagista.  
Tradicionalista radical, a força do bolsonarismo não vem apenas de dentro. É alimentada de fora, pela direita vitoriosa alhures, e retroalimentada pelas posturas contraproducentes de militâncias de esquerda com discurso de direitos humanos. Esse discurso, identitário, dito “progressista”, malgrado contradições intrínsecas e irrealismo circunstancial chocante, prevalecia no Brasil e no exterior, pelo menos até a presente expansão do coronavírus em ameaça planetária.

O Percurso de Duas Vias   

Desde o início da campanha eleitoral, os militantes de direitos viam com apreensão o candidato Jair Bolsonaro. O ex capitão do exército fizera toda a carreira de deputado com louvores ao regime militar. Suas atitudes sempre foram contrárias à proteção de minorias, aos movimentos antirracistas, ao feminismo, aos LGBTIs, aos defensores de presidiários, aos povos indígenas, à preservação do meio ambiente, às manifestações de cultura laica, às artes, à academia, aos intelectuais em geral, a tudo que pudesse ser declarado “politicamente correto”. Foi seu discurso agressivo, repetitivo e simplório, que lhe angariou uma massa de seguidores fanáticos, ativíssimos nas redes sociais. Ao comportamento tosco, de efeito populista notável, somaram-se crenças retrógradas de fundamentalistas evangélicos, misturados à paranoia de um guru megalomaníaco desbocado, residente nos Estados Unidos, que, como a extrema direita intelectualizada euro-americana, vê conspirações comunistas em tudo. Culminando essa receita indigesta de como ganhar eleições, há o modelo vivo, egocêntrico e vitorioso do milionário Donald Trump, assumidamente amado e copiado por aprendiz sem recursos.     
Enquanto esses elementos se juntam como princípio ativo do lado da emissão, outros fatores influem de parte da recepção. Ao contrário dos anos 90, os direitos humanos perderam popularidade. As razões dessa perda são muitas, e as analisei em outros textos.[2] O que importa no presente ensaio é notar que a maioria dos eleitores, no Brasil e em outros países, perdeu a admiração por eles. Destroçados pela economia neoliberal e confundidos com reivindicações em favor de grupos, parecem provocações perante necessidades imediatas mais amplas. Com base no que ocorre nos Estados Unidos e na Europa, Yascha Mounk explicita que, “...ansiosos com o futuro, os cidadãos passaram a ver a política como um jogo de soma zero – um jogo em que todo ganho para imigrantes ou minorias étnicas será obtido à sua custa”.[3] Embora no Brasil as minorias desse tipo sejam mais integradas, reações assemelhadas se encontram entre as populações afetadas de Roraima, contra venezuelanos, de São Paulo, contra bolivianos, africanos e brasileiros nordestinos.       
O discurso dos direitos é omnívoro. Assim como abraça necessidades individuais de todos, reforça postulações difusas (direitos à autodeterminação, ao desenvolvimento, à paz etc.) e serve à construção de categorias normativas para proteger coletividades específicas (povos indígenas, minorias nacionais, religiosas ou linguísticas, populações campesinas, trabalhadores migrantes etc.). Enquanto isso era positivo “como ponto de apoio para as reivindicações jurídicas dos desprivilegiados”, no dizer irretocável de Celso Lafer em tempos mais favoráveis,[4] hoje a situação é distinta e se agrava desde o início do século. Já existem movimentos ativos que, contra a posição racional de juristas, pretendem estender a titularidade dos direitos humanos a animais (movimento “especista”), à natureza (variação do ambientalismo), em breve, provavelmente, a cyborgs e robôs autônomos de inteligência artificial. 
Costas Douzinas observa que “(U)ma atração intelectual principal do discurso dos direitos é a sua capacidade de descrever situações sociais e políticas complexas e, especialmente, conflitos, em termos normativos simples. Mas esse também é seu efeito mais grave”.[5] O uso excessivo da expressão “direitos humanos” em reivindicações para os “diferentes” não somente acarreta perda de sentido para ela, como serve de munição aos opostos. É esse o fenômeno que ocorre com a cobrança exagerada de “direitos” para a população carcerária, menores infratores, criminosos armados e casos assemelhados, alimentando sua interpretação como “direitos de bandidos”.[6] O mesmo tipo de reação existe em outras áreas. 
A “diferença” é fator protegido pelo princípio da não discriminação. Direitos especiais não se enquadram no espírito da Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada pelas Nações Unidas em 1948. Por se tratar de instrumento que tudo pode digerir, o discurso dos direitos humanos não precisa ser insaciável. O identitarismo sempre foi historicamente de direita, cultivadora demagógica de tradições nacionais tacanhas. Em fase de reversão política conservadora, desprovida de crenças revolucionárias utópicas, a extensão irrealista desse discurso confere aos direitos humanos feições meramente irritantes. É delas o retroalimento que ajuda a eleger a direita. 
Isso pode ser evitado, sem prejuízo dos destinatários. Para tanto é necessário que o ativismo tenha consciência prática dos riscos de retração eleitoral que o falso “progressismo” implica. Se progressistas consequentes não tomarem a dianteira na correção de exageros, a direita a tomará para finalidades retrógradas. É o que tem ocorrido com o discurso obsessivo da “igualdade de gênero”, dos direitos sexuais e do multiculturalismo diferencial, exageradamente martelados em oportunidades absurdas.    
Direitos na Pandemia
Tendo sido dos primeiros a apontar tais tendências contraproducentes, por mais que eu desconfiasse das motivações do novo governo brasileiro ao substituir a secretaria especial dos direitos humanos por um ministério abrangente, para a Mulher, a Família e os Direitos Humanos, decidi não internalizar de imediato as críticas da sociedade civil. Apesar das declarações bobocas dessa pastora evangélica nomeada para a pasta, optei por esperar para ver o que faria. Pelo que pude acompanhar, embora o governo tivesse ojeriza pelo que ele próprio denomina “ideologia de gênero”, as disposições normativas existentes sobre a mulher, ou a igualdade de direitos civis dos homossexuais, não chegaram a ser revertidas. Problemas houve muitos, em muitas áreas, fora do novo ministério. O vexame da reviravolta de posições externas sobre direitos reprodutivos e sobre a palavra “gênero” ficou, como muitas outras, por conta exclusiva do chanceler, que “ideologizou” totalmente o Itamaraty e nossa política externa.
O discurso da Ministra na primeira sessão do Conselho de Direitos Humanos, em 25 de fevereiro de 2019, não era substancialmente ruim. Prometia continuidade nos compromissos do Brasil, incluindo uma promessa de apresentação dos relatórios atrasados a órgãos de tratado. Ressaltou sua dedicação pessoal aos direitos dos povos indígenas, ilustrando-a com a filha adotiva de origem camaiurá. Referiu-se à Venezuela, expressando preocupação com as violações “cometidas pelo regime ilegítimo do ditador Nicolás Maduro” e apelando à comunidade internacional para reconhecer “o governo legítimo de Guaidó”.[7] O Brasil era, então, candidato a membro do Conselho nas eleições que iriam ocorrer na Assembleia Geral, no final do ano. Malgrado a oposição de ONGs importantes, o país foi eleito. Isso era previsível pelo fato de haver apenas dois Estados postulantes, precisamente Brasil e Venezuela, para as duas vagas disponíveis para a América Latina.
A desativação ou descaracterização de órgãos e comissões importantes na área interna, como a Comissão dos Desaparecidos, decorreu de escolhas presidenciais. Da pasta de direitos humanos, poucas ações se viam. Algumas, pontuais, em defesa de crianças, mulheres em situação difícil, saúde de indígenas, soavam positivas. Na área externa, o Brasil patrocinou resolução do Conselho de Direitos Humanos que determinava o envio de missão de investigação à Venezuela, a ser nomeada pela Alta Comissária, para examinar “execuções extrajudiciais, desaparecimentos forçados, detenções arbitrárias e torturas, desde 2014” (Resolução 42/25, de 27/09/2019). Pouco importava que o Presidente da República tivesse escrito absurdos contra a Alta Comissária, Michelle Bachelet, ex-Presidente do Chile, quando ela, pela primeira vez, em 2019, mostrou preocupação com a situação do Brasil. 
Em 2020, o discurso da Ministra no Conselho, em 24 de fevereiro, começou assinalando uma redução de 20% no número de homicídios, resultado de políticas de segurança – aparentemente do então Ministro da Justiça, que seria levado à demissão pouco depois, por outros motivos. Seguiu-se o anúncio de uma nova ouvidoria em seu ministério, cuja central telefônica vinha atendendo 20.000 chamadas por dia. O restante foram referências ao combate à corrupção, a reforço do programa Bolsa Família, a novas leis de proteção às mulheres e crianças, a LGBTs nos presídios, ao fortalecimento do SUS. Reiterou a promessa de atualização de relatórios devidos e voltou a condenar o regime de Maduro na Venezuela.[8] Retirou-se do recinto, mais tarde, em sinal de protesto, quando o chanceler venezuelano subiu ao pódio para fazer seu discurso.   
Com base nesses elementos, que não chegaram a representar retrocessos, não poderia ser mais lamentável a intervenção da mesma autoridade na reunião ministerial de 22 de abril. Não porque as denúncias referidas fossem duvidosas. Abusos na aplicação de medidas de prevenção ao coronavírus são reais e frequentes. A par dos perpetradores dos abusos citados, deveriam ser punidos os desviadores de fundos para hospitais públicos, os que praticam superfaturamento de material médico-hospitalar, os 620 mil brasileiros civis e militares com recursos, alguns dos quais empresários afluentes, que se inscreveram, sem direito, para receber o auxílio emergencial de 600 reais do Estado, os celerados que roubam o mesmo auxílio emergencial das contas de pobres, os religiosos que  utilizam o medo da pandemia para vender salvações milagrosas, como os pastores que comercializam água imunizadora em garrafas, ou um feijão curativo por 1.000 reais o quilo, com anúncios na televisão. Sem falar no mau exemplo do Presidente, sem máscara, em concentrações de pessoas. Mais grave que tudo isso é, contudo, a rejeição presidencial ferrenha às medidas de prevenção ao contágio. As ações judiciais contempladas pela ministra, mais do que simples desvios, constituem uma fraude, uma falsificação grotesca da ideia dos direitos humanos. Para agradar ao errado, propunham castigar o correto. 
Quando as vítimas do Covid 19 haviam ultrapassado um milhão, em meados de junho, essa inversão era a tônica do Executivo federal, sempre negativista da tragédia sanitária e insensível diante da mortandade de seus compatriotas: a culpa pelo aumento de casos seria dos Governadores e Prefeitos.

Genocídio, Eugenia ou Loucura?
A situação que vivia o Brasil em junho soava inacreditável. O cargo de Ministro da Saúde permanecia vago em plena explosão epidêmica. O chefe do Executivo usava os fins de semana em passeios de jet ski, giros de helicóptero e comparecimento a manifestações de apoio que pediam intervenção militar. Numa delas desfilou garbosamente a cavalo, em pose da dar inveja a todos os grandes fascistas. Enquanto a televisão mostrava gente desesperada na porta de hospitais sem leitos, sem respiradores e sem médicos, o Presidente se dedicava a armar a população, a proteger seus parentes de investigações criminais necessárias, a provocar a imprensa, o Congresso, o Supremo Tribunal Federal. Seu esforço contra a pandemia reduziu-se a um jejum dominical com pastores.  
Quando advogados aventaram a possibilidade de um processo internacional contra o Presidente pelo crime de genocídio, minha reação foi descrente. Na Convenção de 1948, a tipificação decorre da intencionalidade. Atos de genocídio são aqueles praticados com a “intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso” (Artigo II). Com o passar do tempo, minha reação mudou. Os interessados no reinício imediato das atividades econômicas diziam que, nos segmentos sociais elevados, a curva de expansão da doença já estava em posição descendente. Justificavam assim o fim do isolamento para jovens e adultos ativos. Quarentena seria para idosos e demais pessoas de risco. Epidemiologistas foram então os primeiros a indagar se isso não seria eugenia. Não lembrava a seleção dos mais fortes, praticada na Alemanha nazista? Não vejo circunstâncias idênticas, mas reconheço resultados parecidos. Não em pessoas com recursos, fisicamente mais fracas. Tampouco vejo genocídio contra um grupo racial específico, embora o movimento negro deva pensar ao contrário. Vejo sim um morticínio terrível na classe dos novos proletários, “trabalhadores informais” na logomaquia corrente, sem despertar maiores atenções nas classes favorecidas, exceto, naturalmente, seus velhos. Sem contar o lumpen crescente de excluídos do mercado, cuja constrangedora existência o mundo contemporâneo e as ideologias ignoram.
Em 19 de junho, os casos de coronavírus acumulados no Brasil ultrapassaram um milhão. Dois dias depois, os óbitos passaram de 50.000. Em Ruanda, em 1994, onde o papel da Rádio Mille Collines teve papel semelhante ao das redes sociais aqui no fomento do ódio, o genocídio de tutsis pelos hutus teve um milhão de mortos. Os responsáveis ruandeses foram julgados por tribunal ad hoc da ONU, em Arusha. Na Bósnia, na mesma época, as vítimas mortais das três nacionalidades em luta – bosníacos, sérvios e croatas - nunca chegaram a esse número. Os principais responsáveis pelo morticínio entre as partes cumpriram sentenças na Haia por crimes contra a humanidade, embora somente um episódio, contra os muçulmanos de Srebrenica, fosse considerado genocídio. 
No Brasil, afinal, o que ocorre? Um genocídio eugenista? Um crime contra humanidade, que atinge de preferência velhos pobres? Um surto de insanidade mental, que ameaça fisicamente o conjunto? Um caso de necropolítica para o poder soberano?[9] Uma chanchada grosseira que fortalece a pandemia mortífera?  
Como a história comprova, no final, tudo será aceitável, menos o esquecimento, que permite repetir a tragédia. 


                                   Brasília, 25 de junho de 2020, 100° de confinamento do autor



[1] Num período de lockdown em que, para evitar concentrações de pessoas, os templos religiosos também estavam interditados.
[2] Em especial no livro É Preciso Salvar Os Direitos Humanos! , S.Paulo, Ed. Perspectiva, 2018.
[3] Yascha Mounk, O povo contra a democracia, trad. Cássio de Arantes Leite e Débora Landsberg, S.Paulo, Companhia das Letras, 2018, p.31.
[4] Celso Lafer, A Reconstrução dos Direitos Humanos, S.Paulo, Cia das Letras, 1988, p. 131.
[5] Costas Douzinas, O Fim dos Direitos Humanos, trad. Luzia Araújo, São Leopoldo, Editora UNISINOS, 2009, p.257.
[6] Não são raras as pessoas pobres que, sem condições de sobrevivência decente, realmente veem os direitos de presidiários e suas famílias com inveja e rancor. Acabo de ouvir afirmação nessa linha de assistente social atuante em bairro pobre de Fortaleza.  
[9] V. Achille Mbembe, Necropolítica, trad. Renata Santini, S.Paulo, N-1 edições, 2020. 

Portugal simplifica a nacionalização de descendentes de portugueses no estrangeiro

Nacionalidade de netos e cônjuges de portugueses simplificada por nova lei

Nacionalidade de netos e cônjuges de portugueses simplificada por nova lei
PS e PSD consideram que os netos de emigrantes portugueses que queiram obter a nacionalidade dos avós bem como os cônjuges de cidadãos nacionais vão ter agora o processo mais simples e justo pela lei aprovada.
A Lei da Nacionalidade agora aprovada considera apenas como requisitos necessários para atribuição da nacionalidade a netos de portugueses que residam no estrangeiro ou em Portugal o domínio da língua portuguesa e que não tenham no seu cadastro condenação superior a três anos ou suspeitas de ligações a atos terroristas, explicou o deputado social-democrata José Cesário, que votou favoravelmente o diploma, quando o seu partido votou contra.
O PSD votou contra a lei por causa de questões respeitantes aos judeus sefardistas e aos filhos dos imigrantes nascidos em Portugal, explicou o deputado, adiantando: “Eu votei a favor por considerar que as alterações relativas aos portugueses não residentes em Portugal são medidas justas, que permitem maior aproximação de Portugal às comunidades portuguesas e que faziam parte do programa eleitoral” do partido.
Uma outra alteração que consta da lei aprovada hoje, por proposta do PSD, e a que José Cesário se referiu como “uma medida importante e mais justa”, é a que que diz respeito à obtenção da nacionalidade portuguesa por parte dos cônjuges de portugueses.
“Também neste caso houve uma simplificação”, afirmou à Lusa o deputado social-democrata, eleito pelo círculo de Fora da Europa e ex-secretário de Estado das Comunidades.
“Porque agora para o cônjuge obter nacionalidade portuguesa basta que seja casado há pelo menos seis anos com pessoa de nacionalidade portuguesa”, ou antes, se o casal já tiver filhos de nacionalidade portuguesa, explicou.
Com estas alterações, quer os netos quer os cônjuges de portugueses, “passam a ter critérios objetivos de atribuição da nacionalidade”, defendeu o deputado socialista Paulo Porto, que as considera por isso “mais justas”.
Na prática, quer os netos, quer os cônjuges deixam de ter a necessidade de “provar a sua ligação à comunidade”, como previa a versão anterior da lei e que era de difícil prova, considerou, conferindo a todo o processo de obtenção de nacionalidade “maior segurança jurídica”.
Além disso, “simplifica também o trabalho dentro das conservatórias”, salientou o deputado do PS.
Os partidos de esquerda e o PAN aprovaram hoje, no parlamento, em votação final global, uma alteração à Lei da Nacionalidade, que permite que os filhos de imigrantes a viver em Portugal há um ano sejam portugueses.
A Lei da Nacionalidade é de 1981 e a última alteração foi feita em 2018.
O diploma hoje aprovado teve como base dois projetos de lei, do partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN) e do PCP, votados na generalidade em dezembro de 2019. O diploma do Bloco de Esquerda (BE) baixou sem votação e o projeto de Joacine Katar Moreira, então no Livre, foi chumbado.

quinta-feira, 23 de julho de 2020

1984 de George Orwell, resenhado em 1949 por Lionell Trilling, na New Yorker

Orwell on the Future

George Orwell’s “1984” predicts a state of things far worse than any we have ever known.

The New Yorker, June 18, 1949 Issue

 A landscape with rows of people one being dragged away.

Illustration by Leonardo Santamaria


George Orwell’s new novel “Nineteen Eighty-Four” (Harcourt, Brace), confirms its author in the special, honorable place he holds in our intellectual life. Orwell’s native gifts are perhaps not of a transcendent kind; they have their roots in a quality of mind that ought to be as frequent as it is modest. This quality may be described as a sort of moral centrality, a directness of relation to moral—and political—fact, and it is so far from being frequent in our time that Orwell’s possession of it seems nearly unique. Orwell is an intellectual to his fingertips, but he is far removed from both the Continental and the American type of intellectual. The turn of his mind is what used to be thought of as peculiarly “English.” He is indifferent to the allurements of elaborate theory and of extreme sensibility. The medium of his thought is common sense, and his commitment to intellect is fortified by an old-fashioned faith that the truth can be got at, that we can, if we actually want to, see the object as it really is. This faith in the power of mind rests in part on Orwell’s willingness, rare among contemporary intellectuals, to admit his connection with his own cultural past. He no longer identifies himself with the British upper middle class in which he was reared, yet it is interesting to see how often his sense of fact derives from some ideal of that class, how he finds his way through a problem by means of an unabashed certainty of the worth of some old, simple, belittled virtue. Fairness, decency, and responsibility do not make up a shining or comprehensive morality, but in a disordered world they serve Orwell as an invaluable base of intellectual operations.
Radical in his politics and in his artistic tastes, Orwell is wholly free of the cant of radicalism. His criticism of the old order is cogent, but he is chiefly notable for his flexible and modulated examination of the political and aesthetic ideas that oppose those of the old order. Two years of service in the Spanish Loyalist Army convinced him that he must reject the line of the Communist Party and, presumably, gave him a large portion of his knowledge of the nature of human freedom. He did not become—as Leftist opponents of Communism are so often and so comfortably said to become—“embittered” or “cynical;” his passion for freedom simply took account of yet another of freedom’s enemies, and his intellectual verve was the more stimulated by what he had learned of the ambiguous nature of the newly identified foe, which so perplexingly uses the language and theory of light for ends that are not enlightened. His distinctive work as a radical intellectual became the criticism of liberal and radical thought wherever it deteriorated to shibboleth and dogma. No one knows better than he how willing is the intellectual Left to enter the prison of its own mass mind, nor does anyone believe more directly than he in the practical consequences of thought, or understand more clearly the enormous power, for good or bad, that ideology exerts in an unstable world.
“Nineteen Eighty-Four” is a profound, terrifying, and wholly fascinating book. It is a fantasy of the political future, and, like any such fantasy, serves its author as a magnifying device for an examination of the present. Despite the impression it may give at first, it is not an attack on the Labour Government. The shabby London of the Super-State of the future, the bad food, the dull clothing, the fusty housing, the infinite ennui—all these certainly reflect the English life of today, but they are not meant to represent the outcome of the utopian pretensions of Labourism or of any socialism. Indeed, it is exactly one of the cruel essential points of the book that utopianism is no longer a living issue. For Orwell, the day has gone by when we could afford the luxury of making our flesh creep with the spiritual horrors of a successful hedonistic society; grim years have intervened since Aldous Huxley, in “Brave New World,” rigged out the welfare state of Ivan Karamazov’s Grand Inquisitor in the knickknacks of modern science and amusement, and said what Dostoevski and all the other critics of the utopian ideal had said before—that men might actually gain a life of security, adjustment, and fun, but only at the cost of their spiritual freedom, which is to say, of their humanity. Orwell agrees that the State of the future will establish its power by destroying souls. But he believes that men will be coerced, not cosseted, into soullessness. They will be dehumanized not by sex, massage, and private helicopters but by a marginal life of deprivation, dullness, and fear of pain.
This, in fact, is the very center of Orwell’s vision of the future. In 1984, nationalism as we know it has at last been overcome, and the world is organized into three great political entities. All profess the same philosophy, yet despite their agreement, or because of it, the three Super-States are always at war with each other, two always allied against one, but all seeing to it that the balance of power is kept, by means of sudden, treacherous shifts of alliance. This arrangement is established as if by the understanding of all, for although it is the ultimate aim of each to dominate the world, the immediate aim is the perpetuation of war without victory and without defeat. It has at last been truly understood that war is the health of the State; as an official slogan has it, “War Is Peace.” Perpetual war is the best assurance of perpetual absolute rule. It is also the most efficient method of consuming the production of the factories on which the economy of the State is based. The only alternative method is to distribute the goods among the population. But this has its clear danger. The life of pleasure is inimical to the health of the State. It stimulates the senses and thus encourages the illusion of individuality; it creates personal desires, thus potential personal thought and action.
But the life of pleasure has another, and even more significant, disadvantage in the political future that Orwell projects from his observation of certain developments of political practice in the last two decades. The rulers he envisages are men who, in seizing rule, have grasped the innermost principles of power. All other oligarchs have included some general good in their impulse to rule and have played at being philosopher-kings or priest-kings or scientist-kings, with an announced program of beneficence. The rulers of Orwell’s State know that power in its pure form has for its true end nothing but itself, and they know that the nature of power is defined by the pain it can inflict on others. They know, too, that just as wealth exists only in relation to the poverty of others, so power in its pure aspect exists only in relation to the weakness of others, and that any power of the ruled, even the power to experience happiness, is by that much a diminution of the power of the rulers.
The exposition of the mystique of power is the heart and essence of Orwell’s book. It is implicit throughout the narrative, explicit in excerpts from the remarkable “Theory and Practice of Oligarchical Collectivism,” a subversive work by one Emmanuel Goldstein, formerly the most gifted leader of the Party, now the legendary foe of the State. It is brought to a climax in the last section of the novel, in the terrible scenes in which Winston Smith, the sad hero of the story, having lost his hold on the reality decreed by the State, having come to believe that sexuality is a pleasure, that personal loyalty is a good, and that two plus two always and not merely under certain circumstances equals four, is brought back to health by torture and discourse in a hideous parody on psychotherapy and the Platonic dialogues.
Orwell’s theory of power is developed brilliantly, at considerable length. And the social system that it postulates is described with magnificent circumstantiality: the three orders of the population—Inner Party, Outer Party, and proletarians; the complete surveillance of the citizenry by the Thought Police, the only really efficient arm of the government; the total negation of the personal life; the directed emotions of hatred and patriotism; the deified Leader, omnipresent but invisible, wonderfully named Big Brother; the children who spy on their parents; and the total destruction of culture. Orwell is particularly successful in his exposition of the official mode of thought, Doublethink, which gives one “the power of holding two contradictory beliefs in one’s mind simultaneously, and accepting both of them.” This intellectual safeguard of the State is reinforced by a language, Newspeak, the goal of which is to purge itself of all words in which a free thought might be formulated. The systematic obliteration of the past further protects the citizen from Crimethink, and nothing could be more touching, or more suggestive of what history means to the mind, than the efforts of poor Winston Smith to think about the condition of man without knowledge of what others have thought before him.
By now, it must be clear that “Nineteen Eighty-four” is, in large part, an attack on Soviet Communism. Yet to read it as this and as nothing else would be to misunderstand the book’s aim. The settled and reasoned opposition to Communism that Orwell expresses is not to be minimized, but he is not undertaking to give us the delusive comfort of moral superiority to an antagonist. He does not separate Russia from the general tendency of the world today. He is saying, indeed, something no less comprehensive than this: that Russia, with its idealistic social revolution now developed into a police state, is but the image of the impending future and that the ultimate threat to human freedom may well come from a similar and even more massive development of the social idealism of our democratic culture. To many liberals, this idea will be incomprehensible, or, if it is understood at all, it will be condemned by them as both foolish and dangerous. We have dutifully learned to think that tyranny manifests itself chiefly, even solely, in the defense of private property and that the profit motive is the source of all evil. And certainly Orwell does not deny that property is powerful or that it may be ruthless in self-defense. But he sees that, as the tendency of recent history goes, property is no longer in anything like the strong position it once was, and that will and intellect are playing a greater and greater part in human history. To many, this can look only like a clear gain. We naturally identify ourselves with will and intellect; they are the very stuff of humanity, and we prefer not to think of their exercise in any except an ideal way. But Orwell tells us that the final oligarchical revolution of the future, which, once established, could never be escaped or countered, will be made not by men who have property to defend but by men of will and intellect, by “the new aristocracy . . . of bureaucrats, scientists, trade-union organizers, publicity experts, sociologists, teachers, journalists, and professional politicians.”
These people [says the authoritative Goldstein, in his account of the revolution], whose origins lay in the salaried middle class and the upper grades of the working class, had been shaped and brought together by the barren world of monopoly industry and centralized government. As compared with their opposite numbers in past ages, they were less avaricious, less tempted by luxury, hungrier for pure power, and, above all, more conscious of what they were doing and more intent on crushing opposition. This last difference was cardinal.
The whole effort of the culture of the last hundred years has been directed toward teaching us to understand the economic motive as the irrational road to death, and to seek salvation in the rational and the planned. Orwell marks a turn in thought; he asks us to consider whether the triumph of certain forces of the mind, in their naked pride and excess, may not produce a state of things far worse than any we have ever known. He is not the first to raise the question, but he is the first to raise it on truly liberal or radical grounds, with no intention of abating the demand for a just society, and with an overwhelming intensity and passion. This priority makes his book a momentous one. ♦

Published in the print edition of the New Yorker, June 18, 1949, issue.

Most recent book by Thomas Sowell: Charter Schools and Their Enemies - Jason L. Riley (WSJ)


Thomas Sowell Has Been Right From the Start
By Jason L. Riley
The Wall Street Journal, July 22, 2020


His latest book on charter schools continues his research on minority success in education.

The economist Thomas Sowell’s new book, Charter Schools and Their Enemies, was published last month on his 90th birthday. I hope he’s not done yet, but you could hardly find a more suitable swan song for a publishing career that has now spanned six decades.
Mr. Sowell’s earliest tomes—an economics textbook for college undergraduates and a book on economic history—were directed at students of the dismal science. But his third book, the semi autobiographical “Black Education: Myths and Tragedies,” was published in 1972 and written for the general public. It grew out of a long article on college admissions standards for black students that he wrote for the New York Times Magazine in 1970 after leaving his teaching post at Cornell. And it begins with a recounting of his own education— first at segregated schools in North Carolina, where he was born, and later at integrated schools in New York City, where he was raised.
The topic of education is one that he’s returned to repeatedly in his writings over the decades, in books like “Education: Assumptions Versus History” (1986), “Choosing a College” (1989) and “Inside American Education” (1993). In addition, he’s done pioneering research on the history of black education in the U.S. The preface to his latest work describes a conversation he had in the early 1970s with Irving Kristol, the late editor of the Public Interest. When Kristol asked what could be done to create high-quality schools for blacks, Mr. Sowell replied that such schools already existed and had for generations.
Kristol asked Mr. Sowell to write about these schools for the magazine, and a 1974 issue of Public Interest featured a lengthy essay by Mr. Sowell on the history of all-black Dunbar High School in Washington, which had outperformed its local white counterparts and repeatedly equaled or exceeded national norms on standardized tests throughout the first half of the 20th century. Over an 85-year span, from 1870 to 1955, the article noted, “most of Dunbar’s graduates went on to college, even though most Americans—white or black—did not.” Two years later, in the same publication, he wrote a second article, on successful black elementary and high schools located throughout the country. Mr. Sowell later told a friend that his work on black education had been “the most emotionally satisfying research I have ever done.”
In a sense today’s public charter schools, which often have predominantly low-income black and Hispanic student bodies, are successors to the high-achieving black schools that Mr. Sowell researched 40 years ago. The first part of “Charter Schools and Their Enemies” describes—in damning detail and with the empirical rigor we’ve come to expect from the author—how successful certain charter schools have been in educating poor minorities. To make sure he’s comparing apples to apples, his sample is limited to charter schools that are located in the same building with a traditional public school serving the same community.
And what’s irrefutably clear is that these charters schools are not simply doing a better job than their traditional counterparts with the same demographic groups. In many cases, inner-city charter-school students are outperforming their peers in the wealthiest and whitest suburban school districts in the country. In New York City, for example, the Success Academy charter schools have effectively closed the academic achievement gap between black and white students.
“The educational success of these charter schools undermines theories of genetic determinism, claims of cultural bias in the tests, assertions that racial ‘integration’ is necessary for blacks to reach educational parity and presumptions that income differences are among the ‘root causes’ of educational differences,” Mr. Sowell writes. “This last claim has been used for decades to absolve traditional public schools of any responsibility for educational failures in low-income minority communities.”
The point isn’t that there are no subpar charter schools—there are— but it’s clear to the author that any honest assessment of the data shows that school choice is a boon for groups that have long been poorly served by the system. It’s also clear that successful charter schools are a threat to the current power balance that allows the vested interests of adults who run public education to trump what’s best for students. As Mr. Sowell reminds us, “schools exist for the education of children. Schools do not exist to provide iron-clad jobs for teachers, billions of dollars in union dues for teachers unions, monopolies for educational bureaucracies, a guaranteed market for teachers college degrees or a captive audience for indoctrinators.”
In recent years, charter-school skeptics have made headway. Limits have been placed on how many can open and where they can be located. And Joe Biden, the presumptive Democratic nominee for president, is being pressured by progressives to limit charter growth if elected. All of which makes Mr. Sowell’s new book, in addition to its many other attributes, quite timely.


Amazon presentation: 

About the Author

Thomas Sowell is a senior fellow at the Hoover Institution, Stanford University. He is the author of dozens of books and the recipient of various awards, including the National Humanities Medal, presented by the President of the United States in 2003.

A leading conservative intellectual defends charter schools against the teachers' unions, politicians, and liberal educators who threaten to dismantle their success.

The black-white educational achievement gap -- so much discussed for so many years -- has already been closed by black students attending New York City's charter schools. This might be expected to be welcome news. But it has been very unwelcome news in traditional public schools whose students are transferring to charter schools. A backlash against charter schools has been led by teachers unions, politicians and others -- not only in New York but across the country. If those attacks succeed, the biggest losers will be minority youngsters for whom a quality education is their biggest chance for a better life.

  • Hardcover: 288 páginas
  • Editora: Basic Books (30 de junho de 2020)
  • Idioma: English
  • ISBN-10: 1541675134
  • ISBN-13: 978-1541675131
  • Dimensões do produto: 16,2 x 2,5 x 24,1 cm


Reviewed in the United States on July 2, 2020
Verified Purchase
First off, you need to get past chapter 2, which may seem tough after seeing the statistics seemingly repeated for several different Charter School networks, but don't get discouraged! There is light at the end of the Chapter 2 tunnel! The level of downright immoral and uncaring behavior of people who seemingly always claim to be so caring about everyone is apalling, and frankly shocking. I can only hope this book reaches many parents who need better schools for their children. If we're lucky it will speak to someone in society whomis truly looking for a way to help kids in failing schools and who has the means to start a Charter School, and has the stomach for it...

It will be interesting to see the negative reviews and refutations of this book over the coming weeks and months which hopefully bring this topic to the national stage.

The author has taken the time and effort to overcome seemingly every objection (valid and frivolous) to charter schools by providing the data to support his assertions, primarily from New York state. He is honest where charter schools aren't the best, but the overwhelming supply of emperical data suggests that Charter Schools are much needed and in greater numbers in most big cities.

His disdain for the Mayor of New York is not lost on the reader, and rightfully so after reading the actions taken by the Mayor to sacrifice the education of New York's youngsters for what seems to be his own ego and that of his "supporters". I just can't understand it myself, but like I said, maybe we'll see some rebuttals, and hopefully they have facts to back them up.

quarta-feira, 22 de julho de 2020

Política Nacional, Estratégia e Livro Branco de Defesa - atualizações

A única novidade, talvez, seja a de que os autores desses documentos as PIORES LOUCURAS do bolsolavismo dominante nas mais baixas esferas do governo.
Não tenho certeza de que tenhamos uma verdadeira estratégia, que seja nacional e sobretudo que seja de defesa. Talvez a defesa da corporação.
Paulo Roberto de Almeida

Poder Executivo entrega atualizações da PND, END e LBDN ao Congresso Nacional

Brasília, 22/07/2020 - O Poder Executivo entregou, nesta quarta-feira (22), as atualizações da Política Nacional de Defesa (PND), Estratégia Nacional de Defesa (END) e Livro Branco da Defesa Nacional (LBDN) ao Congresso Nacional.
O Ministro da Defesa, Fernando Azevedo, acompanhado dos Comandantes da Marinha, do Exército e da Força Aérea, passou os documentos para as mãos do Presidente do Senado, Davi Alcolumbre, logo após reunião do Conselho de Defesa Nacional, no Palácio do Planalto.
"Não é uma nova política. A essência é completamente a mesma. Como é uma política de Estado, independe de governo, ela perpassa os governos. É praticamente a mesma política e a mesma estratégia de 2012 e de 2016 com algumas atualizações", afirmou o Ministro da Defesa.
As atualizações são encaminhadas ao Congresso Nacional pelo Executivo, atendendo ao que estabelece a Lei Complementar 136/2010, segundo a qual os três documentos devem ser enviados ao Legislativo a cada quatro anos, com suas respectivas atualizações, a partir de 2012.
Como são documentos de Estado, consolidados ao longo dos anos, não há grandes diferenças em relação às versões anteriores. As atualizações apresentadas são pontuais, incluindo alguns desafios contemporâneos.

PND, END e LBDN
A Política Nacional de Defesa é o principal documento de planejamento da defesa do país. Ele estabelece objetivos e diretrizes para o preparo e emprego da capacitação nacional, com o envolvimento dos setores militar e civil, em todas as esferas de poder.
A Estratégia Nacional de Defesa, por sua vez, pretende definir como fazer o que se determinou na PND.
Já o chamado Livro Branco de Defesa Nacional apresenta uma visão geral da defesa e das Forças Armadas, tendo como principal propósito permitir transparência, promovendo assim a confiança mútua entre os países.
Saiba mais:
Documentos encaminhados pelo Ministério da Defesa para apreciação do Congresso Nacional:
Fotos: Clauber Cleber Caetano/Presidência da República
Assessoria de Comunicação Social (Ascom)
Ministério da Defesa
(61) 3312-4071