O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

terça-feira, 5 de novembro de 2024

Book review: Robin M. Allers on Mathieu Segers, 'The Origins of European Integration: The Pre-History of Today's European Union, 1937–1951'

 

H-Diplo: New posted content

Book review: Rogers, Thomas D.. Agriculture's Energy: The Trouble with Ethanol in Brazil's Green Revolution - by Timothy Lorek

 A new Review has been posted in H-LatAm.

Stephanie Huezo. Review of Jarquín, Mateo. The Sandinista Revolution: A Global Latin American History. H-LatAm, H-Net Reviews

 A new Review has been posted in H-LatAm.

segunda-feira, 4 de novembro de 2024

Neoliberais anti-China tomam conta da política externa do Brasil - Miguel do Rosário (O Cafezinho)

 PRA: "O jornalista, obviamente, é míope, ao falar de neoliberais do Itamaraty. A política externa é a do presidente. O Itamaraty só faz diplomacia, constrangido pela política externa personalista do presidente. Como o jornalista é pró-China, não se poderia esperar outra coisa. A matéria tem pontos interessantes, pois revela o que pensam os militantes do PT em matéria internacional."

Neoliberais anti-China tomam conta da política externa do Brasil

O Cafezinho, 4/11/2024

https://www.ocafezinho.com/2024/11/04/exclusivo-neoliberais-anti-china-tomam-conta-da-politica-externa-do-brasil/

A política externa brasileira vai mal.

O Itamaraty, concebido como um órgão eminentemente técnico, para assessorar o poder eleito, vem assumindo posições políticas cada vez mais independentes.

É mais grave que isso: o Itamaraty está indo na direção oposta daquela apontada pelo presidente Lula, expressa em todos seus discursos, de fortalecimento do mundo multipolar e combate à desigualdade no mundo.

As consequências políticas para Lula, para o governo e para o pais serão profundas. Uma política externa confusa, medrosa, sem visão estratégica, pode comprometer a reeleição do presidente e, sobretudo, destruir por décadas os sonhos de emancipar economicamente o Brasil.

Vamos contextualizar os motivos que me levam a abrir esse artigo com declarações tão duras e críticas contra um governo no qual ainda depositamos tão ardentes esperanças.

O debate ocorrido nos últimos dias, sobre a adesão, ou melhor, a não-adesão do Brasil à Rota do Cinturão e da Seda, produziu uma intensa agitação nas comunidades que discutem a política externa brasileira, em especial aquelas que lidam mais diretamente com relação do Brasil com os Brics e com o gigante da Ásia.

A entrevista de Celso Amorim ao Globo, afastando a possibilidade do Brasil assinar um “tratado” de adesão ao projeto chinês, e falando antes em “sinergia” de projetos, pegou mal na China, segundo fontes do Cafezinho.

Amorim, brilhante diplomata, procurou contornar o mal estar criado por essa entrevista.

Procurado por mim, jurou que isso não significa nenhuma posição anti-China do governo, e que o conceito de sinergia deve ser considerado como a melhor maneira do Brasil se aproximar do projeto chinês conhecido pela sigla em inglês BRI (Belt and Road Iniciative), ou Cinturão e Rota da Seda.

Procurei também o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que gentilmente conversou comigo durante alguns minutos, e usou o mesmo termo de Amorim (mostrando que o governo alinhou o discurso sobre a China): o Brasil irá procurar estabelecer uma “sinergia” entre os dois países.

“A viagem de ministros e secretários de governo à China, recentemente, foi motivada pelo desejo do governo de estabelecer sinergias entre o projeto nacional de desenvolvimento do Brasil e o projeto chinês”, disse Haddad ao Cafezinho.

“Não entendo muito bem essa ideia do Brasil aderir ao projeto de outro país”, disse Haddad, para justificar a preferência pelo conceito de sinergia.

O ministro disse ainda que o governo está tentando atrair investimentos chineses para a órbita do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), em especial para os projetos vinculados à principal aposta do órgão, o Nova Indústria Brasil (NIB). “É aí que vamos tentar a sinergia entre os investimentos chineses e esses projetos mais sofisticados – energia, trens, etc – de que você fala”, explicou o ministro.

“Já está acontecendo”, disse Haddad, sobre o aprofundamento das relações entre Brasil e China, aí incluindo a famosa sinergia entre o projeto nacional e o chinês.

Entretanto, essas falas não surtiram nenhum efeito entre os observadores mais atentos, que viram nas declarações dos representantes do governo um recuo estratégico, com enormes proporções e consequências geopolíticas, na relação do Brasil com a China.

Eu entrei em contato com muitas pessoas, no Brasil e na China, que se debruçam há anos sobre as relações diplomáticas, comerciais e geopolíticas entre os dois países, para entender com o máximo de objetividade porque essa percepção foi tão marcante.

Evandro Menezes de Carvalho, por exemplo, é um dos maiores especialistas em China no Brasil. Professor de Direito Internacional na Faculdade de Direito na UFF e na FGV, tem pós-doutorado na Universidade de Pequim e na Facultade de Direito de Xangai. É professor também na Universidade de Pequim, e tem dividido sua vida entre China e Brasil. Ganhou há pouco um dos prêmios do Estado chinês mais importantes do país, o de “Amigo da China”, entregue a ele diretamente pelo primeiro ministro.

Carvalho entendeu as falas de Amorim como malabarismo retórico e como um “não vacilante” à adesão do Brasil à Rota da Seda. Ele entende ainda que o conceito de “sinergia” não faz jus à magnitude de oportunidades que uma posição mais assertiva e corajosa do presidente Lula poderia trazer ao país, caso assinasse um Memorando de Entendimento, durante a visita do presidente da China ao Brasil, Xi Jinping, entre os dias 18 e 20 de novembro.

“Considerar a relação com a China apenas na perspectiva bilateral é não enxergar as potencialidades desta parceria no âmbito regional. A China parece ter uma visão e uma execução de política externa na América do Sul mais integrada do que o próprio Brasil. Os projetos de rodovias na Bolívia, os projetos elétricos no Uruguai, a ferrovia de Belgrano na Argentina são exemplos de projetos na América do Sul inseridos no âmbito da BRI. Sem contar outros projetos no resto da América Latina tais como o porto de águas profundas em Antígua e Barbuda, o parque industrial em Trinidade e Tobago e a estrada Norte-Sul na Jamaica. Vale ressaltar que entre 2000 e 2022, o comércio entre China e América Latina aumentou 35 vezes ultrapassando, em 2023, a marca de 480 bilhões de dólares. A China se tornou o segundo maior parceiro comercial da região. Durante a APEC [Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico, ou Asia-Pacific Economic Cooperation, em inglês], Lula verá a inauguração do Porto de Chancay, um megaprojeto que pode encurtar em um terço o tempo médio que os produtos brasileiros levam para chegar ao Oriente. O Brasil poderá se beneficiar deste porto se levar adiante o projeto do Corredor Ferroviário Bioceânico com 3.750 quilômetros de extensão, ligando o Porto de Santos ao Porto de Chancay, passando por Bolívia. A BRI tem algo a nos dizer sobre isso?”, diz o professor, em texto recente sobre essa polêmica do Brasil aderir ou não à Rota.

“Não colou”, diz Rodrigo do Val Ferreira, consultor brasileiro residente em Xangai, que mantém contato frequente com autoridades e empresas chinesas, sobre o esforço retórico do governo em substituir uma declaração mais clara e explícita de adesão à Rota pelo uso do conceito ambíguo de “sinergia” entre projetos do Brasil e da China.

Segundo ele, a percepção na China é de “surpresa e decepção, e isso mancha as celebrações de 50 anos entre os dois países”. A própria famosa ideia de neutralidade do Brasil, diz Rodrigo, estaria começando a ser questionada.

“A ICR [Iniciativa do Cinturão e da Rota] não exigia exclusividade, não exigia tomar partido, nem sequer se comprometer a qualquer projeto específico, e escolhemos mesmo assim a não relação. Tenho minhas dúvidas se por medo ou ideologia. E espero que por medo.

No A Governança da China, em seu primeiro volume, Xi quando se refere à América Latina, discorre: Na China há um provérbio que diz: ‘Na longa distância se conhece a força de um cavalo; no decorrer do tempo se conhece o coração de uma pessoa’. E segue tecendo elogios à cooperação com a América Latina.

Receio, nosso cavalo, justo no momento mais importante de se construir confiança, empacou”, declara Rodrigo, sem ocultar sua frustração.

O sentimento crítico em relação à política externa do Brasil, todavia, não começou agora, e as declarações de Amorim foram apenas a mensagem mais recente, e no momento mais emblemático, pois ocorre às vésperas da chegada de Xi Jinping ao Brasil.

Uma série de acontecimentos bem mais concretos, contudo, vem dando sinais da mudança de rumo na política externa do país.

Em nome da transparência, e de um debate franco e aberto que o tema merece, vamos dar nomes aos bois.

O embaixador Eduardo Paes Saboia, secretário do Itamaraty para Ásia e Pacífico, é conhecido por suas posições anti-Brics e anti-China, o que é totalmente contraproducente, quase irracional, para a importância estratégica do cargo que ocupa. Ele é o “sherpa” do Brasil nos Brics, ou seja, o principal negociador brasileiro. E é contra os Brics. Segundo minhas fontes, Saboia fala abertamente contra os Brics com seus interlocutores.

Ou seja, o representante mais importante do Brasil nos Brics e que também é o representante mais importante do Brasil na China é contra os Brics e a China. A posição de Saboia, no entanto, nunca foi desconhecida, pois ele é notoriamente um quadro de posições políticas reacionárias, motivo pelo qual foi nomeado para o cargo pelo presidente Jair Bolsonaro. O incrível é ele continuar lá sob o governo Lula.

A embaixadora Maria Laura da Rocha, secretária geral do Ministério de Relações Exteriores, não apenas tem posições abertamente contra a China, como andou militando, nos últimos meses, de ministério em ministério, para defender que o Brasil não aderisse à Rota da Seda.

Tatiana Rosito, secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, também é vista como um quadro político hostil à adesão do Brasil ao projeto da Rota da Seda.

O embaixador do Brasil na China, Marcos Galvão, é igualmente um quadro conservador, com poucas luzes sobre as grandes oportunidades que se abririam para o Brasil, caso optasse por ampliar a parceria com o gigante asiático.

Ou seja, toda a máquina diplomática do Estado, com posições estratégicas na relação com a Ásia, e quase todo o pessoal encarregado de assuntos de ordem geopolítica, tem posições hostis à China, o que explica a dificuldade do Brasil em aprofundar parcerias com o gigante asiático.

Quando Lula e Xi Jinping se encontrarem, em algumas semanas, muita coisa estará em disputa. Toda palavra, símbolo, gesto, será analisado minuciosamente pelo mundo inteiro.

Para o brasileiro Rafael Henrique Zerbetto, um jovem linguista que reside e trabalha em Pequim, a fórmula diplomática encontrada pelo Brasil para não assinar um memorando de adesão à Rota, e ao mesmo tempo surfar no fluxo de investimentos chineses associados ao projeto, serão vistos como uma tentativa pouco disfarçada de ser “esperto”, embora objetivamente não o seja. Outros países, com postura mais assertiva e corajosa, acabarão levando vantagem sobre o Brasil.

Zerbetto, que é um entusiasta e um estudioso da Iniciativa do Cinturão e Rota (ICR), lembra que o memorando de adesão não é, de fato, um tratado vinculativo, tampouco exclusivista. É bastante genérico, mas também é uma grande porta que se abriria para o início de uma série de iniciativas a serem financiadas pela China, em favor do Brasil. Apenas os projetos que interessarem ao Brasil, que forem estratégicos para o Brasil, serão incluídos na parceria. Sua condução seria inteiramente controlada e supervisionada pelo Brasil.

Tanto Zerbetto quanto outros com quem conversei lembram ainda que a Rota da Seda vai muito além dos projetos em infra-estrutura. Daí inclusive a mediocridade do conceito de “sinergia”. Falar em sinergia põe de lado a complexidade holística da Rota, que incluiria abertura de mercados para produtos culturais do Brasil, como filmes, livros, jogos, além de um aumento exponencial do intercâmbio científico, profissional e acadêmico.

Iara Vidal, jornalista brasileira especializada em China, lembra ainda que o Brasil pode desenvolver laços com a China para além do comércio de commodities e parcerias em infraestrutura. “É muito importante parcerias entre a China Media Group [principal grupo de mídia do país, estatal] e empresas nacionais no campo do audiovisual”, diz ela. Outros campos a serem explorados, e que seriam facilitados com uma adesão do Brasil à Rota da Seda, seriam os setores de economia criativa, como a moda. “A China tem desenvolvido ferramentas muito inovadoras para lidar, por exemplo, com a questão do uso do poliéster, que podemos implementar no Brasil. É o caso da iniciativa de substituir o plástico por bambu. Nossa indústria têxtil poderia se beneficiar dessa ideia que está em perfeita sintonia com a neoindustrialização e a economia verde. Poderia renovar esse segmento aproveitando que o setor brasileiro de moda tem a única cadeia produtiva completa do Ocidente, em uma indústria que gera muito emprego, principalmente para mulheres e jovens.”

Uma adesão corajosa do Brasil à Iniciativa do Cinturão e da Rota da Seda poderia dar a marca que hoje falta ao governo Lula. É a oportunidade do século, pois a China tem exatamente aquilo de que precisamos nesse momento: recursos financeiros em abundância, desenvolvimento científico e tecnológico em todas as áreas, uma classe média que deve chegar a 800 milhões de pessoas em alguns anos, para citar apenas alguns.

Tanto o medo de melindrar o império, quanto uma ideologia reacionária (e preconceituosa) anti-China, uma mistura venenosa que parece ter se infiltrado no governo, são antes de tudo uma colossal estupidez, porque os Estados Unidos e a Europa apenas irão respeitar o Brasil, como já disse Lula tantas vezes, se o Brasil aprender a respeitar a si mesmo. E perder a oportunidade de abraçar esta grande nação amiga, a China, seria uma grande falta de respeito do Brasil consigo mesmo e com o futuro da nossa juventude.

Além disso, somente a China tem os recursos, a engenharia institucional, e a velocidade de execução que o governo Lula precisa para implementar projetos grandiosos o suficiente para melhorar a vida do povo e ganhar com folga as eleições de 2026. Apesar da economia estar crescendo e o desemprego caindo, mesmo isso não será suficiente para barrar a onda reacionária que vemos se levantar no país.

Um projeto Minha Casa Meu Sol, com distribuição financiada de placas fotovoltaicas e baterias de lítio para todas as casas e edifícios no Brasil, reduzindo drasticamente as despesas domésticas com eletricidade, seria uma iniciativa para ganhar no primeiro turno em 2026.

Escolher algumas cidades brasileiras para implementação de vastos sistemas de metrô, com auxílio da China, seria outra boa ideia, não apenas para ganhar em 2026 mas sobretudo para apontar uma solução para o estrangulamento desesperador em que se encontram os brasileiros que vivem em grandes cidades.

A construção de um protótipo inicial de trem de alta velocidade, ligando duas cidades importantes brasileiras, também ajudaria o governo a desenvolver uma marca e esmagar a extrema direita nas próximas eleições.

Nenhum projeto desses pode vir dos EUA, tampouco da Europa. Só a China oferece a possibilidade de realização de sonhos dessa magnitude. O governo Lula precisa meditar sobre as próprias palavras do presidente em seus discursos: quando o presidente fala em combater a desigualdade no país, deve se lembrar que isso apenas será possível com a modernização do transporte urbano, maior uso de energia solar e conquista de novos mercados para nossos produtos culturais, para mencionar alguns benefícios que uma parceria com a China nos ajudariam a desenvolver.

Se o governo Lula, porém, decidiu perder o jogo antes mesmo de terminar a segunda metade da gestão, então vai ficar muito mais complicado construir uma estratégia vencedora.

Quer dizer, pode acontecer o pior: a direita vencerá as eleições em 2026, com um candidato como Tarcísio, e um de seus primeiros atos será assinar um memorando de adesão à Rota da Seda. Se o governo do PT não quer aderir, para não melindrar nem os EUA nem os setores reacionários incrustrados na própria administração, um governo de extrema direita, que não precisará “provar” que não é hostil aos EUA, terá toda a facilidade em estabeler mais relações com a China.

Com a corrente de comércio entre Brasil e China chegando a US$ 163 bilhões de dólares nos últimos 12 meses, quase 100% de aumento em dez anos, e com a perspectiva de crescer ainda mais nos próximos dez anos, me parece evidente que os dois países estão fadados a estabelecer parcerias cada vez mais profundas e estratégicas. Se isso será feito sob o governo Lula, com foco em ciência e preocupação social, ou sob um governo de direita, com foco na construção de grandes corredores de escoamento de commodities, ainda não sabemos.

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

The Next World War Starts Here (Japan, China, Koreas) - Matthew Kaminski (Politico)

 The Next World War Starts Here

An aggressive China and Russia’s war on Ukraine brought South Korea and Japan closer — with lots of American help. Keeping them together to deter Beijing will be one of the most important foreign policy tasks for Harris or Trump.

SEOUL — East Asia is the most serious threat to world peace. An eruption here is hotter and bigger than anything the Middle East or Europe would conceivably produce.

The Biden administration leaves behind a strong diplomatic legacy in Asia, in contrast to its failure in Afghanistan and mixed record in Ukraine and the Middle East. It built webs of security alliances across the region to deter China and forged what has proved elusive for decades — a rapprochement, if not warm friendship, between historical foes and America’s closest Asian allies, South Korea and Japan.

Huge challenges loom for Joe Biden’s successor here. The scale of the forces lining up against each other in the northern Pacific is terrifying. China is forging a deeper alliance of American adversaries in North Korea and Russia, making threats against Taiwan and staking stronger claims on territory in the South China Sea. America’s actions in other geopolitical theaters — above all Ukraine — will reverberate in East Asia.

As strange as it might seem in this moment, the next U.S. administration’s strategy is hamstrung by some old history. Japan and South Korea — which have powerful militaries, and in Japan’s case one that’s recently embarked on a major buildup — are haunted by long-running disputes from the previous century that make their entente feel fragile. It’s an open question whether it can last, even as the threats that are pulling them together grow more serious.

Over the hills that ring Seoul lies the most heavily militarized region in the world. The DMZ separates this vibrant capital from a nuclear-armed hermit state ruled by an unpredictable autocrat that weighs heavily on Korean minds.

The view from Tokyo, a quick flight across the Sea of Japan, is as unreassuring these days.

Russian military planes are breaching the country’s northwestern coastal airspace repeatedly, a reminder that Tokyo and Moscow have an unresolved, nearly 80-year-old territorial dispute over the Kuril Islands that leaves them technically in a state of war. China disputes Japan’s claim over the Senkaku Islands in the south. In the first ever known incursion, Chinese military aircraft flew through Japanese airspace in August. Chinese and Russian military ships together passed near Japanese waters in September during a joint exercise. North Korea openly considers Japan a foe and occasionally sends a missile over the country.

“Japan is now facing off against North Korea, Russia and China and that makes for a severe security environment,” Minoru Kihara, Japan’s defense minister until the government changed last month, told me in an interview in Tokyo. “We feel a strong sense of crisis considering that such incidents took place in a short period of time.”

The war in Ukraine shifted plates in Asia. After Vladimir Putin launched the invasion, Xi Jinping backed him strongly against a unified NATO — making that European conflict a test of China’s superpower ambitions. Japan is “paying close attention to China’s alliance with Russia,” Kihara added. Ukraine also brought Moscow and North Korea closer. Kim Jong Un sent thousands of his soldiers to fight there last month in return, presumably, for military technology and other goodies.

‘Drinking buddies’

The answer to this robust authoritarian axis à trois is the trilateral relationship with Seoul and Tokyo that Washington spent years trying to bring to life.

While both countries are protected by the U.S. through treaties going back over 70 years — and while both share common enemies — South Korea and Japan have long been estranged. During World War II, Japan occupied South Korea, enslaving Koreans to work in their factories and sexually service their soldiers. Japan has apologized and paid reparations to Koreans. But this remains an open nerve — and badly strained political and military ties.

During his time as the commodore of a squadron of guided missiles destroyers in the 1990s, retired Adm. Jim Stavridis recalled that during joint exercises the U.S. had to keep Japanese and South Korean vessels far away from each other — or “you’d get the on-the-sea version of ‘road rage’.” It is as if France and Germany had remained frosty after World War II. Under that scenario, Europe wouldn’t have NATO or the EU.

The Xi era in China changed Japanese attitudes about security. Ukraine is the more recent accelerant.

Prime Minister Fumio Kishida, who stepped down this autumn, elaborated a line used by his foreign minister — “First Ukraine, then Taiwan” — to suggest the war could come here: “Ukraine may be the East Asia of tomorrow.” Russia’s biggest supporter China is the one power today openly challenging the U.S.-led order, and the only one with the ability potentially to do so.

Japan responded by unveiling plans to double defense spending — from 1 percent of its GDP to 2 percent by 2027. The budget has already gone up more than 40 percent since 2022. Under its constitution, Japan can only defend itself and had neglected the military. A previous Japanese leader, Shinzo Abe, started to change things in the 2010s. Japan built out a formidable navy and added modern weaponry. By the time the current expansion plans are in place, Japan is expected to be the world’s third-largest spender on defense, after the U.S. and China. Germany, by contrast, is reversing plans to boost defense spending.

Even for all that spending, “China is outpacing Japan’s increase of defense budget and they have four times more than we do,” said Kihara, the former defense minister. “It is difficult for us to face China on our own.”

South Korea is an obvious ally for Japan. Kishida was open to closer relations, believing Japan needed friends to resist China. What made that possible was the presidential election in March of 2022, a month after the invasion of Ukraine, that brought Yoon Suk Yeol to the presidential palace in Seoul.


The left and right swap power every five or 10 years here. The left tends to seek reconciliation with North Korea and dislike Japan. A man of the right, Yoon brought more hawkish views and something else: a genuine affection for Japan going back to his father’s time studying and teaching there.

He had his first chance to meet Kishida at the Madrid NATO summit in July of that year. “Yoon hugged him,” recalled a former Korean official who was there. Kishida was taken aback. Yoon is outgoing, Kishida circumspect. “Asian leaders don’t do hugs, unless they are communists.”

From that awkward beginning came a relationship that this former official described as “drinking buddies.”

The U.S. had been looking for an opening like this for years. Kurt Campbell, the deputy secretary of State, pushed a rapprochement strategy from Washington. Dozens of trilateral meetings followed where the U.S. did “the thing that’s unusual for America — step back and let everyone else talk,” said Rahm Emanuel, America’s ambassador in Tokyo.

Little was straightforward. Korean and Japanese ministers rarely meet each other one-on-one. Korea’s defense minister hadn’t come to Tokyo for 15 years before this July. If the Japanese defense chief goes to Seoul next year, as planned, that would be the first time in nine years. The U.S. has to play mediator and counselor to both sides.

“History is history, brother,” Emanuel said. “It has a pull on emotions and it has a pull on psychology.

“The U.S. plays an important role in keeping the plates spinning,” he added.

When Japan was hosting the G7 summit in Hiroshima in May of 2023, Washington pressed to have Korea invited. During the meeting, Yoon and Kishida went together with their spouses to pay respects at a memorial to the Korean victims of the 1945 atomic bombing of the city. It was a first of sorts and created a lasting image.

The culmination of the courtship was the Camp David summit in August last year. Yoon, Kishida and Biden hailed a new era and announced various agreements, including on sharing data about missiles and a major exercise. “This is an all hands on deck moment in the region,” said a senior administration official in Washington, who asked for anonymity.

“When you have trust in us and in the president, you don’t do the bare minimum,” Emanuel said. “They went beyond their comfort zone. In a world consumed by war and grievance, history can catch up to the present and shape it. Camp David showed dialogue and diplomacy shaped the future.

“Now,” Emanuel continued, “the goal is to institutionalize it in the DNA of governments.”

‘Not allies’

The fact is this rapprochement is far from a done deal. Leaders in Seoul and Tokyo sound at best cautionary notes.

“I’m very pessimistic,” said a senior Japanese official who was granted anonymity to discuss the matter. The Koreans “swing from one extreme to the other.” Yoon’s opponents have called him a sellout to Japan, riding him hard on the rapprochement.

Another foreign ministry official in Tokyo recalled working visits to Seoul during the lead-up to the Camp David summit. “They would yell at us during negotiations over what happened in the war and when the meeting’s over, they say, ‘no hard feelings, let’s go out for drinks’,” this official said. “The next day they yell at us some more. It’s due to the domestic political pressure they’re under.”

In Korea, this issue isn’t purely a matter of partisan politics. Distrust crosses generations and goes deep.

While Korea has agreed to joint naval and aerial exercises, Japanese forces aren’t welcome on Korean soil. “We prefer to have them somewhere else,” deadpanned a senior Korean official.

Asked whether Japan was now an ally, this official paused and said, “Don’t think so. Partner is enough.”

The recurring pain points involve Korean demands for reparations and more apologies. The Japanese reply that these demands were settled already — and want to stay away from Korea’s messy internal politics.

Yes and no. Korea’s enthusiasm for the rapprochement may pass with President’s Yoon’s departure from office. Yet Japan’s own politics are tortured by history as well, which hinders its ability to build deeper relationships with Korea and other nations across Asia that fear China’s rise.

Japan’s 21st century awakening on defense contrasts with its former wartime ally in Germany. There is another contrast with Germany that is less complimentary. “The curious thing,” Ian Buruma wrote in his book Wages of Guilt: Memories of War in Germany and Japan, “much of what attracted [the] Japanese to Germany before the war — Prussian authoritarianism, romantic nationalism, pseudo-scientific racialism — had lingered in Japan while becoming distinctly unfashionable in Germany.”

No Japanese politician, Buruma continued, has “ever gone down on his knees, as Willy Brandt did in the old Warsaw ghetto, to apologize for historical crimes.”

The Liberal Democratic Party, which has ruled Japan for all but four years since 1955 and will almost certainly continue to despite losing its majority in the past weekend’s elections, has a vocal nationalist right wing. Many mornings outside LDP headquarters, trucks with loudspeakers and flags blare nationalist speeches.

These historical issues might have been settled long ago. The U.S. can share some blame, deciding, in order to get a peace deal done, to let the Japanese emperor stay as head of state but give up his divine right to rule. Japan’s military kept its flags and symbols. Germany was wiped clean of the Nazi regime and its vestiges.

“We didn’t really grow up,” said one foreign ministry official that I spoke to in Tokyo.

Yasukuni Shrine is a large complex in central Tokyo near the imperial palace. The shrine honors Japan’s war dead, among whom are 14 war criminals who committed atrocities in World War II. A large museum on the site treats Japan’s wartime histories with reverence. Models of a kamikaze plane and submarine are displayed. Exhibits for the last war suggest the Japanese were fighting Western imperialism in Asia. It’s as if a museum in Berlin displayed Nazi flags and honored Nazi leaders.

Whenever an LDP politician visits Yasukuni, Koreans and Chinese have an excuse to complain. Kihara, the defense minister, went on Aug. 15, the 79th anniversary of Japan’s surrender. He was unapologetic, saying that “those who had sacrificed should be given tribute” and that his own relatives worship there. “It is unfortunate that this has been politicized,” he said.

Just don’t call it Asian NATO

These two awkward neighbors need each other and America needs them to get along to marshal a credible response to the China-led threesome.

The security anxieties in the region are bound to grow. If Beijing acts on its threats and succeeds, the fall of Taiwan would be a huge economic and political blow to the U.S. It would also put the rest of Asia in play, so to speak. Add to that the reemergence of Russia in the region and the heightening of the North Korean threat. The war in Ukraine is sputtering along, and the outcome there might hang on what happens in the U.S. Tuesday.

The Biden diplomatic push of the past couple years in East Asia is intended to build out enough military muscle and overlapping alliances to create a kind of NATO for the region — with China in the role of the old Soviet Union. You just can’t call it NATO. The South Koreans and others don’t want to be formally allied with Japan. To be more like Germany, Japan would also become an equal partner to America and others.

The U.S. isn’t ready to reopen the postwar security deal that keeps Japan in a kind of arrested development. The current Prime Minister Shigeru Ishiba used to muse about an Asian NATO and reopening the status of forces agreement between the U.S. and Japan. He had to disavow the idea minutes after winning power in late September.

Those political issues are a distraction, U.S. officials say. In practical terms, however, a lot has already changed. The region is arming up, passing Europe in terms of defense expenditures a decade ago. As they spend more, Japan’s terrible demographics limit their ability to add manpower. The money is going to buy hundreds of American long-range Tomahawk missiles, integrated antimissile systems and unmanned defenses. Japan’s navy could be “the swing vote on effective deterrence” over Taiwan, said Matt Pottinger, deputy national security adviser in the Trump White House. Japan wants to develop weapons with the U.S. and train its troops there.

Earlier this year, the U.S. upgraded the commander of forces in Japan from a two-star to a three-star general officer and pledged to build a new command and control center — which Emanuel called “the largest change in our force structure” and “the most important thing we have done here in 60 years.”

Other baby steps are planned. The trio is talking about putting in place some institutional roots. Perhaps a secretariat for the trilateral relationship — that’s not exactly a second coming of NATO. 

The wartime history in East Asia feels far more alive and relevant to the future than in Europe. Beijing, naturally, exploits it. The Chinese government has managed to transfer animosity toward Japan to the next generation. A 10-year-old Japanese boy was stabbed to death in September while walking to school in Shanghai on the anniversary of Japan’s invasion of China, the latest in a string of attacks on Japanese in the country.

Beijing has another card to play against both South Korea and Japan. Both countries are deeply integrated with China economically, which Beijing has used to pressure them.

As much as the U.S. wants their friendship to build, Japan and South Korea will look primarily to Washington for reassurances about American power and its commitment to them individually.

“Beijing wants to send a signal that the U.S. is unable to support treaty allies in the region, and to send a signal to Taiwan, to portray us as hollow allies,” Pottinger said. “Xi has led himself into believing that America is in irrevocable decline and that China and its allies will paper the world in chaos.”