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sábado, 10 de março de 2012

A Grecia em tempos de Argentina (mas de modo negociado)

A Grécia está obtendo mais ou menos o mesmo que a Argentina obteve, dez anos atrás, mas de outra forma. Ou seja, o que a Argentina fez de modo unilateral, e até de forma malcriada, contra seus credores, dando-lhes um calote unilateral, e até zombando da imprudência dos credores, a Grécia está obtendo por uma combinação de pressão e ameaças de default unilateral.
Claro, a Argentina não tinha uma União Europeia atrás de si, para ajudá-la em suas horas amargas, nem pertencia a qualquer união monetária, tendo aderido unilateralmente ao dólar como sua moeda de referência, sem poder discutir com o Federal Reserve as políticas de juros e de câmbio que pudessem acomodar seus interesses.
Em síntese, a Argentina amarga 10 anos de afastamento quase completo dos mercados financeiros -- apenas Hugo Chávez foi "generoso" para comprar títulos da nova dívida argentina -- enquanto a Grécia vai voltar aos mercados assim que a situação se estabilizar (o que, em todo caso, também pode demorar alguns anos).
A diferença aqui está em evitar os muitos processos que credores não satisfeitos iniciaram contra a Argentina em cortes estrangeiras (EUA e Europa, basicamente), com ameaças de sequestros de bens, congelamento de contas e outras surpresas desagradáveis.
Assim vai o mundo...
Paulo Roberto de Almeida 

RÉQUIEM PARA A GRÉCIA

Atenas organiza sua falência

O ministro das Finanças grego Evangelos Venizélos agradeceu na sexta os credores privados por 'terem dividido os sacrifícios do povo grego nesse esforço histórico'

Do Le Monde em Opinião e Notícia, 10/03/2012
A Grécia está alcançando a maior reestruturação de dívida da história de um país. Ela evita uma saída de rota descontrolada, mas deve, no entanto, terminar de organizar sua própria falência. Está confirmado que 83,5% dos credores privados da Grécia aceitaram abandonar 53,5% de seus títulos, declarou Atenas na manhã de sexta-feira, 9. Mas o governo grego também decidiu utilizar a força — e obrigar os credores resistentes a assumir suas perdas.
A operação deve suprimir a metade dos 206 bilhões de euros de empréstimos do país subscritos pelos bancos, seguradoras e outros fundos. E contribuir para reduzir a dívida para 120,5% do produto interno bruto até 2020, contra 160% hoje — um nível muito elevado que não deixa o país protegido.
O espectro de uma falência desordenada da Grécia é, assim, evitado. Mas o governo não está menos decidido a pedir o lançamento das cláusulas de ação coletivas (CAC), forçando os credores obstinados a se unirem à reestruturação.
Essas medidas devem permitir levar a 95,7% a taxa de participação dos credores na troca de papéis e suprimir cerca de 103 bilhões de euros da dívida grega, hoje de 360 bilhões de euros. Sexta-feira à tarde, o ministro das Finanças Evangelos Venizélos apresentou seus resultados em uma teleconferência de ministros de Finanças da zona do euro.
“Nós evitamos o principal risco, um problema desordenado da Grécia, explicou Christian Parisot, economista da Aurel BGC. O verdadeiro sucesso teria de qualquer forma sido não passar pela ativação das CAC. Com elas, é uma verdadeira falha oficial.” “As CAC são uma necessidade política e econômica”, estima Gille Moec, do Deutche Bank. “Sem elas seria preciso ir ao fundo do que fosse possível em termos de alívio a nível global da dívida grega.”
A ISDA, Associação Internacional de Derivativos e Swaps, se reuniu sexta-feira à tarde para decidir se esse procedimento constitui, de acordo com o jargão financeiro, um “evento de crédito”. Como a maior parte dos observadores esperavam, ela respondeu que sim, e, com isso, os detentores dos chamados Credit Default Swaps (swaps de crédito, ou CDS), que são contratos de derivativos para proteção contra calotes, teriam o direito de receber um pagamento de cerca de US$ 3,2 bilhões, constituindo um precedente na zona do euro. A Grécia e os europeus procuraram por meses evitar a questão antes de minimizar os riscos destes últimos tempos.
“Reformas Estruturais”
“Em agosto, quando a tensão era extrema, um evento de crédito teria tido um pesado impacto sobre os mercados. Nós ganhamos tempo, é isso que conta nos mercados, onde o evento de crédito era a partir de então antecipado”, explica Parisot.
O que quer que seja, a operação é um sucesso para o governo grego, cujo nível de confiança entre os europeus havia caído ao patamar mais baixo. O governo conduziu com eficácia as negociações, o que lhe permitirá corrigir em parte os julgamentos sobre as promessas não cumpridas, que conduziram a “troïka” de financiadores de fundos — Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional — a endurecer suas exigências.
Venizélos explicou que o governo não pretende relaxar seus esforços e que ele quer “colocar em prática as medidas para ser bem sucedido com os ajustes orçamentários e as reformas estruturais com as quais estou comprometido”. É um sucesso pessoal para Venizélos, que conduziu as negociações por vários meses, no momento em que ele está prestes a buscar a liderança do partido socialista grego, o Pasok.
Apesar de tudo, a Grécia não saiu de questão. A reestruturação da dívida e o segundo plano de ajuda de 130 bilhões de euros devem, em teoria, permitir um retorno da dívida pública, que hoje representa 160% do PIB, a 120,5% em 2015. Mas alguns duvidam que essa trajetória seja mantida.
“O caso grego está longe de estar acabado. O retorno do país ao crescimento, o controle dos déficits públicos e as reformas do país ainda estão à nossa frente, apontam os analistas da CM-CIC Securities. Nós ainda consideramos que a Grécia não tem condições de alcançar seus objetivos e de retornar seu nível de endividamento a 120% até 2020. Será muito difícil evitar um novo plano de ajuda para a Grécia. O semanal alemão Der Spiegel reportou recentemente que a “troïka” estima que a Grécia poderá precisar de um terceiro plano de ajuda de 50 bilhões de euros em 2015 para poder voltar aos mercados.
A via é tão mais estreita que o povo grego não cessa de apresentar uma desordem cada vez mais profunda frente às repetidas medidas de austeridade. Venizélos também agradeceu na sexta os credores privados por “terem dividido os sacrifícios do povo grego nesse esforço histórico”. Na véspera novos números do desemprego haviam sido divulgados: em dezembro de 2011, 21% da população estava sem emprego, contra 10,2% dois anos antes, uma taxa que sobe para 51,1% entre os menores de 24 anos.

Athènes organise sa faillite

La Grèce est en train d'achever la plus grande restructuration de dette de l'histoire d'un pays. Elle évite la sortie de route incontrôlée mais doit néanmoins finird'organiser sa propre faillite. Certes, 83,5 % des créanciers privés de la Grèce ont accepté d'abandonner 53,5 % de leurs titres, a indiqué Athènes, vendredi 9 mars au matin. Mais le gouvernement grec a décidé d'utiliser la force – et de contraindreles prêteurs récalcitrants à prendre leurs pertes.

L'opération doit permettre d'effacer la moitié des 206 milliards d'euros d'emprunts du pays souscrits par les banques, assureurs et autres fonds. Et contribuer àramener à 120,5 % du produit intérieur brut la dette hellène en 2020, contre 160 % aujourd'hui. Un niveau très élevé, qui ne met pas le pays à l'abri.
Le spectre d'une faillite désordonnée de la Grèce est ainsi écarté. Mais le gouvernement n'en a pas moins décidé de demander le déclenchement des clauses d'actions collectives (CAC), des mesures assorties aux obligations de droit grec – la très grande majorité des emprunts d'Athènes – et contraignant les créanciers récalcitrants à se joindre à la restructuration.
Ces mesures devraient permettre de porter à 95,7 % le taux de participation et d'effacer environ 105 milliards d'euros de la dette hellène, aujourd'hui de 360 milliards d'euros. Vendredi après-midi, le ministre des finances Evangelos Venizélos devait présenter ces résultats lors d'une téléconférence des ministres des finances de la zone euro.
"On a évité le principal risque, un défaut désordonné de la Grèce, juge Christian Parisot, économiste chez Aurel BGC. Le vrai succès aurait toutefois été de ne paspasser par l'activation des CAC. Avec elles, c'est un vrai défaut officiel." "Les CAC sont une nécessité politique et économique, estime de son côté Gilles Moec, chezDeutsche Bank. Il fallait aller au bout de ce qui était possible en termes de soulagement sur le niveau global de la dette grecque."
L'ISDA, l'association des utilisateurs de produits financiers dérivés, devait se réunirvendredi après-midi pour décider si cette procédure constitue, selon le jargon des financiers, un "événement de crédit". Si elle répondait oui, comme la plupart des observateurs s'y attendent, cela déclencherait le paiement des CDS (Credit Default Swap), ces produits financiers permettant de s'assurer contre la faillite d'un créancier, et constituerait un précédent dans la zone euro.Une issue que la Grèce et les Européens ont cherché pendant des mois à éviter avant d'en minorer les risques ces derniers temps.
"RÉFORMES STRUCTURELLES"
"En août dernier, quand la tension était extrême, un événement de crédit aurait eu un lourd impact sur les marchés. On a gagné du temps, c'est ce qui compte sur les marchés, où l'événement de crédit était désormais anticipé", explique M.Parisot.
Quoi qu'il en soit, l'opération est un succès pour le gouvernement grec, dont le niveau de confiance parmi les Européens était tombé au plus bas. Le gouvernement a conduit avec efficacité ces négociations, ce qui lui permettra decorriger en partie les jugements sur les promesses non tenues, qui ont conduit la"troïka" des bailleurs de fonds – Commission européenne, Banque centrale européenne et Fonds monétaire international – à durcir ses exigences.
M. Venizélos a expliqué que le gouvernement n'entendait pas relâcher ses efforts et qu'il voulait "mettre en œuvre les mesures nécessaires pour réussir les ajustements budgétaires et les réformes structurelles, auxquelles il s'était engagé". C'est un succès personnel pour M. Venizélos qui a porté les négociations depuis plusieurs mois, au moment où il s'apprête à briguer la tête du parti socialiste grec, le Pasok.
Malgré tout, la Grèce n'est pas sortie d'affaire. La restructuration de la dette et le second plan d'aide de 130 milliards d'euros des bailleurs de fonds internationaux du pays doit en théorie lui permettre de ramener sa dette publique de 160 % du produit intérieur brut aujourd'hui à 120,5 % à l'horizon 2015. Mais certains doutent que cette trajectoire soit tenue.
"Le cas grec est loin d'être terminé. Le retour du pays à la croissance, le contrôle des déficits publics et les réformes du pays sont encore devant nous, notent les analystes de CM-CIC Securities. Nous considérons toujours qu'en l'état, la Grèce n'est pas en mesure de tenir ses objectifs et de ramener son niveau d'endettement à 120 % d'ici 2020. Il sera très difficile d'éviter un nouveau plan d'aide pour la Grèce." L'hebdomadaire allemand Der Spiegel rapportait dernièrement que la"troïka" estime que la Grèce pourrait avoir besoin d'un troisième plan d'aide de 50 milliards d'euros en 2015, faute de pouvoir revenir sur les marchés.
La voie est d'autant plus étroite que le peuple grec ne cesse d'afficher un désarroi de plus en plus profond face aux mesures d'austérité à répétition. M. Venizélos a d'ailleurs remercié vendredi les créanciers privés d'"avoir partagé les sacrifices du peuple grec dans cet effort historique". La veille de nouveaux chiffres du chômage étaient tombés : en décembre 2011, 21 % de la population était sans emploi, contre 10,2 % deux ans plus tôt, un taux qui grimpe à 51,1 % chez les moins de 24 ans.
Clément Lacombe et Alain Salles (à Athènes)

Revalidacao de diplomas estrangeiros: uma critica merecida as universidades publicas


DIPLOMAS. MESTRADO E DOUTORADO.  EXPEDIDOS NO ESTRANGEIRO.  RECONHECIMENTO E REVALIDAÇÃO.
Belo Horizonte, 09 de março de 2012

Fonte: Consultoria em Assuntos Educacionais

Nesta semana a mídia nos trouxe muitas informações sobre diplomas, incluindo aquela referente aos diplomas falsos apresentados por professores às redes de Educação Básica. 

Para as Instituições de Ensino Superior e para o mercado nacional, as notícias sobre reconhecimento e revalidação de diplomas expedidos no estrangeiro são muito importantes. 

Tramita no Congresso Nacional um farto volume de projetos de lei alterando a LDB, dentre eles a proposta de alteração do § 2º do art. 48, permitindo que universidades privadas também possam revalidar diplomas de graduação expedidos no estrangeiro.

Em 23 de dezembro de 2011 o Ministro da Educação homologou o Parecer CNE/CEB nº 13, de 09 de novembro de 2011, que decidiu que os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia têm competência legal para proceder à revalidação dos diplomas de cursos técnicos e tecnológicos legalmente emitidos por instituições educacionais estrangeiras.

Precisamos ter claro o dispositivo da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996:

Art. 48 Os diplomas de cursos superiores reconhecidos, quando registrados, terão validade nacional como prova da formação recebida por seu titular.

§ 1º Os diplomas expedidos pelas universidades serão por elas próprias registrados, e aqueles conferidos por instituições não-universitárias serão registrados em universidades indicadas pelo Conselho Nacional de Educação.

§ 2º Os diplomas de graduação expedidos por universidade estrangeiras serão revalidados por universidades públicas que tenham curso do mesmo nível e área ou equivalente, respeitando-se os acordos internacionais de reciprocidade ou equiparação.

§ 3º Os diplomas de Mestrado e de Doutorado expedidos por universidades estrangeiras só poderão ser reconhecidos por universidades que possuam cursos de pós-graduação reconhecidos e avaliados, na mesma área de conhecimento e em nível equivalente ou superior. 

O dispositivo só permite que universidades registrem diplomas. Mas há duas exceções: a do Decreto nº 5.786, de 24 de maio de 2006, que permite que centros universitários registrem seus próprios diplomas (art. 2º, § 4º), e a da Lei nº 11.892, de 29 de dezembro de 2008, que concedeu aos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia a prerrogativa de registrar os diplomas dos cursos por eles oferecidos (art. 2º, § 3º).

O Conselho Nacional de Educação editou resoluções tratando da revalidação de diploma de graduação expedido no estrangeiro: as Resoluções CNE/CES nº 1, de 28 de janeiro de 2002, e a nº 8, de 04 de outubro de 2007.
Em 2011, o CNE editou a Resolução CES nº 3, de 1º de fevereiro, dispondo sobre o reconhecimento de títulos de pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado), obtidos nos Estados Partes do MERCOSUL.

Também não devemos nos esquecer que o CNE editou duas resoluções regulamentando o § 1º do art. 48 da LDB: as Resoluções CNE/CES nºs 12, de 13 de dezembro de 2007 e 1, de 22 de abril de 2008, permitindo que universidades privadas registrem diplomas de cursos seqüencias, de graduação, de mestrado e doutorado expedidos por instituições não universitárias brasileiras.

Então, cabe razão, em parte, ao jornal O Estado de São Paulo, do dia 5, transcrito na íntegra ao final deste SIC, e do qual destacamos e comentamos alguns excertos:

- Excesso de burocratização no processo de reconhecimento dos diplomas emitidos no exterior

Na verdade as resoluções do CNE chegam a invadir a autonomia das universidades...

- A validação do título de mestre ou doutor emitido no exterior é realizada por universidades brasileiras credenciadas pela Capes. 

Credenciados pela CAPES não. Avaliados pela CAPES. O § 3º do art. 48 da LDB estabelece que os títulos de mestrado e doutorado expedidos no estrangeiro serão reconhecidos por universidades brasileiras que possuam cursos de pós-graduação reconhecidos e avaliados, na mesma área de conhecimento e em nível equivalente ou superior. Avaliados pela CAPES e reconhecidos pelo CNE. 

- Muitas delas [universidades] tendem a ver as universidades estrangeiras como concorrentes - isso quando não há preconceito ideológico de comissões de pós-graduação, congregações e comitês de área da própria Capes contra determinadas instituições, especialmente as americanas. 

Com certeza há sim, preconceito.

- Por isso, há exigências estapafúrdias - como exigência da mesma carga horária, das mesmas disciplinas e currículos, do mesmo esquema de avaliação de teses, de traduções juramentadas e de documentos expedidos por consulados.

Vimos chamando atenção, há muito tempo, para as exigências de coincidência de carga horária, disciplinas, currículos, metodologia de avaliação. Ora, se colocarmos numa planilha cursos iguais de diferentes universidades federais brasileiras, não teremos todas essas coincidências exigidas dos cursos realizados no estrangeiro.

As traduções juramentadas e os vistos consulares não são exigências da legislação de ensino superior. 

- Além dessas exigências, as universidades escolhidas pela Capes, alegando que não dispõem de funcionários em número suficiente e que os docentes nada ganham para avaliar os pedidos, limitam o número de processos de reconhecimento de diploma. Em algumas universidades federais, o processo de revalidação de diplomas obtidos no exterior chega a demorar um ano.

Não se trata de universidades “escolhidas pela CAPES”, repetimos. Mas é verdade que algumas de nossas universidades federais apresentam essas “desculpas”.

O Estado de S.Paulo - 05 de março de 2012 | 3h 06

Ciência sem Fronteiras

Para que o ensino superior dê um salto de qualidade, o governo lançou em 2011 o programa Ciência sem Fronteira, que prevê a concessão de bolsas a estudantes que queiram fazer mestrado, doutorado e pós-doutorado no exterior. Pelas regras do programa, a definição dos critérios de seleção dos candidatos, das áreas a serem financiadas e do valor das bolsas é de responsabilidade do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). 

Nos próximos quatro anos, o governo pretende oferecer 101 mil bolsas, das quais 75 mil com recursos próprios e 26 mil custeadas por empresas estatais, empresas privadas e bancos. As primeiras bolsas se destinam a estudos nos Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, França e Itália e as áreas escolhidas são matemática, física, química e biologia. 

As próximas chamadas públicas previstas para 2012 devem privilegiar as engenharias e as ciências aplicadas, como nanotecnologia, biotecnologia, tecnologia mineral, petróleo, gás e carvão mineral - áreas que o governo considera estratégicas para a qualificação da mão de obra e o desenvolvimento econômico.

O Ciência sem Fronteiras foi bem recebido pela iniciativa privada, que reivindica mão de obra altamente qualificada. Já a comunidade acadêmica, apesar de também ter recebido bem o programa, adverte que o governo relegou para segundo plano o problema do excesso de burocratização no processo de reconhecimento dos diplomas emitidos no exterior.

Essa tem sido uma das maiores reclamações de quem concluiu uma graduação ou uma pós-graduação no exterior. A legislação que trata da matéria foi editada em 1996, e as resoluções baixadas desde então pelos órgãos educacionais tornaram o processo lento. A validação do título de mestre ou doutor emitido no exterior é realizada por universidades brasileiras credenciadas pela Capes. Muitas delas tendem a ver as universidades estrangeiras como concorrentes - isso quando não há preconceito ideológico de comissões de pós-graduação, congregações e comitês de área da própria Capes contra determinadas instituições, especialmente as americanas. 

Por isso, há exigências estapafúrdias - como exigência da mesma carga horária, das mesmas disciplinas e currículos, do mesmo esquema de avaliação de teses, de traduções juramentadas e de documentos expedidos por consulados. "Do ponto de vista acadêmico, é uma insensatez", disse a professora Maria Cecília Coutinho de Arruda, da Fundação Getúlio Vargas, em entrevista ao jornal Valor. Além dessas exigências, as universidades escolhidas pela Capes, alegando que não dispõem de funcionários em número suficiente e que os docentes nada ganham para avaliar os pedidos, limitam o número de processos de reconhecimento de diploma. 

A Universidade de Brasília, por exemplo, analisa apenas seis processos por área de conhecimento a cada semestre. Em algumas universidades federais, o processo de revalidação de diplomas obtidos no exterior chega a demorar um ano. 

Para o governo, as universidades aptas a revalidar diplomas emitidos por instituições estrangeiras de ensino superior não estão preparadas para o aumento do número de pedidos. Só em 2011, a Capes concedeu 8,7 mil bolsas de estudos no exterior - 26% a mais do que em 2010. A comunidade acadêmica lembra que, além dos entraves burocráticos impostos aos brasileiros formados no exterior, as exigências absurdas para revalidação de diplomas dificultam o processo de internacionalização das universidades brasileiras, por meio de parcerias, com parte do curso de pós-graduação feita no Brasil e parte fora.

Ao lançar o Ciência sem Fronteiras, o governo acertou no alvo, uma vez que esse programa reduz a distância entre as universidades brasileiras e as universidades estrangeiras mais bem classificadas nos rankings internacionais. Mas é preciso desburocratizar o processo de revalidação dos diplomas, a fim de que o programa não seja comprometido por exigências burocráticas absurdas.

Projegue exporta companheiros para a China...

Confesso que quando me mandaram a notícia pela primeira vez, eu descartei como sendo uma pegadinha, na melhor das hipóteses; na pior, uma piada infame.
Mas, depois de ver a mesma matéria estampada no blog de um conhecido jornalista, sério como sabem ser jornalistas respeitados, acabei acreditando que talvez seja verdade.
Enfim, não é 1ro. de Abril, não haveria motivo, em princípio, para jornalista sério brincar com coisas sérias.
O Brasil está exportando jumentos para a China, minha gente.
Que coisa mais transcedental!
E para isso, imaginem só, tem um programa inteiro, do governo (de quem mais poderia ser), chamado de Projegue, que se destina justamente a exportar os simpáticos animais para a China e onde mais houver mercado (acho que deve ter até na Groenlândia e na Islândia, pois o jegue é um animal teimoso, forte (como todo nordestino), sem esses traços neurastênicos dos cablocos do litoral (ou dos burocratas de Brasília), e que pode se adaptar a qualquer ambiente de trabalho.
Mas, coitadinhos, parece que vão ser sacrificados, o que é injusto com o valoroso animal, simbolo de muita cavalgadura que anda por aí (e nem desconfia que tem um primo-irmão num programa tão importante como esse criado pelos companheiros para promover nosso valoroso animal-símbolo).
Pois, mesmo arriscando-me a repetir uma piada que já pode ter sido feita por algum outro jornalista sério, aqui vai a minha.
Já que vão exportar jegues para a China, por que não exportar outro tipo de jumentos também?
Eu sei de muitos companheiros que simpatizam enormemente com a China, acham que ela é nossa aliada, parceira estratégica, essas coisas importantes, que sempre aparecem nos comunicados dos Brics e coisa e tal. Por que não aproveitar a próxima partida de uns tantos milhares de jegues de exportação para também acomodar alguns jumentos especiais de exportação (não são, mas acho que eles viveriam melhor lá do que aqui...).
Enfim, só sugestão, não estou querendo deportar ninguém (como aliás já fizeram com dois companheiros esportistas, que nem jumentos eram...).
Paulo Roberto de Almeida

ECONOMIA

Brasil faz acordo para vender jumentos para a China

Foto: Bloomberg

O Globo
Em meio a tantos produtos brasileiros exportados para a China, surgiu, recentemente, um novo objeto do desejo: o popular jegue nordestino. Há cerca de um mês, um acordo entre os dois países liberou o intercâmbio de asnos — também conhecidos como burros e jumentos, largamente utilizados na indústria de alimentos e na de cosméticos no país asiático.
Os chineses pretendem importar 300 mil jumentos por ano do Nordeste. Além de movimentar a economia local, a iniciativa vai resolver o problema de excesso de oferta de jegues na região. Com as facilidades de financiamento, houve grande crescimento do uso de motos para transporte e os jegues estão perdendo espaço.
Em junho do ano passado, um grupo de empresários chineses conversou, da Bahia ao Rio Grande do Norte, com fazendeiros e políticos. Aos políticos locais, o grupo propôs um programa de garantia de compra a preços de mercado, envolvendo até linhas de crédito, por meio de um sistema batizado de Projegue. Mas o projeto ainda não deslanchou.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Mac Addicts (como eu): calma com o novo iPad...

Melhor não sair correndo, imediatamente, melhor não sair correndo nunca.
As coisas sempre melhoram na segunda ou terceira versão...
Paulo Roberto de Almeida

The new iPad: 5 reasons to buy, 5 reasons not to

Robert Galbraith/Reuters - Apple's senior vice president of worldwide marketing, Phil Schiller, speaks about the icons for new features; the retina display, quad core chip, a new camera with face detection, HD video, Siri and 4G LTE service for the new iPad during an Apple event in San Francisco.
Every device has its pros and cons. Here are five reasons to buy — and not to buy — the latest iPad.
Reasons to buy:
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1. The display: If you’re really into photos or video, then the screen is probably the single-most compelling reason to upgrade. Apple says that the iPad screen has more pixels than an HDTV.
2. Dictation: There hasn’t been much attention paid to this little feature, probably because everyone was bummed that Siri wasn’t in the new iPad. But dictation will go far on the iPad, as many people find typing on the tablet a total pain.
3. LTE: Faster Internet access means faster video streaming — which will be a joy to watch on the iPad’s new screen. It will also likely increase productivity on the iPad, because users will almost always be connected to a very fast network.
4. App store: This is really more a reason to buy Apple than specifically to buy this new tablet, but the fact of the matter is that the App Store has some of the best tablet apps out there — more than any other tablet app store.
5. Video/photo editing: This iPad might not be enough to finally persuade you to get rid of your computer, but this version of the iPad is creeping up. Before, it was kind of pain to edit photos and video that you took on your tablet and then share them from the tablet. Now, with an upgraded version of iMovie and a new iPhoto app, it’s much easier to do some quick work. Although the apps won’t be able to handle really complex editing, it’s welcome news for more the more serious amateurs who just want their stuff to look good.
And not:
1. LTE: Yes, I know I just listed this as a reason you should buy the new iPad, but it comes at a premium that might not be worth it for everyone. Adding LTE adds $130 to the price of any iPad model, plus the expense of the data plan.
And if you will do most of your non-WiFi iPad work somewhere without great LTE coverage, you’ll be roaming on the 3G network that already powers the iPad 2.
2. Competitors: Amazon is rumored to be coming out with a 10-inch version of the Kindle Fire. Microsoft is making a push with Windows 8. Even Google is expected to come out with a pure Android tablet.
3. Is it the size you want?: The iPad’s screen size — 9.7 inches — isn’t for everyone. The tablet is portable, but if you want to hold it one-handed for any length of time, if can be tiring for your hand muscles. That means commuters who often find themselves with standing-room-only might not find it completely ideal.
4. No SD card: The iPad comes in three memory sizes: 16 GB, 32 GB and 64 GB. And it seems like that’s going to be the case for a while. Other tablets offer users the option of expandable memory through an SD card or even the option of a USB port, but that’s not the case with the iPad. So if you want expandable memory, you’re better off with another tablet.
5. You own an iPad 2: The eternal agony of the upgrade cycle might have you completely paralyzed with the decision to buy or not to buy right now. But if you’re happy with your iPad 2, there’s really no reason to rush out and get the new version of Apple’s tablet today.

John Lewis Gaddis fala de seu biografado George Kennan


Biography Reveals Personality of Early Cold Warrior

CONTEXT

Wilson Center, Cold War History Project
George Kennan Main Image
What "The Father of Containment" Can Teach Us About Today's Challenges
Henry Kissinger, writing in the New York Times, had this to say about John Lewis Gaddis' epic biography of George F. Kennan: "His magisterial work, George F. Kennan: An American Life, bids fair to be as close to the final word as possible on one of the most important, complex, moving, challenging and exasperating American public servants."
Long before his death, Kennan selected Gaddis to be his biographer. And when Kennan died in 2005, Gaddis gained unprecedented access to personal diaries and other documents that helped him create a vivid portrait of the man considered by many to be the most influential foreign policy theorists of the Cold War era. In his New York Times essay, Kissinger said that, "no other Foreign Service officer ever shaped American foreign policy so decisively or did so much to define the broader public debate over America’s world role," than did George Kennan.
We spoke to John L. Gaddis not only to learn about Kennan's life and work, but also to find out if his world view was relevant to understanding today's foreign policy challenges.
John Lewis Gaddis is the Robert A. Lovett Professor of Military and Naval History at Yale University and is considered to be the nation's preeminent Cold War historian. In fact, the New York Times has called him, the "Dean of Cold War Historians." He is also the official biographer of the seminal 20th century statesman George F. Kennan.
How did you come to be Kennan's biographer and what was the nature of your relationship?
Did your sense of who he was and what motivated him change after reading through his personal diaries?
With the benefit of hindsight, what is most impressive about George Kennan's understanding of the Cold War?
On the flip side, what did he get wrong?
What can we learn from Kennan that is most relevant to today's world?

Brasil dos companheiros: para tras, a toda velocidade...

Se há uma coisa que involuiu, no Brasil, esta foi a educação.
A julgar pelos esforços dos companheiros, ela ainda vai andar para trás durante vários anos.
E não só por causa deles, mas principalmente por causa deles.
Tem também as saúvas do MEC, as pedagogas freireanas.
A tragédia continua...
Paulo Roberto de Almeida


Agora, vai


O ministro da Educação, Aloízio Mercadante, criou as Diretorias de Políticas de Educação do Campo, Educação Indígena e Relações Étnico-Raciais.
Pelo jeito, só falta dinheiro na hora de cumprir a lei e pagar direito aos professores.

Educando menos
O editor Jayme Serva, da Neotropica, faz um comentário preciso sobre o esforço do Governo na Educação. Transcrevendo: "Nossos governantes são voltados prioritariamente para as políticas sociais, certo? Educação, por exemplo, certo?

Errado: a Universidade brasileira formou, em 2010, 24 mil pessoas A MENOS do que formou em 2004. ‘Ah, Jayme, seu elitista! O foco de um governo popular é o Secundário!’ Ah, bom! Pois entre 2003 e 2010, o número de diplomados no ensino médio caiu em média 0,5% ao ano. ‘Ah, Jayme, esses números são do Serra!’ Esses números são da Fapesp. ‘Pô, Jayme...’"

Da coluna do jornalista Carlos Brickmann, 09/03/2012