terça-feira, 30 de novembro de 2010

Wikileaks-EUA: Russia e a dupla dinamica

Não se pode dizer que os diplomatas americanos careçam de senso de humor:

Russian President Dmitry Medvedev is described in the cables as "Robin" to Vladimir Putin's "Batman"...

Wikileaks-Brasil: o antiamericanismo "normal" do Itamaraty

Vazamento do Wikileaks mostra que EUA consideram diplomacia brasileira 'antiamericana'

O Globo, 30/11/2010

Ministro da Defesa, Nelson Jobim (25/11) / Foto: Marcos Tristão - O Globo
RIO - O mais recente vazamento de material confidencial feito pelo site Wikileaks contém documentos em que o governo dos EUA considera o Ministério das Relações Exteriores do Brasil como um adversário que adota uma "inclinação antiamericana".
Segundo reportagem da "Folha de São Paulo", nesta terça-feira, em um dos documentos, de 25 de janeiro de 2008, o então embaixador dos EUA no Brasil, Clifford Sobel, comentou em telegrama que o ministro da Defesa brasileiro, Nelson Jobim, "dissera que o então secretário-geral do Itamaraty, Samuel Pinheiro Guimarães, odeia os EUA e trabalha para criar problemas na relação (entre Brasília e Washington)". Sobel e Jobim haviam almoçado juntos.
Jobim, que foi confirmado na Defesa pela presidente eleita, Dilma Rousseff, é classificado por Sobel como "talvez um dos mais confiáveis líderes no Brasil".
Em outro telegrama, de 13 de março de 2008, o embaixador americano relata frustração com uma viagem de Jobim aos EUA: "Embora existam boas perspectivas para melhorar nossa relação na área de defesa com o Brasil, a obstrução do Itamaraty continuará um problema".
Leia mais sobre os vazamentos do Wikileaks:
EUA tentaram interferir em processos na Justiça espanhola
Análise dos documentos envolveu 120 jornalistas em cinco veículos
EUA: Brasil ocultou prisão de suspeitos de terrorismo
Cristina: ciúmes de Lula-Obama
Hillary: vazamento é 'ataque à comunidade internacional'

A pergunta da semana, talvez do mes, quem sabe do ano?

Ninguém escreve ao coronel  (com perdão de um pró-Fidel):

De vez em quando, dúvidas atrozes me assaltam, eu fico angustiado e nem consigo dormir direito à noite.
Tenho uma pergunta que não quer calar. Quem sabe?, um dos meus gentis leitores poderá responder a esta pergunta:

Quando é que, finalmente, o coronel Chávez vai ser promovido a general?

Acho que metade dos problemas da Venezuela estariam resolvidos com esse simples gesto ascensional...

Pela pergunta angustiante:
Paulo Roberto de Almeida

De volta a estupidez nacional: grande aumento do PIB

O "meu" PIB não se refere a Produto Interno Bruto, mas sim Produção Insuperável de Bobagens.
Enfim, é o que mais temos em nossos tempos de imbecilidade galopantes, aliás nos lugares mais insuspeitos...
Paulo Roberto de Almeida

 Da cortina de ferro à cortina de burrice
Mario Guerreiro

Como se sabe, Winston Churchill - logo após a Segunda Guerra e começo da Guerra Fria - foi o criador da expressão iron curtain (cortina de ferro) com o intuito de denominar a muralha espessa e indevassável que separava o bloco comunista do bloco capitalista. Era a época de bipolaridade.
A coisa era muito mais forte do que uma política externa isolacionista, porque esta se caracteriza por um desejo de neutralidade em relação a conflitos internacionais, mas não por um fechamento de uma nação em suas relações culturais com outras nações.
Isolacionistas foram a Suécia, a Suíça e os Estados Unidos. Sabe-se que este último - diferentemente dos dois primeiros que sempre mantiveram sua neutralidade - relutou bastante tempo antes de se envolver tanto na Primeira como na Segunda Guerra. Os EEUU consideravam ser um problema europeu a ser resolvido por países europeus, até os momentos em que se viram forçados a entrar nas duas Guerras.
A cortina de ferro era o desejo concretizado de um isolamento total do exterior, de tal modo que os habitantes da União Soviética não podiam sair do país e estrangeiros não podiam entrar, salvo raras exceções, com permissão explícita do Estado soviético. Aliás, para viajar de uma cidade a outra na própria URSS, era exigida uma espécie de visto fornecida pelas autoridades do Estado.
Mais que isso: a cortina de ferro era uma filtragem das informações recebidas do exterior e enviadas para o exterior. Era uma espécie de gafieira em que quem está fora não entra e quem está dentro não sai, de acordo com o antigo samba, com a diferença de que ninguém achava aquilo prazeroso.
Tudo isso, porque os dirigentes do Politburo não queriam, de nenhum modo, que os habitantes da URSS entrassem em contato com o que estava acontecendo no mundo ocidental pós-Segunda Guerra e fizessem indesejáveis comparações com o nível de vida, hoje diríamos o IDH, de países da Europa e dos Estados Unidos.
No governo de Brejnev, esse rígido controle da mobilidade social e da informação internacional começou a se enfraquecer. Há quem pense mesmo que a penetração da mídia estrangeira e a inevitável comparação de níveis de vida, foram os fatores decisivos da Queda do Muro de Berlim em 1989 e do esfacelamento da União Soviética em 1991.
Marshall MacLuhan sintetizou isso dizendo que as imagens da TV foram a causa da dissolução do comunismo soviético. Um pouco de exagero, mas com um fumo de verdade.
Mas antes muito antes disso, sabe-se que o iniciador do processo de desestalinização, o Primeiro-Ministro Nikita Khrushev, fez uma visita aos Estados Unidos e foi levado à Disneylândia na Califórnia.
A mídia americana mostrou o sisudo russo divertindo-se pra valer, brincando em todos os brinquedos, maravilhado como se fosse uma criança num paraíso lúdico...
E isto é apenas uma entre muitas outras evidências do fascínio que o American way of life tão detratado pelo Pravda - (em russo: A Verdade), jornal oficial e único da URSS - despertava nos cidadãos soviéticos.
Cláudio de Moura Castro, em Veja (17/11/2010), afirma que, apesar da eficiência do sistema de controle soviético – que só começou a apresentar falhas no governo Brejnev, no Brasil foi criado um sistema muito mais eficiente, mediante a adoção de um método diferente. Diz o referido economista especializado em educação:
“Os governantes brasileiros fizeram muito melhor. Abriram tudo, viaja-se à vontade. Mas não cometeram o erro dos russos [que forneceram educação superior gratuita e de boa qualidade a toda a população]. A garantia do isolamento do país está em educação de péssima qualidade e a conta-gotas. Assim nasceu uma Cortina de Burrice, muito mais eficaz, pois somos um país isolado do resto do mundo.”
Todo e qualquer indivíduo, a menos que esteja nos limites da oligofrenia ou caracterize-se como um perfeito apedeuta, já deve ter desconfiado disso de que fala o articulista de Veja.
Como professor universitário há mais de 25 anos, sou levado a concordar inteiramente com aquela asserção de Roberto Campos, feita na década de 80, frequentemente citada por mim: “No Brasil, a burrice tem um passado glorioso e um futuro promissor”. E parece que estamos fadados a esse triste fado. ENEM que a vaca tussa, dificilmente deixaremos de cumprir nosso esplendoroso destino.
Não só a burrice, que se caracteriza por falta de inteligência e discernimento racional, mas também a ignorância caracterizada por falta de informação e formação. Mas a verdade, a dolorosa verdade histórica é que “subdesenvolvimento não se improvisa: é obra de séculos” (Nelson Rodrigues).
Nossas burrice e ignorância nacionais, isto para não falar em nossa notória falta de senso moral, possuem uma longa história – basta dizer que só passamos a editar livros no século XIX e a ter uma universidade no século XX, quando países mais pobres da América Latina já editavam e possuíam universidades séculos antes de nós! What a shame!
Contudo, nas últimas décadas esse quadro se agravou exponencialmente. Cláudio fala de uma experiência pessoal com estudantes universitários: “Há pouco, em uma universidade de elite pedi que levantassem as mãos os que confortavelmente liam inglês. Não vi nem um quinto do auditório. Eis a Cortina de Burrice em ação”.
Mas, ao mesmo tempo, tramita no Congresso Nacional uma lei ampliando os curriculi do segundo grau.
 Ao invés de tomar medidas eficazes quanto ao desconhecimento de uma língua extremamente útil - tão globalizada hoje quanto o latim na Idade Média - oferecem línguas absolutamente inúteis, ensinadas por muito poucos e aprendidas por menos ainda, tais como o insaudoso tupi do Brasil colonial e a fracassado “idioma universal” de Zamenhof: o esperanto, língua artificial falada por meia dúzia de exóticos gatos pingados espalhados pelos quatro cantos do mundo. Mas o Basic English de Richards nossos educadores parecem desconhecer.
O que é tudo isso, senão ecos de profunda ignorância aliada à mentalidade treceiromundista e a um agressivo e ressentido antiamericanismo! (Vide a este respeito: Jean-François Revel: O Antiamericanismo , Rio de Janeiro, Editora da UniverCidade).
“Os europeus passaram do bilingüismo para o trilinguismo. Na Islândia são quatro idiomas. E o nosso controlador de vôo não sabia  inglês” - coisa que não faria a mínima diferença no caso de um entregador de pizza, mas que no ofício em pauta resultou na morte de centenas de pessoas!
“Nossas universidades estão fora da lista das melhores [Ou seja: estão na lista das piores dos 20 países de maior PIB], resultado da Cortina de Burrice, pois perdem pontos nos quesitos de internacionalização. Nas européias muitos cursos são oferecidos em inglês”.
É escusado dizer que essa precariedade de conhecimento, associada a uma pouco freqüente aeróbica dos neurônios, não afetam somente a cultura e a mentalidade dominante no País dos Coitadinhos, mas também nosso desenvolvimento socioeconômico.
“O resultado de nosso isolamento é uma indústria provinciana que não toma conhecimento dos avanços alhures [com as possíveis exceções da indústria dos cosméticos e da “indústria das indenizações”, sinais inequívocos da futilidade e da Lei de Gerson campeando]. Há esforços heróicos, como uma construtora brasileira que comprou uma empresa no Canadá, para mandar estagiar seus engenheiros. Assim veriam como se constrói lá. Mas é uma exceção.”
Recentemente, um canal de TV brasileiro mostrou como, no boom das construções de edifícios de apartamentos na cidade de São Paulo, a quantidade de novos prédios é muito superior à qualidade do acabamento dos mesmos. Péssima qualificação da mão-de-obra? Ausência de bons cronogramas? Açodamento irresponsável das construtoras? Creio que tudo isso mais alguma coisa. Mas Cláudio prossegue:
“Ao lermos as descrições feitas por viajantes estrangeiros que passaram pelo Brasil, constatamos o primitivismo da nossa sociedade. Se  a corte permanecia tosca, a interiorização estava ainda mais distante do progresso social acumulado pela Europa em 2000 anos. Progredimos muito desde então.Mas as cicatrizes do atraso estão por todos os lados”.
É verdade. Para o espanto de muita gente letrada e bem informada, o Brasil foi o país que mais progrediu desde seu nascimento como nação soberana em 1822. Estudos históricos de caráter social e macroeconômico mostram isto claramente.
Mas em pesquisas envolvendo longos períodos de tempo, é preciso levar em consideração as condições de onde se partiu para as de onde se chegou. Para quem morava numa casa de papelão debaixo de um viaduto e passou a morar numa casinha de tijolos numa favela, há um inegável progresso, ainda que muita melhoria seja desejável. Pra ficar ruim, ainda tem que melhorar muito!
Além disso, o que chama mais a atenção é o caráter desigual, fortemente contrastante e paradoxal do desenvolvimento socioeconômico brasileiro. Temos grandes bolsões de pobreza contrastando com regiões extremamente prósperas.
E podemos encontrar isso na comparação entre Estados da Federação. Num dos extremos, temos São Paulo, exemplo de um Brasil que deu certo. E noutro, temos o Maranhão, exemplo de um Brasil que deu errado. Assim são os diferentes “Brasis” de Gilberto Freire.
Podemos encontrar isso até mesmo dentro de num mesmo Estado da Federação, como Minas Gerais, onde deparamos com a prosperidade do Triângulo Mineiro fazendo fronteira com o norte de São Paulo e com a miserabilidade do Vale do Jequitinhonha e do norte do Estado em sua fronteira com a Bahia.
Isto se chama desenvolvimento regional desigual e fortemente contrastante. Como se costuma dizer: “O mineiro é um baiano cansado” (porque  se deteve em sua caminhada para São Paulo quando da migração nos tempos coloniais).
As cicatrizes de que fala Cláudio foram deixadas em parte por causa dos referidos contrastes. Daí, paradoxos aparentemente inexplicáveis, porém de fácil explicação. Por exemplo: temos a mais avançada odontologia do mundo em que se destaca a Faculdade de Bauru (SP) e, ao mesmo tempo, o maior número de desdendatos do mundo.
Temos um espantoso número de faculdades de direito e formamos não menor número de bacharéis, mas como para exercer a profissão de advogado é preciso passar nas provas da OAB, estas mesmas geralmente reprovam muito mais da metade dos candidatos em todos os Estados da Federação.
E salvo engano meu, a OAB é a única entidade de categoria profissional a exigir concurso para a obtenção de licença para o exercício da profissão.
O número de editoras e de publicações aumentou consideravelmente nas últimas décadas, mas o povo lê muito pouco e o pouco que lê é de questionável qualidade. Muitos estudantes universitários só lêem por obrigação imposta por seus professores, mas quando saem das faculdades com seus canudos de papel nunca mais abrem um livro. E ainda alardeiam isso com orgulho, como o de quem se livrou de um atávico vício!
Finalmente, nos concursos para funcionários de limpeza urbana - para não usar expressões politicamente incorretas, como lixeiros e garis – é exigido segundo grau completo, porque é preciso fazer uma seleção acurada, uma vez que a procura é muitas vezes superior à oferta de vagas.  E tem gente até com mestrado e doutorado entre os candidatos, porque conseguir um emprego está muito difícil nestes tempos bicudos.
 Mas, na eleição para deputado federal, o candidato a candidato pode ser analfabeto funcional ou analfabeto tout court, basta apenas ser jeitoso para burlar a Justiça Eleitoral. O caso Tiririca está aí mesmo, com seus 1.300.000 votos, só para não me deixar mentir...
É uma lei férrea e inexorável: um país de eleitores, quando muito semiletrados, só pode mesmo ter representantes da mesma espécie. brasil, um país de todos (ou de tolos?).

Wikileaks-Brasil: terroristas que nao sao considerados terroristas

No post anterior, eu dizia que os Wikileaks, a despeito da tragédia que representam para a diplomacia americana, desvendam paranoias e hipocrisias estatais. Eles podem revelar também coniviencia ou irresponsabilidade de certos dirigentes políticos, que não se importam em que ações terroristas sejam planejadas contra os EUA, desde que não atinjam diretamente o Brasil.
Viva o Wikileaks, malgré tout...
Paulo Roberto de Almeida

O WikiLeaks e o terrorismo no Brasil - O caso do libanês “K”
Reinaldo Azevedo, 29.11.2010

A Folha de S. Paulo publicou nesta segunda-feira uma reportagem de Fernando Rodrigues onde se lê:
“A Polícia Federal do Brasil ‘frequentemente prende pessoas ligadas ao terrorismo, mas os acusa de uma variedade de crimes não relacionados a terrorismo para evitar chamar a atenção da imprensa e dos altos escalões do governo’, relatou de maneira secreta em 8 de janeiro de 2008 o então embaixador dos Estados Unidos em Brasília, Clifford Sobel. Essa informação faz parte de um lote de 1.947 telegramas produzidos pela diplomacia norte-americana durante a última década, em Brasília. A organização WikiLeaks teve acesso a eles. Vai divulgá-los gradualmente a partir desta semana no site www.wikileaks.org.

Pois bem, no mesmo texto, relata-se o caso de um libanês preso no Brasil, ligado à rede Al Qaeda. E se informa também que o governo americano considera que Dilma era uma das pessoas no Brasil que faziam pressão para que o país não tivesse uma lei especial contra o terrorismo.

Essa história me irrita um tantinho, você entenderão por quê. No dia 25 de maio de 2009, eu reproduzia aqui a coluna do jornalista Janio de Freitas, da Folha. Eu e ele não somos da mesma enfermaria ideológica, como se sabe. Mas publiquei trecho de sua coluna com link e tudo. Leiam trecho:
“Está preso no Brasil, sob sigilo rigoroso, um integrante da alta hierarquia da Al Qaeda. A prisão foi feita pela Polícia Federal em São Paulo, onde o terrorista estava fixado e em operações de âmbito internacional. Não consta, porém, que desenvolvesse alguma atividade relacionada a ações de terror no Brasil. A importância do preso se revela no grau de sua responsabilidade operacional: o setor de comunicações internacionais da Al Qaeda. Tal atividade sugere provável relação entre recentes êxitos do FBI e a prisão aparentemente anterior feita em São Paulo. Há cinco dias, o FBI prendeu por antecipação os incumbidos de vários atentados iminentes nos Estados Unidos, inclusive em Nova York.”

Eu tinha essa mesma informação e fiquei esperando a confirmação de um dado. Hesitei um tantinho, e Janio saiu na frente. Eu sabia que era verdade. Publiquei a coluna dele porque meu furo já tinha ido para o brejo. Muito bem. Quem era o cara? Tratava-se do libanês K, moderador de um fórum fechado na Internet com mensagens de conteúdo racista e antiamericano. Casado com uma brasileira, exercia atividade regular em São Paulo. E foi solto.

Sabem o que então ministro da Justiça, Tarso Genro, afirmou sobre o caso?
“Se esse cidadão tem ou não relações políticas e ideológicas com países ou com correntes de opinião no mundo, isso, para nós, não é uma questão institucional ou legal.”
Para Tarso, a Al Qaeda era uma “corrente de opinião”.

Se havia um terrorista da Al Qaeda no Brasil e se a desculpa singela par estar solto era a de que a sua situação por aqui era estável, casado com uma brasileira, nem por isso o país deixava de desrespeitar uma resolução da Organização das Nações Unidas — mais precisamente, de seu Conselho de Segurança. Refiro-me à Resolução 1373, de 2001, cuja íntegra está aqui. Leiam trechos:

(…)
Atuando ao abrigo do Capítulo VII da Carta das Nações Unidas, decide que todos os Estados devem:
a) Prevenir e reprimir o financiamento de atos terroristas;
(…)
d) Proibir seus nacionais ou quaisquer pessoas e entidades em seus territórios de disponibilizar quaisquer fundos, ativos financeiros ou recursos econômicos ou financeiros ou outros serviços financeiros correlatos, direta ou indiretamente, em benefício de pessoas que perpetram, ou intentam perpetrar, facilitam ou participam da execução desses atos; em benefício de entidades pertencentes ou controladas, direta ou indiretamente, por tais pessoas; em benefício de pessoas e entidades atuando em seu nome ou sob seu comando.

Decide também que todos os Estados devem:
- Abster-se de prover qualquer forma de apoio, ativo ou passivo, a entidades ou pessoas envolvidas em atos terroristas, inclusive suprimindo o recrutamento de membros de grupos terroristas e eliminando o fornecimento de armas aos terroristas;
- Tomar as medidas necessárias para prevenir o cometimento de atos terroristas, inclusive advertindo tempestivamente outros Estados mediante intercâmbio de informações;
- Recusar-se a homiziar aqueles que financiam, planejam, apóiam ou perpetram atos terroristas, bem como aqueles que dão homizio a essas pessoas;
Impedir a utilização de seus respectivos territórios por aqueles que financiam, planejam, facilitam ou perpetram atos terroristas contra outros Estados ou seus cidadãos;
- Assegurar que qualquer pessoa que participe do financiamento, planejamento, preparo ou perpetração de atos terroristas ou atue em apoio destes seja levado a julgamento; assegurar que, além de quaisquer outras medidas contra o terrorismo, esses atos terroristas sejam considerados graves delitos criminais pelas legislações e códigos nacionais e que a punição seja adequada à gravidade desses atos;
- Auxiliar-se mutuamente, da melhor forma possível, em matéria de investigação criminal ou processos criminais relativos ao financiamento ou apoio a atos terroristas, inclusive na cooperação para o fornecimento de provas que detenha necessárias ao processo;
(…)
4. Ressalta com preocupação a estreita ligação entre o terrorismo internacional e o crime organizado transnacional, o narcotráfico, a lavagem de dinheiro, o contrabando de materiais nucleares, químicos, biológicos e outros materiais potencialmente mortíferos, e, nesse sentido, enfatiza a necessidade de incrementar a coordenação de esforços nos níveis nacional, sub-regional, regional e internacional de modo a fortalecer uma reação global a essa séria ameaça e desafio à segurança internacional;
(…)


Não é o único vexame para o governo Lula revelado pelo WikiLeaks. Na madrugada, trato de alguns outros. Mas por que a resistência em ter uma lei antiterrorista, hein? Falaremos a respeito. Abaixo, uma seqüência de links sobre o caso do libanês da Al Qaeda:

- Integrante da alta hierarquia da Al Qaeda é preso em SP. Tarso vai protegê-lo?;
- Acreditem! Dirigente da Al Qaeda já está entre nós, livre, leve e solto;
- Al Qaeda no Brasil: Tarso e Itamaraty mergulham o país numa lama inédita;
- Al Qaeda no Brasil: prática do governo Lula desrespeita resolução da ONU;
- Al Qaeda no Brasil e falas delinqüentes 1: o nacionalismo brucutu;
- Al Qaeda no Brasil e falas delinqüentes 2: Mais um absurdo;
- É da Al Qaeda, sim! Ou: Tarso transforma terror em mera “corrente de opinião”;
- O imbróglio do libanês “K”;
- Al Qaeda no Brasil - Nota do Ministério Público: ainda não há provas

Por que o Brasil não tem uma lei definindo o que é terrorismo?
Reinaldo Azevedo, 29.11.2010

É preciso ler primeiro o post abaixo [acima]
Há outras coisas interessantes divulgadas pelo WikeLeaks que dizem respeito ao Brasil  — algumas chegam a ser engraçadas; outras, patéticas. Mas quero me ater ao que vai no post abaixo. Embora o terrorismo seja considerado crime imprescritível na Constituição, inexiste uma lei específica que o defina. Por quê? No dia 28 de maio do ano passado, publiquei aqui o texto “OS TERRORISTAS JÁ ESTÃO ENTRE NÓS. CADÊ A LEI?". Explicava por que os petistas não querem a lei — e, ficamos sabendo agora, segundo o governo americano, Dilma era quem mais trabalhava contra ela. Vamos ao texto daquele dia. Tudo ficará claro como o dia.
*
Se K. (ler post abaixo) é mesmo o responsável mundial pelo “Jihad Media Battalion”, o nome do que pratica é TERRORISMO. Bem, ele até poderia escolher a “Saída Dilma Rousseff” e dizer que não matou ninguém, que só cometeu “crime de organização”, não é mesmo?

 A situação é bastante séria porque a Constituição Brasileira diz que o crime de terrorismo é imprescritível, mas simplesmente inexiste uma lei que especifique, afinal de contas, o que é “terrorismo”. E as razões por que ela não existe são de lascar. Já chego lá. Antes, quero chamar a atenção de vocês para o festival de desinformação e cinismo que cercou e ainda cerca essa história.

Na terça-feira, o inefável Tarso Genro tratou o terrorismo como uma variante de “corrente de opinião”. Ontem, sustentou que o país realmente não precisa tipificar esse crime porque a legislação comum dá conta do recado — o que é conversa mole por definição: crimes específicos pedem leis específicas, ou bastaria uma única lei. Lula acusou a interferência de estrangeiros no Brasil, e o Ministério Público se encarregou de divulgar uma nota um tanto rebarbativa e precipitada, que falava na “ausência de provas”. Bem, não é o que pensa quem é especializado em investigação: a Polícia Federal.

E posso lhes assegurar que não se trata de algum araponga de Protógenes perdido lá na instituição. É gente séria. Ninguém precisa pertencer ao núcleo da Al Qaeda, em algum buraco no Afeganistão ou no Paquistão, para integrar a rede terrorista. Aliás, a sua característica mais marcante é justamente a descentralização. Existem “Al Qaedas”.

Por que tanta reticência em admitir isso? O terrorismo já descobriu o Brasil. Encontra aqui um vasto território sem lei que trate da questão. A Tríplice Fronteira está no mapa como área infiltrada pelo terror islâmico — no caso, o Hezbollah. De novo, tenho de escrever: não é assim porque eu quero. É porque é.

Por que não tem?
E por que ninguém se ocupa de estabelecer uma lei específica para os crimes de terrorismo? Porque isso criaria dificuldades internas e externas. Sim, senhores! No dia em que uma lei criar punição específica, o primeiro grupo a ser enquadrado é o MST. Mais: quando o Brasil tiver tal texto, terá de parar de flertar com terroristas latino-americanos ou do Oriente Médio, como faz hoje em dia.

E não que o país já não tenha sido ou não seja permanentemente confrontado com situações que pedem essa definição: os atos do PCC, em São Paulo, em 2006 são considerados terroristas em eu qualquer país civilizado do mundo. O mesmo se diga dos narcotraficantes do Rio, que, freqüentemente, usam a população civil como escudo. Assim, Tarso está obviamente errado. Como sempre.

Essa é, diga-se, mais uma bandeira que as oposições poderiam e deveriam assumir. Até em benefício do combate ao crime organizado. Não ignoro todo o debate sobre a eficiência ou não da tal “Lei dos Crimes Hediondos”, que tanto divide juristas. Nem entro no mérito agora. O país precisa de uma legislação excepcional - como fazem, reitero, outras democracias - que puna, também com rigor excepcional, aqueles que expõem coletividades em risco (ou que “organizam” tais ações) para alcançar seus objetivos. E a excepcionalidade não deve estar apenas numa pena mais longa ou na imprescritibilidade do crime. Terroristas não podem ter os mesmos direitos de presos comuns.

E a tarefa é urgente. E não só para conter os terroristas nativos. Também para poder enfrentar os que vêm de fora. Porque, efetivamente, eles já estão ente nós. Como bem sabem a Polícia Federal e o FBI.

Encerro
Entenderam?

Wikileaks e as paranoias: ironias da politica mundial...

O interessante, e até irônico, dos Wikileaks, é que eles revelam a verdade das coisas, não as hipocrisias que os governos alimentam através de suas declarações oficiais e notas de imprensa.
Geralmente, esses documentos oficiais são o que de mais mentiroso e cínico existe: o Wikileaks expõe a falsidade das posturas diplomáticas dos Estados, com suas notas que contém puro bullshit.
Viva o Wikileaks: no meio de toda a tragédia que eles criam para os EUA, por revelar o lado obscuro da ação diplomática americana, não deixa de ser um elemento interessante esse desvendar de hipocrisias oficiais.
Por sinal, dentre as paranoias efetivas, a do presidente do Irã é uma das mais interessantes...
Paulo Roberto de Almeida

Wikileaks Exposes Truth: Arab States Fear Iran, Not Israel 

Netanyahu: Time for Arab world to speak openly about Iran threat Iranian missiles could strike European capitals Iran also backing Terrorist Groups in Yemen

Washington, Nov 27 – Publication of some 250,000 classified diplomatic cables by the Wikileaks website has exposed the fact that Arab states see Iran and its nuclear weapons program and not Israel as the real threat to Middle East stability and their own security.

Israeli Prime Minister Benjamin Netanyahu said the documents reinforced what Israel has been saying for years about the Iranian nuclear program.

“More and more countries, governments and leaders in the Middle East and the wider world understand that this is the fundamental threat,” Netanyahu said at a news conference in Tel Aviv. “I hope the leaders will have the courage to say to their nations publicly what they’ve said about Iran.”

Iranian President Mahmoud Ahmadinejad responded that the leaks were deliberately released as part of a psychological warfare campaign against his country.

But an analysis from Reuters puts the truth in stark terms: “The revelation confirm the depth of suspicion and hatred of the Shi'ites among Sunni Arab leaders, especially in Saudi Arabia, the leading Sunni power and which regards Iran as an existential threat.”

"Iran should take note of the distress that its nuclear program is causing in the region -- this is not something that should be ignored," said Salman Shaikh, director of the Brookings Doha Center.

In one key document King Hamad of Bahrain “argued forcefully for taking action to terminate the Iranian nuclear program, by whatever means necessary. "That program must be stopped," he said. "The danger of letting it go on is greater than the danger of stopping it," he said.

“The cables reveal how Iran’s ascent has unified Israel and many longtime Arab adversaries — notably the Saudis — in a common cause,” The New York Times said. “The United States had put together a largely silent front of Arab states whose positions on sanctions and a potential attack looked much like Israel’s.”

Among the important revelations in the documents, as published by The New York Times, The Guardian and Der Spiegel are the following:

Saudi King Abdullah repeatedly urged the United States to destroy the Iranian program. “He told you [Americans] to “cut off the head of the snake,” the Saudi ambassador to Washington, Adel al-Jubeir said, according to a report on Abdullah's meeting with the U.S. general David Petraeus in April 2008. Abdullah told a US diplomat: "The bottom line is that they (the Iranians) cannot be trusted."
Officials from Jordan also called for the Iranian program to be stopped by any means necessary while leaders of the United Arab Emirates and Egypt referred to Iran as “evil,” and an “existential threat.”
Iran has obtained advanced missiles from North Korea that could let it strike at Western European capitals and Moscow.
Crown Prince bin Zayed of Abu Dhabi said in one cable: “Any culture that is patient and focused enough to spend years working on a single carpet is capable of waiting years and even decades to achieve even greater goals.” His greatest worry, he said, “is not how much we know about Iran, but how much we don’t.”
Kuwait's military intelligence chief told Petraeus Iran was supporting Shi’ite groups in the Gulf and extremists in Yemen. The United States failed to stop Syria from supplying arms to Iranian-backed Hezbollah terrorists in Lebanon, who have amassed tens of thousands of rockets aimed at Israel. One week after Syrian President Bashar al-Assad promised a top State Department official that he would not send new arms to Hezbollah, the United States it had information that Syria was providing increasingly sophisticated weapons to the group.
Iran smuggled weapons to Hezballah in ambulances and medical vehicles in violation of international conventions. Hamas also used such vehicles for military and arms-smuggling operations. Iran withheld from the International AtomicEnergy Agency the original design documents for a secret nuclear reactor.

Here are some sources for the raw materials:
http://www.guardian.co.uk/world/us-embassy-cables-documents/240364
http://www.msnbc.msn.com/id/40405218/ns/world_news-the_new_york_times/
http://www.guardian.co.uk/world/us-embassy-cables-documents/209599
http://cablegate.wikileaks.org/

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Por uma vez, EUA sao exemplo...

Quem sabe alguém se toca por aqui e segue esse exemplo?

Obama announces 2-year pay freeze for federal workers
Union leaders are critical of the proposal, which must be approved by Congress.


Claro, lá como aqui, vai ser preciso enfrentar as máfias sindicais, especialmente ativas entre funcionários públicos, capazes de fazer refém uma nação inteira de pagadores passivos...

Postagem em destaque

Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida

Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...