Estou lendo este livro:
Luiz Cláudio Marcolino e Ricardo Carneiro (organizadores):
Sistema financeiro e desenvolvimento no Brasil: do Plano Real à crise financeira
(São Paulo: Publisher Brasil e Editora Gráfica Atitude Ltda., 2010, 264 p.; ISBN: 978-85-85938-64-2)
O apresentador, jornalista Luís Nassif, começa seu Prefácio dizendo que “Desde o século 19, trava-se uma luta intestina, dentro do capitalismo, entre o capital financeiro e o industrial” (p. 7).
Apenas esta frase poderia servir para caracterizar um empreendimento que apresenta boas colaborações sobre o sistema financeiro brasileiro, mas que vem eivado desse tipo de contradições que embotam sua validade para uma análise isenta da realidade financeira, e econômica, brasileira.
O apresentador identifica as funções complementares dessas duas vertentes do capitalismo; por exemplo, ele acha que na “economia real vicejam os empreendedores, aqueles que identificam oportunidades de negócio, montam suas empresas e galgam com suas próprias pernas os degraus do crescimento, de forma lenta e sistemática”. Na outra ponta, existiria a economia financeira, ou seja, “os gestores de recursos, trabalhando em geral com capital de terceiros, de capitalistas ou do público, enxergando os negócios exclusivamente pelo prisma do preço. A meta é comprar ativos baratos e vende-los caros”.
Ele acha que em “economias maduras, através do mercado de capitais, convivem de forma harmoniosa as empresas da economia real e o capital financeiro”, mas que os problemas “surgem nos grandes ciclos de financeirização, como ocorreu nas três últimas décadas do século 19 e do século 20”. Ele então considera que “Aí o capital financeiro tomas as rédeas nos dentes [sic] e deixa de ser funcional”.
Incrível divisão artificial a desse apresentador, como se o capitalista empreendedor, o homem da economia real, não tomasse dinheiro dos bancos e como se ele também não especulasse, quando podia, na vertente da economia financeira. Ele também partilha da teoria conspiratória da história, pois acha que o capital financeiro, “Controlando a política monetária, a economia financeira controla todo o preço dos ativos” (p. 8), que para ele é o centro do capitalismo.
Tudo está, segundo ele, na teoria, ou numa certa teoria, a de que “criando condições favoráveis ao capital especulativo, o desenvolvimento se faria por si só, com os capitais arbitrando os preços, transbordando para os emergentes [sic], auxiliando-os a chegar ao patamar dos desenvolvidos”.
Curioso que ao arvorar esse tipo de concepção, típica dos que atualmente determinam a política econômica no Brasil, ele faz um prognóstico sobre o que não seria desejável de acontecer:
“Um deles [dos mitos criados ao longo dos anos de chumbo da ortodoxia econômica no Brasil] – que ainda persiste – está baseado na lógica de que o desenvolvimento se daria permitindo a concentração econômica em grandes grupos nacionais – amparados por benevolência no Direito Econômico e financiamentos do BNDES. Caberia a esses novos grupos aplainar o caminho do desenvolvimento brasileiro”. (p. 8)
“Toda a lógica da financeirização servia a esse propósito”, segundo o autor, mas isso felizmente acabou. “A reconstrução da nova política, a recuperação do papel proativo do Estado e o aproveitamento virtuoso do mercado de capitais exigem uma espécie de exumação do cadáver do neoliberalismo das últimas décadas” (p. 9).
Ele então elogia este livro, que “permitirá uma reflexão cuidadosa sobre as razões que levam tantos, durante tanto tempo, a se iludirem com miragens e a usarem com tanta sem-cerimônia o conceito de interesse nacional para acobertar interesses óbvios do capital financeiro”.
Seria cômico, se não fosse trágico, pois parece que ele está falando do governo Lula e do governo Dilma, quando ele na verdade quer referir-se exclusivamente aos neoliberais da era FHC.
Um dos organizadores, Luiz Cláudio Marcolino, assina, com Juvândia Moreira Leite [na verdade, o primeiro é economista, a segunda bacharel em direito, mas ambos, respectivamente, presidente e secretária geral do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região], uma introdução, “Perspectivas do sistema financeiro brasileiro” (p. 17-32), na qual confirmam que “a despeito do expressivo crescimento após 2003, o sistema financeiro brasileiro tem se caracterizado por fraco desempenho e por uma contribuição pouco significativa ao desenvolvimento econômico do país” (p. 17).
Eles dizem então que “Ao longo dos últimos anos, esse desempenho só não foi mais negativo por conta da presença de um sistema público de financiamento, do qual fazem parte instituições de peso como o BNDES, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal; fundos públicos com origem parafiscal, como o FGTS e o FAT, e as exibilidades sobre o passivo bancário. Foi esse sistema de direcionamento do crédito que permitiu financiar o investimento, bem como algumas atividades específicas de maior risco ou prazo de maturação como agricultura, habitação, exportações e microcrédito.
Parece incrível que os autores, como vários outros no livro, não percebam as óbvias conexões entre o excesso de dominação estatal sobre o sistema de crédito, como de resto sobre todo o sistema de poupança compulsória no Brasil – acima descritas, justamente –, e as disfunções do mercado de capitais no Brasil, gerando a tal de “desarmonia” entre os capitalismos financeiro e “real”, seja lá como caracterizar essa divisão artificial na economia.
Essa mesma visão acadêmica sobre uma tal de “financeirização” do sistema econômico brasileiro, e sua dominação sobre o resto da pobre economia brasileira, sujeita à perversidade da especulação, externa e interna, domina quase todo o livro, com poucas exceções.
O capítulo 1, por exemplo, “Dinâmica e crise do capitalismo com dominância financeira” (p. 33-54), do outro organizador, Ricardo Carneiro [professor da Unicamp e cotado para ser o principal assessor econômico do PT, caso a coordenação econômica da campanha de Lula, em 2002, tivesse continuado sob as mãos de Celso Daniel, depois assassinado misteriosamente], afirma a mesma deformação que se instalou após a crise do regime de Bretton Woods, ou seja, a dominância financeira nas economias capitalistas, restaurando as características de um capitalismo desregulado. O ideal, para os anti-financeiros, seria que o capitalismo fosse inteiramente regulado, obviamente, para que os financistas não predominassem sobre os capitalistas “reais”. A solução, também obviamente, seria uma nova forma de regulação, capaz de reduzir a instabilidade e a propensão a crises, típicas do capitalismo. Para que isso seja feito, é óbvio, também, que se deve limitar a mobilidade de capitais no plano internacional e a “lógica do investimento de portfólio que a sustenta”. Em seu lugar entraria o DES, como unidade de conta e meio de troca, facilitando o comércio e o investimento produtivo. Os gênios da nova finança só não dizem quem vai emitir, e quanto será emitido da nova “moeda”, uma reedição do velho Bancor proposto por Keynes em Bretton Woods, ou seja, um sistema de compensações automáticas pelo qual os superavitários financiariam, sob certas condições, os deficitários, permitindo ajustes mais adequados aos desequilíbrios entre as economias nacionais. Se tudo fosse assim tão fácil, bastaria que as economias nacionais se juntassem à mesa para discutir esse padrão, e que os empresários privados consentissem em ficar dependentes de governos nem sempre realistas ou sensatos.
O capítulo 2, “A abertura financeira no Brasil: um balanço crítico”, de André Martins Biancarelli, também professor da Unicamp, partilha da mesma visão que a supremacia financeira resulta num balanço negativo, fase iniciada na gestão anterior a FHC e continuada sob o governo Lula, já que a inserção econômica brasileira teria sido muito mais baseada nas finanças do que no comércio, não sendo portanto capaz de diminuir nossa fragilidade financeira externa. Inevitavelmente, a demanda é por controle e restrições, para alcançar maior liberdade econômica e de autonomia nas políticas macroeconômicas. Ele pretende que “a literatura mostra que países de menor grau de abertura ou que de alguma forma instituíram controles temporários possuem não só um histórico de maior estabilidade monetária como também de melhor desempenho econômico”: a solução, portanto, são controles na entrada e quarentena para os capitais puramente especulativos, bem como a regulação no mercado de derivativos.
Todo o livro possui essas características de demonização do capital financeiro, típicas da academia, e essencialmente desse suprassumo da metafísica econômica que é a UniCamp. Não surpreende que não se tenha, propriamente, uma visão equilibrada do sistema financeiro no Brasil e do mercado de créditos. Quanto tudo é culpa da tal de financeirização, e quando o Estado sempre age racionalmente, sabiamente, em favor da economia real, sendo que a presença do Estado não é só necessária como urgente para restabelecer a sanidade do sistema financeiro, não se pode mesmo pretender uma análise equilibrada da economia brasileira, que forma um todo, financeira ou real.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 4 de julho de 2011.
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
segunda-feira, 4 de julho de 2011
Nao era para "reformar a governanca mundial"?, Bretton Woods inclusive?
Estamos perplexos, todos os brasileiros que, nos últimos anos, ou décadas, ouvimos falar que era preciso reformar as velhas estruturas da governança mundial, em especial as instituições econômicas, com destaque, obviamente, para as duas instituições de Bretton Woods, o FMI e o Banco Mundial.
Durante anos, o PT, seus economistas e apoiadores gramscianos nos diziam que era preciso abrir para os emergentes em ascensão e redistribuir as rédeas do poder econômico mundial.
E não é que quando surge a oportunidade de fazê-lo, no FMI, o Brasil, pela boca autorizada do ministro da Fazenda, o governador do Brasil junto aos dois órgãos, escolhe justamente a candidata da continuidade, a francesa Christine Lagarde, cujo adversário era o diretor do Banco Central do México, Agustín Carstens?
Como é possível?
Se são justamente os países europeus que estão bloqueando o processo de reformas no FMI, evitando redistribuir poder de voto dos pequenos europeus (que têm uma representação completamente desproporcional à sua importância econômica real), como evitar esta oportundidade raríssimo de mudar as regras do jogo?
Segundo leio na imprensa, o Brasil optou por apoiar Lagarde:
"Em cima da hora, terça-feira, dia 28, o ministro brasileiro da Fazenda, Guido Mantega, formalizava publicamente o apoio à ministra francesa em detrimento do candidato mexicano. Mantega justificou o apoio com o compromisso assumido por Lagarde de dar continuidade a reformas de fundo no FMI, envolvendo o reforço da participação dos países emergentes. A eleição da francesa foi comemorada em Brasília."
Vocês entenderam alguma coisa?
Comemoraram a vitória de uma francesa contra um mexicano?
Como? Por quê? Qual a razão? Quais os motivos?
Então, não vamos mais mudar nada na governança mundial?
O ministro da Fazenda deve explicações mais amplas, que se ajustem à lógica formal e se coadunem com o interesse nacional...
Paulo Roberto de Almeida
Durante anos, o PT, seus economistas e apoiadores gramscianos nos diziam que era preciso abrir para os emergentes em ascensão e redistribuir as rédeas do poder econômico mundial.
E não é que quando surge a oportunidade de fazê-lo, no FMI, o Brasil, pela boca autorizada do ministro da Fazenda, o governador do Brasil junto aos dois órgãos, escolhe justamente a candidata da continuidade, a francesa Christine Lagarde, cujo adversário era o diretor do Banco Central do México, Agustín Carstens?
Como é possível?
Se são justamente os países europeus que estão bloqueando o processo de reformas no FMI, evitando redistribuir poder de voto dos pequenos europeus (que têm uma representação completamente desproporcional à sua importância econômica real), como evitar esta oportundidade raríssimo de mudar as regras do jogo?
Segundo leio na imprensa, o Brasil optou por apoiar Lagarde:
"Em cima da hora, terça-feira, dia 28, o ministro brasileiro da Fazenda, Guido Mantega, formalizava publicamente o apoio à ministra francesa em detrimento do candidato mexicano. Mantega justificou o apoio com o compromisso assumido por Lagarde de dar continuidade a reformas de fundo no FMI, envolvendo o reforço da participação dos países emergentes. A eleição da francesa foi comemorada em Brasília."
Vocês entenderam alguma coisa?
Comemoraram a vitória de uma francesa contra um mexicano?
Como? Por quê? Qual a razão? Quais os motivos?
Então, não vamos mais mudar nada na governança mundial?
O ministro da Fazenda deve explicações mais amplas, que se ajustem à lógica formal e se coadunem com o interesse nacional...
Paulo Roberto de Almeida
Quarta carta aos leitores do Blog Diplomatizzando: temas de busca
Quarta carta aos leitores do Blog Diplomatizzando e aos seguidores do meu site www.pralmeida.org
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 4 de julho de 2011.
Meus caros leitores (agora em número de 392 seguidores),
Escrevi uma terceira carta em 22 de abril último, para tecer considerações sobre minha atividade blogueira e sobre a necessidade de me concentrar em alguns temas de pesquisa histórica. Desta vez quero falar sobre algumas estatísticas que recolhi agora (acho que pela primeira vez) em torno das visitas a meu site: www.pralmeida.org.
Examinando essas estatísticas de visitas ao meu site nas últimas semanas, constatei que elas se situam entre 16 mil e 20 mil “unique visitors” cada mês, com mais de 20 mil visitas no total (e um número maior de páginas, mais de 30 mil, e de hits, número superior a 85 mil). Na verdade, eu estava, mais interessado nos temas de busca e de visita, do que propriamente no volume de visitas.
Como o meu site é, expressamente, didático e acadêmico, eu tenho interesse em saber que temas, exatamente, meus visitantes buscam no meu site. Pois parece que a preocupação em terminar o famoso TCC (trabalho de conclusão de curso) prima sobre todos os demais temas (todos eles podem ser encontrados no meu site, bastando agregar essas terminações ao URL genérico):
1) /05DocsPRA/1892GuiaMonografia.pdf (1613 downloads em junho; 1803 em maio)
2) /05DocsPRA/1205GlobalizDesenv.pdf (988 em junho; 800 em maio;)
3) /05DocsPRA/798MSulAlca.html (893 em junho; 1060 em maio)
4) /05DocsPRA/772EconSecXX.html (850 em junho; 1019 em maio)
5) /05DocsPRA/1277HistorPlanejBrasil.pdf (845 em junho; 705 em maio)
5) /05DocsPRA/1920BricsAduaneiras.pdf (590 em junho; 745 em maio)
Quanto às palavras-chave mais usadas nas buscas em meu site, elas são estas (e retiro a primeira de todas, o meu próprio nome):
1) como fazer uma monografia;
2) monografia como fazer;
3) vantagem e desvantagem da globalização;
4) desvantagens da globalização;
5) como escrever uma monografia
6) como organizar uma apresentação de monografia
7) como ser diplomata
Na verdade, todas essas palavras cobrem menos de 3% das buscas, ficando entre 1 e 2%, sendo que o meu nome vem na frente com 3,7% das buscas; todas as demais palavras confundidas fazem a grande maioria das buscas, com 87,4 % dos casos. Para ser mais preciso, juntando os itens 1, 2, 5 e 6, que todos se referem à preocupação em fazer uma monografia, isso dá um total de 4,5 a 5% das buscas.
Quais são os ensinamentos que eu posso tirar desses dados?
Em primeiro lugar, que os que acessam o meu site, em primeira mão, são, visivelmente, estudantes desesperados com seu trabalho de conclusão de graduação, ou seja, que eles não tem sequer orientação, em suas faculdades, sobre como fazer esses TCCs. Ponto negativo para seus professores, portanto, ou para as próprias instituições. Quanto a mim, vou revisar este meu trabalho e reforçá-lo, no sentido de torná-lo mais explícito, mais completo, mais detalhado, para colocar à disposição dos alunos com maior evidência no meu site e blogs.
Em segundo lugar, que o tema da globalização é o hit do momento, da década, da nossa época, mas é curioso constatar que os professores, provavelmente daquela tribo de antiglobalizadores que eu já dissequei bastante bem em meus trabalhos, insistem nos aspectos negativos do processo. Sem problemas, vou insistir nos dois aspectos e tratar de responder às preocupações dos alunos.
Em terceiro lugar, parece incrível que, quase dez anos depois de enterrada a Alca, para todos os efeitos práticos, os mesmos professores – e eu aposto que eles são “anti-alcalinos” a 99% – pedem trabalhos sobre esse fantasma da luta anti-imperialista. Não posso fazer nada, pois já disse tudo o que eu tinha a dizer sobre processo negociador. Mas quem sabe eu não faço um pouco de análise em retrospecto, ou de história virtual, comentando sobre como seria o continente com uma Alca (sem que saibamos, exatamente, o tipo exato de zona de livre comércio que poderia surgir, se o processo negociador terminasse de modo conclusivo)?
Finalmente, aparece sempre o tema do planejamento no Brasil, o que também confirma que o nosso país está longe, muito longe de ser liberal, ou aberto, já que entendo que essa preocupação com o planejamento tem a ver com as tais de “políticas públicas”, setoriais ou outras. Bem, vou continuar tratando destas questões também. Esclareço que não sou contra planejamento, pois ninguém, nenhuma empresa, nenhuma instituição, atualmente, pode trabalhar sem planejamento. O que sou contra é essa crença mágica de que políticas setoriais e planejamento estatal são capazes de resolver nossos problemas mais relevantes.
Espero não cansar meus leitores com esses temas recorrentes, mas entendo também que muita gente entra no meu site ou visita meu blog em busca justamente desses temas identificados como mais buscados.
Boa noite a todos, voltemos ao trabalho.
Paulo Roberto de Almeida
(4/07/2011)
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 4 de julho de 2011.
Meus caros leitores (agora em número de 392 seguidores),
Escrevi uma terceira carta em 22 de abril último, para tecer considerações sobre minha atividade blogueira e sobre a necessidade de me concentrar em alguns temas de pesquisa histórica. Desta vez quero falar sobre algumas estatísticas que recolhi agora (acho que pela primeira vez) em torno das visitas a meu site: www.pralmeida.org.
Examinando essas estatísticas de visitas ao meu site nas últimas semanas, constatei que elas se situam entre 16 mil e 20 mil “unique visitors” cada mês, com mais de 20 mil visitas no total (e um número maior de páginas, mais de 30 mil, e de hits, número superior a 85 mil). Na verdade, eu estava, mais interessado nos temas de busca e de visita, do que propriamente no volume de visitas.
Como o meu site é, expressamente, didático e acadêmico, eu tenho interesse em saber que temas, exatamente, meus visitantes buscam no meu site. Pois parece que a preocupação em terminar o famoso TCC (trabalho de conclusão de curso) prima sobre todos os demais temas (todos eles podem ser encontrados no meu site, bastando agregar essas terminações ao URL genérico):
1) /05DocsPRA/1892GuiaMonografia.pdf (1613 downloads em junho; 1803 em maio)
2) /05DocsPRA/1205GlobalizDesenv.pdf (988 em junho; 800 em maio;)
3) /05DocsPRA/798MSulAlca.html (893 em junho; 1060 em maio)
4) /05DocsPRA/772EconSecXX.html (850 em junho; 1019 em maio)
5) /05DocsPRA/1277HistorPlanejBrasil.pdf (845 em junho; 705 em maio)
5) /05DocsPRA/1920BricsAduaneiras.pdf (590 em junho; 745 em maio)
Quanto às palavras-chave mais usadas nas buscas em meu site, elas são estas (e retiro a primeira de todas, o meu próprio nome):
1) como fazer uma monografia;
2) monografia como fazer;
3) vantagem e desvantagem da globalização;
4) desvantagens da globalização;
5) como escrever uma monografia
6) como organizar uma apresentação de monografia
7) como ser diplomata
Na verdade, todas essas palavras cobrem menos de 3% das buscas, ficando entre 1 e 2%, sendo que o meu nome vem na frente com 3,7% das buscas; todas as demais palavras confundidas fazem a grande maioria das buscas, com 87,4 % dos casos. Para ser mais preciso, juntando os itens 1, 2, 5 e 6, que todos se referem à preocupação em fazer uma monografia, isso dá um total de 4,5 a 5% das buscas.
Quais são os ensinamentos que eu posso tirar desses dados?
Em primeiro lugar, que os que acessam o meu site, em primeira mão, são, visivelmente, estudantes desesperados com seu trabalho de conclusão de graduação, ou seja, que eles não tem sequer orientação, em suas faculdades, sobre como fazer esses TCCs. Ponto negativo para seus professores, portanto, ou para as próprias instituições. Quanto a mim, vou revisar este meu trabalho e reforçá-lo, no sentido de torná-lo mais explícito, mais completo, mais detalhado, para colocar à disposição dos alunos com maior evidência no meu site e blogs.
Em segundo lugar, que o tema da globalização é o hit do momento, da década, da nossa época, mas é curioso constatar que os professores, provavelmente daquela tribo de antiglobalizadores que eu já dissequei bastante bem em meus trabalhos, insistem nos aspectos negativos do processo. Sem problemas, vou insistir nos dois aspectos e tratar de responder às preocupações dos alunos.
Em terceiro lugar, parece incrível que, quase dez anos depois de enterrada a Alca, para todos os efeitos práticos, os mesmos professores – e eu aposto que eles são “anti-alcalinos” a 99% – pedem trabalhos sobre esse fantasma da luta anti-imperialista. Não posso fazer nada, pois já disse tudo o que eu tinha a dizer sobre processo negociador. Mas quem sabe eu não faço um pouco de análise em retrospecto, ou de história virtual, comentando sobre como seria o continente com uma Alca (sem que saibamos, exatamente, o tipo exato de zona de livre comércio que poderia surgir, se o processo negociador terminasse de modo conclusivo)?
Finalmente, aparece sempre o tema do planejamento no Brasil, o que também confirma que o nosso país está longe, muito longe de ser liberal, ou aberto, já que entendo que essa preocupação com o planejamento tem a ver com as tais de “políticas públicas”, setoriais ou outras. Bem, vou continuar tratando destas questões também. Esclareço que não sou contra planejamento, pois ninguém, nenhuma empresa, nenhuma instituição, atualmente, pode trabalhar sem planejamento. O que sou contra é essa crença mágica de que políticas setoriais e planejamento estatal são capazes de resolver nossos problemas mais relevantes.
Espero não cansar meus leitores com esses temas recorrentes, mas entendo também que muita gente entra no meu site ou visita meu blog em busca justamente desses temas identificados como mais buscados.
Boa noite a todos, voltemos ao trabalho.
Paulo Roberto de Almeida
(4/07/2011)
domingo, 3 de julho de 2011
Universidades brasileiras: avestruzes introvertidos...
Sim, o avestruz supostamente é conhecido por colocar a cabeça num buraco na terra, quando em perigo. Não sei se é folclore essa história, ou se tem fundamentos reais.
Um avestruz introvertido, então, é a pior situação possível: além de estúpido, só vive a sua própria situação.
Enfim, não sei quanto aos avestruzes, mas o que eu tenho certeza é que as universidades brasileiras são piores do que avestruzes introvertidos, pois sem perigo nenhum, sem qualquer ameaça externa, decidem se fechar estupidamente ao exterior.
Nem todos, ou todas, são assim, obviamente, mas a maioria é: muita gente estudou no exterior, e os programas de cooperação se desenvolvem, mas o fato é que não temos estrangeiros aqui, tanto estudantes (salvo alguns de países assistidos), quanto professores (apenas de curta duração).
A matéria abaixo trata dessa triste realidade:
Paulo R. de Almeida
Home » Blogs » Ronaldo Lemos's blog
Universities in Brazil are too closed to the world, and that's bad for innovation
By Ronaldo Lemos
Posted on June 15th, 2011 at 11:18 am
When Brazilian president Dilma Roussef visited China in the beginning of May, she came back with some good news (maybe too good to be entirely true). Among them, theannouncement that Foxconn, the largest maker of electronic components, will invest US$12 billion to open a large industrial plant in the country. The goal is to produce iPads and other key electronic components locally.
The announcement was praised, and made it quickly to the headlines of all major newspapers. There is certainly reason for excitement. Brazil lost important waves of economic development, including industrialization (which only really happened in the 1940´s), or the semiconductor wave, an industry that has shown but a few signs of development in the country until now.
Leiam o resto aqui.
Um avestruz introvertido, então, é a pior situação possível: além de estúpido, só vive a sua própria situação.
Enfim, não sei quanto aos avestruzes, mas o que eu tenho certeza é que as universidades brasileiras são piores do que avestruzes introvertidos, pois sem perigo nenhum, sem qualquer ameaça externa, decidem se fechar estupidamente ao exterior.
Nem todos, ou todas, são assim, obviamente, mas a maioria é: muita gente estudou no exterior, e os programas de cooperação se desenvolvem, mas o fato é que não temos estrangeiros aqui, tanto estudantes (salvo alguns de países assistidos), quanto professores (apenas de curta duração).
A matéria abaixo trata dessa triste realidade:
Paulo R. de Almeida
Home » Blogs » Ronaldo Lemos's blog
Universities in Brazil are too closed to the world, and that's bad for innovation
By Ronaldo Lemos
Posted on June 15th, 2011 at 11:18 am
When Brazilian president Dilma Roussef visited China in the beginning of May, she came back with some good news (maybe too good to be entirely true). Among them, theannouncement that Foxconn, the largest maker of electronic components, will invest US$12 billion to open a large industrial plant in the country. The goal is to produce iPads and other key electronic components locally.
The announcement was praised, and made it quickly to the headlines of all major newspapers. There is certainly reason for excitement. Brazil lost important waves of economic development, including industrialization (which only really happened in the 1940´s), or the semiconductor wave, an industry that has shown but a few signs of development in the country until now.
Leiam o resto aqui.
Divida Externa: ja vimos esse filme antes...
Um aumento muito grande da dívida externa se dá quando existem abundantes capitais sendo oferecidos no mundo, as taxas de juros são reduzidas e as facilidades aparentes são muito grandes.
Assistimos isso nos anos 1970 e novamente nos anos 1990: nas duas vezes o cenário final não foi exatamente positivo. E quando a tendência se inverter, e a moeda nacional se desvalorizar?
Estaremos incorrendo nos mesmos pecados do passado?
Paulo Roberto de Almeida
Dívida externa do país aumenta 43% desde fim da crise
Gustavo Pau e Eduardo Cucolo
Folha de S.Paulo, 03/07/2011
Passado o impacto mais agudo da crise internacional, a recuperação da economia brasileira provocou um efeito colateral ainda pouco comentado e compreendido: a alta mais acelerada da dívida externa desde o Plano Real. Ou, mais exatamente, desde que, em 1994, às vésperas do lançamento da atual moeda, foi fechado o acordo com os credores para normalizar os pagamentos e reabrir o mercado global de crédito para o governo brasileiro e para as empresas do país. Do final do ano retrasado para cá, a dívida externa conjunta de empresas, administrações públicas e famílias cresceu 43%. A taxa supera a expansão ao longo dos 15 anos anteriores, de 34%. Se as consequências dessa escalada ainda não estão claras, as causas são fáceis de explicar: no mundo desenvolvido, as taxas de juros despencaram para reativar a produção e o consumo; no Brasil, os investimentos públicos e privados tiveram uma forte retomada.
JUROS ALTOS
O cenário criado após o terremoto financeiro de 2008-2009 estimulou bancos e empresas do setor produtivo a buscar empréstimos e financiamentos no mercado internacional para aplicar e investir no mercado doméstico -no qual a oferta de recursos é escassa e os juros são os mais altos do planeta. A dívida externa, que era de pouco menos de R$ 200 bilhões no final de 2009, chegou a R$ 284 bilhões em maio. A parcela privada da dívida, hoje equivalente a três quartos do total, cresceu R$ 87 bilhões, enquanto a parcela pública da dívida encolheu R$ 1 bilhão. Autor de um trabalho recente sobre o tema, o economista Julio Gomes de Almeida, do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), afirma que, embora não haja risco imediato, o salto da dívida ameaça a sustentabilidade do crescimento econômico.
RISCOS
“Esse é um processo insustentável a longo prazo e arriscado do ponto de vista empresarial”, diz Almeida. O perigo mais óbvio da dependência crescente de capital externo é a eventual reversão do quadro favorável atual. A alta dos juros externos ou das cotações do dólar pode tanto criar dívidas impagáveis quanto derrubar a produção nacional. O próprio governo já manifestou preocupação com o crescimento da dívida do setor privado. Em março, para conter esse movimento, houve aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para dívidas com prazo inferior a dois anos. Nos dois meses seguintes, as dívidas continuam crescendo, mas com prazos mais longos.
Assistimos isso nos anos 1970 e novamente nos anos 1990: nas duas vezes o cenário final não foi exatamente positivo. E quando a tendência se inverter, e a moeda nacional se desvalorizar?
Estaremos incorrendo nos mesmos pecados do passado?
Paulo Roberto de Almeida
Dívida externa do país aumenta 43% desde fim da crise
Gustavo Pau e Eduardo Cucolo
Folha de S.Paulo, 03/07/2011
Passado o impacto mais agudo da crise internacional, a recuperação da economia brasileira provocou um efeito colateral ainda pouco comentado e compreendido: a alta mais acelerada da dívida externa desde o Plano Real. Ou, mais exatamente, desde que, em 1994, às vésperas do lançamento da atual moeda, foi fechado o acordo com os credores para normalizar os pagamentos e reabrir o mercado global de crédito para o governo brasileiro e para as empresas do país. Do final do ano retrasado para cá, a dívida externa conjunta de empresas, administrações públicas e famílias cresceu 43%. A taxa supera a expansão ao longo dos 15 anos anteriores, de 34%. Se as consequências dessa escalada ainda não estão claras, as causas são fáceis de explicar: no mundo desenvolvido, as taxas de juros despencaram para reativar a produção e o consumo; no Brasil, os investimentos públicos e privados tiveram uma forte retomada.
JUROS ALTOS
O cenário criado após o terremoto financeiro de 2008-2009 estimulou bancos e empresas do setor produtivo a buscar empréstimos e financiamentos no mercado internacional para aplicar e investir no mercado doméstico -no qual a oferta de recursos é escassa e os juros são os mais altos do planeta. A dívida externa, que era de pouco menos de R$ 200 bilhões no final de 2009, chegou a R$ 284 bilhões em maio. A parcela privada da dívida, hoje equivalente a três quartos do total, cresceu R$ 87 bilhões, enquanto a parcela pública da dívida encolheu R$ 1 bilhão. Autor de um trabalho recente sobre o tema, o economista Julio Gomes de Almeida, do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), afirma que, embora não haja risco imediato, o salto da dívida ameaça a sustentabilidade do crescimento econômico.
RISCOS
“Esse é um processo insustentável a longo prazo e arriscado do ponto de vista empresarial”, diz Almeida. O perigo mais óbvio da dependência crescente de capital externo é a eventual reversão do quadro favorável atual. A alta dos juros externos ou das cotações do dólar pode tanto criar dívidas impagáveis quanto derrubar a produção nacional. O próprio governo já manifestou preocupação com o crescimento da dívida do setor privado. Em março, para conter esse movimento, houve aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para dívidas com prazo inferior a dois anos. Nos dois meses seguintes, as dívidas continuam crescendo, mas com prazos mais longos.
Malthus, Marx o mercado - Moises Naim e a China
Malthus, Marx o mercado
MOISÉS NAÍM
El País, 03/07/2011
¿Llevará el crecimiento de la clase media en los países pobres a una catástrofe para el planeta?
Acabo de regresar de China. La velocidad de los cambios que allí ocurren no deja de sorprenderme. A pesar de que mi última visita no fue hace mucho, he percibido enormes transformaciones. Eso sucede cuando un país gigante crece al 10% al año. Visité China por primera vez en 1978, cuando apenas comenzaban sus reformas económicas. Recuerdo de ese viaje las grandes avenidas casi sin coches y llenas de una multitud en bicicleta, todos vestidos más o menos igual, verde olivo o azul. Hoy esas mismas avenidas están bordeadas de rascacielos con la arquitectura más audaz del mundo, están llenas de automóviles y de gente vestida de todos los colores y estilos. En mi primer viaje, la economía china era solo el 40% del tamaño de la Unión Soviética. Hoy es cuatro veces más grande.
El cambio fundamental es que millones de chinos han salido de la pobreza, formando una clase media que, si bien es mucho más pobre que la de Europa o EE UU, dispone por primera vez de medios para consumir más comida, medicinas o electricidad. Y esto no solo pasa en China: Turquía, Vietnam, Indonesia, Brasil, Colombia y en muchos otros países pobres la clase media viene creciendo.
¿Se transformará este gran éxito de la humanidad en una catástrofe para el planeta?
Hay tres maneras de responder a esta pregunta. La primera es la de Thomas Malthus, quien en 1798 explicó que, visto que la población crece a mayor velocidad que la producción de alimentos, inevitablemente las hambrunas, las enfermedades y las guerras "reequilibrarían" la situación. El Club de Roma patrocinó en 1972 la publicación del libro Los Límites al Crecimiento. Vaticinaba una catástrofe malthusiana alrededor de 2000 y pronosticaba que el petróleo se agotaría en 1992. Obviamente, Malthus y sus seguidores subestiman el impacto de las nuevas tecnologías. La revolución verde en la agricultura, por ejemplo, llevó a que en 20 años se duplicara la producción de cereales en los países pobres. En general, el mundo hoy produce más alimentos per cápita que nunca, y cada vez hay más tecnologías que permiten la explotación de recursos naturales antes inaccesibles.
Y esta es la segunda respuesta: el problema no es de producción, sino de distribución. Muy pocos consumen demasiado y demasiados consumen muy poco. Estados Unidos, por ejemplo, consume el 25% de la energía que se produce en el mundo anualmente, a pesar de que su población es solo el 4,6% del total mundial. Cada alemán gasta casi nueve veces más energía que cada indio, y 30 veces más que un bangladeshí. Desde esta perspectiva, Carlos Marx tiene razón: hay que obligar a que haya una distribución más igualitaria del consumo. Y eso lo tiene que hacer el Estado, casi seguramente por la fuerza.
La tercera manera de ver esto es a través de la óptica del mercado: los precios y los incentivos resolverán el problema. Si hay escasez subirán los precios, disminuirá el consumo y aumentarán los incentivos para ser más eficientes e inventar tecnologías para producir más a menor costo. Si el precio del petróleo sigue subiendo, el viento, el sol y el mar pueden competir con los hidrocarburos. Si el algodón sigue caro, más productores sembrarán algodón. Esto ha venido pasando, y los aumentos en producción y las maravillosas nuevas tecnologías lo confirman. El problema, sin embargo, es que los ajustes del mercado son brutales y no resuelven el problema de los consumidores, para quienes cualquier disminución en el consumo (obligada por el alza de precios) significa pasar hambre. Tampoco resuelve el problema de las fallas de mercado a nivel global: los océanos se deterioran a gran velocidad por su explotación indiscriminada. Y ya sabemos lo que está sucediendo con las emisiones de CO2 que calientan el planeta.
Ni Malthus, ni Marx ni los mercados nos dan respuestas adecuadas para las difíciles preguntas que plantea el explosivo crecimiento de China o la expansión de la clase media y el consumo a nivel mundial. Las respuestas tecnológicas estimuladas por el mercado pueden llegar tarde para evitar graves daños sociales y medioambientales. La exagerada intervención del Estado para corregir desigualdades asfixia la aparición de soluciones que solo los mercados pueden generar. Y si son desatendidas, las fallas de los mercados pueden hacer el planeta invivible.
Las ideologías rígidas no ayudarán a encontrar salidas. Hay que echar mano de todas las ideas, inventar otras nuevas y darle rienda suelta al pragmatismo y la experimentación. En el pasado, la humanidad halló soluciones para problemas sin precedentes. No hay por qué suponer que no las volverá a encontrar.
MOISÉS NAÍM
El País, 03/07/2011
¿Llevará el crecimiento de la clase media en los países pobres a una catástrofe para el planeta?
Acabo de regresar de China. La velocidad de los cambios que allí ocurren no deja de sorprenderme. A pesar de que mi última visita no fue hace mucho, he percibido enormes transformaciones. Eso sucede cuando un país gigante crece al 10% al año. Visité China por primera vez en 1978, cuando apenas comenzaban sus reformas económicas. Recuerdo de ese viaje las grandes avenidas casi sin coches y llenas de una multitud en bicicleta, todos vestidos más o menos igual, verde olivo o azul. Hoy esas mismas avenidas están bordeadas de rascacielos con la arquitectura más audaz del mundo, están llenas de automóviles y de gente vestida de todos los colores y estilos. En mi primer viaje, la economía china era solo el 40% del tamaño de la Unión Soviética. Hoy es cuatro veces más grande.
El cambio fundamental es que millones de chinos han salido de la pobreza, formando una clase media que, si bien es mucho más pobre que la de Europa o EE UU, dispone por primera vez de medios para consumir más comida, medicinas o electricidad. Y esto no solo pasa en China: Turquía, Vietnam, Indonesia, Brasil, Colombia y en muchos otros países pobres la clase media viene creciendo.
¿Se transformará este gran éxito de la humanidad en una catástrofe para el planeta?
Hay tres maneras de responder a esta pregunta. La primera es la de Thomas Malthus, quien en 1798 explicó que, visto que la población crece a mayor velocidad que la producción de alimentos, inevitablemente las hambrunas, las enfermedades y las guerras "reequilibrarían" la situación. El Club de Roma patrocinó en 1972 la publicación del libro Los Límites al Crecimiento. Vaticinaba una catástrofe malthusiana alrededor de 2000 y pronosticaba que el petróleo se agotaría en 1992. Obviamente, Malthus y sus seguidores subestiman el impacto de las nuevas tecnologías. La revolución verde en la agricultura, por ejemplo, llevó a que en 20 años se duplicara la producción de cereales en los países pobres. En general, el mundo hoy produce más alimentos per cápita que nunca, y cada vez hay más tecnologías que permiten la explotación de recursos naturales antes inaccesibles.
Y esta es la segunda respuesta: el problema no es de producción, sino de distribución. Muy pocos consumen demasiado y demasiados consumen muy poco. Estados Unidos, por ejemplo, consume el 25% de la energía que se produce en el mundo anualmente, a pesar de que su población es solo el 4,6% del total mundial. Cada alemán gasta casi nueve veces más energía que cada indio, y 30 veces más que un bangladeshí. Desde esta perspectiva, Carlos Marx tiene razón: hay que obligar a que haya una distribución más igualitaria del consumo. Y eso lo tiene que hacer el Estado, casi seguramente por la fuerza.
La tercera manera de ver esto es a través de la óptica del mercado: los precios y los incentivos resolverán el problema. Si hay escasez subirán los precios, disminuirá el consumo y aumentarán los incentivos para ser más eficientes e inventar tecnologías para producir más a menor costo. Si el precio del petróleo sigue subiendo, el viento, el sol y el mar pueden competir con los hidrocarburos. Si el algodón sigue caro, más productores sembrarán algodón. Esto ha venido pasando, y los aumentos en producción y las maravillosas nuevas tecnologías lo confirman. El problema, sin embargo, es que los ajustes del mercado son brutales y no resuelven el problema de los consumidores, para quienes cualquier disminución en el consumo (obligada por el alza de precios) significa pasar hambre. Tampoco resuelve el problema de las fallas de mercado a nivel global: los océanos se deterioran a gran velocidad por su explotación indiscriminada. Y ya sabemos lo que está sucediendo con las emisiones de CO2 que calientan el planeta.
Ni Malthus, ni Marx ni los mercados nos dan respuestas adecuadas para las difíciles preguntas que plantea el explosivo crecimiento de China o la expansión de la clase media y el consumo a nivel mundial. Las respuestas tecnológicas estimuladas por el mercado pueden llegar tarde para evitar graves daños sociales y medioambientales. La exagerada intervención del Estado para corregir desigualdades asfixia la aparición de soluciones que solo los mercados pueden generar. Y si son desatendidas, las fallas de los mercados pueden hacer el planeta invivible.
Las ideologías rígidas no ayudarán a encontrar salidas. Hay que echar mano de todas las ideas, inventar otras nuevas y darle rienda suelta al pragmatismo y la experimentación. En el pasado, la humanidad halló soluciones para problemas sin precedentes. No hay por qué suponer que no las volverá a encontrar.
sábado, 2 de julho de 2011
A curiosa economia politica do Planalto, alias bizarra...
Estou preocupado com a compreensão (ou falta) que gente do Palácio do Planalto exibe em relação a temas corriqueiros da economia, por vezes até nem de economia -- vocês sabem, essa coisa de fazer contas -- e simplesmente de conhecimento sobre como funciona (ou não) o governo, de quais recursos ele dispõe, de onde saem esses recursos e o que fazer com eles.
Estou até pensando em mandar alguns dos meus manuais de economia -- nada de muito complicado, nenhuma teoria econômica, apenas introdução à disciplina para não economistas -- para o Palácio do Planalto, especificamente para a nova ministra da Casa Civil, para ver se ela aprende um pouco nos próximos meses.
Vejamos. Quando ela ainda era senadora, a atual titular da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, disse que o generoso gesto do Brasil em triplicar os pagamentos ao Paraguai, mediante a revisão do acordo de Itaipu, não iria custar nada aos brasileiros, pois o dinheiro não seria obtido pela revisão das tarifas e aumento da nossa conta de eletricidade, mas que era o Tesouro que iria pagar!!!???
Confesso que não entendi.
Agora, a respeito dessa operação maluca no setor varejista, envolvendo franceses (nossos aliados estratégicos, como se sabe) e brasileiros, ela, ela mesmo, agora já ministra-chefe (chefe?; talvez chefa, para imitar a presidenta), reincidiu na sua estranha economia politica, dizendo que não seria usado dinheiro público na transação!!!???
Eu me pergunto com que tipo de recursos trabalham o BNDES e o BNDESPar, seu braço de investimentos? Seria com recursos privados, que eles vão buscar no mercado financeiro?
Preciso selecionar alguns livros de economia pública...
Paulo Roberto de Almeida
Estou até pensando em mandar alguns dos meus manuais de economia -- nada de muito complicado, nenhuma teoria econômica, apenas introdução à disciplina para não economistas -- para o Palácio do Planalto, especificamente para a nova ministra da Casa Civil, para ver se ela aprende um pouco nos próximos meses.
Vejamos. Quando ela ainda era senadora, a atual titular da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, disse que o generoso gesto do Brasil em triplicar os pagamentos ao Paraguai, mediante a revisão do acordo de Itaipu, não iria custar nada aos brasileiros, pois o dinheiro não seria obtido pela revisão das tarifas e aumento da nossa conta de eletricidade, mas que era o Tesouro que iria pagar!!!???
Confesso que não entendi.
Agora, a respeito dessa operação maluca no setor varejista, envolvendo franceses (nossos aliados estratégicos, como se sabe) e brasileiros, ela, ela mesmo, agora já ministra-chefe (chefe?; talvez chefa, para imitar a presidenta), reincidiu na sua estranha economia politica, dizendo que não seria usado dinheiro público na transação!!!???
Eu me pergunto com que tipo de recursos trabalham o BNDES e o BNDESPar, seu braço de investimentos? Seria com recursos privados, que eles vão buscar no mercado financeiro?
Preciso selecionar alguns livros de economia pública...
Paulo Roberto de Almeida
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