O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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terça-feira, 23 de julho de 2019

Acessos a este blog: região desconhecida em 5. lugar...

Como interpretar que uma tal de "Região desconhecida" figure em quinto lugar no volume de acessos em meu blog?

Brasil
7444
Estados Unidos
2726
Alemanha
2097
Rússia
549
Região desconhecida
345
Ucrânia
310
Reino Unido
286
Portugal
130
Angola
70
França
58

Tão estranha quanto a "Região desconhecida" é a posição da Ucrânia, já que nada justificaria que ela se situe em 6. lugar, abaixo da Rússia. Somando as três localizações de acesso, aumenta ainda mais a intensidade de buscas para países, ou regiões, não necessariamente conectados a, ou interessados em "estudos brasileiros", como parece ser o caso de todos os demais países.  
Como diria alguém: não sou paranoico, mas alguém anda me seguindo...

Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 23 de julho de 2019

segunda-feira, 9 de abril de 2018

Uma mensagem aos meus leitores (2010 e 2018) - Paulo Roberto de Almeida

Quando este blog completou 200 seguidores, mais de sete anos atrás, eu escrevi um texto dirigido a essas duas centenas de inscritos como recipiendários de minhas postagens. Confesso que raramente me dirijo aos leitores habituais ou eventuais, pois não tenho por hábito incomodar a privacidade de qualquer pessoa. Eu costumo colocar meus textos à disposição de qualquer leitor, seguidor ou não, postando-o neste espaço, eventualmente chamando a atenção no Facebook (mais recentemente), ou inserindo esses arquivos na minha página na plataforma Academia.edu ou na Research Gate.
Nunca faço lista de remessas de textos a "parceiros", ou recipiendários, pois acho que não tenho o direito de invadir a caixa postal de ninguém para enviar textos não solicitados.
Antigamente, eu recebi mais comentários críticos – sempre bem-vindos – mas me parece que os mecanismos do Blogspot mudaram, convertendo os comentários para a plataforma Google +, que nem sempre me permite responder imediatamente a esses comentários.
Em todo caso, constatei agora que estou próximo de ter 800 seguidores, o que significa 4 vezes mais do que quando escrevi o texto abaixo, em Shanghai, numa missão provisória.
Ele trata de minha relação com este espaço, por isso resolvi posta-lo novamente.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 9 de abril de 2018

Aos leitores deste blog: conversa tete-a-tete (ou blog-au-blog)...

Aos leitores deste blog Diplomatizzando
Paulo Roberto de Almeida
Shanghai, 28.09.2010

Tendo ultrapassado a marca de 200 seguidores, conforme constato por uma simples consulta ao rodapé desta página, este blog “obriga” seu responsável a efetuar pequena reflexão sobre suas responsabilidades enquanto “escrevinhador” voluntário, enquanto disseminador de materiais de terceiros (informações de imprensa, estudos e ensaios ocasionais) e enquanto veiculador e debatedor de “ideias”, como indicado na caixa de apresentação, com especial ênfase nos temas que motivaram sua criação e que estão simbolizados em seu título: relações internacionais e política externa do Brasil. Aqui seguem, portanto, estas minhas reflexões, no que talvez possa vir a constituir uma série de cartas mensais de interação entre este autor e seus leitores.
Entendo que muitos dos que aqui se inscreveram, o fizeram com objetivos e por motivos eminentemente práticos, sabedores da condição profissional de seu responsável e unicamente interessados, portanto, em materiais relevantes vinculados à sua preparação para a carreira diplomática. Outros, que nele esbarraram por acaso, podem ter ficado apenas curiosos, e resolveram então testar o blog, para ver o que ele poderia trazer de novo ou de interessante em função de suas preocupações específicas ou de seus objetos de pesquisa acadêmica. Muitos já podem ter desistindo de acessar o blog, ou descartam alertas eventuais que entram em suas caixas ou “assembladores” de notícias; não tenho ideia do que pode estar ocorrendo com os 200 e tantos alinhados no bloco dos seguidores. Sei apenas que eles existem.
Por não dispor de instrumentos adequados, e tampouco dispor de tempo para esse tipo de verificação, não tenho condições de afirmar se estou satisfazendo, ou não, a gregos e goianos, ou seja, a todos aqueles que resolveram seguir regularmente os posts aqui colocados (além daqueles que podem passar ocasionalmente). Apenas sei dizer que, tendo alcançado a marca de quase 120 mil visitas desde o início deste ano, quando resolvi colocar o sitemeter que figura na banda direita, isso representa aproximadamente 630 visitas por dia e mais de 4 mil por semana, o que é, sem dúvida, uma tremenda responsabilidade para quem assina os comentários e textos pessoais aqui postados. Provavelmente, mais de 80% dos materiais aqui constantes são feitos de empréstimos involuntários a terceiros autores, ou a despachos de agências de comunicações, o que talvez conforma um simples serviço público de compilação de materiais diversos. Algo é meu, no entanto, os comentários iniciais colocados em quase todos os posts, e alguns textos para leitura mais pausada, por representarem produção acadêmica ou de cunho jornalístico. 

Quaisquer que seja os motivos dos freqüentadores aqui presentes, e quaisquer que sejam os materiais aqui colocados, creio que meu dever, para com todos, a começar para comigo mesmo, seria estabelecer claramente o seguinte conjunto de compromissos. 
Meu único critério de produção – ou seja, de leitura, resumo, compilação, síntese e produção original de textos – é o esclarecimento inteligente a respeito de questões relevantes, brasileiras e internacionais.
Meu único critério de seleção – dos materiais e do que eu mesmo possa escrever, como elaboração original – é a discussão honesta e bem informada dessas realidades, sem quaisquer compromissos partidários, políticos, ideológicos, religiosos ou de natureza associativa. Entre a tela, ou o teclado, e o meu cérebro, ou o meu pensamento, está apenas uma única pessoa e uma única vontade: ler um pouco de tudo, refletir sobre o que foi lido, tentar sintetizar esse conjunto de informações e de ideias, e depois devolver à “sociedade” aquilo que dela retirei como inputs e ensinamentos, da maneira mais aberta, transparente e honesta possível. 
Não pretendo converter a ninguém, e não envio textos não solicitados a ninguém: apenas exponho o que penso sobre as questões que me interessam. Assumo plena responsabilidade pelo que escrevo e declaro ser imputável pelas minhas ideias e posições, mesmo as mais erradas, equivocadas ou aparentemente chocantes. 
Meu único critério de interação é de haver um debate inteligente sobre temas relevantes, descartando o anedótico, o superficial e o apenas formal, ou circunstancial. Não me recuso a publicar posições contrarias às minhas, desde que incidam sobre o objeto em discussão, e não constituam mera expressão de discordância descortês, ou seja, ataques sem qualquer argumento substantivo. 
Gostaria de agradecer a confiança de todos e dizer que estou ciente de minha responsabilidade em manter o nível deste blog, ao cumprir os objetivos que são os dele: informar, refletir, debater, contribuir para o avanço do Brasil na construção de uma sociedade melhor, mais educada e, por que não dizer?, mais refinada.

Paulo Roberto de Almeida (Shanghai, 28.09.2010)

domingo, 29 de janeiro de 2012

A disputa emocionante do numero 500: stop, stop! Valem dois livros

Alguns de vocês acompanharam a confusa determinação do seguidor número 500 deste meu blog, neste post: 



SÁBADO, 28 DE JANEIRO DE 2012


Surgiram dois aparentes candidatos ao posto, um certificado como número 501, Vinicius valentão, que prefere resolver a disputa no braço (digital, suponho): 



vinicius soares deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Uau: Existem dois seguidores numero 500: proponho ...": 
Prezado Wilson Júnior, deixemos de lado as armas e vamos para o mano a mano!
Um abraço.
Vinícius Soares 

O outro, Wilson Júnior, rapaz estudioso e pensador, justamente, é o vencedor moral e de fato, ainda que sua identidade não tenha aparecido no registro do Blog, por incompetência técnica, suponho.

Wilson Júnior deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Uau! Seguidor numero 500 atencao: concorrendo a um...": 
Olá senhor Paulo Roberto,
acompanho seu blog, assim como seu site, há alguns anos (3 anos mais ou menos), mas só agora fui me inscrever no blog, acredito que tenha sido o número 500 (me inscrevi por volta das 15:13, ou seja, alguns minutos após sua postagem). De qualquer modo, parabéns por esta importante marca! 
Postado por Wilson Júnior no blog Diplomatizzando em Sábado, Janeiro 28, 2012 3:23:00 PM


Proponho, portanto, dois livros, um a cada um dos contendores, e assim todo mundo fica em paz, inclusive o espertinho que acertou o quiz de Harry, a hiena...

Que todos entrem em contato comigo, para acertar as tecnicalidades.
O abraço e bons estudos a todos...
Paulo Roberto de Almeida 
(Lyon, 29/01/2012)

sábado, 28 de janeiro de 2012

Uau! Seguidor numero 500 atencao: concorrendo a um brinde...

Este blog alcançou, no momento em que escrevo -- Sábado, dia 28 de janeiro de 2012 -- 499 seguidores (ou membros), como informado pelo sistema:



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Isto não sei desde quando, suponho que desde o momento que coloquei no blog o mecanismo de seguimento, o que deve ter ocorrido muito tempo depois de seu início, em algum momento de meados da década passada (em 2005 ou 2006, por aí). Sinto muito, mas sou muito distraído para prestar atenção nos detalhes técnicos de meus blogs e site, e de fato nunca leio manuais ou instruções, por isso eles são essa porcaria técnica que são.
Se eu ainda tivesse um anjo da guarda que fosse web designer, e um outro administrador de sistemas, e um terceiro catalogador de trabalhos, e um quarto indexador de arquivos, e um quinto, um anjo da guarda bem dedicado, e imune a alergias, que se ocupasse de organizar meus livros, enfim, seu eu tivesse uma tribo inteira de anjos da guarda especialistas nessas áreas -- ou, talvez, um super anjo da guarda capaz de fazer tudo isso ao mesmo tempo -- se eu contasse com esse tipo de ajuda, talvez meus blogs e site estivessem melhor organizados, seriam bem mais belos e funcionais, com melhor apresentação visual e distribuição racional de seções, e de acesso fácil aos principais temas de trabalho que me ocupam noite adentro, para maior deleite dos leitores, facilidades dos navegantes de passagem, curiosos e visitantes ocasionais.
Como não tenho nada disso, e sou um total incompetente para essas matérias, o blog é isso que é, e vocês têm de se contentar com sua forma atual.

Bem, tudo isso para dizer que chegado ao leitor 499 -- sei, nem todos fieis ou constantes, mas pelo menos interessados, ainda que uma única vez, alguns até masoquistas, pois não concordam com nada do que eu digo, e ainda assim insistem em me criticar, para desgosto próprio -- estamos a um único novo membro para alcançar a marca simbólica dos 500 aderentes, ou membros.
Não é nada, não é nada, não é nada mesmo, mas ainda assim talvez represente alguma coisa no mar infinito de blogs e sites de interesse diverso, nos milhões de espaços que se oferecem à curiosidade insaciável dos humanos, essa espécie inquisidora, nos zilhões de posts que nos chamam todos os dias, todos os minutos para leituras interessantes, e que nunca conseguimos cumprir, num ambiente em que eu represento um pequeno grão de poeira perdido na imensidão da galáxia cibernética.
(Estou poético hoje? E ainda nem comecei a tomar o meu Crozes Hermitage, Les Sarralières 2009, um vinho regional a 13 graus que acabo de comprar aqui em Lyon, onde estou neste momento, no Novotel da gare de Part-Dieu; depois de beber, acompanhado de baguette fresquinha e um chèvre, aí vou ficar ainda mais poético, ou desencontrado, whatever.)

Retomando: tudo isso para dizer que o membro número 500 vai ter direito a um brinde especial; claro, se ele se identificar, não for da CIA, nem do sucessor do KGB, menos ainda algum araponga tupiniquim, ou um desses seres que trabalham para emburrecer o país -- sorry, AAs --, se ele cumprir pequenos requisitos de adesão, terei prazer de lhe oferecer um brinde, que não sei ainda o que será, provavelmente um livro meu, ou qualquer outro livro, de livre escolha, que prometo entregar assim que puder.
Atenção: não vale enganar este blogueiro, e se inscrever uma segunda vez, apenas para ganhar um livro: meus serviços de inteligência -- extremamente sofisticados, mas ajudados pelo aparato preciso e implacável do Google -- vai detectar qualquer tentativa de "deception".

Em todo caso, que ele seja bem vindo esse leitor número 500!
Tchin, tchin (para quem tem champagne à disposição).

Paulo Roberto de Almeida
Lyon, 28 de Janeiro de 2012

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Quarta carta aos leitores do Blog Diplomatizzando: temas de busca

Quarta carta aos leitores do Blog Diplomatizzando e aos seguidores do meu site www.pralmeida.org
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 4 de julho de 2011.

Meus caros leitores (agora em número de 392 seguidores),
Escrevi uma terceira carta em 22 de abril último, para tecer considerações sobre minha atividade blogueira e sobre a necessidade de me concentrar em alguns temas de pesquisa histórica. Desta vez quero falar sobre algumas estatísticas que recolhi agora (acho que pela primeira vez) em torno das visitas a meu site: www.pralmeida.org.
Examinando essas estatísticas de visitas ao meu site nas últimas semanas, constatei que elas se situam entre 16 mil e 20 mil “unique visitors” cada mês, com mais de 20 mil visitas no total (e um número maior de páginas, mais de 30 mil, e de hits, número superior a 85 mil). Na verdade, eu estava, mais interessado nos temas de busca e de visita, do que propriamente no volume de visitas.
Como o meu site é, expressamente, didático e acadêmico, eu tenho interesse em saber que temas, exatamente, meus visitantes buscam no meu site. Pois parece que a preocupação em terminar o famoso TCC (trabalho de conclusão de curso) prima sobre todos os demais temas (todos eles podem ser encontrados no meu site, bastando agregar essas terminações ao URL genérico):
1) /05DocsPRA/1892GuiaMonografia.pdf (1613 downloads em junho; 1803 em maio)
2) /05DocsPRA/1205GlobalizDesenv.pdf (988 em junho; 800 em maio;)
3) /05DocsPRA/798MSulAlca.html (893 em junho; 1060 em maio)
4) /05DocsPRA/772EconSecXX.html (850 em junho; 1019 em maio)
5) /05DocsPRA/1277HistorPlanejBrasil.pdf (845 em junho; 705 em maio)
5) /05DocsPRA/1920BricsAduaneiras.pdf (590 em junho; 745 em maio)

Quanto às palavras-chave mais usadas nas buscas em meu site, elas são estas (e retiro a primeira de todas, o meu próprio nome):
1) como fazer uma monografia;
2) monografia como fazer;
3) vantagem e desvantagem da globalização;
4) desvantagens da globalização;
5) como escrever uma monografia
6) como organizar uma apresentação de monografia
7) como ser diplomata

Na verdade, todas essas palavras cobrem menos de 3% das buscas, ficando entre 1 e 2%, sendo que o meu nome vem na frente com 3,7% das buscas; todas as demais palavras confundidas fazem a grande maioria das buscas, com 87,4 % dos casos. Para ser mais preciso, juntando os itens 1, 2, 5 e 6, que todos se referem à preocupação em fazer uma monografia, isso dá um total de 4,5 a 5% das buscas.

Quais são os ensinamentos que eu posso tirar desses dados?
Em primeiro lugar, que os que acessam o meu site, em primeira mão, são, visivelmente, estudantes desesperados com seu trabalho de conclusão de graduação, ou seja, que eles não tem sequer orientação, em suas faculdades, sobre como fazer esses TCCs. Ponto negativo para seus professores, portanto, ou para as próprias instituições. Quanto a mim, vou revisar este meu trabalho e reforçá-lo, no sentido de torná-lo mais explícito, mais completo, mais detalhado, para colocar à disposição dos alunos com maior evidência no meu site e blogs.
Em segundo lugar, que o tema da globalização é o hit do momento, da década, da nossa época, mas é curioso constatar que os professores, provavelmente daquela tribo de antiglobalizadores que eu já dissequei bastante bem em meus trabalhos, insistem nos aspectos negativos do processo. Sem problemas, vou insistir nos dois aspectos e tratar de responder às preocupações dos alunos.
Em terceiro lugar, parece incrível que, quase dez anos depois de enterrada a Alca, para todos os efeitos práticos, os mesmos professores – e eu aposto que eles são “anti-alcalinos” a 99% – pedem trabalhos sobre esse fantasma da luta anti-imperialista. Não posso fazer nada, pois já disse tudo o que eu tinha a dizer sobre processo negociador. Mas quem sabe eu não faço um pouco de análise em retrospecto, ou de história virtual, comentando sobre como seria o continente com uma Alca (sem que saibamos, exatamente, o tipo exato de zona de livre comércio que poderia surgir, se o processo negociador terminasse de modo conclusivo)?
Finalmente, aparece sempre o tema do planejamento no Brasil, o que também confirma que o nosso país está longe, muito longe de ser liberal, ou aberto, já que entendo que essa preocupação com o planejamento tem a ver com as tais de “políticas públicas”, setoriais ou outras. Bem, vou continuar tratando destas questões também. Esclareço que não sou contra planejamento, pois ninguém, nenhuma empresa, nenhuma instituição, atualmente, pode trabalhar sem planejamento. O que sou contra é essa crença mágica de que políticas setoriais e planejamento estatal são capazes de resolver nossos problemas mais relevantes.

Espero não cansar meus leitores com esses temas recorrentes, mas entendo também que muita gente entra no meu site ou visita meu blog em busca justamente desses temas identificados como mais buscados.
Boa noite a todos, voltemos ao trabalho.

Paulo Roberto de Almeida
(4/07/2011)

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Terceira carta aos leitores do blog Diplomatizzando (uau: 355!)

Terceira carta aos leitores do blog Diplomatizzando
Paulo Roberto de Almeida

Meus caros leitores (agora em número de 355 seguidores),

Escrevo muito, eu sei. Nem sempre dirigido a alguém em particular, geralmente textos de caráter impessoal, de cunho acadêmico, de análises políticas ou econômicas, frequentemente críticas, algumas ácidas, em face do que observo no Brasil (e no resto do mundo). Sim, sou um leitor compulsivo, o que é um vício adquirido na primeira infância e do qual não consigo me redimir (nem quero). Sei que por vezes isto é um incômodo (quando estou dirigindo, por exemplo, fica difícil continuar as leituras, mas aí estou com as notícias no rádio), mas carrego esta sina com bom humor e ótima disposição.
Sempre estou pensando em algo (obviamente), quero dizer, em coisas novas, diferentes, sobretudo quanto não tenho nada para fazer, o que é raro, como vocês podem adivinhar, mas também acontece: quando estou embaixo da ducha (alguns minutos apenas, hélas, mas confesso que gostaria de ficar mais), quando estou passeando com os cachorros (quase uma hora, noite adentro), ou quando vou dormir (e o sono pode durar uma infinidade para me abater, dependendo justamente do que estou “pensando”, ou arquitetando).
Quando não estou lendo, me deslocando, trabalhando, fazendo compras, ou comendo, estou escrevendo, invariavelmente, ou num dos meus dois caderninhos de bolso (um pequeno para o bolso da camisa, outro médio, no bolso do paletó), ou num dos três ou quatro computadores nos quais trabalho alternadamente (sim, preciso reduzir o número, pois a bagunça nos arquivos tende a crescer). Depois que escrevo, publico, e cada vez mais – não por decisão minha, mas por demandas externas – publico sob encomenda, em colunas regulares, o que não é, esclareço, minha preferência pessoal (como não sei dizer não, acabam abusando da minha boa vontade). Gosto mesmo de escrever ao léu, por impulso do momento, os temas que decido, na perspectiva que prefiro, com os argumentos que defendo.

Como já escrevi em outros trabalhos, meu único critério na escrita, ou na argumentação oral, é o da honestidade intelectual, que significa mais ou menos o seguinte: procure coletar todas as fontes de informação sobre um determinado assunto a que você pode ter acesso pelas vias normais (e elas são infinitas, hoje em dia); leia tudo cuidadosamente; coloque todas essas informações nos seus devidos contextos (histórico, ambiental, geopolítico, econômico, relacional, etc.); reflita seriamente sobre as implicações de tudo isso para o Brasil, para o mundo, para você mesmo; ordene seus pensamentos segundo prioridades muito simples, que o ajudem a oferecer soluções para determinados problemas da sociedade, do Brasil e do mundo, em função daquilo que é relevante em nosso mundinho meio desconjuntado: economia de meios, boa relação de custos e benefícios, utilidade para o maior número, melhoria das condições de vida (material ou espiritual) das “populações” implicadas (que, por vezes, podem ser uma só pessoa); por fim, tente antecipar as consequências de seus atos, pois que sempre existem efeitos (por ação ou omissão) daquilo que fazemos ou deixamos de fazer.
Estes são meus critérios – aqui um pouco mais elaborados ou racionalizados do que o que de verdade acontece na vida prática, sempre mais bagunçada, claro – e é em função deles que escrevo e publico o que penso, sem pensar em agradar ninguém, e sem esconder de ninguém o que realmente penso. Confesso que tenho certa alergia à burrice – deve ser um defeito de quem leu muito e continua a ler exageradamente, e que acha que ninguém tem do direito de ser ignorante, já que as informações estão livremente disponíveis, mas também sei que a maior parte da humanidade tem preguiça e não lê quase nada, assumindo passivamente o que entra pela televisão aberta – mas confesso que também tenho, e em grau infinitamente maior, desprezo pela desonestidade intelectual, o que infelizmente encontro sempre pela frente: geralmente nos políticos, mas também entre colegas de academia, que não teriam o “direito” (penso eu) de ignorar os dados da realidade para defender ideias idiotas e propostas nocivas para a sociedade.
Sou intolerante, apenas nesses casos, tolerando na maior parte das vezes erros e equívocos que emergem da falta de estudos e de reflexões (já que, afinal de contas, ninguém tem a obrigação de ser intelectual). Mas, e aqui creio fazer a minha parte, sempre procuro diminuir o quantum de equívocos que existe na humanidade (e ele é enorme, obviamente), contribuindo da melhor forma possível para o que eu chamo de obra de “elevação espiritual da humanidade” – pelo menos neste cantinho de mundo que é o meu – escrevendo e divulgando o que é fruto de minhas leituras e experiências de vida. Este é o sentido deste blog e por isso creio que tenho o dever e prestar contas aos meus leitores, que são vocês aqui presentes, e aos quais sou grato pela vigilância demonstrada nos muitos comentários que recebi, direta e indiretamente (nem todos publicados), nos pedidos de ajuda para estudo ou trabalhos, nas simples mensagens de solidariedade, de cumprimentos, de críticas. Sem leitores, não existiriam escritores, e eu sou devedor, em primeiro lugar a todos os que me lêem.

Escrevi uma primeira carta aos leitores deste blog em Shanghai, em setembro de 2010, quando eles eram apenas pouco mais de duas centenas, para dizer-lhes, justamente, de meus deveres para com eles (vejam aqui, neste link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2010/09/aos-leitores-deste-blog-conversa-tete.html). Pouco depois, em Kyoto, em outubro do mesmo ano, eu dava continuidade ao diálogo com os seguidores e leitores deste blog, discutindo as reações de alguns comentaristas, e prometendo escrever mais (vejam este link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2010/10/segunda-carta-aos-leitores-do-blog.html). Não o fiz, pois viajei, me reinstalei, e só agora acabei recebendo minha mudança da China – duas enormes burocracias no meio – e pude retomar algumas leituras interrompidas então.

Enfim, esta terceira carta não tem muito a ver com as duas primeiras, embora represente uma continuidade do diálogo, num momento em que “meus” leitores aparentemente chegaram à marca dos 355 seguidores (talvez mais, talvez menos, dependendo de quem acesso, quem repassa, quem lê e como lê). Não creio que eles me devam qualquer explicação sobre os motivos pelos quais seguem este blog (alguns por razões talvez inconfessáveis, a maior parte por real interesse, suponho), mas esse simples fato, objetivo, me faz refletir que também tenho certas responsabilidades para com todos esses leitores, curiosos, passantes, navegantes, interessados e críticos de ocasião.
A minha primeira responsabilidade seria a de não decepcionar os leitores, entregando-lhes gato por lebre, como se diz. A segunda é a de preservar o padrão e os princípios que me motivam a ler, estudar, refletir, escrever e publicar, entre esses princípios o primordial e já referido da honestidade intelectual. O blog representa para mim uma espécie de divertissement intelectual, ou seja, nada de muito sério que me distrai de minhas ocupações principais – no plano profissional e acadêmico – e que se refletem em meus trabalhos mais “sérios” – geralmente coletados em meu site pessoal, www.pralmeida.org, salvo copyright de algum editor comercial – mas ainda assim material sério de informação e alguma coisa para divertir, no meio de tanta tragédia e misérias humanas.
Como disse, leio muito – praticamente todos os grandes jornais diários de maior importância internacional, as principais revistas, e dezenas de outros sites, blogs e arquivos que, remetidos por entidades ou correspondentes pessoais, ocorrem de cair sob a minha lupa implacável – e procuro socializar minhas leituras mais interessantes (algum besteirol também, que ninguém é de ferro) com meus leitores e passantes ocasionais. O resultado deve ser satisfatório, pois o número de “assinantes” deste serviço não pago (mas que me dá muito trabalho) tem aumentado regularmente. Amigos já me recomendaram deixar tudo isto de lado, para me concentrar no que é essencial: terminar dois ou três livros de pesquisa que estão no meu pipeline há algum tempo, e fazer coisas mais sérias do que responder a aluninhos em busca de alguma “facilidade universitária”.
Talvez faça isso, no que certamente vou decepcionar alguns leitores, mas de fato preciso me concentrar no que é essencial, e naquilo que apenas eu poderia fazer, que é produzir trabalhos originais com a profundidade que meus estudos e pesquisas me permitem fazer, exclusivamente. Fazer blog, divulgar matérias de imprensa, precedidos, ou não, de comentários inteligentes, isso qualquer um pode fazer, o que me leva às recomendações smithnianas sobre a divisão social do trabalho: eu deveria me concentrar naquilo que apenas eu posso fazer, usando todas as minhas vantagens absolutas e relativas, estas ricardianas...
Que seja!

Em todo caso, gostaria de desejar boa Páscoa a todos os meus leitores – uma oportunidade para se empanturrar de chocolate e para mergulhar em mais leituras e escritos – e dizer que vou tentar moderar minha frequência neste espaço, para liberar mais tempo para coisas um pouco mais profundas e que exigem maior dedicação e empenho redacional.
Quero agradecer a todos e a cada um pela confiança demonstrada – que se revela nos comentários publicados – e dizer-lhes que tentarei cumprir meus objetivos de vida, sempre de forma honesta e dedicada: ler com paixão, escrever com reflexão, viver a vida com emoção, sempre distribuindo o que temos de melhor a oferecer aos que nos cercam e um pouco a todos os demais membros da imensa família humana. O mundo ainda é o que é, e que todos reconhecemos não ser o ideal – muito menos o Brasil – mas já melhoramos bastante em relação a um passado não muito distante (a geração de meus pais e avós, por exemplo, atravessou duas guerras devastadoras, e outras catástrofes “magníficas”), e esperamos melhorar ainda mais nos anos à frente.
Espero continuar dando minha contribuição para esses pequenos progressos da humanidade em direção a melhores materiais e elevação espiritual.
Vale.

Paulo Roberto de Almeida
(Brasília, 22 de abril de 2011)


Cartas anteriores:

2194. “Aos leitores deste blog Diplomatizzando”, Shanghai, 28 setembro 2010, 2 p. Conversa com os seguidores do blog, e seus leitores eventuais, em torno do espírito do blog, seus objetivos e as responsabilidades e princípios do autor. Postado no blog (link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2010/09/aos-leitores-deste-blog-conversa-tete.html).

2209. “Segunda carta aos leitores do blog Diplomatizzando”, Kyoto, 22 outubro 2010, 2 p. Continuidade do trabalho 2194, sob a forma de diálogo com os seguidores e leitores do blog, discutindo as reações de alguns comentaristas. Postado no blog (link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2010/10/segunda-carta-aos-leitores-do-blog.html).