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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Nao era para "reformar a governanca mundial"?, Bretton Woods inclusive?

Estamos perplexos, todos os brasileiros que, nos últimos anos, ou décadas, ouvimos falar que era preciso reformar as velhas estruturas da governança mundial, em especial as instituições econômicas, com destaque, obviamente, para as duas instituições de Bretton Woods, o FMI e o Banco Mundial.
Durante anos, o PT, seus economistas e apoiadores gramscianos nos diziam que era preciso abrir para os emergentes em ascensão e redistribuir as rédeas do poder econômico mundial.
E não é que quando surge a oportunidade de fazê-lo, no FMI, o Brasil, pela boca autorizada do ministro da Fazenda, o governador do Brasil junto aos dois órgãos, escolhe justamente a candidata da continuidade, a francesa Christine Lagarde, cujo adversário era o diretor do Banco Central do México, Agustín Carstens?

Como é possível?
Se são justamente os países europeus que estão bloqueando o processo de reformas no FMI, evitando redistribuir poder de voto dos pequenos europeus (que têm uma representação completamente desproporcional à sua importância econômica real), como evitar esta oportundidade raríssimo de mudar as regras do jogo?

Segundo leio na imprensa, o Brasil optou por apoiar Lagarde:
"Em cima da hora, terça-feira, dia 28, o ministro brasileiro da Fazenda, Guido Mantega, formalizava publicamente o apoio à ministra francesa em detrimento do candidato mexicano. Mantega justificou o apoio com o compromisso assumido por Lagarde de dar continuidade a reformas de fundo no FMI, envolvendo o reforço da participação dos países emergentes. A eleição da francesa foi comemorada em Brasília."

Vocês entenderam alguma coisa?
Comemoraram a vitória de uma francesa contra um mexicano?
Como? Por quê? Qual a razão? Quais os motivos?
Então, não vamos mais mudar nada na governança mundial?

O ministro da Fazenda deve explicações mais amplas, que se ajustem à lógica formal e se coadunem com o interesse nacional...
Paulo Roberto de Almeida

3 comentários:

Anônimo disse...

A resposta é bem óbvia... É só pensar um pouquinho....
Todo mundo sabe que as relações do Brasil com o México não é das mais calorosas... Todo mundo sabe que o México não apóia a maioria das iniciativas internacionais do Brasil (cadeira permanente no CSONU).... Todo mundo sabe que o México é o único país capaz de rivalizar com o Brasil na América Latina, e assim o faz.... Todo mundo sabe que o México não costuma apoiar candidatos a cargos internacionais brasileiros (vide a eleição do José Graziano, na qual os mexicanos nem sequer sentavam para discutir tal apoio com o Brasil)... Todo mundo sabe que tal candidato mexicano vem de uma escola neoliberal (leia-se, já falida) e aplicou tal ortodoxia quando possui cargo de tomada de decisões no México... Até onde eu sei, nem os países mais radicais na cena internacional, os ditos bolivarianos, Venezuela, Cuba, etc., não apoiaram esse candidato mexicano, ou seja, por suas credenciais ortodoxas, ele não representaria essa reforma do FMI... Não basta que seja um candidato oriundo de país em desenvolvimento, mas tem que ser um candidato comprometido com mudanças.... Seria hilário, em pleno 2011, século XXI, um neoliberal comandando o FMI... Tal ortodoxia só se mantem viva em alguns recantos obscuros da internet, pois no próprio FMI e nas universidades americanas (aonde fora gestado) já foi deixado de lado....

Paulo Roberto de Almeida disse...

Pois é, sabemos que a francesa é totalmente contraria ao capitalismo financeiro monopolista, pretende libertar o FMI da dominação americana e está comprometida totalmente com a redução da sobre-representacao europeia no FMI e com uma agenda anti-neoliberal.
Ufa, ainda bem...
Marchons, marchons...
Paulo Roberto de Almeida

Anônimo disse...

Na realidade, a Republica Bolivariana da Venezuela apoiou o candidato mexicano.

O Brasil, entretanto, apoiou a francesa. O motivo as vezes eh mais simples do que qualquer explicacao: Mantega eh notoriamente um retardado, frequentemente tratado como tal em foros internacionais por seus counterparts latino-americanos, e provavelmente deve ter birra pessoal com o mexicano por causa disso.