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sexta-feira, 15 de julho de 2011

Brasileiras e brasileiros: o segundo pronunciamento à Nação (furo inedito)

Brasileiras e brasileiros: meu segundo pronunciamento à Nação (numa hora grave)
Rascunho para pronunciamento em rede nacional
(sob revisão da própria)

(Explicação)
Estamos em condições de novamente antecipar, como já o fizemos anteriormente, teor de pronunciamento à Nação que a presidente pretende fazer a qualquer momento, tendo em vista os graves desenvolvimentos recentes ocorridos no plano do governo federal, em suas relações com a administração pública e com o Congresso Nacional. Com efeito, por ocasião do primeiro pronunciamento público da presidente – também captado pelas nossas redes de informação, como revelado nestes links: http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/12375/6547 e http://www.viapolitica.com.br/noticia_view.php?id_noticia=409 – o tema era o da construção de um governo íntegro, eficiente e capaz de conduzir o Brasil por caminhos nunca antes tentados na história deste país, qual seja, o da moralidade na coisa pública e a mais perfeita retidão na condução dos negócios do Estado. Como acontecimentos recentes podem ter dado a impressão de que não se estava conseguindo trilhar esse caminho, a presidente resolver manifestar-se diretamente à Nação, através da qual ela também fala ao Congresso Nacional, aos partidos políticos e a todos os cidadãos de bem. O que segue abaixo, portanto, é uma versão inédita, ainda não pronunciada, de importante manifestação pública da principal autoridade política do país, e que pode sofrer pequenos ajustes no momento da gravação e alocução em rede nacional.

Brasileiras e brasileiros,
Resolvi dirigir-me novamente a vocês, depois do primeiro pronunciamento público feito no começo do meu governo, como uma forma de prestar-lhes contas do que venho fazendo, falar-lhes dos problemas que venho enfrentando, mas também para pedir o apoio de todos vocês, simples cidadãos, meus eleitores ou não, nesta hora grave que o país atravessa. Vou ser clara, direta e não pretendo esconder de ninguém, sobretudo daqueles diretamente envolvidos, a gravidade do momento que estamos vivendo.
Todos vocês sabem que no meu discurso de posse eu tinha prometido não ser, jamais, tolerante com a corrupção e com o desmazelo no trato da coisa pública. Pois bem, quero retomar esse mesmo tema para anunciar-lhes algumas decisões importantes que pretendo tomar e para as quais vou precisar da solidariedade de todos vocês, simples eleitores, homens e mulheres do povo, quer tenham votado em mim, ou não, quer partilhem de minha filosofia de governo ou não. Não se trata mais, agora, de um governo, mas sim da sobrevivência da Nação, enquanto entidade digna, respeitada, de uma comunidade da qual possamos nos orgulhar e não sentir vergonha como hoje sentimos, em função do acúmulo de tantos e tão repetidos gestos de corrupção que ocorrem continuamente em várias esferas do Estado e que parecem contaminar também o meu governo.
Não quero ser a presidente que vai assistir ao desenrolar de mais um “mar de lama”, como já se referiu ao cenário nacional de sua época um presidente que acabou se suicidando para não ter de conviver com a sujeira que se estendia em diversos poros do Estado e que já estava alcançando o palácio do governo. Vocês sabem que eu me refiro ao presidente Getúlio Vargas. Muito embora eu não queira me comparar a esse grande estadista – mas que também teve sua fase de ditador – eu preciso, sim, demarcar agora o terreno que separa um governo limpo do mar de lama que ameaça se espalhar por vários órgãos do Estado. Ninguém está cogitando, é óbvio, uma solução do tipo da de Getúlio Vargas para os problemas atuais do governo, nem vou pedir que alguém se suicide, mas em alguns momentos é preciso tomar medidas tão drásticas quanto, e é sobre isto, justamente, que eu quero agora lhes falar.
Todos vocês já sabem, por acompanharem os eventos, que eu tive de me desfazer de dois ministros – e trocar outros dois – por causa de assuntos que estavam ligados a denúncias de corrupção. Mesmo que devamos dar todo o direito de defesa a todo e qualquer cidadão acusado de algo que possa parece obscuro e mal explicado aos olhos do público, meu dever, como responsável política última por tudo o que se refere à administração federal, é o de manter a lisura e a correção na condução dos assuntos do Estado, de maneira a preservar a mais absoluta transparência na alta cúpula do governo.
Pois bem, quero anunciar a vocês, solenemente, que não tolerarei, de forma alguma, qualquer desvio de conduta em meu governo, e que pretendo, a partir de agora, reformular toda a administração, tendo por base não só a competência técnica e a preparação individual, mas, sobretudo, o critério da conduta ilibada e da mais absoluta probidade na carreira. Esta é uma decisão minha, só minha, mas vou precisar do apoio de todos vocês para implementar as duras medidas que sou obrigada a adotar nesta conjuntura.

Pois bem, meus caros concidadãos,
Como vocês vêm acompanhando nas últimas semanas, diferentes personagens políticos, do meu governo e do Congresso, se envolveram em atos reprováveis, sob qualquer ponto de vista: licitações viciadas, compras governamentais dirigidas, obras superfaturadas, revisão de contratos com aumentos abusivos de preços, roubo puro e simples de recursos públicos, sob o manto de “problemas administrativos”, ou simples “ajustes nos editais”. O TCU, a Polícia Federal e, mais do que tudo, a imprensa livre, não aquela que também se locupleta de verbas públicas, vem denunciando inúmeros caso, com fartas evidências documentais quanto ao mar de lama em que se transformou a administração do Estado no Brasil. Isso não é mais possível de tolerar, e eu não pretendo tolerar. Mesmo que tenhamos de deixar a última palavra à Justiça, a primeira palavra quando o assunto toca o governo é minha, e eu não quero mais suportar desconfianças e acusações contra funcionários e servidores que deveriam ser da minha mais total confiança.
Assim, ao menor sinal de incorreção e mesmo de dúvidas sobre a conduta deste ou daquele servidor, pode ser um ministro ou o mais humilde funcionário, vou determinar o afastamento dos envolvidos até o completo esclarecimento da questão. Não vou mais passar a mão na cabeça de ninguém, como muitas vezes ocorreu neste país. Agora não mais. Isso tem de terminar.
E vou começar reformulando todo o governo, da maneira mais radical que vocês já viram acontecer no Brasil. Como eu aprendi que não adianta colocar cadeado em porta arrombada, e também que, onde existe dinheiro público sempre vai ter um espertinho para querer dele se apossar, minha proposta é muito simples: reduzir radicalmente todos os condutos por onde passa o dinheiro público, o que começa, obviamente, pelo enxugamento significativo da máquina pública. Pois se é dela que saem as malversações, e que não se consegue combatê-las aumentando a fiscalização – pois a experiência demonstrou que tudo pode ser burlado, e mesmo a fiscalização corrompida – minha decisão vai no sentido de simplesmente cortar o mal pela raiz. A partir de agora, a palavra de ordem é reduzir tudo o que pode ser reduzido no Estado, e devolver o dinheiro aos cidadãos para que eles mesmos possam decidir como gastar o dinheiro que é deles.

Pensem bem, brasileiros e brasileiros,
O Estado no Brasil arranca cada ano, do bolso de vocês e do caixa das empresas, quase a metade do que vocês ganham ou do que as empresas faturam, a pretexto de prestar serviços públicos de qualidade. A qualidade desses serviços, como vocês sabem, é uma piada, a começar por escolas, hospitais, estradas e portos federais; nem preciso aqui lembrar qualquer caso, pois vocês sabem do que estou falando. Agentes do Estado conseguem, inclusive, roubar os recursos adicionais de solidariedade que vocês entregam a eles para remediar as tragédias e infelicidades que se abatem sobre populações mais humildes, como ainda agora ocorreu com as inundações na região serrana do Rio. Isso é simplesmente intolerável, além de ser um crime.
Eu cheguei à conclusão, caros cidadãos, que o Estado no Brasil está falido, e que não conseguiremos consertá-lo rapidamente, não com o sistema político que temos hoje. Daí minha decisão de começar a enxugar radicalmente a máquina do Estado e de começar a devolver o dinheiro que o Estado rouba, literalmente, de vocês, para gastar com o próprio Estado.
Sei que ao anunciar estas decisões, estou provocando a oposição, até a ira, de interesse poderosos, encastelados na própria máquina do Estado, no Executivo, no Congresso e talvez até no Judiciário. Vozes vão se levantar contra as minhas medidas e o coro dos descontentes, dos que sempre se aproveitaram do Estado, vai aumentar, até se tornar ensurdecedor. Vou precisar da ajuda de vocês nesta tarefa moralizadora e restauradora do verdadeiro sentido do Estado. Este só vai fazer aquilo que não puder ser feito diretamente pela cidadania, com regras de concorrência transparente, de oferta de serviços ao melhor preço, e vocês vão ter dinheiro para pagar por esses serviços, pois o Estado vai deixar de extorquir indevidamente os seus recursos. Eu quero que vocês assumam a responsabilidade pelas suas vidas, não que esperem que o Estado sempre atenda a tudo e a todos como se ele fosse um criador de riquezas, quando ele não é.

Não se iludam, brasileiras e brasileiros,
Não existe nada, repito e sublinho, NADA, que o Estado possa fazer, sem que antes ele tenha tirado os recursos de algum lugar, pois o Estado não cria nenhuma riqueza, ele simplesmente não produz renda do nada. Tudo o que ele faz é com a renda e a riqueza que vocês, e as empresas nas quais vocês trabalham, produziram, com o seu esforço, com o seu empenho, com a sua dedicação.
Pois eu quero agora dar um destino melhor ao dinheiro de vocês, evitando que ele se perca nos desvãos da burocracia estatal e acabe parando nos bolsos e nas contas bancárias de meliantes que vivem sugando o Estado, que vivem se locupletando do Estado, que vivem pedindo cargos públicos para melhor se apossarem desses recursos.
Isso tem de acabar meus caros concidadãos, e tem de acabar agora.
Mas eu só vou conseguir com a ajuda de vocês, com o apoio de cada um e de cada uma às medidas que vou anunciar prontamente. Conto com vocês, povo trabalhador, para mudar o Brasil para melhor, pois vocês são o que de melhor o Brasil já produziu como gente valorosa.
Vamos conseguir. Muito obrigado.
Boa noite a todos.

Com a ajuda eventual de Paulo Roberto de Almeida
(para algumas ideias mais corajosas...)
Brasília, 12 julho 2011.

2 comentários:

Gustavo Lourenço disse...

Será veiculado este pronunciamento?
Se sim, quando?

Paulo Roberto de Almeida disse...

Gustavo Lourenço,
Não sei lhe dizer, sinceramente, quando a presidente vai pronunciar um discurso desse tipo.
Na verdade, nem sei SE a presidente faria algo do gênero. Deveria combinar, em princípio, com uma administração que prometeu moralidade, intolerância com a corrupção e eficiência.
Mas não sei se o discurso de posse dela era para valer ou se era só para impressionar todo mundo.
Pode ser que ela não queira, simplesmente, comprar briga com o Congresso, com sua base de apoio em várias esferas da administração (falida e corrupta, como se revela em inúmeros casos) e sobretudo com esses partidecos e partidões que vivem buscando cargos públicos justamente para isso, para simplesmente desviar dinheiro para as máquinas partidárias, quando não para os mais espertos dentro desses partidos.
Não confio em que isso venha a ocorrer, pois seria uma briga muito grande.
Acho que tudo vai continuar como sempre foi: ou seja, a roubalheira vai continuar, se não aumentar.
Portanto, não confie muito em que esse discurso, ou um outro nessa linha seja jamais lido e sequer aplicado...
Paulo Roberto de Almeida