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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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sábado, 27 de agosto de 2011

Democracia no Brasil: pelo voto distrital - Felipe Salto e José Emydio de Carvalho Neto

Não me considero especialista em legislação eleitoral e partidária. Mas sei avaliar muito bem onde estão meus interesses políticos, como cidadãos. Eles geralmente vão num sentido contrário ao que pretendem os políticos profissionais, em especial os de certo partido, interessado em monopolizar as alavancas do poder no Brasil, e manter seus privilégios exorbitantes.
Por isso partilho destas opiniões e destas posições em favor do voto distrital no Brasil.
Paulo Roberto de Almeida

Pelo voto distrital no Brasil
Felipe Salto e José Emydio de Carvalho Neto
Folha de S.Paulo, 27/08/2011

Somos contrários à proposta de reforma do sistema eleitoral do deputado Henrique Fontana (PT-RS), pois, se aprovada, pioraria os já conhecidos problemas de nosso sistema eleitoral. Segundo a proposta, o eleitor votaria duas vezes.

O primeiro voto seria computado como hoje; no segundo voto, em lista, o eleitor perderia o direito de eleger diretamente seus candidatos. Mas quem escolheria essa lista? Os caciques dos partidos.
A proposta não parece ser produto de estudos de sistemas eleitorais, mas de uma tentativa de acomodação de interesses.

Nossa proposta é bastante distinta e com objetivos bem claros.
Vemos no voto distrital uma poderosa ferramenta para reduzir o custo das campanhas eleitorais e motivar uma maior fiscalização por parte do eleitor sobre o trabalho do político. A sociedade tem se mostrado propensa a esse debate. Tal propensão ao “novo”, como temos chamado, é o que se vê no movimento #EuVotoDistrital.

O sistema eleitoral proporcional, que é o atualmente empregado no Brasil, permite que votemos em candidatos a deputados federal, estadual e a vereador, mas também em suas legendas, se desejarmos.

Extremamente confusa, a mudança para proporcional misto só pioraria um sistema em que já é difícil entender como nosso voto contribui para eleger representantes.

Com o voto distrital, seria fácil entender os caminhos do voto, e o custo de acompanhar o processo eleitoral, pela facilidade do sistema (o mais votado em dois turnos ganha no distrito), seria bem menor.
Na prática, o eleitor precisaria acompanhar apenas um representante. Também o eleito teria incentivos para lutar pelas demandas do distrito, aproximando representante e representado.

Pelo lado dos custos das campanhas, os candidatos não teriam que percorrer todo o Estado, mas apenas uma região muito menor (o distrito), de modo que a demanda por financiamento cairia, segundo alguns estudos, de 50% a 70%.

Como funcionaria o sistema distrital (ou majoritário)? O país todo seria dividido em distritos -áreas com limitações geográficas parecidas e número similar de eleitores - de acordo com o número atual de deputados a que cada Estado tem direito. São Paulo, por exemplo, continuaria a eleger 70 representantes para a Câmara (70 distritos, sendo um por distrito).

Aliás, estamos às vésperas das eleições municipais. Por que não alterar nosso sistema eleitoral para a escolha dos próximos vereadores? Funcionaria como no caso dos deputados federais. Isto é, o eleitor escolheria seu representante distrital como se fosse o vereador do bairro (ou regiões que englobariam alguns bairros).

A sociedade quer e busca a mudança. Ela se organiza para isso. Diretas-Já, Ficha Limpa e tantos outros exemplos. Resta-nos potencializar a força que emana desse novo poder, dessa força pela mudança e pela Política (com “P” maiúsculo).

Eis a inflexão que queremos ver na política nacional -fruto de uma nova postura, que é a expressão do desejo de construir um país melhor.

É essa a causa que guarda e defende o movimento livre, apartidário, que surgiu da sociedade civil e que nesse momento angaria assinaturas - o #EuVotoDistrital (www.euvotodistrital.org.br).

Milhares de cidadãos de todos os Estados do Brasil já se apresentaram para essa mudança. Agora, buscamos seu apoio para que o Congresso seja compelido a realizar a verdadeira reforma política e, acima de tudo, para que façamos da nova política que queremos ver a próxima grande mudança liderada pela sociedade em benefício da democracia no Brasil!

Historia da Uniao Sovietica: uma serie de 39 videos...

A série é na verdade uma série de documentários apoiados em atos internacionais, filmes de época e algumas entrevistas com historiadores e cronistas contemporâneos dos fatos, ou seja, testemunhos vivos de quem sofreu ou conheceu a realidade diretamente.
A produção é de um grupo político: Union for Europe, do grupo parlamentar Nations Political Group do Parlamento Europeu.
Não é preciso dizer que toda a orientação é anti-comunista, mas os fatos históricos e a documentação apresentação são inegáveis e impossíveis de serem contornados ou negados.
Uma das características é a aproximação entre o sistema soviético e o regime nazista-hitlerista.
Mesmo vendo apenas alguns, vale a pena empenhar um pouco do seu tempo com estes vídeos.

Este é o primeiro da série:
http://www.youtube.com/watch?v=ewY_k-jFlvk&feature=mfu_in_order&list=UL
2) http://www.youtube.com/watch?v=yKUxU4qcXPs&feature=mfu_in_order&list=UL
3) http://www.youtube.com/watch?v=h1BY1VvS7bo&feature=mfu_in_order&list=UL
(...)
7) http://www.youtube.com/watch?v=PKaRn8SDX4I&feature=related
8) http://www.youtube.com/watch?v=xp3E7DdqyLA&feature=related
9) http://www.youtube.com/watch?v=pzdyEXrJowg&NR=1

Existem 39 no total. Estarrecedor!

Antonio Barros de Castro: uma homenagem a quem soube pensar...

Quando entrei no curso de Ciências Sociais da USP, em 1969, a matéria de Economia era dada, se não me engano, por Henrique Rattner, também da FGV, que me pareceu qualificado. O livro base, se também não me engano, era "Economia: uma introdução estruturalista" (corrijam-me os conhecedores), de Antonio Barros de Castro e João Paulo de Almeida Magalhães (preciso conferir, mas desculpem-me se incorro em erro). Acho que nunca adquiri o livro, por falta de dinheiro, mas emprestei de colega ou retirei de biblioteca. Lembro-me de ter gostado.
Mas na época eu me dedicava muito mais a política do que aos estudos: estava empenhado em derrubar o governo do regime militar e logo fui embora do país, para escapar das garras da ditadura, quando tudo isso revelou-se mais difícil do que o esperado.
Enfim, isso para dizer que há muito tempo sigo a carreira e o pensamento de Antonio Barros de Castro, o economista que morreu tragicamente em sua própria casa, no domingo passado, 21/08/2011.
Sem poder escrever sobre tudo e sobre todos, permito-me transcrever esta homenagem que o jornalista Fernando Dantas fez a ele, analisando seu pensamento, no seu blog do Estadão:
Paulo Roberto de Almeida

Castro, muito além do conflito ideológico
Fernando Dantas
Blog no Estadão, 25 de agosto de 2011 | 12h33

Minha coluna de ontem na AE-News da Broadcast.

Tive o privilégio e o prazer, ao longo dos últimos dez anos, de fazer uma série de longas entrevistas para o Estado de São Paulo com Antônio Barros de Castro, professor emérito da UFRJ e ex-presidente do BNDES (1992/1993), falecido de forma inesperada no último domingo. Na grande maioria dessas ocasiões, eu estava acompanhado de Suely Caldas, colunista do Estado, ex-diretora da sucursal do Rio do Grupo Estado e grande admiradora do trabalho de Castro.

Ontem (terça-feira), ainda sob o choque da notícia, puxei nos arquivos do jornal e reli todas aquelas entrevistas. E esse panorama retrospectivo só reforçou a minha visão positiva sobre o legado intelectual do professor, e me fez notar também o seu grande poder de antevisão.

O pensamento mais recente de Castro poderia ser resumido como o de alguém que considera a estabilidade macroeconômica e o choque de abertura da economia brasileira nos anos 90 condições necessárias, mas não suficientes para o desenvolvimento do País. Nas suas palavras, em entrevista de 2005: “Políticas macroeconômicas severas, particularmente na parte fiscal, são comuns tanto na Coreia e China quanto em países que vegetam décadas na estagnação, como Portugal de Salazar. Sempre fui a favor do rigor fiscal, e contra o ‘pau na máquina’. Mas isto só não basta.”

O economista achava que um dos complementos fundamentais era uma política industrial, mas a concebia de forma muito distinta da defendida pela grande maioria dos desenvolvimentistas.

Defensor do período Geisel, de intervenção pesada e montagem de um parque industrial de insumos básicos e bens de capital, Castro considerava que esta era uma etapa encerrada da estratégia industrial brasileira. A nova política, ele costumava dizer, não era para preencher lacunas, e não deveria reeditar o antigo enfoque setorial.

Já em dezembro de 2001, Castro dizia que o Brasil era um país “onde a cultura industrial encontra-se assimilada, disseminada, dominada”. Dessa forma, a nova política industrial não era mais “para criar empresas e levantar fábricas (embora ele ainda admitisse uma exceção para a eletrônica)”. Para ele, o novo foco era o de “estimular a criatividade, apoiar inovações, socializar riscos, promover parcerias – uma política mais fina e leve”. E, quando falava de inovação, o economista tinha uma conceituação ampla, que ia desde alta tecnologia até processos produtivos, design, marketing, desenvolvimento de marca, etc.

A sua nova visão de política industrial foi, aos poucos, mesclando-se a sua interpretação da emergência da China na economia global. Tanto num caso como no outro foram diagnósticos precoces, da primeira metade da década passada ou talvez até antes.

Em 2003, ele afirmava que “a visão setorial não capta o dinamismo econômico que o Estado deve incentivar; o que importa nesta nova realidade é ter projetos, processos e produtos inovadores, voltados ao mercado externo, que pela diferenciação alcancem o ‘preço-prêmio’, e escapem da brutal competição de custos de chineses, centro-americanos e vietnamitas”.

Efeito China
Em 2007, ele falava do “efeito China” em termos mais amplos, e com percepção clara da questão, hoje intensamente discutida, do crescimento puxado pelas commodities encarecidas pela demanda chinesa: “Há a pressão competitiva sobre as economias maduras, que transferem suas unidades industriais menos sofisticadas para a China, e a aceleração do crescimento de países bem dotados de recursos naturais. Isto explica por que tantos países, incluindo África e América Latina, estão tendo desempenho tão bom. É o crescimento no vácuo da China, com sua demanda explosiva por commodities básicas”.

Nessa mesma entrevista, Castro demonstrava preocupação com a doença holandesa, definida por ele como a situação na qual “o câmbio valorizado, provocado pelo boom de exportações ligadas aos recursos naturais, reduz ou anula os retornos dos segmentos não beneficiados pelo mesmo efeito”. A sua resposta ao problema, porém, não era a da defesa e da proteção, mas sim “partir do impulso da China e ir muito além dele”.

Assim, uma das saídas era a de “dar mais complexidade às atividades voltadas aos recursos naturais, criando um sistema de desenvolvimento de tecnologias em torno da exploração daqueles produtos primários”. O problema, evidentemente, era como fazê-lo.

Em 2006, com Lei da Inovação recém-regulamentada, Castro dizia que “o Brasil está constituindo um sistema nacional de inovação, que ainda está pouco articulado, mas aponta na direção correta”. Em maio de 2009, na sua última longa entrevista ao Estado, o professor explicava de forma mais detalhada o que tinha em mente: “O Estado brasileiro está bem equipado, mas é preciso entender que a sua função não é atender a demandas de empresas, mas induzir cooperações. O Estado não deve ser um balcão. Ele está sendo muito demandado pelas empresas, mas são demandas essencialmente de defesa, de proteção, mesmo que razoáveis”.

Não que o economista tivesse renunciado totalmente à ideia de proteção. Em 2006, ele alertava que “se partirmos para importar maciçamente o mais barato, vamos desfazer as cadeias locais, e o País tem um sistema industrial que não deveria ser desmontado”.

Feita essa ressalva, porém, fica claro na entrevista de 2009 que a essência da sua estratégia não era a defesa, mas sim olhar para frente: “Cabe aos poderes públicos ajudar a encaminhar soluções não para a sustentação do passado, mas sim para o futuro, levando em conta que, na flexibilidade tecnológica atual, é absolutamente impossível explorar todas as possibilidades – a seletividade é o xis da questão.” Assim, continuava, “no médio e longo prazos, a verdadeira proteção vem do avanço”.

Governo Lula: entusiasmo e críticas
A estratégia brasileira no mundo “chinocêntrico”, como costumava dizer, variava desde a exploração de produtos econômicos, mas de qualidade, para as classes populares ascendentes até “a pletora de oportunidades com que se defrontam as nossas empresas – o etanol ou, melhor dizendo, o canavial como coletor de energia solar; a tecnologia da informação; o software brasileiro; o núcleo eletromecânico; e muitas outras”.

Aliás, no quesito classes populares, vale um parêntese. Em entrevista de 2001, com formidável poder premonitório, Castro já afirmava que “o Brasil está a meio caminho da revolução de consumo das massas; em cada arranco da economia, aflora este mercadão ávido, moderno”.

O economista ficou muito entusiasmado com a eleição de Lula, pelo que percebeu como uma mistura de responsabilidade e prudência macroeconômica com uma “face agregadora insuspeitada”. Para ele, “Lula parece se encaixar muito bem neste novo padrão, no qual o Estado é um apoiador, difusor de informações, provocador, animador e, eventualmente, socializador de riscos”.

Ao longo do governo Lula, porém, o seu espírito crítico aguçado viria a prevalecer em diversas ocasiões. Em 2005, criticou o que via como a suposição “alojada no âmago da política econômica brasileira” de que o potencial de crescimento era de apenas 3% a 3,5%. Para ele, essa perspectiva de expansão era alcançada com “retoques, racionalizações, aprendizado e pequenos investimentos por parte das empresas”, mas não as levava a investir em novas fábricas. A crítica, evidentemente, era à política monetária, que Castro via como excessivamente conservadora naquele momento.

O tempo provou que ele estava correto no que diz respeito ao potencial de crescimento, que hoje é estimado em pelo menos 4% pela maioria dos economistas.

Aliás, desde a primeira das nossas entrevistas com Castro, em 2001, ele apostava na capacidade de crescimento mais veloz da economia brasileira. Embora tenha errado no varejo ao prever em dezembro de 2001 que o País superara a fase de “stop and go”, já que ainda haveria a derradeira e pior crise provocada pelo pânico eleitoral de 2002, Castro acertou no atacado ao prever que os “voos de galinha” estavam no fim.

Desafio do pré-sal
Mas a maior divergência do economista em relação aos governos petistas se deu justamente na sua principal área de interesse, a política industrial. Castro, que via méritos na política atual de inovação e tecnologia, conduziu essa discordância da forma discreta e elegante que lhe era característica. Manteve laços diplomáticos e de respeito mútuo com Luciano Coutinho, presidente do BNDES, que se tornou o principal mentor da política industrial a partir de 2007. Castro, inclusive, foi diretor de planejamento do BNDES entre 2005 e 2007, e assessor sênior posteriormente.

Para os que o conheciam, porém, estava claro que a política industrial de financiamento maciço a grandes grupos de setores tradicionais não era o que Castro tinha em mente. Com o advento do pré-sal, um tema que, junto com a China, dominou sua reflexão nos últimos anos, essa diferenciação tornou-se mais clara.

Na entrevista de 2009, o economista não poderia ter sido mais explícito ao criticar alguns dos objetivos complementares perseguidos pelo governo no âmbito da exploração do pré-sal: “Se formos meramente fazer estaleiros, produzindo com projetos e máquinas em grande parte importados, ou refinarias, que são um negócio quase fechado, e que já sabemos fazer (…) teremos, sim, problemas de sobrevalorização cambial, (…) tributários e fiscais”. Castro, na verdade, associava estas alternativas a um ritmo mais rápido de exploração do pré-sal, ditado pela demanda externa.

A sua preferência era a de “buscar os avanços que geram mais futuro, mais conectividade, no sentido de que vão espraiar efeitos positivos”. Neste caso, “o ritmo (de exploração do pré-sal) tem de ser encontrado em função de todas as oportunidades, acertando-se o passo com o conjunto de outras transformações simultâneas da economia”.

Ele citou, como exemplo de oportunidades do pré-sal, novos materiais (aços especiais), automação, software, motores, helicópteros e projetos de engenharia. Mas, para o economista, “tudo isso tem aprendizado, toma tempo. Então uma coisa é produzir 70 bilhões de barris suavemente distribuídos ao longo de 30 anos, outra coisa é ter um pico, uma explosão aí por 2020, e depois um abrupto declínio a partir de 2025″.

O legado da originalidade
As considerações sobre o pré-sal revelam o pensamento de Castro no que ele tem de mais vigoroso e original, que é sair dos debates e dicotomias do curto prazo – que, contudo, nunca desprezou – e olhar para horizontes estratégicos muito longos. A esse largo horizonte histórico o economista, no entanto, mesclava o seu intenso interesse pelo dia a dia do chão de fábrica, alimentado por visitas constantes a indústrias e empresas em geral.

Castro era um economista que não conseguia pensar sem referências permanentes à economia real, como fica claro nas dezenas de citações, ao longo das entrevistas, a empresas como Embraer, Natura, Azaleia, Weg, Gerdau, Coteminas, Marcopolo e Aracruz, para ficar apenas em alguns nomes mais conhecidos.

Com um pensamento em permanente evolução, muitas vezes ele tinha a iniciativa de oferecer uma entrevista, quando entendia que tinha algo novo a dizer. E, por outro lado, rendia pouco quando o procurávamos para que, desprevenido, opinasse sobre um tema qualquer. Nessas ocasiões, chegava a pedir tempo para pesquisar e pensar. Como exemplo de originalidade, profundidade e capacidade de constante reavaliação das próprias ideias, Antônio Barros de Castro fará muita falta no debate econômico brasileiro.

Conspiradores, acalmai-vos, voces tem razao: conspiracoes existem...

Teorias de Conspiração são Naturais
Douglas T. Kenrick
Psychology Today, 16 de agosto de 2011
(tradução cortesia de André Rabelo)

Que tipo de pessoa teria tão pouca confiança em seus companheiros para acreditar que o presidente dos E.U.A e a CIA conspiraram para forjar a morte de Osama Bin Laden, ou que a imprensa é rigidamente controlada por um grupo poderoso de extremistas ricos? Se você examinar a literatura em psicologia sobre a crença em teorias da conspiração, ou leu comentários políticos sobre o tópico, vai ouvir falar muito sobre paranóia, alienação eanomia. Você vai aprender que pessoas que acreditam em uma teoria da conspiração bizarra também são propensas a acreditar em outras (está tudo conectado com os illuminatie os assassinatos dos Kennedy, afinal de contas). Você descobrirá que crenças em conspirações têm sido relacionadas com ser pobre, ser membro de uma minoria oprimida, ter a sensação generalizada de que a vida é controlada por fatores externos e outras circunstâncias lamentáveis.

Mas existe outra perspectiva que decorre do pensamento sobre a história evolutiva de nossa espécie: o cérebro humano foi moldado para teorias da conspiração. Nesta perspectiva, somos todos teóricos da conspiração – você, eu e sua tia Ginger de Iowa.

Vamos desconsiderar os detalhes da teoria de conspiração excêntrica du jour, e considerar isso: Algumas alegadas conspirações se mostraram posteriormente bem reais – a Al Qaeda, a CIA, a KGB e a Máfia envolveram pessoas reais se juntando para planejar ações reais e nefastas. Só porque você é paranóico não significa que eles não estejam atrás de você. Teóricos evolucionistas como Robert Trivers e Bill von Hippel observaram: um aspecto ruim da comunicação é que ela abre as portas para o engano (Isso é uma deliciosa minhoca ou uma armadilha de pescador para peixes? O pássaro está realmente machucado ou fingindo?). Seres humanos são comunicadores especialmente talentosos e ótimos enganadores também. Pesquisadores que estudam a psicologia da mentira descobriram não apenas que a pessoa comum mente sobre alguma coisa todos os dias, mas também que não nos saímos muito melhor que o mero acaso ao distinguir uma afirmação verdadeira de uma mentira deliberada.

Nossos ancestrais tinham que se preocupar com conspirações de membros de seu próprio grupo, bem como conspirações de membros de outros grupos (que tinham ainda menos o que perder e mais a ganhar ao prejudicá-los). Psicólogos evolucionistas como Pascal Boyere Ara Norenzayan têm notado que o cérebro humano possui mecanismos poderosos para buscar causas complexas e escondidas. A popularidade de Sherlock Holmes, James Bond e Harry Potter se deve em grande parte aos talentos de seus autores para exercitar estes mecanismos causais em seus leitores.

E como os psicólogos evolucionistas Randy Nesse e Martie Haselton têm argumentado, a mente é moldada como um detector de fumaça, pronta para acionar o alerta vermelho a qualquer possível sinal de ameaça no ambiente (ao invés de esperar até que a evidência seja tão esmagadora que seja muito tarde para apagar o fogo). Uma vez que tenhamos aceitado uma crença, possuímos uma série de mecanismos cognitivos projetados para nos enviesar contra a rejeição desta crença. Um dos meus estudos favoritos dessa natureza foi realizado pelos psicólogos de Stanford Charlie Lord, Lee Ross e Mark Lepper.

Eles apresentaram aos seus brilhantes alunos um cuidadoso balanço de evidências científicas a favor e contra os benefícios da pena de morte. Depois de ouvir as evidências balanceadas, os estudantes que favoreceram inicialmente a pena de morte estavam ainda mais convencidos de que estavam certos, enquanto os que eram contra se tornaram ainda mais convencidos na direção oposta. O que aconteceu foi que os estudantes se lembraram seletivamente das fraquezas no argumento do outro lado e dos pontos fortes das evidências favorecendo o seu próprio lado. Parece familiar? (e lembre-se, estes eram estudantes de Stanford, não membros de um grupo extremista entrincheirado ao redor de Two Dot, Montana).

E quanto à pesquisa que mostra que os indivíduos pertencentes a grupos oprimidos são mais propensos a crenças conspiratórias do que aqueles de nós lendo o New York Times em algum subúrbio de classe média-alta? Esses dados assinalam para outro aspecto da nossa psicologia evoluída – nossos cérebros amplificam o volume dos nossos sistemas de perigo quando estamos sob ameaça. Pesquisas de nossos laboratórios têm demonstrado que pessoas que estejam tenham despertado seu sentido de auto-proteção (depois de assistir um filme assustador) estão mais propensas a projetar raiva nas faces de homens desconhecidos de outros grupos, e as pesquisas de Mark Schaller e seus colaboradores demonstraram que estar em um quarto escuro amplifica tipos específicos de estereótipos (aqueles envolvendo a periculosidade de americanos árabes ou africanos). Na mesmo medida em que a vida envolve ameaças e perigos diários, é provável que estejamos atentos a sinais de perigo à espreita.

Ao afirmar que o cérebro humano é moldado para estar alerta a conspirações e que sempre houveram conspirações reais pelo mundo afora, estaria eu querendo dizer que não há nada que possamos fazer para evitar acreditar na próxima história que escutarmos sobre a conspiração envolvendo Obama, a AMA e a Igreja Católica Romana? Não. Charlie Lord e seus colaboradores demonstraram que estudantes de Stanford poderiam ser um pouco mais objetivos se perguntassem primeiro para si mesmos a simples questão: "Como eu me sentiria se essa mesma evidência corroborasse a conclusão exatamente oposta?".

O sociólogo de Rutgers Ted Goertzel tem estudado crenças em teorias conspiratórias por duas décadas, e ele tem alguns conselhos adicionais para aqueles que desejam "distinguir entre os excêntricos engraçados, os honestamente equivocados, os litigantes avarentos e os céticos sérios, questionando um consenso prematuro". Primeiro, procure pela "cascata lógica" – um raciocínio que exige que crentes incluam mais e mais pessoas na conspiração sempre que alguém relate evidências contra suas afirmações (arrá, eles fazem parte dela também!). Segundo, seja cético quanto a afirmações que exigem quantidades irreais de poder e controle por parte dos conspiradores.

Goertzel dá o exemplo da suposta conspiração para forjar o pouso na Lua, que teria demandado cumplicidade completa de milhares de cientistas e técnicos trabalhando no projeto, assim como toda a mídia cobrindo os eventos e até mesmo os cientistas em outros países (incluindo a Rússia) que acompanharam os eventos.

Mas é claro, é possível que a CIA tenha financiado este artigo e eu esteja dizendo tudo isso para despistá-lo.

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Douglas T. Kenrick é o autor de Sex, Murder, and the Meaning of Life: A psychologist investigates how evolution, cognition, and complexity are revolutionizing our view of human nature. O livro foi recentemente escolhido como uma seleção mensal pela Scientific American Book Club. Ele afirma não ter qualquer conexões com a illuminati.

Referências

Abalakina-Paap, M., Stephan, W. G., Craig,T., & Gregory, W. L. (1999). Beliefs inconspiracies. Political Psychology, 20,637–647.
Atran , S. , & Norenzayan , A. ( 2004 ). Religion’s evolutionary landscape: Counterintuition, commitment, compassion, communion . Behavioral and Brain Sciences, 27 , 713 –770.
Boyer, P. (2003). Religious thought and behavior as by-products of brain function. Trends in Cognitive Science, 7, 119-124.
Nesse, R. M. (2005). Evolutionary psychology and mental health. In D. Buss (Ed.), Handbook of evolutionary psychology (pp. 903–930). Hoboken, NJ: Wiley.
Haselton, M. G., & Nettle D. (2006). The paranoid optimist: An integrative evolutionary model of cognitive biases. Personality and social psychology Review, 10, 47–66.
Lord, C. G., Lepper, M. R., & Preston, E. (1984). Considering the opposite: A corrective strategy for social judgment. Journal of Personality and Social Psychology, 47, 1231–1243.
Lord, C. G., Ross, L., & Lepper, M. R. (1979). Biased assimilation and attitude polarization. Journal of Personality and Social Psychology, 37, 2098–2109.
Schaller, M., Park, J. H., & Mueller, A. (2003). Fear of the dark: Interactive effects of beliefs about danger and ambient darkness on ethnic stereotypes. Personality & Social Psychology Bulletin, 29, 637–649.
Goertzel, T. (2010). Conspiracy theories in science. EMBO reports, 11, 493-499.
von Hippel, W. & Trivers, R. (2011). The evolution and psychology of self- deception. Behavioral and Brain Sciences, 34, 1-16.

Stephen Jay Gould on “The Bell Curve”

Stephen Jay Gould on “The Bell Curve”
Abagond, Sat 10 Jul 2010

Disclaimer: I have not read “The Bell Curve” for myself. The following is based instead on Stephen Jay Gould’s take on it. As a professor of biology at Harvard he knows the science way better than I do – like some of the important stuff “The Bell Curve” left out. He wrote about it in the 1996 edition of “The Mismeasure of Man”.

“The Bell Curve” (1994) by Richard J Herrnstein and Charles Murray is suppose to give the science proving that blacks in America have less intelligence in general than whites – and always will because intelligence, as measured by IQ, is mostly inborn or genetic. Further, they say this lack of intelligence is why things like crime, unemployment and illegitimacy are so high among blacks – and why throwing tax money at them will make little difference. In short: warmed-over social Darwinism.

As it turns out, even if you go by their numbers, IQ is weakly correlated with illegitimacy and so on – the numbers match up badly. So badly, in fact, that when they draw the lines on their graphs to show the relationships, they leave out the dots, the scatter of data points the lines are based on!

Further, correlation is not cause. After all, there is a much stronger correlation between your age and the national debt and yet neither causes the other.

And even Herrnstein and Murray admit that IQ is only 60% genetic. So only somewhat over half of these weak correlations-which-are-not-even-causes have anything to do with the inborn intelligence of black people.

And it gets worse:

All this is based on only one set of data with the numbers worked a certain way. But there are other sets of numbers, which they overlook – but would not if they had a strong case. And there are other ways to work the numbers. In fact, you can even show that it is impossible to measure intelligence by a single number!

That is no small point: Their argument depends on expressing intelligence as a single number. Not all scientists agree you can. The authors admit as much but do not make it plain why anyone would say that, a point which would cast their whole book into doubt – and make it clear that there are other ways to read the numbers. By leaving this out you do not see how weak their case is.

Their argument also depends on assuming that IQ is largely genetic therefore unchangeable. Not true.

Just because something is genetic does not mean it is set in stone. Height seems to be even more genetic than intelligence yet it is heavily affected by what you eat growing up – as people from India who bring up their children in America discover.

The same with IQ: in some countries it has gone up more in the past 50 years than the difference between blacks and whites in America. There is even a name for it: the Flynn Effect.

Thomas Sowell on “The Bell Curve” - Abagond

Thomas Sowell on “The Bell Curve”
Abagond, Fri 3 Dec 2010

Thomas Sowell, an economist, scholar and black right-wing thinker, says that Herrnstein and Murray’s “The Bell Curve” (1994) was an honest, fair-minded and well-written book, one that was far more level-headed than many who disagreed with it. It is certainly nowhere near as extreme as many made it seem. It has its faults, but it raises important questions and needs to be taken seriously.

The part that got everyone upset, of course, was the part on IQ and race, even though it is a small part of the book. Black thinkers and “leaders” (those are Sowell’s air quotes) made two mistakes in how they reacted to the book:

Straw man arguments: They painted the book’s position as being more extreme than it was. The book never says that the difference between black and white IQs is necessarily genetic or that genetics determines intelligence. It leans in that direction, certainly, but the science is not clear-cut enough to go that far.
Name-calling and mud-slinging: By reacting more with anger than with substance, they made it seem like the substance lay mainly with Herrnstein and Murray.
Blacks mainly argued that IQ tests are too cultural – they are written by middle-class whites, so they do not work well on blacks.

Sowell disagrees:

Blacks do best on the more cultural parts, the very parts that do in fact assume middle-class vocabulary and experience, and worse on the parts that do not, like those that test reasoning.
Any functioning IQ test should give blacks a lower score. Because blacks generally do worse at school than whites. The tests should catch this and they do. As it turns out, the tests work all too well.
A “culture-free” test would be useless because no one lives in a “culture-free” world. IQ tests, to work properly, have to be written by the mainstream culture.
But “The Bell Curve” has holes of its own:

Correlation is not cause. There are plenty of correlations between IQ and interesting things like future success in school, future income, divorce, infant mortality, crime, etc. But none of it proves cause. Nor are some of these correlations particularly strong.
The Flynn Effect: IQs have risen by 10 to 15 points in many countries in the space of 30 years. For some, like Jewish Americans, it has risen even faster. Genetics cannot account for this. The book brings up the issue, but avoids drawing the common sense conclusions.
Herrnstein and Murray fear that overall IQ will drop because low-IQ women tend to have more children. That makes sense but it is dead wrong: the Flynn Effect more than cancels it out.
There are way more black women with IQs over 120 than black men. That cannot be genetic either. Among whites there is no difference. The book does not even touch this one.
Sowell says the book should not be accepted unquestioningly, but then neither should it be dismissed out of hand.

The Bell Curve as Wrong Science - Cavalli-Sforza

Cavalli-Sforza on “The Bell Curve”
bagond, Mon 7 Mar 2011

Luigi Luca Cavalli-Sforza, a Stanford geneticist, said in 1995 that “The Bell Curve” (1994) by Charles Murray and Harvard psychologist Richard J Herrnstein is wrong on the science.

Murray and Herrnstein said that IQ is about 60% genetic. That was the best value as of 1976. Since then several important papers, particularly Rice, Cloninger and Reich (1980), have come out showing that the true number is about 33%.

Cavalli-Sforza says that the best known way to to tell how much genes affect something like IQ is to do adoption studies and then run the numbers throughpath analysis. At first that did give a number close to 60%, but since 1980 it has been repeatedly turning out numbers close to 33%.

Cavalli-Sforza:

It is somewhat disconcerting that all these papers are totally ignored in “The Bell Curve”…. Researchers who might be called “IQ hereditarians” are in general reporting high heritabilities for IQ without any information on how these calculations have been obtained, or why the other papers here cited have been ignored. It is unlikely that they were not seen or read; they are published in well-known scientific journals.

But even if we assume that IQ is 60% genetic between parent and child,that still does not mean the difference between blacks and whites is mainly genetic.

Height, for example, seems to be much more genetic than IQ and yet people in Europe are much taller now than 200 years ago. Since there has been almost no change in the genes of Europeans in that time, the difference is pretty much 0% genetic. Despite height being highly genetic.

Murray and Herrnstein know this and admit this, yet they still say it is “likely” the difference in IQs between blacks and whites is mostly genetic.

Which is pretty strange when they themselves admit that SAT scores between blacks and whites have narrowed by 30% in the past 19 years. At that rate there will be almost no difference in 70 years. It is not as if they think the SAT is not a good rough measure of intelligence.

Cavalli-Sforza thinks almost none of the difference is genetic: both the American adoption study by Sandra Scarr and Barbara Tizard’s study of British orphans showed that when blacks and whites are brought up under the same circumstances the difference pretty much disappears.

He further points out that:

the charts are misleading,
correlation is not cause and that
the g factor is likely a statistical artefact.
He thinks IQ tests measure a small and rather uninteresting part of intelligence and that it is impossible to make one that is reasonably culture-free.

He also says that Murray and Herrnstein are racists. He is the first white author I have read who says that flat out. He says racism is:

the persuasion that some races are definitely better than others in some socially important ways, and that the difference is of genetic origin.

Murray and Herrnstein certainly think IQ is socially important, that whites have more of it and that it is mostly genetic. Therefore they are racists. Even though they talk as if racism has pretty much disappeared.

See also:
Cavalli-Sforza on race and racism
Anti-black racism as a guide to science
HBD
The Bell Curve
Thomas Sowell on “The Bell Curve”
Howard Gardner on “The Bell Curve”
Orlando Patterson on “The Bell Curve”
Stephen Jay Gould on “The Bell Curve”

Novo atentado a democracia: a roubalheira do PT - Eduardo Graeff

Apenas informação, o que não é proibido, ao que parece:

Um livro eletrônico: “A Corrupção de Sarney a Lula”
Reinaldo Azevedo, 26/08/2011

Está disponível em três formatos na Internet o livro eletrônico “A Corrupção de Sarney a Lula”, escrito por Eduardo Graeff. Ele é, sim, ligado ao PSDB, mas sua filiação partidária não o impede de pensar. Abaixo, reproduzo um trecho do livro e publico os endereços em que pode ser lido na íntegra.

(…)
O modo de operar [dos petistas] continua o mesmo. O que mudou com a conquista da Presidência da República foi a escala de operação. Antes o PT poderia ter acesso indireto e eventual a recursos federais por meio dos fundos de pensão em cuja diretoria tinham assento sindicalistas da Central Única dos Trabalhadores. A partir de 2003, os operadores do partido ganharam acesso direto e permanente ao orçamento da União e, principalmente, aos cofres dos bancos e empresas estatais, com as imensas oportunidades de manipulação política e enriquecimento pessoal daí decorrentes.

Para muitos desses operadores, poder e dinheiro parecem ter se tornado objetivos suficientes por si mesmo. Socialismo? Virou um rótulo esmaecido, que não assusta mais os amigos e clientes empresários nem banqueiros. Em vez disso, os quadros do PT que ainda sentem falta de uma causa mais nobre apresentam-se eventualmente como agentes de um arremedo de “via chinesa” de desenvolvimento para o Brasil: economia com forte intervenção estatal, só que mais aberta para o exterior; comando centralizado burocrático com pendores autoritários, só que mais permeável às aspirações populares em geral e dos trabalhadores e funcionários sindicalizados em especial. Até agora, os resultados dessa versão globalizada do velho capitalismo de estado brasileiro estão longe de ser brilhantes, seja em termos de crescimento, seja de inclusão social. Mas alguma visão “estratégica” deve parecer-lhes melhor que nada para justificar o patrocínio de interesses privados com dinheiro público na escala praticada pelo governo Lula.
(…)

É possível baixar o arquivo em três formatos:
PDF (para imprimir): http://db.tt/uaM3YHy
EPUB (para iPad): http://db.tt/CXu2oL5
MOBI (para Kindle): http://db.tt/5y9VILU

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Atentado contra a democracia: a reforma politica do PT

EU SOU CONTRA a reforma política que os políticos querem fazer. Talvez até por princípio, pois sabia que boa coisa não iria sair daí. Mas não sabia que o mais podre poderia sair de projetos absolutamente pervertidos que políticos pervertidos podem apresentar.
SOU CONTRA, por várias razões, inclusive por algumas que vão discutidas neste texto de Reinaldo Azevedo.
Paulo Roberto de Almeida

O PT quer agora roubar também o seu direito ao voto. O resto, eles já levaram! Relator de reforma política quer ser um ladrão da cidadania! VOTO DISTRITAL NELES!!!
Reinaldo Azevedo, 26/08/2011

Eles roubam o nosso dinheiro.
Eles roubam as nossas crenças.
Eles roubam as nossas convicções.
Eles roubam a nossa paciência.
Eles roubam a nossa vontade.
Eles roubam a nossa disposição para a luta.

Não havendo mais nada a levar, tentam agora tirar o nosso direito de saber em quem estamos votando. Cassaram o nosso bolso. Cassaram a nossa esperança. Querem agora cassar o que sobrou da nossa cidadania. O anteprojeto apresentado pelo deputado petista Henrique Fontana (PT-RS) para a reforma política, apresentado à Comissão Especial, é uma das coisas mais asquerosas pensadas por aquelas bandas. Além de Fontana ter proposto o financiamento público de campanha — MAS MANTENDO O FINANCIAMENTO PRIVADO; JÁ EXPLICO —, inventou uma estrovenga que poderia ser chamada de “VOTO PROPORCIONAL MISTO”.

Se o voto fosse uma carteira, Fontana seria um punguista. Como o voto é uma evidência de cidadania, Fontana se apresenta como um ladrão de cidadania. Por quê?

Os sistemas
Há três sistemas para a composição da Câmara Federal (Assembléias e Câmaras de Vereadores). O vigente no Brasil é o proporcional. Grosso modo, somam-se todos os votos dados aos candidatos de um partido, vê-se a porcentagem obtida pela legenda ou coligação, e estão eleitos os candidatos mais votados de acordo com o número de cadeiras obtidas. Principal defeito: “puxadores” de voto, como os Tiriricas da vida, acabam elegendo os sem-voto. O sistema estimula a invasão da política pelas celebridades.

Existe o sistema que defendo - que é o distrital puro: os estados (e também as cidades nas eleições municipais) são divididos em distritos, e os partidos apresentam candidatos para essas áreas; entendo ser o melhor, embora não seja perfeito. Falarei mais a respeito daqui a pouco.

E existe o distrital-misto: o eleitor vota duas vezes; escolhe tanto o parlamentar do distrito (metade dos assentos é ocupada por eles) como vota num partido, que definiu previamente uma lista de nomes. São Paulo, por exemplo, elege 70 deputados federais. Haveria 35 distritais e 35 saídos do voto proporcional. Se o Partido X obteve 20% da cadeiras, elegerá sete parlamentares por esse critério (além, claro, dos distritais que eventualmente eleger): assumirão as vagas os sete primeiros da lista. O principal defeito é o voto em lista fechada, que só serve para fortalecer a burocracia partidária, não a vida partidária.

O que fez Santana? Há trechos do seu texto aqui. Nas eleições proporcionais (Câmara dos Deputados, Assembléias e Câmaras de Vereadores), o eleitor também teria de votar duas vezes: tanto votaria num nome como numa lista. Só que não existe distrito nenhum! Os dois votos servem ao critério proporcional. O Artigo 107 do anteprojeto é explícito:
“Art. 107. Determina-se para cada partido ou coligação o quociente partidário dividindo-se pelo quociente eleitoral a soma aritmética dos votos de legenda atribuídos à lista partidária preordenada e dos votos nominais dados aos candidatos inscritos na mesma lista, desprezada a fração.”

Vale dizer: A PROPOSTA DE FONTANA MANTÉM, E ATÉ EXACERBA O ELEMENTO MAIS NEFASTO DO VOTO PROPORCIONAL, QUE É O FENÔMENO DAS CELEBRIDADES QUADRÚPEDES PUXADORAS DE VOTO.

Como sabotagem pouca à cidadania do eleitor é bobagem, ele quer que metade das cadeiras obtidas por um partido saia daquela lista, que tem tudo para ser mantida fora do alcance do eleitor, já que os “puxadores de voto” se encarregariam de fazer o trabalho de propaganda partidária. E como distribuir as cadeiras entre os eleitos pelo critério nominal e os da lista? Fontana teve uma idéia, explicitada no Artigo 108
“III - a lista final será organizada por meio da alternância dos nomes dos candidatos, segundo as regras dispostas nos incisos I e II deste artigo, começando pela lista nominal;”
Entenderam? Entra um nominal, um da lista, um nominal, um da lista… Até o partido atingir o número. Candidatos com milhares de voto ficarão chupando o dedo, e os sem-voto acabarão “eleitos” — se é que a palavra é essa.

O voto puramente proporcional perverte a democracia.
O voto em lista perverte a democracia.
Fontana, o petista, teve uma idéia: juntar as duas perversões.
Afinal, ele é um petista. Por trás dessa proposta magnífica, está a mente divinal de Luiz Inácio Apedeuta da Silva.

Voto distrital puro
Sim, existe o risco de essa barbaridade ser aprovada. Existe o risco efetivo de metade da Câmara dos Deputados, Assembléias e Cãmaras de Vereadores ser ocupada por valentes que não se elegeriam chefes de quarteirão, síndicos de prédio. O sistema proporcional, na forma como se apresenta hoje, transformou a representação num amontoado de lobistas e porta-vozes de corporações de ofício. Estão lá como procuradores dos interesses de setores e grupos organizados. E ASSIM É MESMO A GENTE SABENDO A CARA QUE ELES TÊM. IMAGINEM QUANDO NEM ISSO SOUBERMOS!

O voto distrital é o caminho possível para que vereadores, deputados estaduais e deputados federais passem a representar, de fato, a população. Hoje, temos os parlamentares dos sindicatos, os parlamentares da indústria, os parlamentares dos bancos, os parlamentares dos sem-terra, os parlamentares das mulheres, os parlamentares da religião… Precisamos ter os parlamentares da… POPULAÇÃO!

Eu já os convidei algumas vezes e o faço de novo: entrem na campanha “EU VOTO DISTRITAL”. Há um movimento colhendo assinaturas (clique aqui) em favor da proposta. O ideal seria que já se realizassem eleições segundo esse modelo no ano que vem. Mas não creio que haja tempo. Que seja em 2014, 2016, 2018… O importante é não abandonar a proposta. HENRIQUE FONTANA É A PROVA DE QUE ELES SEMPRE PODEM PIORAR O QUE JÁ NÃO PRESTA.

Financiamento público
Fontana achou que ainda não havia barbarizado o bastante. Além de ter resolvido enfiar a mão na nossa cidadania, também se dispõe a enfiar a mão no nosso bolso. Esse valente tinha redigido uma primeira proposta que previa apenas o financiamento público de campanha, proibindo doações de pessoas físicas e privadas. Sou contra, como sabem, porque acho que isso não impede o caixa dois — na verdade, estimula. Mas qual era o argumento que “eles” tinham?

Candidamente, diziam que, se o financiamento fosse público, diminuiria a dependência dos parlamentares de seus financiadores; não se veriam obrigados, depois, a pagar a conta com propostas do interesse dos patrocinadores. Também seria um desestímulo aos “recursos não-contabilizados” (by Delúbio Soares”: quando o sujeito é canalha, não é o financiamento público que vai fazê-lo deixar de ser. Mas vá lá… Era um argumento. Era errado, mas poderia ser honesto.

Errado e honesto? Então não serve!
Fontana mudou de idéia. Vejam o que está em seu anteprojeto no que diz respeito ao financiamento das campanhas:
“Art. 17. As despesas da campanha eleitoral serão realizadas sob a responsabilidade dos partidos, e financiadas exclusivamente com recursos do Fundo de Financiamento das Campanhas Eleitorais.
Art. 17-A. O Fundo de Financiamento das Campanhas Eleitorais (FFCE) será constituído por recursos do orçamento da União e por doações de pessoas físicas e jurídicas, na forma especificada neste artigo.

É isso aí. Além do financiamento privado, como é hoje — de pessoas físicas e jurídicas —, haveria também o público. O relator, então, decidiu somar aos “malefícios” de um modelo aos do outro: a tunga à nossa carteira. Lembro que o dinheiro público já irriga fartamente os partidos (por meio do Fundo Partidário) e as eleições, arcando com o custo do horário político gratuito e do horário eleitoral gratuito. Os dois nomes são estúpidos porque as legendas nada pagam ao sistema de radiodifusão, mas a União sim — ou seja, nós!

Essa proposta de Henrique Fontana é uma das coisas mais vergonhosas que já passaram pelo Congresso! Mobilize-se! Proteste! Acione as redes sociais! Informe-se mais sobre o voto distrital. Se, hoje, a política já se confunde com um lupanar, Fontana quer que ela se torne o bordel dos aproveitadores sem rosto.

Voto Distrital neles! Precisamos de políticos que tenham cara! E uma cara só!

O "marxismo" de Nouriel Roubini: como o "islamismo" do Papa, ou seja, NADA

Vacas sagradas, ou seja, pessoas que ganharam uma fama exagerada -- por vezes indevida, involuntária, ou até imerecida -- ganham um bônus-extra para falar bobagens. Ou seja, passam a ter o direito de dizer besteiras algumas vezes, e ainda assim a imprensa repercutirá, em vários casos com admiração e até certa aura de conhecimento ou de sapiência.
Acontece aos melhores intelectuais, artistas, economistas e outras personalidades que vivem sob a atenção da mídia. Microfones, cameras estão sempre prontos a registrar suas palavras, e alguns chegam até a expressar admiração, não importa a bobagem manifesta...
Bem, Nouriel Roubini já teve seu momento de atenção ao decretar uma crise atrás da outra, e afinal acabou acertando uma ou duas.
Agora ele acha que Marx estava certo, ao falar das contradições do capitalismo.
Bem, eu também consigo falar das incertezas do tempo e terei 150% de chance de acertar. Ou se disser que vamos ter uma nova crise dentro de alguns anos.
Empatei com ele?
Não sei, mas vamos ler este artigo mais sensato...
Paulo Roberto de Almeida

A fama marxista em Wall Street
Samuel Brittan
Valor Econômico, 26 de Agosto de 2011

Em meio a quase todas crises periódicas que afetam as economias mercantis, erguem-se vozes dizendo que "No fim das contas, Marx estava certo". Alguns anos atrás, Nicolas Sarkozy foi visto empunhando uma cópia de "Das Capital", enquanto nas últimas semanas gurus financeiros, entre eles Nouriel Roubini e George Magnus, escreveram artigos com referências ao pensador comunista.

Quando a recuperação acontece, a grita se dissipa, apenas para ressurgir na vez seguinte em que ocorre uma contração brusca. A primeira coisa errada no slogan é que ele tem pouco a ver com Karl Marx. Lembro-me de uma senhora, sob outros aspectos uma profissional extremamente inteligente que, quando indagada sobre por que era marxista, respondeu: "Eu fiquei entediada com os amigos de meu pai".

Marx sofreu nas mãos não apenas dos que distorceram interesseiramente seu pensamento, mas de críticos que o identificaram com a ditadura de Stalin ou mesmo com o regime de Mao Tsetung. É, evidentemente, absurdo culpar Marx, que viveu de 1818 a 1883, pelos crimes cometidos décadas após sua morte. Na verdade, o grande homem disse certa vez: "Seja lá que outra coisa eu possa ser, não sou um marxista". Muitos analistas sérios têm escrito sobre o que Marx quis dizer ou deve ter desejado dizer. Não sou um deles e minha desculpa principal para dar minha própria opinião extremamente seletiva é que nunca demonizei nem adorei esse homem.

O aspecto de Marx que originalmente me intrigou foi sua divisão da história após o fim da Idade das Trevas: feudalismo, capitalismo, socialismo e comunismo. Por socialismo, Marx entendia algo semelhante a uma versão extrema da antiga quarta cláusula do Partido Trabalhista britânico, que contemplava a propriedade pública de todos os meios de produção, de distribuição e de trocas. Mas comunismo não implicava nada semelhante a seu significado posterior. Era uma utopia na qual um dia de trabalho curto proveria todas as necessidades da sociedade e as pessoas ficariam livres para "caçar de manhã, pescar à tarde e discutir filosofia à noite". A visão de uma sociedade assim reteve no campo marxista alguns idealistas que, do contrário, poderiam ter abandonado a causa.

O sistema produz um fluxo cada vez maior de bens e serviços que uma população empobrecida, proletarizada não tinha condições de adquirir. A recente explosão do crédito deve-se, em parte, à estagnação dos salários reais, o que estimulou as pessoas a tomar empréstimos.

Eu considerei essa visão mais interessante do que a abordagem típica de historiadores ingleses, segundo a qual o objeto de seu estudo era apenas uma coisa após outra.

Entretanto, há muitos problemas na versão marxista. Será que o capitalismo começou nas repúblicas da Itália no século XV ou ainda não tivera início em muitas regiões da Europa onde a Revolução Industrial não se firmou efetivamente até um momento bem avançado do século XIX? E o que dizer sobre a Rússia, que ainda não tivera uma revolução capitalista, mas onde Marx tinha um número surpreendente de discípulos? Isso começou a preocupá-lo no fim de sua vida, quando ponderou se a Rússia poderia passar diretamente ao socialismo.

A importância de Marx para muitos socialistas está no fato de que ele lhes disponibilizou, a um só tempo, uma análise moral devastadora sobre o capitalismo e a profecia de que o capitalismo estava fadado a perecer. Em sua análise, o trabalhador passava, digamos, 10 horas por dia produzindo para si e as outras duas horas para seu empregador. A diferença entre o custo do trabalho (inclusive o dispendido com insumos) e o preço final ficou conhecida como "mais-valia" e caracterizada como uma medida de "exploração". Isso é, de longe, excessivamente simplista. Em toda sociedade, o preço dos produtos deve exceder os custos do trabalho em diferentes montantes para assegurar uma margem para cobrir investimentos, impostos e muito mais. O verdadeiro argumento ético não é contra a existência de um retorno sobre o capital, mas de que a propriedade do capital seja tão altamente concentrada.

O que Marx quer dizer com "as contradições do capitalismo"? Basicamente, que o sistema produz um fluxo cada vez maior de bens e serviços que uma população empobrecida proletarizada não tinha condições de adquirir. Uns 20 anos atrás, após o desmoronamento do sistema soviético, isso teria soado fora de moda. Mas o argumento convida um outro olhar, na esteira do aumento da concentração de riqueza e de renda. Com efeito, um ex-economista-chefe do Fundo Monetário Internacional, Raghuram Rajan, atribuiu a recente explosão do crédito, em parte, à estagnação dos salários reais, o que estimulou as pessoas a tomar empréstimos.

Mas, mesmo que a análise esteja correta, o remédio está errado. A justificativa para uma redistribuição é ética. Se a única coisa de errado no capitalismo é insuficiente poder generalizado de compra, então, com certeza, o remédio é lançar dinheiro de helicópteros, conforme Milton Friedman. Para isso, não necessitamos tanto uma revolução política, mas sim intelectual, ou seja, a derrubada do fetiche do orçamento equilibrado.

Como sugere A J P Taylor em sua introdução do "Manifesto Comunista" (editora Penguin), o marxismo foi uma peculiaridade do mundo de língua alemã. Sua elaboração mais interessante veio de Rudolf Hilferding, um social-democrata austríaco cuja contribuição duradoura foi formulada em seu livro "Das Finanzkapital". Nele, Hilferding chamou a atenção para uma nova faceta sinistra, a ascensão de banqueiros e financistas por trás da crescente cartelização do sistema produtivo. Ele não previu a importância bem maior da massa de dinheiro artificial cruzando fronteiras, o que certamente é extremamente relevante, num momento em que os banqueiros centrais estão quebrando a cabeça sobre como reanimar a economia mundial.

Samuel Brittan é articulista do FT

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Addendum a propósito de um comentário:

Não partilho da opinião que intelectuais não são responsáveis pelo uso que fazem de suas ideias. São sim.

Tratei desta questão neste texto:
952. “Sobre a responsabilidade dos intelectuais: devemos cobrar-lhes os efeitos práticos de suas prescrições teóricas?”, Espaço Acadêmico (vol. 9, n. 105, fevereiro 2010, p. 149-159; ISSN: 1519-6186; link: http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/9275/5252). Relação de Originais n. 2103.

MDIC muda norma de aplicação antidumping (para pior, suponho...)

MDIC muda norma de aplicação antidumping
DCI, 26/08/2011

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) irá alterar o decreto que regulamenta os procedimentos relativos à aplicação de medidas antidumping. A medida faz parte do esforço do governo para reforçar a área de defesa comercial. O MDIC publicará hoje, no Diário Oficial da União, portaria abrindo consulta pública para colher sugestões das entidades empresariais para a revisão da norma. O decreto tem mais de 15 anos e precisa ser adequado à realidade atual do comércio exterior.

Bem, digamos que a "realidade atual" do comércio exterior brasileiro seja de perda de competitividade dos produtos brasileiros e crescimento potencial, ainda que setorial (ou seja, não atingindo o agronegócio) da defasagem entre importações e exportações, com possível decréscimo do superávit na balança comercial e eventual surgimento de algum déficit no futuro mediato.
Vocês acham que isso se deve à tal de "concorrência predatória" de produtos importados (leia-se chineses) ou ao chamado "custo Brasil". O que os chineses (ou os americanos e europeus) têm a ver com a nossa absurda carga tributários, nossos juros elevadíssimos, com o peso da nossa burocracia infernal, com os enormes gastos públicos inúteis (quando não contaminados por desperdício e corrupção), com o déficit orçamentário, com as estrada esburacadas e o custo das comunicações, enfim por todas as mazelas made in Brazil?
Vocês acham que um antidumping reforçado, ou seja, protecionista, vai resolver algum desses problemas?
Ganha um livro quem me provar que sim...
Paulo Roberto de Almeida

O galã brega do Magreb e a dama de ferro do Imperio: ligações desamorosas...

Leio a manchete:

Kadafi escondia fotografias de Condoleezza Rice

Vejo a foto:
Sergey Ponomarev/AP
Álbum de fotos foi encontrado por rebeldes líbios ao entrarem no palácio de Muammar Kadafi

E fico imaginando como o ditador brega, com ar de Cauby Peixoto do deserto, imaginava coisas, no recesso de um de seus redutos secretos, em torno de sua admirada dama de ferro do império, quem sabe até pensando em afinidades extra-políticas e em vínculos perigosos.
Também fico pensando onde estará aquela "blonde plantureuse", a tal enfermeira ucraniana, que deveria dar de mamar ao ditador maluco em vista de seus atributos, digamos, portentosos...
Poupem a loira, rebeldes. Ela não tinha nada a ver com política...
Suas artes eram outras...
Paulo Roberto de Almeida

Kadafi escondia álbum de fotos de Condoleezza Rice em seu palácio
Efe, 26 de agosto de 2011 | 1h 04

Fotografias foram descobertas por rebeldes líbios; em entrevista cedida em 2007, líder líbio confessa se sentir orgulhoso por ela 'ser uma mulher negra de origem africana'

WASHINGTON - O líder líbio Muammar Kadafi escondia em seu palácio um álbum de fotos da ex-secretária de Estado dos Estados Unidos, Condoleezza Rice.

A imprensa deu destaque na quinta-feira, 25, para as fotografias de um álbum descoberto pelos rebeldes líbios ao entrar no palácio que revela que a paixão de Kadafi por Condoleezza ia além das palavras que já havia dedicado a ela em público.

Em uma entrevista à rede de televisão Al Jazeera em 2007 - um ano antes da visita histórica que a chefe da diplomacia americana fez à Líbia-, Kadafi declarou sua admiração pela americana.

"Admiro a forma como se reclina e dá ordens aos líderes árabes... Leezza, Leezza, Leezza. Gosto muito dela. Me sinto orgulhoso porque ela é uma mulher negra de origem africana", disse o ditador na ocasião.

No álbum, que alguns meios de comunicação compararam aos que um adolescente guarda de seu ídolo musical, podem ser vistas fotografias oficiais de Rice em eventos públicos, algumas em primeiríssimo plano.

Perguntada sobre a coleção de fotos do líder líbio, a porta-voz do Departamento de Estado, Victoria Nuland, reconheceu que não as viu, mas acredita que também não necessita fazê-lo "para definir como excêntrico e repulsivo o comportamento de Kadafi".

Em setembro de 2008, Condoleezza Rice realizou uma viagem oficial a Trípoli, a primeira de um secretário de Estado em 55 anos, depois que em 1953 o então titular desse cargo, John Foster Dulles, se encontrou com o rei líbio Idris.

Durante a visita, Kadafi rompeu o jejum do Ramadã para jantar com Condoleezza e presenteou a convidada com lembranças avaliadas em até US$ 212 mil.

Entre os presentes havia um anel com um diamante, um alaúde acompanhado de um DVD, um cadeado com uma foto de Kadafi no interior e uma cópia do "Livro Verde da Revolução" com uma dedicatória na qual o ditador expressava seu "respeito e admiração" por ela.

Muito mais discreta, Condoleezza entregou a Kadafi um prato com o selo dos EUA. Além disso, devido à estrita política do Departamento de Estado, a então secretária não pôde aceitar os presentes.

Segundo o jornal Huffington Post, Kadafi não é o único que tinha uma queda por Condoleezza: o ex-ministro de Relações Exteriores do Canadá, Peter McKay; o ex- ministro de Exteriores britânico, Jack Straw; e o ex-ministro de Relações Exteriores italiano, Massimo D'Alema, também sentiram mais que admiração pela política americana.

Reaganomics vs Obamanomics: a recuperacao e a "afundacao" - Wall Street Journal

OK, concordo, o Wall Street Journal é suspeito para comparar dois presidentes e duas crises. Afinal de contas, se trata do jornal mais desavergonhadamente capitalista que existe, o mais eloquente defensor da economia de mercado e de políticas liberais, o maior inimigo das "bondades" social-democratas que políticos (de diversas afiliações, aliás) adoram promover em nome do povo (e com o dinheiro do próprio, claro), enfim, o jornal mais conservador (alguns diriam reacionário) que possa haver no coração do capitalismo financeiro do império.
E, no entanto, se trata do jornal mais favorável à competição, ao jogo limpo dos governos, que não hesita em denunciar um "inside job" quando vê isso ocorrer na "indústria" de Wall Street, que proclama as virtudes do liberalismo puro e duro, que exalta os valores do trabalho e da acumulação, em face do distributivismo improdutivo, enfim, o jornal que defende seus princípios, e estes são, simplesmente, o capitalismo e a economia de mercado.
Sendo tudo isso, o jornal também é escrupulosamente partidário da verdade informativa, pela maior competição possível entre os meios de comunicação, tem uma rede de correspondentes e free lancers all over the world -- não esqueçamos de Daniel Pearl, que investigava a Al Qaeda no Paquistão, e que foi covardemente assassinado por terroristas imbecis -- e que não tem medo de defender esses princípios mesmo contra Washingron e metade de Wall Street.
Enfim, tudo isso para introduzir esta comparação feita por umn de seus editorialistas entre os resultados das políticas econômicas respectivas do presidente Reagan (1980-1988) e do presidente Barak Obama (2009-2012), ambos navegando em águas turbulentas, na sequência de crises herdadas de seus antecessores. A comparação pode ser um pouco forçada, mas, libertando-se das peias mentais, que colocam um no "neoliberalismo" (um conceito desonesto, idiota, simplifcador e que designa simplesmente uma realidade que não existe) e o outro numa suposta "economia do bem-estar", vale a pena deter-se nos números e nos resultados efetivos.

Bem, qual a lição que se deve tirar desse debate, ou que pelo menos eu tiro dessa leitura? Para mim, se trata da "vingança" de Jean-Baptiste Say contra John Maynard Keynes, ou seja, a preeminência da chamada "Lei de Say" -- a oferta cria sua própria demanda" -- sobre a suposta "lei" de Keynes, a tal de "manutenção da demanda agregada", que nada mais é do que o meu, o seu, o nosso dinheiro mal gasto pelo poder público para criar uma suposta demanda que vai "alimentar" a economia. Mas se o governo tira dinheiro dos cidadãos, como é que ele espera depois que esses mesmos cidadãos passem a comprar ou a investir? Os keynesianos não se conformam com a "manutenção da propensão a poupar" dos cidadãos e com a falta de "espírito animal" nos capitalistas, mas se esquecem que os governos fazem tudo o contrário do que deveriam fazer...
Paulo Roberto de Almeida
PS.: Não sei se o editorialista cometeu um erro de digitação no título, ou o próprio jornal, pois o título original era: "Obamanonics vs. Reaganomics"; corrigi "Obamanonics" para "Obamanomics", mas talvez a intenção do autor fosse mesmo de (des)caracterizar a economia política de Obama como uma "Obamanonics". Seja como for, o artigo é mais importante do que o título...

Obamanomics vs. Reaganomics
By STEPHEN MOORE
The Wall Street Journal, August 26, 2011

One program for recovery worked, and the other hasn't.

If you really want to light the fuse of a liberal Democrat, compare Barack Obama's economic performance after 30 months in office with that of Ronald Reagan. It's not at all flattering for Mr. Obama.

The two presidents have a lot in common. Both inherited an American economy in collapse. And both applied daring, expensive remedies. Mr. Reagan passed the biggest tax cut ever, combined with an agenda of deregulation, monetary restraint and spending controls. Mr. Obama, of course, has given us a $1 trillion spending stimulus.

By the end of the summer of Reagan's third year in office, the economy was soaring. The GDP growth rate was 5% and racing toward 7%, even 8% growth. In 1983 and '84 output was growing so fast the biggest worry was that the economy would "overheat." In the summer of 2011 we have an economy limping along at barely 1% growth and by some indications headed toward a "double-dip" recession. By the end of Reagan's first term, it was Morning in America. Today there is gloomy talk of America in its twilight.

My purpose here is not more Reagan idolatry, but to point out an incontrovertible truth: One program for recovery worked, and the other hasn't.

The Reagan philosophy was to incentivize production—i.e., the "supply side" of the economy—by lowering restraints on business expansion and investment. This was done by slashing marginal income tax rates, eliminating regulatory high hurdles, and reining in inflation with a tighter monetary policy.
Ronald Reagan talks taxes, 1981.

The Keynesians in the early 1980s assured us that the Reagan expansion would not and could not happen. Rapid growth with new jobs and falling rates of inflation (to 4% in 1983 from 13% in 1980) is an impossibility in Keynesian textbooks. If you increase demand, prices go up. If you increase supply—as Reagan did—prices go down.

The Godfather of the neo-Keynesians, Paul Samuelson, was the lead critic of the supposed follies of Reaganomics. He wrote in a 1980 Newsweek column that to slay the inflation monster would take "five to ten years of austerity," with unemployment of 8% or 9% and real output of "barely 1 or 2 percent." Reaganomics was routinely ridiculed in the media, especially in the 1982 recession. That was the year MIT economist Lester Thurow famously said, "The engines of economic growth have shut down here and across the globe, and they are likely to stay that way for years to come."

The economy would soon take flight for more than 80 consecutive months. Then the Reagan critics declared what they once thought couldn't work was actually a textbook Keynesian expansion fueled by budget deficits of $200 billion a year, or about 4%-5% of GDP.

Robert Reich, now at the University of California, Berkeley, explained that "The recession of 1981-82 was so severe that the bounce back has been vigorous." Paul Krugman wrote in 2004 that the Reagan boom was really nothing special because: "You see, rapid growth is normal when an economy is bouncing back from a deep slump."

Mr. Krugman was, for once, at least partly right. How could Reagan not look good after four years of Jimmy Carter's economic malpractice?

Fast-forward to today. Mr. Obama is running deficits of $1.3 trillion, or 8%-9% of GDP. If the Reagan deficits powered the '80s expansion, the Obama deficits—twice as large—should have the U.S. sprinting at Olympic speed.

The left has now embraced a new theory to explain why the Obama spending hasn't worked. The answer is contained in the book "This Time Is Different," by economists Carmen Reinhart and Kenneth Rogoff. Published in 2009, the book examines centuries of recessions and depressions world-wide. The authors conclude that it takes nations much longer—six years or more—to recover from financial crises and the popping of asset bubbles than from typical recessions.

In any case, what Reagan inherited was arguably a more severe financial crisis than what was dropped in Mr. Obama's lap. You don't believe it? From 1967 to 1982 stocks lost two-thirds of their value relative to inflation, according to a new report from Laffer Associates. That mass liquidation of wealth was a first-rate financial calamity. And tell me that 20% mortgage interest rates, as we saw in the 1970s, aren't indicative of a monetary-policy meltdown.

There is something that is genuinely different this time. It isn't the nature of the crisis Mr. Obama inherited, but the nature of his policy prescriptions. Reagan applied tax cuts and other policies that, yes, took the deficit to unchartered peacetime highs.

But that borrowing financed a remarkable and prolonged economic expansion and a victory against the Evil Empire in the Cold War. What exactly have Mr. Obama's deficits gotten us?

Mr. Moore is a member of the Journal's editorial board.

EConomia e reformas no Brasil: entrevista com Rubens Antonio Barbosa

No Diário do Comércio e Indústria, neste link: http://www.scribd.com/doc/62619196/Especial-da-Semana-com-Rubens-Barbosa-Ex-embaixador-do-Brasil-nos-Estados-Unidos-e-Inglaterra

Entrevista com o Embaixador Rubens Antônio Barbosa
DCI, ESPECIAL DA SEMANA - Sexta-feira, 19 de agosto de 2011

ENTREVISTA
Para o ex-embaixador Rubens Barbosa, é hora de o País findar o ciclo de reformas
Roberto Müller Filho; Liliana Lavoratti
(aqui)

A tragedia educacional brasileira: nao existe nenhum risco de melhorar nos proximos 20 ou 30 anos...

Sou, como muita gente sabe, moderadamente pessimista quanto aos rumos da economia brasileira. Acredito -- não, tenho certeza -- que vamos continuar crescendo a taxas medíocres e acumulando desequilíbrios, desequilíbrios e desigualdades pelo futuro previsível, isso se não ocorrer um desastre maior, mas em princípio acho que vamos apenas continuar na mediocridade de crescimento.
Agora, quanto a educação eu sou ABSOLUTAMENTE pessimista, e continuo mais pessimista ainda, se ouso dizer, ou seja, sou crescentemente pessimista. Acredito que a coisa ainda vai piorar muito, e que não há NENHUM risco de melhorar no futuro previsível, e até onde a vista nem alcança...
Este é o resultado de uma das mais pavorosas deformações da sociedade brasileira, e a tragédia se completa pois praticamente ninguém, salvo meia dúzia de alucinados -- como eu e este jornalista abaixo, Reinaldo Azevedo -- percebe a tragédia em CONSOLIDAÇÃO.
Bem, vou parar de lamentar e simplesmente postar a matéria e o comentário.
Paulo Roberto de Almeida

A miséria da educação no Brasil. Ou: O país que não está nos discursos
Reinaldo Azevedo, 25/08/2011 16:13:21

Do Portal G1:
Uma avaliação feita com alunos que cursaram em 2010 o 3º ano do ensino fundamental de escolas públicas e privadas do país mostra que menos da metade (42,8%) das crianças aprendeu o mínimo do que era esperado no conteúdo de matemática para este nível do ensino.

O resultado da Prova ABC (Avaliação Brasileira do Final do Ciclo de Alfabetização) mostrou ainda que 56,1% dos alunos aprenderam o que era esperado em leitura, e 53,4% dos estudantes tiveram desempenho dentro do esperado em redação.

Os dados acima consideram a média entre alunos de escolas públicas e privadas. Entretanto, o levantamento registrou diferença significativa no desempenho entre estudantes dos dois grupos. (Veja tabela abaixo)
A avaliação foi feita com alunos do 3º ano do ensino fundamental; ele é o equivalente à 2ª série do antigo ensino primário. Nessa fase, os alunos têm, em média, oito anos.

A Prova ABC mostra ainda uma grande variação entre as regiões do país e as redes de ensino (pública e privada). Sul e Sudeste obtiveram os melhores desempenhos, enquanto Norte e Nordeste mostraram as piores avaliações.

A prova foi aplicada no primeiro semestre deste ano para cerca de 6 mil alunos de escolas municipais, estaduais e particulares de todas as capitais do país para medir seu conhecimento do conteúdo até o 3º ano. A avaliação foi elaborada em uma parceria do Todos Pela Educação com o Instituto Paulo Montenegro /Ibope, a Fundação Cesgranrio e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

Cada criança respondeu a 20 itens (questões de múltipla escolha) de leitura ou de matemática (o aluno fez testes de apenas uma das duas áreas). Além disso, todas elas escreveram uma breve redação, a partir de um tema único. O objetivo foi avaliar o nível de conhecimento adquirido pelos alunos ao final do terceiro ano, que representa o fim do ciclo básico de alfabetização.

Matemática
Na prova de matemática, o objetivo era obter no mínimo 175 pontos para mostrar domínio da adição e subtração e conseguir resolver problemas envolvendo, por exemplo, notas e moedas. Estes 175 pontos correspondem ao conhecimento esperado dos alunos desta série segundo escala do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb).

No total, 42,8% do total das crianças tendo aprendido o que era esperado para esta etapa do ensino em matemática. A média nacional foi de 171,1 pontos, sendo que entre os alunos da rede privada foi de 211,2 pontos, a da rede pública ficou em 158,0 pontos.
“As pessoas acham que alfabetização é apenas saber ler e escrever. Tem que se pensar na alfabetização numérica também, precisamos desde cedo que nossas crianças saibam as operações básicas de matemática”, diz o professor Ruben Klein, da Cesgranrio. “Para que o país possa ter conhecimento tecnológico e formar engenheiros é preciso desde cedo ter uma boa formação em matemática.”

A média de 42 pontos percentuais entre os alunos da rede pública e os da rede privada chamou a atenção na pesquisa.

Os pesquisadores destacam a preocupação em se corrigir o problema ainda na educação básica. “A tendência é este desempenho piorar nas séries mais avançadas”, diz Klein. “Pesquisa com estudantes que estão terminando o ensino médio mostra que só 11% atingem o conhecimento mínimo em matemática.”

Leitura
Na prova de leitura, os alunos, entre outras tarefas, tinham que identificar temas de uma narrativa, localizar informações, identificar características de personagens e perceber relações de causa e efeito contidas nestas narrativas. A média foi de 185,8 pontos na escala, sendo 216,7 pontos entre alunos da rede privada e 175,8 pontos para estudantes da rede pública. A médica nacional (incluindo escolas públicas e privadas) foi de 56,1%

Escrita
Na prova avaliação de escrita, a média esperada do desempenho dos alunos na redação era de 75 pontos. A média nacional ficou em 68,1 pontos, sendo a média das escolas públicas de 62,3 pontos e a das privadas 86,2 pontos.
“Todas as crianças deveriam atingir 100% de aproveitamento. É um direito básico de educação”, afirma Priscila Cruz, diretora executiva do Todos Pela Educação. “É preciso um investimento pesado na formação de professores e na educação infantil. Para reduzir a desigualdade social é também preciso reduzir esta desigualdade educacional.

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A doença da educação brasileira é ideológica. E seu nome é “petismo”
Reinaldo Azevedo, 25/08/2011

No post das 16h13, há um retrato do ensino no Brasil, revelado pela Prova ABC. É uma vergonha! Digam o que disserem, acreditem: não chegamos a isso por falta de verba. Dada a realidade do país, o Brasil gasta bastante com a educação. Não dispomos é de mecanismos eficazes para avaliar a qualidade do trabalho feito nas escolas e intervir para corrigir as deficiências.

Sempre que o debate é colocado, tudo termina na ladainha sindical de sempre: se os professores fossem mais bem pagos, tudo seria diferente. Essa é uma das falácias mais influentes no setor. Seria estúpido afirmar que salários maiores fariam mal aos alunos — e, com efeito, há realidades dramáticas em certas áreas do país. A verdade insofismável, no entanto, é que o aumento da remuneração poderia fazer bem aos professores sem mudar uma vírgula na qualidade de ensino.

Há um coquetel de problemas que resulta nesse desastre. Embora tenham naturezas distintas, têm algo em comum: desprezam o aluno, que deixou de ser o centro da preocupação das escolas — em especial, dos educadores. Vamos ver. Os estados e municípios, pouco importa o salário que paguem, não dispõem de mecanismos para promover os competentes e punir os incompetentes.

O estado de São Paulo, na gestão Serra, instituiu um sistema de promoção salarial por mérito. A escola melhorou, provaram os exames. Os petista-cutistas da Apeoesp foram às ruas protestar. Chegaram a queimar livros didáticos em praça pública, os fascistas! Neste momento, a Apeoesp tenta negociar com a Secretaria da Educação o fim do modelo. Os valentes não querem saber de mérito. Eles gostam é do demérito que iguala todos por baixo. Os alunos que se danem! No Brasil inteiro, a educação é refém da militância política, especialmente a petista — quando não está entregue a radicais à esquerda do PT.

Embora as escolas privadas não sejam lá grande coisa, já demonstraram alguns outros indicadores, a Prova ABC evidencia que o desempenho dos estudantes dessas instituições é muito superior ao das escolas públicas. A razão é simples: a cobrança é maior.

O ensino — também em boa parte das escolas privadas, note-se — está corroído por uma doença ideológica. Boa parte dos “educadores” acredita que sua função não é ensinar português, matemática e ciências, mas princípios de cidadania, com o objetivo de formar “indivíduos conscientes”. Alunos seriam pessoas “oprimidas”, que precisam passar por um processo de “libertação”. O mal que a paulo-freirização fez à escola levará gerações para ser superado. Todos os mitos ideológicos que Paulo Freire criou com seu método de alfabetização de adultos foram transferidos para a educação de crianças e jovens. O resultado é devastador. Escrevo sobre esse assunto há anos. Era um dos temas recorrentes da revista e site Primeira Leitura.

À pedagogia “libertadora” de Paulo Freire se juntou, mais recentemente, a turma da “pedagogia do amor”, de que Gabriel Chalita é um dos formuladores. Em vez de educar, o professor liberta; em vez de educar, o professor ama. Se toda essa conversa mole der errado, há o risco até de a escola ensinar alguma coisa. O fato é que o cruzamento de Freire com Chalita resulta em ignorância propositiva e amorosa.

Enquanto objetivos claros não forem estabelecidos e enquanto as várias esferas do estado não dispuserem de instrumentos de intervenção para exigir qualidade, podem esquecer. A reação bucéfala às medidas modernizadoras implementadas pelo governo Serra, em São Paulo, demonstra que a raiz do problema é, sim, ideológica. O sindicato dos professores foi usado como mero instrumento da luta política. De dia, a presidente da entidade, a notória Bebel, fazia passeata; à noite, encontrava-se com Dilma Rousseff, candidata do PT à Presidência, e era tratada como heroína.

E uma última questão por ora: deixem um pouco o sociologismo fora disso. Essa conversa de que é impossível ensinar alunos com fome, vindos de lares desestruturados etc. não cola mais. A fome é exceção no Brasil. A imensa maioria das famílias pobres é mais organizada e hierarquizada do que as de classe média e média-alta — o tal “povo” é bastante conservador nessas coisas. Desorganizado e desestruturado, no que concerne à educação, é o estado brasileiro.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Mercosul: selecao de trabalhos de Paulo Roberto de Almeida

Seleção de trabalhos sobre o Mercosul
Paulo Roberto de Almeida.
Compilação efetuada em 24/08/2011

http://www.pralmeida.org/05DocsPRA/110824MercosulWorks.pdf

2258. “Desenvolvimento histórico do Mercosul: panorama de 20 anos”, revista Digesto Econômico (ano LXVI, n. 463, março-abril-maio 2011, p. 68-82; ISSN: 0101-4218). Relação de Publicados n. 1038.

2247. “Seria o Mercosul reversível?: Especulações teóricas sobre trajetórias alternativas concretas”, Revista Universitas Relações Internacionais (vol. 9, n. 1, jan.-jun. 2011, p, 39-71; ISSN: 1807-2135; link: http://www.publicacoesacademicas.uniceub.br/index.php/relacoesinternacionais/article/view/1360/1288). Relação de Publicados n. 1036.

2025. “Percalços da integração”, Conjuntura Econômica (Rio de Janeiro: FGV, vol. 63, n. 09, setembro 2009, ISSN: 0010-5945; p. 58-61); em inglês: “Brazilian Foreign Relations with South America and USA”, The Brazilian Economy: Economy, Politics and Policy Issues (FGV, Brazilian Institute of Economics: vol. 1, n. 8, September 2009) p. 30-33. Postado no website pessoal (link: http://www.pralmeida.org/05DocsPRA/2025BrazEconSept09PRAlm.pdf). Relação de Publicados n. 925.

1996. “Brazil’s role in South America and in the global arena”, Urbana, 13 abril 2009, 7 p. Answers to questions presented by M.A. Candidate 2010 of the Latin American & Hemispheric Studies Elliott School of International Affairs - George Washington University. Blog Diplomatizzando (13.04.2009; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2009/04/1063-turismo-academico-13-brazils-role.html).

1994. “O nascimento do Mercosul: impacto do Nafta e dos Estados Unidos”, Urbana, Illinois, 5-6 abril 2009, 10 p. Answers to questions presented PhD candidate – UnB. Blog Diplomatizzando (16.04.2009; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2009/04/1066-o-nascimento-do-mercosul-impacto.html#links).

1974. “O Mercosul na sua fase ascendente”, Brasília, 4-12 de janeiro de 2009, 5 p. Resenha de Renato L. R. Marques: Mercosul 1989-1999: depoimentos de um negociador (Kiev: s.e., 2008, 280 p; ISBN: 978-966-171-170-1). Divulgada no blog de Book Reviews (14.01.2009; link: http://praresenhas.blogspot.com/2009/01/213-mercosul-depoimento-de-um-dos-pais.html#links).

1972. “L’intégration de l’Amérique du Sud: une perspective historique et un bilan”. In: Christian Girault (éd.). Intégrations em Amérique du Sud (Paris: Presses Sorbonne Nouvelle, 2009, 286 p.; ISBN: 978-2-87854-473-2; p. 23-37); link: http://www.pralmeida.org/01Livros/2FramesBooks/Integration2009.html. “A integração na América do Sul em perspectiva histórica: um balanço”, Espaço da Sophia (Tomazina – PR, ISSN: 1981-318X, Ano 2, n. 23, p. 1-17, fevereiro de 2009; edição eletrônica; link: http://www.espacodasophia.com.br/publicacoes/doc_view/146-a-integracao-na-america-do-sul-em-perspectiva-historica-um-balanco?tmpl=component&format=raw). Relação de Publicados n. 893 e 936.

1889. “O regionalismo latino-americano no confronto com o modelo europeu: uma perspectiva histórica de seu desenvolvimento”, Brasília, 17 maio 2008, 34 p. Resumo do trabalho 1844. Revista Novos Estudos Jurídicos (Programa de Pós-Graduação em Ciência Jurídica da Universidade do Vale do Itajaí, Univali; vol. 14, n. 1, 2009, p. 127-146; links: http://siaiweb06.univali.br/seer/index.php/nej/article/view/1626/1332; ficha do trabalho: http://br.vlex.com/vid/regionalismo-latino-confronto-europeu-66330099). Relação de Publicados n. 890.

1842. “Uma pesquisa sobre o Mercosul: sua possível evolução até 2011 e 2021”, Espaço Acadêmico (ano 7, n. 79; ISSN: 1519-6186; dezembro 2007; link: http://www.espacoacademico.com.br/079/79pra.htm). Relação de Publicados n. 801.

1835 “Mercosul: uma avaliação retrospectiva e uma visão prospectiva”, in: Anais: VII Encontro Nacional de Estudos Estratégicos (06 a 08 de novembro de 2007). Brasília: Presidência da República, Gabinete de Segurança Institucional, 2008, vol. 2, ISBN: 978-85-85142-23-0, p. 495-515). Relação de Publicados nºs 871 e 872. Livros Coletivos 69. “Limites do Mercosul no sistema internacional: passado recente e perspectivas futuras” In: Anais: VII Encontro Nacional de Estudos Estratégicos (06 a 08 de novembro de 2007). Brasília: Presidência da República, Gabinete de Segurança Institucional, 2008, vol. 2, ISBN: 978-85-85142-23-0, p. 65-72 e 78-81 (debate). Livros Coletivos 68.

1820. “Mercosul e América do Sul na visão estratégica brasileira: revisão histórica e perspectivas para o futuro”, revista Asteriskos (Corunha; IGESIP, vol. 4, ns. 7-8, 2009, p. 155-185; ISSN: 1886-5860; disponível no site: http://www.pralmeida.org/05DocsPRA/1820AsteriskosMercosul.pdf). Relação de Publicados n. 889.

1738. “Quinze anos de Mercosul” [Resenha de Rubens Antônio Barbosa (org.). Mercosul quinze anos (São Paulo: Fundação Memorial da América Latina- Imprensa Oficial do Estado, 2007, 304 p.)], Desafios do Desenvolvimento (ano 4, n. 33, 10 abril 2007, p. ; link: http://desafios2.ipea.gov.br/desafios/edicoes/33/artigo47023-1.php). Publicada em versão completa, como “Mercosul aborrecente” no site Parlata )2007; link: http://www.parlata.com.br/parlata_indica.php?id_geral=82). Relação de Publicados nº 758.

1734. “Sete teses impertinentes sobre o Mercosul”, Via Política (22.04.2007; link: http://www.viapolitica.com.br/diplomatizando_view.php?id_diplomatizando=36). Relação de Publicados nº 760.

1728. “Insegurança jurídica no Mercosul” [Nota sobre o livro de Otávio Augusto Drummond Cançado Trindade: O Mercosul no Direito Brasileiro: incorporação de normas e segurança jurídica (Belo Horizonte: Del Rey, 2007, 180 p.)], Relação de Publicados nº 771.

1710. “Mercosul: uma revisão histórica e uma visão de futuro”, Meridiano 47 (nr. 77, dezembro 2006, p. 7-17; ISSN: 1518-1219; link: http://meridiano47.info/2006/12/). Republicado In: Rubens A. Barbosa (organizador): Mercosul revisitado (São Paulo: Fundação Memorial da América Latina, 2007, 80 p.; Coleção Cadernos da América Latina; p. 57-75). Relação de Publicados n. 727.

1554. “La dimension sociale de l’intégration en Amérique du Sud: politiques stratégiques et options sociales”, in “Symposium de Haut Niveau sur les Dimensions Sociales des processus d’intégration régionale” (Paris: Unesco, série Multilatéralisme régional, n. 6, 15 p.; SHS-2006/WS/MR/6; http://unesdoc.unesco.org/images/0014/001462/146221F.pdf). Relação de Publicados n. 691.

1550. “Problemas conjunturais e estruturais da integração na América do Sul: a trajetória do Mercosul desde suas origens até 2006”, Meridiano 47 (Brasília, IBRI, n. 68, mar. 2006, p. 4-9). Relação de Publicados n. 635.

1459. “O Mercosul não é para principiantes: sete teses na linha do bom senso”, Espaço Acadêmico (Maringá, a. VI, n. 53, out. 2005; http://www.espacoacademico.com.br/053/53almeida.htm). Relação de Publicados n. 590.

1091. “O Brasil e o processo de formação de blocos econômicos: conceito e história, com aplicação aos casos do Mercosul e da Alca”, in Eduardo Biacchi Gomes e Tarcísio Hardman Reis (orgs.), Globalização e o Comércio Internacional no Direito da Integração (São Paulo: Editora Aduaneiras, 2005; p. 17-38). Relação de Publicados n. 562. “

850b. Mercosul em sua primeira década (1991-2001): uma avaliação política a partir do Brasil, INTAL-BID, (Buenos Aires: Documento de Divulgação nº 14, Série INTAL/ITD/STA, Divisão de Integração, Comércio e Assuntos Hemisféricos, Unidade de Estatística e Análise Quantitiva, Abril 2002, 64 p.; disponível no link http://www.iadb.org/intal/publicaciones/deAlmeida_DD14.pdf. Relação de Publicados nº 313.

850. “Mercosul: antecedentes, desenvolvimento e crise: uma avaliação analítico-descritiva do período 1986-2002”, revista Impulso (Piracicaba, SP: Editora Unimep, ISSN: 0103-7676; vol. 13, nº 31, maio-agosto 2002, pp. 9-45). Relação Publicados nº 353.

798. “O Mercosul e a Alca na perpectiva do Brasil: uma avaliação política sobre possíveis estratégias de atuação”, in Marcos Cintra e Carlos Henrique Cardim (orgs.), O Brasil e a Alca: seminário (Brasília: Câmara dos Deputados, Coordenação de Publicações: Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais, 2002; ISBN: 85-7365-188-1, pp. 97-110; link: http://www.pralmeida.org/01Livros/2FramesBooks/60BrasilAlcaCD2002.html). Publicado na versão original no livro Wagner Menezes (org.), O Direito Internacional no Cenário Contemporâneo (Curitiba: Editora Juruá, 2002, pp. ). Republicado na revista Aldea Mundo (San Cristóbal, Venezuela: Centro de Estudios de Fronteras e Integración (CEFI) da Universidad de los Andes, 1995; ISSN: 1316-6727; ano VI, nº 12, noviembre 2001-abril 2002, pp. 85-95; link: http://www.saber.ula.ve/cgi-win/be_alex.exe?Acceso=T016300001299/8&Nombrebd=SSABER). Relação de Publicados nº 335.

793. Trajetória do Mercosul em sua primeira década (1991-2001): uma avaliação política a partir do Brasil, in Luiz Otávio Pimentel (org.), Direito da Integração: Estudos em Homenagem a Werter R. Faria (Curitiba: Juruá, 2001, 2 v., ISBN 85-7394-855-8; II, p. 305-362). Relação de Publicados n. 283.

792. Mercosul e Alca na perspectiva brasileira: alternativas excludentes?, in Marcos da Costa Lima (org.), O Lugar da América do Sul na Nova Ordem Mundial (São Paulo-Recife: Cortez Editora-FAPEPE, 2001, p. 53-69). Relação de Publicados n. 285.

769. Dez Anos de Mercosul: uma visão brasileira, revista Scientia Juris (Londrina: UEL-CESA, Curso de Mestrado em Direito Negocial, v. IV, 2000, p. 19-50). Relação de Publicados n. 263.

727. Le Mercosud: un marché commun pour l’Amérique du Sud, Paris: L’Harmattan, 2000. Relação de Publicados n. 256.

701. A Experiência de Integração Europeia e a Evolução do Mercosul, Civitas, Revista de Ciências Sociais (Porto Alegre: PPGCS/PUC-RS, a. I, n. 1, jun. 2001, p. 37-53; ISSN: 1519-6089). Relação de Publicados n. 289.

689. O futuro do Mercosul: Os desafios da agenda interna e da liberalização hemisférica, in Marcos Costa Lima e Marcelo de Almeida Medeiros (orgs.), O Mercosul no limiar do século XXI (São Paulo: Cortez; Buenos Aires: CLACSO, 2000, p. 17-26; ISBN 85-249-0749-5). Relação de Publicados n. 261.

686. “Problemas da Integração no Mercosul: Obstáculos Estruturais e Conflitos Negociais”, in Araminta de Azevedo Mercadante e José Carlos de Magalhães (coords.). Solução e Prevenção de Litígios Internacionais, volume II (São Paulo: NECIN-CAPES; Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1999), pp. 469-492. Relação de Publicados nº 246..

674. “Dilemas da soberania no Mercosul: supranacional ou intergovernamental?”, In PIDIG, Programa Interdisciplinar Direito e Globalização, UERJ: Anuário: Direito e Globalizacao, 1: A Soberania. Rio de Janeiro: Editora Renovar, 1999; dossiê coordenado por Celso de Albuquerque Mello; pp. 239-261. Relação de Publicados n° 240.

667. O Brasil e o futuro do Mercosul: dilemas e opções in Paulo Borba Casella (coord.), Mercosul: integração regional e globalização (Rio de Janeiro: Renovar, 2000, p. 13-38). Relação de Publicados n. 251.

651. Mercosul, Nafta e Alca: a dimensão social (São Paulo: LTr, 1999, em coordenação com Yves Chaloult). Relação de Publicados nº 236.

628. Mercosul: Fundamentos e Perspectivas (São Paulo: Editora LTr, 1998, 160 pp). Relação de Publicados n. 227.

612. “O Mercosul no contexto global” in Celso Ribeiro Bastos, Cláudio Finkelstein (coords.), Mercosul. Lições do Período de Transitoriedade (São Paulo: Instituto Brasileiro de Direito Constitucional, 1998, pp. 109-135). Relação de Publicados nº 233b.

559. “O Mercosul e os processos de integração nas Américas no contexto do sistema econômico internacional: uma cronologia comentada”, Boletim de Diplomacia Econômica (Brasília: Ministério das Relações Exteriores, SGIE/GETEC: nº 20/21, 1996/97, pp. 70-76). Relação de Publicados nº 205.

474. L’Intégration latino-américaine et le Mercosud (Paris: Ambassade du Brésil, avril 1995, 68 pp). Brochura sobre o contexto histórico e institucional do processo de integração regional e o Mercosul. Relação de Publicados n° 176.

441. “Mercosul e União Européia: Vidas Paralelas?”, Boletim de Integração Latino-Americana (Brasília: n° 14, julho-agosto-setembro de 1994, pp. 16-25). Relação de Publicados n° 161.

416. “O Brasil e o Mercosul em Face do NAFTA”, Política Externa (São Paulo: vol. 3, nº 1, junho-julho-agosto 1994, pp. 84-96). Republicado, sob o título “Brasil y el Mercosur de Cara al TLC”, nos Cuadernos de Marcha (Montevideo: nº 100, dic. 1995, p. 29-37; ISBN: 0797-2350; referido no Handbook of Latin American Studies, Volume: 57; HLAS Item#: bi 96003830). Relação de Publicados nº 158.

348. O Mercosul no contexto regional e internacional (São Paulo: Edições Aduaneiras, 1993, 204 p.). Relação de Publicados nº 141.

320. “Apresentação”, in José Angelo Estrella Faria, O Mercosul: Princípios, Finalidade e Alcance do Tratado de Assunção (Brasília: NAT/SGIE/MRE, 1993), pp. vii-x.; Publicados n. 123.

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