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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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sábado, 28 de outubro de 2017

Mini-reflexao sobre o atual quadro politico e as perspectivas eleitorais - Paulo Roberto de Almeida


Mini-reflexão sobre o atual quadro político e as perspectivas eleitorais

Paulo Roberto de Almeida
 [Visão do atual ambiente político; preparação para 2018]

No que estou pensando atualmente? Simples, e complicado, ao mesmo tempo.
Em quão medíocre, patético e deprimente é o quadro atual de nossas instituições supostamente republicanas, e nisso eu coloco não apenas as instituições formais do Estado, os três poderes, mas também os atores sociais que deveriam guiar a nação, em primeiro lugar as ditas elites do poder (do dinheiro e da representação).
Creio que, como parte dessa fração à qual eu chamo de “cidadania consciente e ativa” (pelo menos no Facebook), o único sentimento atual que nos é habilitado é, de certa forma, o sentimento de impotência, ante tanta corrupção, desfaçatez, mentiras e falcatruas que nos são exibidas todos os dias pelos meios de comunicação, e à quais não sabemos responder adequadamente. Já passou a fase das grandes manifestações contra o poder inepto, corrupto, criminoso dos que estavam no poder – tanto o partido neobolchevique, cujo chefão mafioso ainda está solto, quanto o líder de um dos poderes atualmente na cadeia – e agora estamos aguardando um pouco passivamente e quase sem esperanças as próximas eleições. Já não confiamos em que esse Congresso que está aí, o atual Executivo, e mesmo a corte dita suprema, que não merece esse nome, possam ser capazes de nos oferecer um ambiente saudável para as eleições de 2018.
Por isso, mesmo sendo injusto com os poucos líderes políticos honestos atualmente no Congresso, creio que nossa palavra de ordem deve ser: RENOVAR TUDO, COMPLETAMENTE. Não deveríamos reeleger NENHUM dos atuais incumbentes, mandatários ou representantes, pois coniventes ou não com o atual quadro lamentável de degradação do ambiente político, todos são responsáveis pela NÃO REFORMA, e pior do que isso, pela tentativa de asfixiar a luta contra a corrupção e pelas manobras de perpetuação, continuidade, manutenção do quadro pavoroso que se nos apresenta na frente política.
Por isso, renovo meu slogan: TODOS PARA FORA! NÃO REELEJAM NINGUÉM!
De minha parte pretendo seguir atentamente o processo político em curso, mas sem qualquer ilusão de que em 2019 possamos estar muito melhores do que atualmente.
Começo a seguir a dinâmica política, e para isso faço o retrospecto do que já produzi até aqui em matéria de seguimento das principais eleições desde a redemocratização, neste trabalho da plataforma Academia.edu, na seção “Papers”, link: http://www.academia.edu/34983679/Preparando_o_acompanhamento_da_campanha_presidencial_de_2018.


Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 28 de outubro de 2017

Michelangelo: divino artista - Metropolitan Museum of NY

Lamentando não estar mais nos EUA, para "dar um pulinho no MET", para uma "pequena" exposição:


View in browser
 
Exhibitions
Michelangelo: Divine Draftsman and Designer
Opens November 13, 2017
The Met Fifth Avenue
This exhibition will present a stunning range and number of Michelangelo's works: 128 of his drawings, three of his marble sculptures, his earliest painting, his wood architectural model for a chapel vault, as well as a substantial body of complementary works by other artists for comparison and context. 

Watch a video preview of the exhibition featuring Dr. Carmen C. Bambach, Curator, Department of Drawings and Prints.
http://metmuseum.hosted.strongview.com/t/gcH1AAdbb20pQA-0sBYfGqaGQTzRANaaaaaGQTzBM4JDZbaa?q=4_z409z8~amp;a=sodipblad~2513jh.Zrj~amp;o=88~amp;u=~amp;u=B0elYlqllqp~amp;5x44_4x55_Pbw_B0elYlqllqp_RmhklkjPrlq_KrkPbpYhov

Brasil invertebrado - Ricardo Velez-Rodriguez

BRASIL INVERTEBRADO


Ricardo Vélez-Rodríguez
Blog Rocinante, 28/10/2017
(Um espaço para defesa da Liberdade, da forma incondicional em que Dom Quixote fazia nas suas heroicas empreitadas!)

Faço referência no título deste post à obrinha de Ortega y Gasset intitulada: España invertebrada (1922). Nela, o grande pensador criticava a falta de espírito público vigente na Espanha, às vésperas da Guerra Civil. Cada um no seu canto, com a sua bandeira. A Espanha de então era como o Brasil de hoje, dividido em patotas. Cada um zelando pelos seus interesses individuais, mas sem nenhuma perspectiva de respeito aos direitos dos outros. Era a ausência total do "interesse bem compreendido" apregoado por Tocqueville como condição necessária ao bom funcionamento de uma República.

Pois bem: o vício da privatização do poder para benefício próprio, fenômeno tipicamente ibérico, esse é o nosso mal, neste Brasil que se debate entre patotas. O lema dessa privatização do que é de todos é: "quanto pior melhor"! Fica isso claro no niilismo lulopetralha, que quer que definitivamente o barco afunde, visto que o Chefe já está com a água no pescoço. Mas desse imediatismo suicida não se salvam outros atores. Muitos querem negociar, no Parlamento, levando unicamente em consideração os interesses imediatos, sem pensarem no país e no que seria melhor para o Brasil.

Os vários grupos de esquerda arregimentados ao redor do lulopetismo consideram que como o Partido e os seus dois ex-presidentes, Lula e Dilma, estão já prestando contas à Justiça pelos malfeitos dos seus desgovernos, devem desconhecer, então, a legitimidade do governo Temer que, dentro dos marcos assinalados pela Lei, substituiu o regime lulopetralha. A minha posição é clara: deixem o Temer concluir o seu mandato-tampão, estabelecido à luz do que a Constituição e as leis mandam. Se ele tiver algo a responder perante a Justiça pelo seu desempenho político anterior à chegada ao Planalto, que o faça logo assim que terminar o seu mandato em 2019. 

O que os militantes estão tentando, há meses a fio, é inviabilizar um governo de transição legitimamente constituído, para "pescar em águas turvas". É claro que entre os colaboradores parlamentares de Temer, nem todos são corretos e não poucos tem agido unicamente pensando nos seus benefícios imediatos, sem prestar atenção ao que seria melhor para todos os brasileiros. Agem assim os que aproveitam a próxima curva do caminho para assombrar o enfraquecido presidente com exigências que são mais chantagens de última hora.

Mas o governo Temer tem resistido aos embates, negociando aqui e acolá. Afinal de contas, Michel Temer é um experimentado parlamentar que sabe de cor e salteado os ritos processuais do Congresso e da barganha política. Se algo de errado houver nos seus atos como presidente, que seja julgado conforme o rito legal. Até o presente, pelo visto das sessões do Parlamento dedicadas a apreciar as denúncias do Ministério Público contra o primeiro mandatário, ele tem sido  poupado. Deixem o homem trabalhar neste seu curto mandato, a fim de que complete o trabalho de saneamento da economia, duramente golpeada pela irresponsabilidade criminosa de Lula, Dilma e dos seus colaboradores.

De negativo tenho a destacar a figura do ex-procurador Rodrigo Janot, que cedeu à tentação da mosca azul do poder e partiu com tudo para cima de Michel Temer, a fim de conquistar benefícios políticos e pavimentar a sua entrada ulterior na política partidária. Não podia o senhor Janot ter feito isso, investido como estava de altos poderes na Procuradoria Geral da República. O episódio da denúncia montada contra Temer à sombra da procuradoria, que negociou previamente com os criminosos empresários Joesley e Wesley (dois gangsteres de filme de velho oeste, mais do que dois honestos cidadãos), é de todo modo inaceitável. Janot achou que os brasileiros somos otários e que se sairia bem com a sua ópera bufa. Amargará as consequências que a opinião pública lhe obrigará a engolir nos próximos anos. A lei existe e é para todos, inclusive para Janot e comparsas!

Escreveu bem, a respeito das aventuras estratégicas de Janot, o sociólogo Demétrio Magnoli no seu artigo intitulado: "A Lava-Jato perecerá se não for contido o espírito jacobino" (Folha de S. Paulo, 24/06/2017), quando frisou: "Janot, nosso Ropbespierre carnavalesco, subscreveu o enunciado (de que o Terror é nada mais que justiça imediata, severa, inflexível), ao associar-se com o corruptor geral da República numa trama politicamente motivada. Já o Supremo Tribunal Federal, ao validar o prêmio escandaloso concedido ao delator, desperdiçou a primeira oportunidade para dissociar a palavra Justiça da palavra Terror". Segundo Magnoli, "Dois fatos são indisputáveis: 1 - antes de delatar oficialmente, Joesley foi instruído por um procurador e um delegado da Polícia Federal; 2 - como prêmio pela entrega das gravações, obteve imunidade judicial absoluta. Nas suas argumentações, os Ministros do Supremo Tribunal Federal esconderam-se atrás do biombo dos sofismas para não enfrentar tais flagrantes ilegalidades".

Uma segunda apreciação crítica das investidas da Procuradoria e do Ministério Público, tinha sido elaborada pelo sociólogo Luiz Werneck Viana na entrevista concedida no ano passado a Wilson Tosta, do jornal O Estado de S. Paulo (20/12/2016), sob o sugestivo título: "Tenentes de toga comandam essa balbúrdia jurídica". Nas suas declarações, Werneck Vianna reconhecia que há uma inteligência (a das corporações jurídicas, como o Ministério Público e o Judiciário) a comandar a crise política que assola o País. "Essa balbúrdia - frisava o entrevistado - é comandada e manipulada com perícia. Procuradores e juízes são tenentes de toga, uma comparação com os tenentes de 1920, mas, diferentemente dos revolucionários fardados,  não tem programa além de uma reforma moral do país".

O certo é que essa investida moralizante insere-se no contexto da regeneração dos positivistas do século XIX, que pretendiam enxotar a representação de interesses como imoral, a fim de deixar unicamente no cenário os legítimos representantes dos interesses sagrados do governo, a nomenclatura cabocla e os seus mandantes, iluminados pela ciência social. Todos sabemos aonde conduzem essas nebulosas elucubrações: a "ditadura científica" dos "puros", que o Brasil já conheceu nos ciclos castilhista, getuliano e do ciclo militar. Tratar-se-ia de jogar a água suja da banheira junto com a criança. Isso a sociedade brasileira não quer. 

O que reivindicamos os cidadãos nestes momentos é que haja uma reforma política que reestruture a nossa representação deformada pelas intervenções autoritárias. Uma das intervenções mais desastradas foi a efetivada pelo ditador Getúlio Vargas, que popularizou o slogan de que as eleições são para conscientizar, não para melhorar a representação. Outra intervenção desastrada foi a protagonizada pelo famigerado "Pacote de Abril" do general Geisel, que deformou a representação dando mais representatividade aos Estados atrasados que dependiam dos favores da União, tendo deixado sub-representados os Estados que representavam o Brasil moderno.

Renuncias fiscais em favor de grupos: bem maiores do que gastos com saude e educacao - Alexandro Martello, Ricardo Bergamini

Renúncia fiscal soma R$ 400 bi em 2017 e supera gastos com saúde e educação
Classificadas pelo Fisco como 'perda de arrecadação', renúncias tributárias foram concedidas pelos governos nas últimas décadas a fim de estimular setores da economia ou regiões.
Por Alexandro Martello
G1-Brasília, 03/09/2017
Ao mesmo tempo em que luta para tentar reequilibrar as contas públicas, que vêm registrando nos últimos anos rombos bilionários sucessivos em um cenário de baixo nível de atividade e dificuldade para cortar despesas obrigatórias, o governo também concede benefícios gigantescos para setores da economia, regiões do país e até mesmo para as pessoas físicas.
As chamadas renúncias tributárias, ou seja, a perda de arrecadação que o governo registra ao reduzir tributos com caráter "compensatório" ou "incentivador" para setores da economia e regiões do país, estão estimadas em R$ 284 bilhões neste ano.
Juntamente com os benefícios financeiros e creditícios (R$ 121,13 bilhões), os valores totais estão projetados em R$ 406 bilhões para este ano, com alta de 7,4% frente ao ano de 2016 (R$ 378 bilhões). Os números são da Receita Federal e do Tribunal de Contas da União (TCU).
Nas renúncias, há uma miríade de benefícios. Entre eles: Zona Franca de Manaus, para empresas do Simples, pessoas físicas (deduções do IR de saúde e educação), cesta básica, exportações, energia, empregados domésticos, donas de casas, indústria automobilística, pessoas com deficiências, entidades sem fins lucrativos, filantrópicas, subsídios do BNDES, informática, desporto e crianças e adolescentes (veja a lista no fim desta reportagem).
As renúncias são resultado de medidas adotadas principalmente no passado, por outros governos, mas algumas, como o novo Refis, programa de parcelamento, foram adotadas pelo governo Temer, ou mantidas, como a do Repetro (para a indústria petroleira).
Mas outras foram encerradas, como a concessão de benefícios para o audiovisual. O governo Temer também quer reonorar a folha de pagamentos, mas ainda precisa passar a medida pelo Congresso Nacional. Alguns benefícios concedidos por governos anteriores estão sendo questionados pela Organização Mundial de Comércio (OMC).
O valor concedido em benefícios tributários e financeiros neste ano supera todas as despesas com saúde e educação (sem contar pessoal), Bolsa Família, benefícios de prestação continuada (BPC), seguro-desemprego, abono salarial, Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), Fundeb e Fies, que, juntos, estão estimados em R$ 317,44 bilhões para todo ano de 2017.
Segundo os números do Ministério do Planejamento, as renúncias de arrecadação previstas para este ano, com estes benefícios tributários e financeiros, também equivalem cerca de 32% das receitas totais do governo (última estimativa do governo, feita em agosto, de R$ 1,28 trilhão).
O que dizem analistas e setor produtivo
Segundo o pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre-FGV) e professor do Instituto de Direito Público, José Roberto Afonso, toda renúncia deveria ser concedida prevendo custos e benefícios, e posteriormente avaliações, regulares, se possível independentes para checar se estão sendo atendidos os seus objetivos, o que não acontece.
"Os casos de frustrações seriam os primeiros candidatos a revisão", afirmou.
Para Afonso, o mesmo ato que concedeu o benefício pode caçá-lo também. "Basta o governo tomar iniciativa de propor a revisão. O caso recente do Repetro e do novo Refis foram desanimadores porque, de decreto a lei, apontaram no sentido oposto", declarou ele.
O Sebrae, por sua vez, defendeu os benefícios para as micro e pequenas empresas, concedidas por meio do Simples Nacional – programa que unifica e simplifica o recolhimento de tributos para o setor. De acordo com o órgão, os pequenos negócios são os responsáveis pela geração de renda de 70% dos brasileiros ocupados no setor privado.
"Mesmo com a retração da economia, o número de empreendimentos aumentou. Isso evitou uma maior estagnação do país. Se não houvesse o empreendedorismo de pequeno porte, o número de desocupados seria ainda maior", disse o presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos.
Para ele, as micro e pequenas empresas exercem uma função de "colchão social", já que parte dos empregadores desse segmento conseguiu segurar muitos de seus funcionários e abrigar outros que se viram sem trabalho durante a crise econômica.
Já a Zona Franca de Manaus celebrou neste ano 60 anos de existência. Os benefícios à região foram prorrogados em 2014 até 2074. A Superintendência da Zona Frana (Suframa) avaliou em artigo que o modelo de negócios da Zona Franca é marcado por ser "economicamente sustentável, socialmente justo e ambientalmente responsável".
Renúncias tributárias x benefícios financeiros
Classificadas pelo Fisco como "perda de arrecadação", as renúncias tributárias, estimadas no valor de R$ 284 bilhões neste ano, foram concedidas pelos governos nas últimas décadas, permanecendo ainda vigentes, para estimular setores da economia ou regiões do país.
Entre elas, estão a perda de arrecadação com o Simples Nacional e com a Zona Franca de Manaus, e também benefícios para as pessoas físicas - como, por exemplo, as deduções no Imposto de Renda de Saúde e Educação, que beneficiam principalmente as classes média e alta.
A maior renúncia fiscal do governo, por exemplo, vai para as micro e pequenas empresas inscritas no Simples Nacional - que contam com tributação simplificada e menor do que as médias e grandes companhias do país. Somente nesse caso, a perda de arrecadação estimada para este ano é de R$ 82,99 bilhões - valor que é mais do que duas vezes o orçamento da Educação, estimada em R$ 31,36 bilhões para este ano.
Quando se faz a análise das renúncias por tributos (veja gráfico abaixo), aquele mais utilizado para dar benefícios é a Cofins, com R$ 64 bilhões estimados neste ano (desoneração da cesta básica, de medicamentos, e Simples Nacional, entre outros).
Em seguida, vêm as renúncias feitas por meio da contribuição da previdência social, com R$ 62 bilhões em desonerações - principalmente por conta da redução de tributos sobre a folha de salários (que o governo quer diminuir), filantrópicas, Simples Nacional e exportação da produção rural.
As renúncias tributárias feitas por meio do Imposto de Renda das Pessoas Físicas (IRPF), por sua vez, têm uma perda estimada de arrecadação de R$ 41,8 bilhões em 2017. Neste caso, se destacam as isenções de IR para quem tem mais de 65 anos, a aposentadoria por moléstia grave, as deduções no IR com Saúde (R$ 12,69 bilhões neste ano) e Educação (R$ 4,29 bilhões), entre outros. Também há renúncia de mais R$ 46,2 bilhões por meio do IR das empresas.
 Renúncias tributárias em 2017 (Gráfico da Secretaria da Receita Federal)
No caso dos benefícios financeiros e creditícios, que estão estimados em R$ 121,13 bilhões neste ano, o chamado setor produtivo é o maior beneficiado, seguido pelos programas sociais e pelo setor agropecuário (veja gráfico abaixo).
Por destinação, segundo o TCU, os três maiores beneficiários desses recursos são: empréstimos da União ao BNDES, com R$ 23,87 bilhões (para cobrir a diferença entre juros de mercado e taxas subsidiadas sobre o estoque existente); Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), com R$ 15,82 bilhões; e os Fundos Constitucionais de Financiamento (FNE, FNO e FCO), com R$ 15,37 bilhões previstos para este ano.
Benefícios financeiros em 2017
Os principais casos:
Veja abaixo a lista das principais renúncias tributárias estimadas por setor em 2017 pela Receita Federal, sem contar benefícios financeiros
- Agricultura: R$ 26,58 bilhões (9,33% do total)
·                   Desoneração Cesta Básica: R$ 17,58 bilhões
·                   Exportação da Produção Rural: R$ 6,26 bilhões
·                   Seguro rural: R$ 218 milhões
·                   Zona Franca de Manaus: R$ 1,24 bilhão
- Assistência Social: R$ 12,73 bilhões (4,47% do total)
·                   Aposentadoria de Declarante com 65 Anos ou Mais: R$ 6,44 bilhões
·                   Automóveis - Pessoas Portadoras de Deficiência: R$ 367 milhões
·                   Cadeira de Rodas e Aparelhos Assistivos: R$ 244 milhões
·                   Dona de Casa: R$ 240 milhões
·                   Entidades sem Fins Lucrativos - Associação Civil: R$ 2,7 bilhões
·                   Entidades sem Fins Lucrativos - Filantrópica: R$ 1,39 bilhão
- Ciência e Tecnologia: R$ 10,1 bilhões (3,55% do total)
·                   Despesas com Pesquisas Científicas e Tecnológicas: R$ 1,48 bilhão
·                   Informática e Automação: R$ 5,76 bilhões
·                   Inovação Tecnológica: R$ 2,05 bilhões
- Comércio e Serviços: R$ 82,78 bilhões (29% do total)
·                   Simples Nacional: R$ 64,09 bilhões
·                   Zona Franca de Manaus: R$ 17,19 bilhões
- Cultura: R$ 1,83 bilhão (0,64% do total)
·                   Atividade Audiovisual: R$ 282 milhões
·                   Entidades sem Fins Lucrativos - Cultural: R$ 163 milhões
·                   Programa Nacional de Apoio à Cultura: R$ 1.35 bilhão
·                   RECINE: R$ 10,7 milhões
- Desporto e Lazer: R$ 706 milhões (0,25% do total)
·                   Entidades sem Fins Lucrativos - Recreativa: R$ 258 milhões
·                   Incentivo ao Desporto: R$ 235 milhões
·                   Olimpíada: R$ 212 milhões
- Direitos da Cidadania: R$ 753 milhões (0,26% do total)
·                   Fundos da Criança e do Adolescente: R$ 346 milhões
·                   Fundos do Idoso: R$ 87 milhões
·                   Horário Eleitoral Gratuito: R$ 319 milhões
- Educação: R$ 14,17 bilhões (4,98% do total)
·                   Creches e Pré-Escolas: R$ 21 milhões
·                   Despesas com Educação: R$ 4,29 bilhões
·                   Entidades Filantrópicas: R$ 4.54 bilhões
·                   Entidades sem Fins Lucrativos - Educação: R$ 3,61 bilhões
·                   PROUNI: R$ 1,32 bilhão
·                   Transporte Escolar: R$ 6 milhões
- Energia: R$ 4,14 bilhões (1,46% do total)
·                   Biodiesel: R$ 65 milhões
·                   Gás Natural Liquefeito: R$ 666 milhões
·                   Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infraestrutura: R$ 2,41 bilhões
·                   Termoeletricidade: R$ 740 milhões
- Habitação: R$ 11,25 bilhões (3,95% do total)
·                   Financiamentos Habitacionais: R$ 2,19 bilhões
·                   Minha Casa, Minha Vida: R$ 582 milhões
·                   Poupança: R$ 8,43 bilhões
- Indústria: R$ 35,13 bilhões (12,34% do total)
·                   Inovar-Auto (indústria automobilística): R$ 1,21 bilhão
·                   Petroquímica: R$ 1,09 bilhão
·                   Setor Automotivo: R$ 2,49 bilhões
·                   Simples Nacional: R$ 18,9 bilhões
·                   SUDAM: R$ 1,84 bilhão
·                   SUDENE: R$ 2,71 bilhões
·                   Zona Franca de Manaus: R$ 6,42 bilhões
- Saúde: R$ 36,01 bilhões (12,64% do total)
·                   Assistência Médica, Odontológica e Farmacêutica a Empregados: R$ 5,08 bilhões
·                   Despesas Médicas: R$ 12,69 bilhões
·                   Entidades Filantrópicas: R$ 6,82 bilhões
·                   Entidades sem Fins Lucrativos - Assistência Social e Saúde: R$ 3,79 bilhões
·                   Medicamentos: R$ 5,31 bilhões
·                   Produtos Químicos e Farmacêuticos: R$ 2,13 bilhões
- Trabalho: R$ 43,17 bilhões (15,16% do total)
·                   Aposentadoria por Moléstia Grave ou Acidente: R$ 10,75 bilhões
·                   Benefícios Previdenciários e FAPI: R$ 4,45 bilhões
·                   Desoneração da Folha de Salários: R$ 17,03 bilhões
·                   Indenizações por Rescisão de Contrato de Trabalho: R$ 5,99 bilhões
·                   MEI - Microempreendedor Individual: R$ 1,55 bilhão
·                   Incentivo à Formalização do Emprego Doméstico: R$ 685 milhões
- Transporte: R$ 4,99 bilhões (1,75% do total)
·                   Embarcações e Aeronaves: R$ 1,46 bilhão
·                   Leasing de Aeronaves: R$ 787 milhões
·                   Motocicletas: R$ 107 milhões
·                   TAXI: R$ 219 milhões
·         Transporte Coletivo: R$ 1,66 bilhão
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 Comentário do economista Ricardo Bergamini, a quem agradeço pela comunicação dos dados acima:
Fico pasmo e triste quando vejo na imprensa e na internet pessoas consideradas de respeito empunhando bandeiras ideológicas na defesa de vigaristas e pilantras (de todas as cores e matizes) que prometem reformas fáceis como solução para todos os nossos problemas, quando o principal deles “a vergonha na cara” não está no debate.
Em vista do acima exposto gostaria de saber: qual a moral dos governantes em pregarem reformas (apenas para ganhar o “Oscar de Efeitos Especiais” nos seus históricos políticos), enquanto, ao mesmo tempo, praticam a aberração de uma renúncia fiscal da ordem de R$ 400,0 bilhões destinados aos amigos e aliados do governante de plantão?
Vejam senhores que todas essas aberrações são fontes primárias de corrupção, visto serem mecanismos de privilégios que a nação concede aos políticos e burocratas o poder de escolha dos beneficiários, da mesma forma que ocorre na excrescência econômica da taxa de juros dos bancos privados em torno de 35,9% ao ano e dos públicos da ordem de 8,9% ao ano subsidiado pela miséria brasileira.