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terça-feira, 31 de julho de 2007

759) Preparação à carreira diplomática: novo espaço

O diplomata Maurício Costa, bem sucedido no último concurso para a carreira, abriu um blog, Diálogo Diplomático, no qual pretende disponibilizar informações e transmitir um pouco de sua experiência de preparação ao concurso.
Transcrevo aqui abaixo seu primeiro post, com um interessante texto sobre os "desvios" do estudo, que merece reflexão.
Vale uma visita ao blog: http://dialogodiplomatico.blogspot.com/

Segunda-feira, 30 de Julho de 2007
OS SETE PECADOS CAPITAIS DA PREPARAÇÃO

Antes de tudo, um pequeno esclarecimento:

Debater a preparação para o Concurso de Admissão à Carreira Diplomática - o CACD - provoca polêmicas e, por vezes, induz os debatedores a um certo grau de destempero. O objetivo deste texto, o primeiro de uma série que publicarei semanalmente neste blog, não é polemizar, mas apresentar algumas opiniões e apontamentos resultantes da experiência de preparação.

Não há uma lista de opiniões certas ou erradas sobre o CACD. Todas as opiniões são, em maior ou menor grau, permeadas pela subjetividade de quem as exprime e neste blog não é diferente.

Minhas opiniões, que passo a expor a partir de agora, não são leis da natureza, estão abertas ao debate e ao contraditório.

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É difícil responder a tantas perguntas, pedidos de conselhos e dicas sobre a preparação que tenho recebido desde que fui aprovado no CACD 2007. O risco de fazer uma afirmação taxativa a respeito da preparação, embora eu por vezes as faça, é grande. É possível, entretanto, que os erros cometidos no decorrer da preparação tenham um certo grau de generalidade. Antes de dizer o que fazer, creio que compartilhar o que não fazer e o que pode atrapalhar a preparação é a melhor forma de começar o diálogo.

A partir de agora, apontarei alguns dos principais equívocos que cometi e que percebi que foram cometidos por muitos amigos e companheiros nesta luta que me acompanharam entre 2005 e 2007.

1-ACREDITAR QUE EXISTE UMA RECEITA MÁGICA PARA A APROVAÇÃO:
a crença de que existe uma fórmula exata a ser seguida para obter êxito no CACD é o maior equívoco possível. A única forma de aumentar a probabilidade de ser aprovado é estudar muito. É possível que um candidato estude muito e não seja aprovado, assim como é possível que um candidato teoricamente menos preparado seja aprovado, porém somente o estudo disciplinado e contínuo eleva a probabilidade de um bom resultado. Cada candidato precisa encontrar a fórmula de preparação a que melhor se adapte, com a qual obtenha os melhores resultados e o melhor rendimento. Mais do que estudar muito, é preciso estudar certo. Como estudar certo é uma descoberta que cada candidato faz ao longo da sua preparação. Pastiches de métodos alheios só servem naquilo em que o candidato se adapte. Esforço, disciplina, transpiração e sacrifício são as palavras de ordem.

2-NÃO SE ADAPTAR AO FORMATO DA PROVA:
o candidato ao CACD precisa estar preparado para qualquer desafio que lhe seja imposto pelo concurso. Embora se possa desejar mudanças no formato que beneficiem um ou outro perfil de candidato, a preparação não pode ser pautada pela expectativa dessa mudança. A maneira mais eficiente de evitar surpresas desagradáveis é estar preparado tanto para provas escritas quanto para provas objetivas em todas as matérias. Se o candidato estiver realmente bem preparado, o formato da prova poderá prejudicá-lo, mas não a ponto de reprová-lo. Estudar todas as matérias ao longo do ano e alcançar o domínio programático em todas elas é o ideal (tarefa dificílima, as dificuldades serão debatidas posteriormente em texto específico). Não é o concurso que deve se adaptar ao candidato, o candidato é que deve se adaptar e estar preparado para qualquer prova.

3-IGNORAR OU NÃO RESPEITAR O VIÉS CONCEITUAL DA BANCA:
o CACD conta com uma vasta bibliografia indicada que, de acordo com o guia de estudos, não é restritiva. As bancas de cada etapa, porém, têm um viés conceitual e teórico específico(e academicamente legítimo) que precisa ser percebido e respeitado, principalmente no teste de pré-seleção, no qual atualmente a prova objetiva conta com uma parte considerável de itens de certo e errado. Matérias como história, política internacional e geografia, por exemplo, são abordadas de forma mais interpretativa do que factual. É necessário que o candidato conheça as interpretações que coincidem com as da banca. A bibliografia se contradiz em muitos pontos, mas o gabarito respeita um lógica e um padrão claros, que podem ser percebidos se o candidato analisar com atenção as provas dos últimos anos. Com as provas de inglês e português não é diferente: se a prova de inglês exige preencher lacunas de preposição, estude e exercite, se a prova de português exige interpretação e pontuação, estude e exercite. Não há nenhuma vantagem em contar com a sorte quando a disputa por uma vaga depende de 0,25 pontos. Brigar com a banca e com o viés da prova tende a não produzir bons resultados.

4-DESPREZAR AS LEITURAS OU PROCURAR FAZER APENAS LEITURAS FÁCEIS:
é possível que um candidato alcance um bom nível de preparação sem que leia livros inteiros e completos, mas nunca sem um domínio programático de todo o conteúdo. Tal domínio pode ser alcançado com leituras bem orientadas e boas aulas nas matérias específicas. A leitura, entretanto, é insubstituível. Leitura e domínio da bibliografia dão densidade de conteúdo, bem como possibilitam que as várias questões que são "paráfrases" de trechos de obras da bibliografia sejam percebidos claramente. O candidato não deve deixar de ler o máximo possível.

5-SUPERESTIMAR A PRÓPRIA CAPACIDADE EM QUALQUER MATÉRIA:
o candidato nunca está completamente preparado em nenhuma matéria. Se não há mais o que estudar, melhor estudar de novo. Se estiver cansado de uma matéria chata, passe a estudar uma matéria que goste, mas não pare de estudar. Na pior das hipóteses, uma matéria servirá de lastro de pontuação na última etapa. O candidato não deve parar de estudar uma matéria porque acha que a domina, muito menos deve abandonar uma matéria porque acha que não consegue evoluir. Trabalhar os pontos fracos é fundamental, fazer a manutenção dos pontos fortes também é. O grau que deve ser dedicado a cada uma das tarefas é subjetivo, somente o candidato e, quem sabe, uma boa orientação docente podem descobrir.

6-ESQUECER OU IGNORAR QUE O CACD TEM 3 ETAPAS:
bons resultados no TPS não significam necessariamente bons resultados nas etapas seguintes. O candidato deve se preparar para as três etapas ao longo do ano e, de acordo com a sua estratégia, direcionar a preparação por etapas a partir do lançamento do edital do concurso. Uma maneira de potencializar a o rendimento da preparação é estudar para o TPS como se fosse a terceira fase. A leitura de bibliografia densa e completa, além de contribuir para uma excelente pontuação na etapa objetiva, possibilita que se economize muito tempo de leitura em tais matérias na terceira etapa. O candidato poderá se dedicar com mais afinco a seus pontos fracos e às matérias que não são contempladas no TPS. Também é importante ter em mente que a prova objetiva não reflete o verdadeiro grau de preparação dos candidatos.

7-NÃO ADMITIR OS PRÓPRIOS ERROS, ENCONTRAR CULPADOS PARA O PRÓPRIO FRACASSO:
o candidato, antes de tudo, precisa aprender com os seus erros. Antes de culpar a banca, o formato da prova, os "concurseiros", o clima ou qualquer outro fator exógeno, é preciso analisar e perceber quais foram as falhas cometidas na preparação e tentar corrigi-las. Perceber em quais tópicos errou mais, em quais matérias precisa de aprofundamento e em quais pecados incorreu no decorrer da preparação é a única forma de o candidato encurtar o caminho para a aprovação. É possível passar na primeira tentativa, entretanto, a tendência é que o candidato fracasse algumas vezes antes obter a aprovação. Persistência e disciplina são fundamentais para alcançar êxito na longa jornada de preparação para o CACD, mas a capacidade de abdicar da teimosia e de abdicar de persistir nos erros são ainda mais fundamentais. Eu mesmo fracassei por duas vezes, em cada uma delas aprendi com meu erros e hoje estou aprovado. É o que desejo a todos que se esforçam e sonham com a carreira no serviço exterior.

Espero ter contribuído para o início de um bom debate. A partir da semana que vem publicarei textos sobre temas específicos da preparação.

A seção de comentários está aberta à participação de todos.

Postado por M-A-C às 17:33 3 comentários

2 comentários:

Thamires Vieira. disse...

Sou uma adolescente e me interessei sobre a carreira diplomata.Para ser um diplomata,temos que estudar sobre mais ou menos o que?

Paulo Roberto de Almeida disse...

Thamires,
Voce deve, antes de mais nada acessar o site do Instituto Rio Branco, do Ministerio das Relacoes Exteriores (www.irbr.mre.gov.br) e ler o Edital e o Guia de Estudos relativos ao concurso para a carreira diplomatica. Preferencialmente, voce deve ler toda a bibliografia recomendada, o que é um imenso rol de livros, podendo voce comecar desde ja, pelo menos com livros de historia e de literatura brasileira.
No meu site, na secao carreira diplomatica, voce tem algumas dicas e uma bibligrafia resumida.
Veja aqui: www.pralmeida.org
Bons estudos e persistencia.
Cordialmente,
Paulo Roberto de Almeida