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domingo, 10 de maio de 2009

1095) Bacalhau de dia das maes (receita pessoal)

Bem, poderia ser de qualquer dia, na verdade, e eu já o fiz em outras ocasiões. Constitui, junto com risoto de camarões, um dos dois únicos pratos que me permito preparar, incapaz que sou de desenvolver as artes culinárias, embora eu seja muito mais um gourmand -- e, portanto, supostamente orientado para a cozinha -- do que um gourmet (mas sei apreciar as boas ofertas da haute gastronomie).
Vou apenas reproduzir o que fiz, sendo que os eventuais candidatos podem introduzir variações em suas tentativas respectivas, com outros elementos ou de outra forma.

Bacalhau, obviamente, de boa qualidade (e que não é barato): comprei quase dois quilos de filé de bacalhau numa casa especializada, e deve ter custado acima de 140 reais (sorry, sou distraido completamente em coisas de dinheiro, em várias outras coisas também).
Batatas, cebolas, pimentões (de várias cores, para ficar bonito), ovos, azeitona, temperos e, à parte, arroz e salada, sem esquecer azeite de oliva, um pouco na preparação e muito na hora de servir, individualmente.

Comecei deixando o bacalhau de molho 24 horas antes, trocando várias vezes a água, para retirar o excesso de sal.
Domingo de manhã (dá para fazer tudo sozinho em duas horas, mas comecei mais cedo, para fazer com calma, ler jornal no meio, consultar e-mails, etc), comecei por cozinhar o bacalhau num panelão fundo, sem me preocupar em contar o tempo, digamos por meia hora, pelo menos (deve ter uma maneira mais científica de se cozinhar um bacalhau, mas eu sou contra manuais de instruções). Depois deixei o bacalhau descansando, e esfriando, numa travessa e não me ocupei dele (ele não reclamou).

Cozinhei, separadamente (mas tem gente que recomenda cozinhar na própria água do bacalhau), batatas e pimentões. Enquanto isso chorei ao descascar as cebolas. Não fervi as cebolas na água, como da vez precedente, mas preferi fritá-las, em finas rodelas que foram se dissolvendo, numa grande frigideira (teflon, mas com um pouco de azeite e dois dentes de alho, apenas). Também cozinhei separadamente cinco ovos comuns, e mais sete ovos de codorna (estes para a salada).
Com o bacalhau já frio (mas no meio eu fui fazer outras coisas), separei todas as postas, em gomos e pedaços, retirando o que havia de espinhas, cartilagens e peles ainda remanescentes no que era um filé razoavelmente bom. Deixei os belos gomos para o prato principal e os pedaços irregulares para uma travessa complementar.

Bem, aí começa a montagem, muito simples, na verdade.
Cortei lascas finas, e transversais, de batata, que fui colocando numa grande travessa previamente untada de azeite de oliva. "Forrei" o fundo, se ouso dizer. Coloquei um pouco de cebola nos intersticios. Aí fui colocando os grandes gomos do bacalhau, e alguns pedaços nos intervalos. Coloquei pimentão alternado nas cores, ovo duro em fatias e azeitonas verdes sem caroço (tem quem prefira pretas), com temperos (basicamente orégano e manjericão, com um pouco de sal na batata e no pimentão).

Fiz nova camada de batatas, pimentão, e mais bacalhau em pedaços grandes, com mais ovo e azeitonas e um pouco de azeite de oliva. Voilà, a primeira travessa estava pronta.

A segunda travessa, um pouco menor, seguiu basicamente o mesmo ritual, com o acréscimo de tomates frescos em pedaços, pois nem todo mundo aprecia tomate no bacalhau. Na verdade, essa travessa ficou com pedaços menores de bacalhau, digamos orfã das grandes lascas branquinhas da travessa maior. Azeite por cima, mas não muito, azeitonas.

Tudo pronto, convidados chegados, comecei a fazer o arroz e a salada (na verdade pronta, combinação de dois tipos de alfaces, cenoura raspada e os ovos de codorna) e coloquei apenas a travessa maior no forno. A intenção seria fazer as duas, mas tivemos menos convivas do que o esperado (daí que coloquei na geladeira a segunda travessa, um estoque para os dias difíceis, digamos assim).
Em menos de vinte minutos, estava tudo pronto, mesa posta, música opcional.

Escolhi dois vinhos para desgustar, antes e durante, ambos chilenos: um Chardonnay Viñas del Mar (com perdão pela propaganda) e um Sauvignon Concha Y Toro (idem). Apenas o primeiro foi consumido, pois dois convivas, de ressaca da noite anterior, preferiram ficar no refrigerante (sem propaganda, desta vez). Tinha cerveja também (uma delas Heineken), que caii muito bem com bacalhau, mas ninguém quis.

Bem, não sei se estava realmente bom (pois sou muito exigente comigo mesmo), mas recebi elogios e todos comeram pelo menos duas vezes.

Sobremesas: um torta de dia das mães (de morango e creme, o que não faz exatamente o meu gosto, sobretudo o creme, mas aprecio o morango) e uvas tipo Red Globe. Espresso de máquina para quem pediu, e ninguém foi aos licores. Não tinha charuto, pois esta é uma casa tentativamente smoke free.

A travessa era grande, assim que ainda sobrou para a janta, para os mais famintos.
Ainda tem uma travessa inteira na geladeira, o que dispensará a empregada de fazer comida nesta segunda, e aí seremos "obrigados" a repetir o menu do domingo.
Acho que vou de cerveja, desta vez, mas se preferirem abro o Sauvignon para experimentar. Sobremesa, ainda torta e uvas, para não variar (e não desperdiçar).

Como visto, não há nada de especial na minha "receita", e qualquer ignaro em artes culinárias -- como eu mesmo -- pode se aventurar pela cozinha, poupando pelo menos as mães de fazer qualquer coisa no dia das mães. Sim, teve presentes, beijos e abraços.
Acrescentei às flores, compradas no próprio domingo de manhã, uma plaquetinha comprada nos EUA: "Missing: a cat and a husband; cat rewarded..."

Foi bom, simples, simpático e etílico (sim, não esquecer de fazer uma sesta, depois do almoço, sobretudo porque acordei cedo para preparar tudo). Agora vou terminar a leitura dos jornais e das revistas...

(Um dia ofereço uma receita de risoto de camarões, o único outro prato em que me arrisco, mas preciso de algum experimento antes).

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