A nação que se perdeu a si mesma
Paulo Roberto de Almeida
Ao ler esta notinha (abaixo) do Ricardo Noblat/UOL, no Threads (16/05), confirma-se uma realidade terrível para o futuro da nação: o governo, o Estado, os poderes da República do Brasil perderam completamente a noção de orçamento público e de ordenamento racional de despesas, seja para fins assistenciais, seja para finalidades de investimento produtivo.
Os representantes eleitos, todos eles, viraram vereadores federais, e sabemos muito bem que essa dispersão de recursos federais não contribui em nada para o desenvolvimento do país, inclusive porque muitos dos municípios ficam órfãos do maná se não contam com um patrono no Congresso.
Isso significa o total esvaziamento de qualquer possibilidade de aplicação racional dos gastos públicos.
O que começou lá atrás, ainda sob Dilma, com a compulsoriedade das emendas parlamentares, cresceu, se agigantou e passou a concentrar grande parte das despesas com serviços públicos, que agora passam a ser criminosamente apropriados por agentes privados que aguardam na outra ponta para prestarem serviços superfaturados com a conivência dos ditos representantes federais e seus prepostos municipais. É a corrupção generalizada no sistema orçamentário e o fim da “ética na política” (esse era o bordão do PT antes de se apossar do governo federal, lembram-se?).
E isso não se dá apenas entre o Executivo e o Legislativo. O Judiciário também se julga no “direito” de criar novamente prebendas, penduricalhos e benesses que extrapolam qualquer noção dd justiça e de direito.
Confesso que sinto vergonha do comportamento dos três poderes, pois que associados a eles estão milhares de abutres esperando vir, não a carniça, mas o alimento de primeira classe graciosamente servido por um governo que perdeu totalmente a noção do que seja governança. Todos eles são aves de rapina se refestelando com o dinheiro arrancado dos contribuintes forçados que somos todos nós, inclusive os empresários que não vivem de subsídios públicos ou da proteção institucional (tarifas p.ex.).
Não sei o que será do Brasil daqui para a frente, mas não há qualquer possibilidade dessa máquina perversa produzir algum progresso para a nação. Vamos nos estiolar no futuro previsível.
Paulo Roberto Almeida
Brasília, 16/05/2025
“Governo Lula cria orçamento de R$ 3 bilhões na Saúde, distribuído a aliados no Congresso segundo critérios políticos, sem identificar quem indica; recursos são extras do ministério. Ministra Gleisi Hoffmann arquitetou acordo para aprovar o Orçamento. Recursos serão usados principalmente para média e alta complexidade no SUS. Deputados receberão R$ 5 milhões e senadores R$ 18 milhões. (uol)”