A ECONOMIA MUNDIAL EM PERSPECTIVA HISTÓRICA
Artigo-resenha
Paulo Roberto de Almeida
Publicado na Revista Brasileira de Política Internacional
(vol. 39, n. 2, julho-dezembro 1996, p. 136-151). Relação de Publicados n. 199.
David Hackett Fischer:
The Great Wave: price revolutions and the rhythm of History (New York: Oxford University Press, 1996, 536 p.)
Charles P. Kindleberger:
World Economic Primacy: 1500 to 1990 (New York: Oxford University Press, 1996, 270 p.)
Harold James:
International Monetary Cooperation since Bretton Woods (Washington: International Monetary Fund/New York: Oxford University Press, 1996, 742 p.)
Jacob A. Frenkel e Morris Goldstein (eds):
International Financial Policy: essays in honor of Jacques J. Polak (Washington: International Monetary Fund/Nederlandsche Bank, 1991, 508 p.)
Brad Roberts (ed):
New Forces in the World Economy (Cambridge: Massachusetts: The MIT Press, 1996, 438 p.)
Craig N. Murphy:
International Organization and Industrial Change: global governance since 1850 (New York: Oxford University Press, 1994, 338 p.)
Daniel Verdier:
Democracy and International Trade: Britain, France and the United States, 1860-1990 (Princeton, New Jersey: Princeton University Press, 1994, 388 p.)
Todos os livros aqui resenhados tratam, em função de prazos mais ou menos longos, da história do desenvolvimento econômico capitalista visto na perspectiva da longue durée. As exceções parciais são o trabalho de James e os ensaios coletados em Frenkel-Goldstein sobre o primeiro meio século de vida do FMI e do sistema financeiro internacional e, de modo mais afirmado, a obra coletiva editada por Roberts que, constituindo uma coletânea de artigos contemporâneos, previamente publicados na revista de relações internacionais da Universidade de Washington, The Washington Quarterly, refere-se mais bem à “economia política internacional atual”, discutindo assim questões diversas do novo ordenamento econômico mundial no contexto dos anos 90.
Os demais trabalhos, contudo, abordam, segundo ênfases temáticas, cortes geográficos e contextos diacrônicos que lhes são próprios, a emergência original, a afirmação progressiva, o desenvolvimento e a própria restruturação atual das grandes forças econômicas, políticas, monetárias e sociais que, atuando conjuntamente (ainda que não de forma coordenada), moldaram esse mesmo ordenamento mundial, a partir da época das grandes descobertas dos séculos XV-XVI — ou mesmo antes, no caso do livro de Fischer — até a crise e esgotamento do mundo de Bretton Woods, que epitomiza a própria essência do sistema liberal-capitalista no último meio século. Esses livros condensam o que de melhor o pensamento acadêmico anglo-saxão produziu recentemente em termos de pesquisa comparada e de síntese de boa qualidade de história econômica, suscetível de acolher diferentes abordagens metodológicas na iluminação do itinerário econômico da sociedade capitalista através de vastos períodos de tempo. Em espírito e motivação, eles também inovam substancialmente em relação àquela “velha” vertente eclética da história econômica universitária, de inspiração sobretudo britânica, ao estilo de um Eli Heckscher, de um Robert Tawney, ou da Economic History Review, na qual um “liberal” como Charles Wilson, de Anglo-Dutch Commerce and Finance e de Economic History and the Historian, digladiava intelectualmente com os “marxistas” Maurice Dobb, de Studies in the Development of Capitalism, Edward Thompson, de The Formation the English Working Class, Christopher Hill de The Century of Revolution e Reformation to Industrial Revolution ou, ainda, Eric Hobsbawm de Industry and Empire.
Não se trata tanto, nestes livros, de história das “ideias” econômicas — à la Hobson, Sombart ou Schumpeter —, de análise de processos e tendências “fundacionais” — do tipo Capitalism and the Decline of Religion de Tawney, ou o seu contrário, Religion and the Decline of Capitalism de Canon Demant —, menos ainda de grandes “sínteses” de história econômica mundial — tais como as produzidas por Rostow, Rondo Cameron ou Herman van der Wee —, ou de ensaios de tipo “estrutural” — a exemplo de Simon Kuznets e Alexander Gerschenkron — ou, ainda, de “new economic history” — tal como produzida por cliometristas como Robert Fogel ou institucionalistas como Douglass North — mas, mais propriamente, de estudos comparados ou singulares sobre desenvolvimentos econômicos globais — os ensaios de amplo escopo histórico de Fischer e de Kindleberger —, de interpretações inovadoras sobre a emergência e evolução de organizações internacionais e de políticas nacionais — os livros de James, de Murphy e de Verdier — e de artigos de acadêmicos e de “policy-makers” sobre os elementos dinâmicos da economia mundial em transformação — as compilações de Roberts e de Frenkel-Goldstein. Vejamos cada um deles em particular.
(...)
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Academia.edu (link: https://www.academia.edu/73613258/A_economia_mundial_em_perspectiva_histórica_artigo_resenha_1996_
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