O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

Meu Twitter: https://twitter.com/PauloAlmeida53

Facebook: https://www.facebook.com/paulobooks

Mostrando postagens com marcador Brasa. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Brasa. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 16 de agosto de 2021

Brazilian Studies Association (BRASA) new meeting - Washington, March 2022

 The 16th International Conference of the Brazilian Studies Association (BRASA) will take place March 9-12, 2022 at Georgetown University, Washington DC. The conference program will include academic panels, invited speakers, plenary sessions, and cultural activities. All participants must be members of BRASA, but may submit papers for consideration before purchasing or renewing membership.

  

BRASA is planning for an event with some in-person panels and some virtual panels. Panels should not be hybrid (i.e. with some participants in person and some virtual). Individual participants and complete panels must indicate a preference for in-person or virtual participation.

 

You can access the membership page here. From this page you can access the paper submission portal. Paper submission deadline: October 1, 2021.

 

==========

 

O 16o Congresso Internacional da Brazilian Studies Association (BRASA) terá lugar de 9 a 12 de Março de 2022 na Georgetown University, Washington DC. O programa da conferência incluirá painéis académicos, palestrantes convidados, sessões plenárias, e actividades culturais. Todos os participantes devem ser membros da BRASA, mas podem enviar trabalhos para apreciação antes de adquirir ou renovar a filiação.

 

A BRASA está planejando um evento com alguns painéis presenciais e alguns painéis virtuais. Os painéis não deverão ser híbridos (ou seja, com alguns participantes presenciais e alguns virtuais). Os participantes individuais, assim como os organizadores dos painéis completos, devem indicar o modo de participação, seja presencial ou virtual.

 

Você acessar a página de membros aquiA partir desta página, você pode acessar o portal de submissão de artigos. Prazo para envio de propostas: 1 de outubro, 2021.

 

BRASA 2022 Program Committee

1) Patricia Pinho (Chair)

2) Rubia Valente

3) Reighan Gilliam

4) Fabio de Sá e Silva

5) Márcia Lima

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

BRASA Europa?: European Brazilianists Meet to Discuss Establishing a Network

Quando trabalhei nos EUA, tive o privilégio de ajudar a organizar reuniões da Embaixada com os brasilianistas americanos. Compareceram, voluntáriamente, algumas dezenas deles, inclusive os mais famosos.
Minha proposta foi a de que fizéssemos um balanço da produção brasilianista. Depois de algum esforço e muito trabalho de revisão, acabou dando certo, e desse processo resultaram dois livros, que informo aqui:

Envisioning Brazil: A Guide to Brazilian Studies in the United States  with Marshall C. Eakin Wisconsin University Press: 2005)

Espero que dessa reunião europeia possa emergir algo semelhante.
Paulo Roberto de Almeida

European Brazilianists Meet to Discuss Establishing a Network

On Saturday, August 23, during the XII BRASA conference at King’s College London, Anthony Pereira, BRASA’s in-coming President and Director of King’s Brazil Institute, convened a meeting attended by 40 scholars working on Brazil in Europe.
The purpose of the meeting was to discuss how to strengthen and expand Brazilian Studies in Europe. James N. Green and Ramon Stern from Brown University and former BRASA President Timothy Power from Oxford University were among those present. Scholars from Great Britain, Ireland, Denmark, the Netherlands, Finland, Germany, Sweden, Belgium, Italy, and France attended the meeting.
During the discussion James Green emphasized that over the last decade BRASA has encouraged the formation of a network, group, or association of people working on Brazil in Europe.  There was general enthusiasm for establishing closer connections among scholars initially through a listserve and later though a website. It was reported that a small conference of Brazilianists has been planned for 2015 in Budapest, and this might be an opportunity to have further discussions about different proposals.
Another academic event on Brazil in Denmark in March 2015 is an additional chance for further discussions. It was suggested that people in Europe might wish to organize a European conference in odd numbered years so as not to conflict with the BRASA conferences. 
BRASA representatives offered their enthusiastic support for the project. The meeting came up with the name ABRE (Association of Brazilianists in Europe) as a possible name for the new organization. After the meeting, scholars from Italy, Great Britain, the Netherlands and Denmark met to serve as an ad-hoc committee to carry out the proposals made in the meeting. This ad hoc committee will meet in March to set up a preliminary “mission, goals and objectives statement”, as well as the structure of an executive committee, both to be approved and voted by those who will register to the Association.
For more information, contact: Vinicius Mariano de Carvalho, King’s College, Brazil Insitute, London: vinicius.carvalho@kcl.ac.uk, who is participating on the ad-hoc committee.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Brazilian Studies in the U.S.: um texto meu traduzido para o ingles, no site da BRASA

Como eu conheço bastante bem a história, e sobretudo a produção intelectual dos Brasilianistas, sobretudo os americanos, eu nunca tinha visto um texto sobre sobre os próprios, no site da BRASA, a Brazilian Studies Association, da qual já fui membro do Comitê Executivo (durante a BRASA X, realizada em Brasília, em 2010, quando eu vim da China para estar ali, durante uma semana).
Hoje, por acaso, fui consultar o site, para ver o anúncio que fizeram da publicação do meu livro mais recente, Nunca Antes na Diplomacia, e acabei percorrendo algumas seções da página, e foi aí que acabei caindo no texto abaixo, que reproduzo tal qual.
Ele é, na verdade, a tradução para o inglês, de um trecho de um texto meu, a introdução que escrevi para a edição brasileira do livro que preparei, com meu amigo Marshall C. Eakin, e o apoio do Embaixador Rubens Barbosa (então em Washington), que saiu publicado pela Paz e Terra.
Existe uma versão em inglês desse mesmo texto, bem mais elaborada, que saiu na edição americana do livro. Ambos podem ser consultados neste link do meu site.
Paulo Roberto de Almeida

Brief History of Brazilian Studies



The foreign researcher of Brazilian themes, usually identified as Brasilianista, played an important role in the emergence of social sciences in Brazil during the second half of the twentieth century. It is likely that the founder and initiator of this movement was the English historian Robert Southey. This keen observer of the Portuguese colonial empire - which preceded the more comprehensive studies of Charles Boxer – wrote, during the independence period, a "History of Brazil" which was the only reference in this discipline until the emergence of the first truly Brazilian historian, the diplomat Francisco Adolfo de Varnhagen. In the nineteenth century, the "brasilianista species" had several other representatives, including the German researchers Von Humboldt and Von Martius - who produced the first guidelines on "how one should write the history of Brazil", and Handelmann, who, similar to Robert Southley, had never visited Brazil. Others include Louis Agassiz and Gobineau from Switzerland and Louis County from France.

Francisco Adolfo de Varnhagen Alexander von Humbolt
Francisco Adolfo de VarnhagenAlexander von Humbolt
Despite those illustrious ancestors, the brasilianista concept was created much later, in times of the Cold War and imperial worries about a possible destabilization of the largest country in South America. The term "brasilianista" seems to have been used for the first time in Brazil in 1969, under the quill of the academic Francisco de Assis Barbosa for qualifying a foreign expert in Brazilian subjects. The concept was applied to the American historian Thomas Elliot Skidmore in the preface of the Brazilian edition of his book Politics in Brazil (1967).
The interest in Brazil grew exponentially in the United States during the transition between the Eisenhower and Kennedy administrations, and manifested itself both by new candidates for a research-driven university specialization on Brazilian themes, and also by the search for new sources of information from Brazilian reality. An example of the first trend was Robert Levine’s compilation of the first research guide identifying the characteristics of Brazilian laboratory: Brazil: Field Research Guide in Social Sciences (1966). Second, there was a great increase in the translation and publication of Brazilian social science texts in the United States. Several works of the following Brazilian researchers were translated and published: Gilberto Freyre, Celso Furtado, Jose Honorio Rodrigues, Jose Maria Bello, Caio Prado Jr.

Between the late '60s and mid-'70s, when Brazil was facing one of the most dramatic phases of its political history, and several researchers were condemned to exile or were intimidated by the government repression, was one of the high points of American brasilianismo. Several authors devoted their research to the authoritarian regime and its modes of operation. Among them stand out Ronald Schneider, Alfred Stepan, and Philip Schmitter. Other thematic initiatives were focused on social or religious groups, as in the work of Skidmore and Ralph Della Cava.

Alfred Stepan
In the other direction, on the "exportation" of ideas and theories from Brazil to the United States, the most conspicuous example refers to "Dependency Theory" – specially represented on the work of Fernando Henrique Cardoso – which elaborates a critical review of American sociological thinking on the problems of developing countries, particularly in Latin America.

Fernando Henrique Cardoso
Since the 1980's a new generation of Brazilianists emerged, with either a sectorial thematic focus or a diversified spectrum of themes such as gender issues, environment, race, African diaspora, immigration, etc. Stand out on this group Steven Topik, Roderick Barman, Marshall Eakin, Joseph Smith, Sandra Graham, Thomas Holloway, Jeffrey Lesser, Barbara Weinstein, James Green among many others. Several Brasilianistas of this generation actively participated in the creation of BRASA.

The contemporary Brasilianista does not compose, as his "ancestor" from the '60s and '70s, a special space in the Brazilian social sciences scene, since it appears to have been emancipated from foreign tutelage and methodological imports, and the intellectual relationship between the United States and Brazil has become more equitable. In this latest phase, some of the thematic emphases became common among Brazilian and U.S. scholars, pointing a more than welcome bi-lateral intellectual osmosis. Some evidence of this fact is the high participation of Brazilian intellectuals in international congresses on Brazilian topics, and broad academic publication by Brazilians. Currently, over 40% of BRASA associated members comes from Brazil.

Some curious facts:


  • The year of 2014 is the 100th anniversary of Theodore Roosevelt and Cândido Rondon's expedition of the Amazon Basin
  • During the summer of 1970 in Rio de Janeiro, economist Werner Baer of the University of Illinois and the political scientist Riordan Roett from the School of International Studies John Hopkins were kidnapped by agents of the military regime. Notwithstanding both received in 2000 from the hands of Ambassador Rubens Antonio Barbosa, the Order of the Southern Cross
  • The researcher Charles Wagley would have been the inspiration for the character James Levenson in Jorge Amado’s Tent of Miracles

Source: Almeida, Paulo Roberto de. Eakin, Marshall C.. Barbosa, Rubens Antonio. O Brasil dos Brasilianistas: um guia dos estudos sobre o Brasil nos Estados Unidos, 1945-2000. São Paulo: Paz e Terra,

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

BRASA: ajuda de pesquisa a jovens estudantes


The Brazilian Studies Association (BRASA) announces the 2013 Brazilian Initiation Scholarship Competition

The Brazilian Initiation Scholarship (BIS) is a key component of BRASA’s agenda to expand Brazilian Studies in the United States.  BRASA invites applications from graduate and undergraduate students for a one-time $1,500 travel scholarship to do exploratory research or language study in Brazil.  This scholarship targets aspiring Brazilianists with relatively little or no experience in Brazil.  It seeks to contribute to the student’s initial trip (for a period from six weeks to three months), to heighten the student’s interest in Brazil, and deepen his/her commitment to Brazilian studies in the United States.  Students are encouraged to combine this scholarship with other grants or awards. 
Eligibility:  Proposals for the BIS will be reviewed according to the following criteria:
Highest priority will be given to applicants who are outstanding college seniors, recent college graduates applying to graduate programs in Brazilian studies or in Latin American studies with the intent of focusing on Brazil, or new graduate students already focusing on Brazil.
 Students from all disciplines in the humanities and social sciences are eligible.  In exceptional cases, applications from the natural sciences will be given consideration (for example, someone in environmental sciences who is writing a dissertation on the Amazon or pollution in São Paulo and who plans to continue research on Brazil).
Preference will be given to those applicants who have little or no in-country experience in Brazil.  A student requesting funding to undertake an exploratory research trip should present evidence at the time of the application that he/she has achieved at least an intermediate level of competence in the Portuguese language sufficient to carry out the proposed research.
 An applicant seeking support to undertake language studies should present evidence that after returning to the US, he/she intends to continue studying Portuguese and plans to engage in research on Brazil.
Successful applicants may combine BIS with other grants, scholarships, or awards, as long as he/she specifies clearly how the funds are going to be spent (for example, the BRASA scholarship might be used to cover travel costs, while a grant from another source could be used for living expenses, etc.).
Application Process:  A complete application (partial applications will not be considered) will include the following documents: (NOTE THAT ALL OF THE DOCUMENTS EXCEPT FOR THE TRANSCRIPTS AND LETTERS OF RECOMMENDATION MUST BE SUBMITTED AS ONE PDF OR MSWORD DOCUMENT).
The application cover page (download form);
(1) A two-page prospectus (double spaced, 12-point font);
(2) A two-page résumé or CV;
(3) A budget specifying how the $1500 will be spent;
(4) In the case of undergraduates or recent college graduates, a letter of intent to study Brazil in graduate school;
(5) If applying for exploratory research, include a two-page bibliography on the subject of study, and present evidence that the applicant has achieved at least an intermediate level of competence in Portuguese (competence can be demonstrated by a transcript or a letter from a university instructor of Portuguese);
(6) If applying for Portuguese language study, the name of the school should be specified;
(7) Proof of membership in BRASA;
(8) Two letters of recommendation from professors; and
(9) Copies of undergraduate and graduate transcripts.
The letters of recommendation and transcripts may be mailed directly to BRASA at the address below.  All other materials should be submitted together either as PDF or MSWord files in a single email to brasa-illinois@illinois.edu.
Evaluation Criteria and Selection Process:
In order to be considered for the scholarship, the two-page prospectus should:
(1) Clearly and coherently outline the project’s engagement with Brazil;
(2) Demonstrate as precisely as possible the feasibility of the proposed project (exploratory research or language study) and how it will contribute to the student’s academic development;
(3) Briefly discuss the role the work undertaken in Brazil will play in shaping the applicant’s future course of academic study (for instance, it could be the seed project for a larger grant application, provide the basis of a paper prepared for presentation at a BRASA conference, or serve as the foundation for future research on Brazil).
Report: Upon completion of the research experience in Brazil, recipients are required to file a two-page, double-spaced report with the BRASA Executive Director summarizing their activities and identifying relevant academic outcomes. In addition, a statement accounting for the expenditure of funds must be sent to the BRASA Executive Director. If the scholarship was used to study Portuguese, recipients should attach a certificate from the school where language studies were conducted. Following completion of studies in Brazil, BRASA strongly encourages recipients to participate in a subsequent BRASA congress in order to report on their activities. 
Deadline for application: November 15, 2012.
Awards will be announced by February 1, 2013
To submit a proposal and for all other correspondence regarding this award, contact:

BRASA
223 International Studies Building
910 South Fifth Street
University of Illinois at Urbana-Champaign Champaign

Illinois 61820
217-333-8248 (tel)217-244-7333 (fax)
Email: brasa-illinois@illinois.edu

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Uma Brasa intelectual: congressos dos estudiosos do Brasil

 Chamada para propostas de sede para os próximos Congressos da BRASA: BRASA XIII (2016) e BRASA XIV (2018)

O Comitê Executivo da BRASA está recebendo propostas de instituições para sediarem o XIII Congresso da BRASA em 2016 e pré-propostas para o XIV Congresso da BRASA em 2018. O prazo final para o envio de ambas as propostas é 15 de novembro de 2012. 
As propostas para 2016 e pré-propostas para 2018 devem conter os elementos descritos abaixo. No entanto, as propostas para sediar a BRASA XIII em 2016 deverão ser mais detalhadas do que as pré-propostas para BRASA XIV em 2018. Serão aceitas candidaturas para apenas um dos eventos ou para ambos. Salvo manifestação em contrário, as propostas não selecionadas para sediarem o BRASA XIII em 2016 serão automaticamente consideradas para o BRASA XIV em 2018. 
As propostas completas deverão incluir:
1 Introdução:
Na introdução, deverá constar um breve perfil da Instituição proponente e sua capacidade para sediar um Congresso de grande porte. No caso de instituições não brasileiras, deverá conter uma visão geral sobre a sua tradição de estudos sobre o Brasil (incluindo uma lista de professores, programas e cursos relevantes no tema).
2 Instalações
Indicar o local onde se realizarão as conferências e demais reuniões do Evento (ser o mais específico possível, indicando a quantidade de salas de reuniões, a capacidade de amplas salas de reuniões e salões de eventos, bem como a disponibilidade potencial desses espaços e o acesso aos meios de transportes).
3 Acomodações
Indicar as opções de alojamentos (hotéis, pousadas etc.) para os participantes da Conferência.
4 Os recursos da Instituição
Indicar os recursos disponíveis para o evento. Cartas de apoio de universidade ou faculdades, administradores indicando interesse da instituição e compromisso com a conferência serão particularmente úteis. Por favor, seja o mais específico possível ao nomear as pessoas da instituição que irão comprometer-se a planejar e executar a conferência, em parceria com os representantes da Brasa.
5 Datas propostas
Geralmente o Congresso da Brasa é realizado entre o final de julho e meados de setembro dos anos pares. BRASA irá trabalhar com a instituição selecionada para determinar as datas ideais. Indique o mais especificamente possível as datas pretendidas e da disponibilidade de salas de reuniões, acomodações e transporte durante essas datas. (Nota: não há necessidade de especificar as datas para Congresso de 2018; a Comissão estará em contato com as candidaturas a respeito).
6 Pessoa de Contato
A proposta deve conter com um breve perfil acadêmico e profissional do responsável da Instituição para o planejamento e execução do Congresso (experiência em planejamento e execução de grandes eventos acadêmicos será particularmente considerada).
Por favor, envie propostas concluídas em docx ou pdf para:
Bryan McCann: bm85@georgetown.edu 
Sonia Ranincheski: Ranincheski.s@gmail.com 
Desde já o Comitê Executivo agradece a todos os anfitriões potenciais. Entendemos que a realização de um grande Congresso é uma iniciativa importante e agradecemos o interesse em sediar o Congresso da BRASA.
Em caso de dúvidas, entrar em contato com Bryan McCann ou Sonia Ranincheski, via e-mail acima ou pelo telefone +1 (202) 687 3552.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Richard Graham: homenagem a um brasilianista exemplar


Richard Graham to receive Brazilian Studies Association Award

Richard Graham, the F.H. Nalle Professor of History at the University of Texas at Austin, has been named the 2012 recipient of the Brazilian Studies Association’s Lifetime Contribution Award, BRASA announced on March 9, 2012. 
BRASA’s Lifetime Achievement Award (LCA) recognizes Professor Graham as a leader in the field of Brazilian studies with both a record of outstanding scholarly achievement and significant contributions to the promotion of Brazilian studies in the United States. BRASA especially wishes to emphasize Professor Graham’s lifetime contributions to our field.
Richard Graham will be recognized in an awards ceremony at BRASA’s 11th International Congress at the University of Illinois at Urbana-Champaign, September 8, 2012 at 7 p.m.  BRASA will present Professor Graham with a plaque expressing the organization’s deep appreciation for his lifelong commitment to Brazilian studies and Professor Graham will address the congress.  A group of prominent Brazilianists, former students of Professor Graham, will introduce him at the ceremony and comment on his many achieve¬ments discuss the enormous influence his work has had on the field of Brazilian history.
Professor Graham’s stellar career merits such an honor for his scholarship, teaching, publishing, mentoring, and institutional development.  Professor Graham is recognized internationally for his contributions to deepening our understanding of Brazilian history.   He has acted as a scholarly ambassador between Brazil and the United States, fostering the exchange of ideas, skills, scholarship, and cultural understanding and has inspired countless students and colleagues to pursue the study of Brazil.
Professor Graham’s first book, Britain and the Onset of Modernization in Brazil, 1850-1914 (1968), is a landmark study of British influence in Brazil. It won the prestigious Bolton Prize from the Conference on Latin American History in 1969.  A rare honor for a North American, in 1971 Professor Graham was one of the first North Americans to be asked to publish a chapter in Brazil’s preeminent multi-volume historical opus, the História Geral da Civilização Brasileira, edited by Sérgio Buarque de Holanda.  In 1978, he published The Jesuit Antonio Vieira and his Plans for the Economic Rehabilitation of Seventeenth-Century Portugal, an important contribution to colonial Brazilian and Portuguese imperial history.  The following year, Escravidão, reforma e imperialismo (1979) brought together some of his article-length work on Brazilian slavery and profoundly shaped the emerging Brazilian scholarship on the country’s slave society. His pioneering work on slave families appeared in Portuguese in this volume, and laid out an agenda for future research on slave families in Brazil.
Professor Graham’s 1990 Patronage and Politics in Nineteenth- Century Brazil quickly became a canonical work on Brazilian state formation in the nineteenth century.  Perhaps his greatest contribution to Latin American history more broadly is the invaluable, The Idea of Race in Latin America, 1870-1940 (1990); it remains in wide use as an introduction to the field.  Professor Graham has published well over seventy articles and book chapters. Many are considered classics in the field, such as “Slave Families on a Rural Estate in Colonial Brazil,” Journal of Social History 9 (1976) or “Slavery and Economic Development: Brazil and the U.S. South,” Comparative Studies in Society and History 23 (1981).   In his retirement, Professor continues to research and write major contributions to Brazilian history. Feeding the City: From Street Market to Liberal Reform in Salvador, Brazil, 1780-1860, a study of the production and marketing of food in Salvador, Bahia, from the end of the eighteenth century through independence and the time of liberal reforms to the mid- nineteenth century was published in 2010.  This book won the Bolton-Johnson Prize awarded by the Council on Latin American History in early 2011.
Born in 1934 in the interior of Brazil to an American Presbyterian missionary father and a Brazilian mother, Richard Graham studied with Lewis Hanke at the University of Texas at Austin in the 1950s, receiving his doctorate in 1961, upon which he began his long and distinguished teaching career at Cornell University.  In 1970, Professor Graham moved to the University of Texas and taught both undergraduates and graduate students there until his retirement in 1999.  During that time, he supervised twenty-one PhD dissertations and was instrumental in establishing a graduate program at the Universidade Federal Fluminense (UFF) in Niterói, Rio de Janeiro, today ranked one of the top three history programs in Brazil.  Professor Graham’s enduring legacy lies as much in
the students and colleagues he has nurtured, taught, and advised.  They have found their work profoundly influenced by him.

BRASA’s Lifetime Achievement Award Committee, consisting of BRASA Vice President Jan Hoffman French and Executive Committee members Bryan McCann, Cristina Ferreira-Pinto Bailey, and Vânia Penha-Lopes, received numerous nominations for this prestigious award.  The committee selected Professor Graham for his enduring scholarship, outstanding contribution to the field of Brazilian history, and his advancement of Brazilian studies. The BRASA Executive Committee ratified the nomination.
For further information, please contact Professor French at
jfrench@richmond.edu.  Additional information on the Brazilian Studies
Association is available at www.brasa.org.

domingo, 20 de novembro de 2011

O que o Brasil deu ao Mundo: algumas commodities que fizeram história - Paulo Roberto de Almeida (2004)

Como nos casos anteriores, este trabalho, de 11 de junho de 2004, permaneceu inédito. Vai agora divulgado, sem qualquer mudança.


O que o Brasil deu ao Mundo:
algumas commodities que fizeram história

Paulo Roberto de Almeida
(www.pralmeida.org)

Comentários a papers sobre açúcar, algodão, café e borracha, respectivamente:
1) Tamás Szmrecsányi: Brazilian Sugar Production: a system that has helped to change the world and to sustain an exclusive social structure;
2) Mary Ann Mahony: The Role of Brazilian Cacao in the Development of Industrial Cocoa and Chocolate;
3): How Brazil transformed the World Coffee Economy; e
4) Zephyr Frank: Before the Boom: The Brazilian Rubber Industry, 1870-1914.
apresentados no painel “How Brazil Changed the World”, da VI BRASA, Rio de Janeiro, 11 de junho de 2004.

Comentários gerais: 
O Brasil foi, no conjunto da América Latina, um dos países a mais e melhor explorar suas vantagens comparativas e seus recursos naturais e utilizá-los para o desenvolvimento de atividades econômicas rentáveis. De fato, esses quatro produtos que o Brasil deu ao mundo, embora de maneira não exclusiva mas sempre determinante em cada uma das épocas respectivas, são representativos de quanta riqueza pode ser acumulada a partir de vantagens comparativas ricardianas quase estáticas.
Só devemos lamentar que nenhum deles resultou em (ou provocou) inovações tecnológicas a partir do próprio Brasil, como tampouco eles sustentaram um processo de “socialização” da riqueza em favor dos trabalhadores. Ao contrário, todos eles permitiram acumular riquezas de forma concentrada, além de constituirem bases de poder político e econômico consideráveis.
Uma pergunta geral que eu gostaria de ver respondida em cada um desses trabalhos é em que medida esses produtos, tão generosamente ofertados pelo Brasil ao mundo, são responsáveis por parte considerável ou substantiva da concentração de renda, historicamente e ainda hoje. O paper que mais se aproxima dessa resposta é o dto Tamás, mas ele considera que a estrutura social da grande lavoura açucareira, ou sua “economia política”, não mudou substancialmente até hoje, e eu considero que a história do açúcar no  Nordeste deve ser contado de forma diferente da experiência recente do mesmo produto em São Paulo, onde sim ocorreu modernização e transformação.
Mas, o sucesso brasileiro, que sempre foi o de ganhos quae monopólicos, só foi possível enquanto outros continentes e outros países oportunamente concorrentes não se alçavam também na produção dessas commodities valorizadas. Uma vez que o fizeram, no café, no cacau, na borracha e no algodão, nossos ganhos “extorsivos” diminuiram bastante.
Os quatro papers são muito úteis e deveriam ser publicados conjuntamente, talvez com um estudo introdutório abrangente que mostrasse o papel, a posição, e a parte do Brasil nos mercados mundiais desses produtos, confrontado de um lado a relativa abundância dos nossos recursos primários (e os ganhos monopólicos associados) e, de outro e finalmente, o pouco gênio inventivo dos nossos empresários “extrativistas” e “rentistas”.
Não creio que se possa extrair dessas quatro “estórias” qualquer suporte material ou empírico para alguma “teoria do intercâmbio desigual”. O que elas mostram, na verdade, são histórias frustradas de oportunidades perdidas pelo Brasil (e suas elites cambiantes) para construir um centro de poder e riqueza no seu próprio território, que fosse permanente ou que servisse de base a outras atividades de maior valor agregado. Enquanto aquelas riquezas foram exploradas de maneira quase monopólica, elas geraram muitos fluxos de riqueza, muitos recursos,  que foram em parte investidos em mansões e novas propriedades, mas em geral expatriados, torrados nos cabarés parisienses e nos restaurantes europeus e construiram muito pouco no próprio Brasil, em todo caso nunca foram para as universidades e obras públicas, a exemplo dos “barões ladõres” da história do capitalismo triunfante nos Estados Unidos.
Em suma, tivemos “gigolôs” de commodities, não industrialistas inovadores. Mas esse é o próprio da história: ela distribui riquezas de forma desigual, mas sobretudo dota os homens de capacidades desiguais. As nossas idéias nunca foram tão brilhantes quanto as vantagens ricardianas de que desfrutamos de maneira inconsciente.
Continuamos a exportar todas essas “riquezas naturais”: apenas se espera que hoje isso possa ser feito com uma menor contribuição para a deterioração ainda maior dos níveis de desigualdade e de pobreza no Brasil.

Comentários específicos a cada um dos textos:
1) Tamás Szmrecsányi: Brazilian Sugar Production: a system that has helped to change the world and to sustain an exclusive social structure.
            O trabalho constitui uma excelente síntese histórica em torno desse grande complexo, agora velho de quase quinhentos anos, que representa o cultivo da cana e da produção do açúcar no sistema econômico brasileiro. Tamás conseguiu realizar em breves páginas um belo resumo sobre esse continuum histórico, do seu início até os dias de hoje, com forte ênfase nas interações entre as estruturas econômico-sociais envolvidas nesse complexo e suas implicações políticas, tecnológicas e até culturais.
            Concordo com a caracterização inicial (p. 1) sobre a “lasting importance of (Brazilian) sugar industry within the Brazilian economy and society”, inclusive agora mais do que nunca. Com efeito, os métodos de produção, por um lado, têm conhecido melhorias progressivas ao longo das últimas décadas, com a modernização sensível do agronegócio, sobretudo no estado de São Paulo, maior produtor e exportador de açúcar e álcool. O Brasil, por outro lado, promete continuar dominando esse negócio no plano mundial pelo futuro previsível, ainda que não ocupe todas as possibilidades .
            Mas tenho algumas dúvidas quanto à caracterização da “unchanged archaic nature” do setor açucareiro no Brasil. Talvez esse tipo de argumento seja válido para o Nordeste e algumas regiões marginais do Sudeste, mas não me parece mais aplicar-se ao setor canavieiro e sucro-alcooleiro de São Paulo, onde ocorreram, justamente, nas duas últimas décadas, os maiores progressos nos processos produtivos, na seleção de mudas e nas próprias relações de produção, com traços nitidamente capitalistas.
            O mesmo tipo de caracterização volta à página 6, onde lemos que “whereas most othr activities (that is, other economic product cycles and productive complexes) arrive to evolve through time, adapting their productive structures to changing circumstances and environments, sugarcane cultivation and industrial transformation remained largely immutable ever since the colonial period.”
            Esse quadro certamente permaneceu imutável em grande medida nos latifúndios do Nordeste e parcialmente constante no estado de São Paulo até meados do século XX, mas creio que desde a introdução do programa do álcool e, mais recentemente, como resultado das profundas transformações de natureza capitalista que afetaram todo o agronegócio do estado na década e meia de modernização forçada trazida pelo abandono das práticas ultra-protecionistas da era militar e da imediata redemocratização, o setor sucro-alcooleiro paulista (e sob seu impacto outras zonas do Sul-Sudeste) conheceu transformações substantivas, tanto no plano produtivo, como no terreno tecnológico, como no âmbito da comercialização externa.
            O Brasil, isto é, o açúcar e o álcool paulistas, tornou-se novamente imbatíveis no plano mundial, ganhando em produtividade e modernização de qualquer outra indústria comparável em qualquer outra parte do mundo. Se não houvesse o exacerbado protecionismo em vigor sobretudo nos Estados Unidos, na Europa, e um pouco em várias outras regiões também, o complexo sucro-alcooleiro do Brasil seria capaz de deslocar qualquer outra produção e de, virtualmente, abastecer o mundo, com algumas poucas limitações físicas e de recursos que poderiam ser também superadas em médio prazo.
            O acúcar brasileiro pode ser um “killer” absoluto nos mercados mundiais, e só não o é, ainda, devido ao proteciionismo acima mencionado. Por outro lado, o complexo energético representado pela biomassa associada a essa cultura e sobretudo o etanol também podem dominar os mercados mundiais se lhes forem dados espaços e condições de competir.
            Tudo isso não se fez com base nas velhas estruturas produtivas, e na preservação do latifúndio e do poder mandonístico do senhor de engenho, ainda que moderno capitalista. Não: esse fenômeno só se explica pelas revoluções produtivas, tecnológicas e até nas relações de produção que caracterizam hoje essa indústria em São Paulo. Não há praticamente subsídio nenhum nessa área, e os subsídios que ainda permanecem são residuais e ligados parcialmente à comercialização do álcool combustível. Permanecem subsídios indiretos, de natureza tributária, no Nordeste, mas ele deixou de ser parâmetro para medir esse complexo hoje em dia.
            Assim, se no Nordeste a caracterização de Peter Eisenberg, “modernization without change”,  talvez ainda seja válida, ela não o é para São Paulo nas últimas duas décadas. Ali ocorreu uma modernização com mudanças dramáticas no processo produtivo e na sua integração aos mercados nacionais e mundiais. E este último aspecto tem pouco a ver com o desaparecimento de Cuba dos mercados mundiais, e sim com a transformação interna do setor na própria economia paulista, que continua a dominar o açúcar brasileiro desde mais de um século. Bye, bye Nordeste, que só ficou na literatura e no folclore.
            No plano social e político, finalmente, é verdade que permanece o sistema da grande propriedade associada a indústrias modernas de açúcar, mesmo e talvez sobretudo em São Paulo. Mas não creio que esse aspecto configure, como anteriormente, qualquer fonte de poder monopólico, seja no plano econômico ou no político, um fonte de poder mais importante, em todo caso, do que outras culturas e atividades econômicas ligadas ao agronegócio. O agronegócio é uma potência, no Brasil, mas ele é uma potência pelo seu potencial de fazer dinheiro, atrair dinheiro, digerir novas tecnologias, integrar a produção com os circuitos comerciais internacionais, não pela velha dominação política sobre pessoas e partidos como no passado. Ele é hoje um poder transformador, do panorama econômico no interior e também do panorama social na nova paisagem rural do agronegócio. Junto com a soja e a carne, o complexo açúcar-álcool é hoje um dos mais modernos do Brasil.
            A miséria rural continua, certamente, em largas porções do território brasileiro, mas cada vez menos nas propriedades ou mesmo à margem do novo complexo do açúcar. Creio que a maldição do latifúndio e do amargo sabor do açúcar no Brasil, pelo menos em São Paulo, caminha para o desaparecimento.

2) Mary Ann Mahony: The Role of Brazilian Cacao in the Development of Industrial Cocoa and Chocolate.
            O trabalho me parece ter as dimensões de uma excelente história do cacao brasileiro no sistema mundial do chocolate industrial, mas as 14 páginas recebidas até a data do panel não me permitem fazer comentários extensivos. Gostaria de conhecer o resto do trabalho e sobretudo vou ler o livro da autora, The World Cacao Made, que me deixou com enorme apetite pela história do cacau e pela participação do Brasil nesse grande mercado mundial. O vício do chocolate é terrível…

3) Steven Topik, How Brazil transformed the World Coffee Economy
            A história de como o Brasil veio a dominar o mercado mundial do café está muito bem contada no paper de Topik, embora eu ainda tenha dúvidas se o Brazil de fato tornou-se um “price maker” e um “market shaper”. Ele o foi, mas talvez em dimensões mais modestas do que teríamos gostado e de fato aproveitado para um enriquecimento ainda maior das nossas elites e de todos aqueles associados à economia do café.
            O Brasil foi um “price maker” e um “market shaper”, mas não soube aproveitar essa condição para tornar-se um “major player” no mercado final, o de maior valor agregado e o que mais produz lucros e capacitação tecnológica. Sempre foi assim e embora essa realidade começa lentamente a mudar agora, ainda somos um “price maker” e um “market shaper”apenas numa das pontas do negócio, não a mais interessante, a mais lucrativa ou a de maior capacidade transformadora do sistema econômico e social do Brasil.
            Fomos um “price maker” e um “market shaper” mas a única coisa que faziamos era colocar o café seco em sacos de juta (muitos importados), com gravetos, pedras e folhas, e mandá-lo para o exterior, onde ele era (e é) transformado e vendido a preços exponencialmente superiores aos que obtemos com nossas sacas de café.
            Topik relata muito bem como essa dominação de um país sobre uma única mercadoria  é única na história do mundo. Nenhum outro país conseguiu dominar um mercado mundial tão bem e de forma tão extensiva como o Brasil com o seu café. Ele também indica uma das características principais desse negócio até uma fase ainda recente da história econômica do café no Brasil: “quantity and productivity were valued over quality” (p. 7). Assim foi durante duzentos anos pelo menos, e assim continuou até os anos 80, talvez.
            Mas, a nossa capacidade de ser um “price maker” e um “market shaper” sempre foi limitado por fatores diversos e algumas vezes alheios à capacidade política dos plantadores de café, os grandes senhores da política brasileira na era moderna, depois de quase 300 anos de dominação política dos plantadores de cana, dos traficantes de escravos, e dos juristas, negocistas e comerciantes baianos e cariocas.
            Na era áurea do café, quando o Brasil dominava 80% do mercado mundial havia a “ditadura dos comissários”, não do povo, mas da elite e dos médios plantadores de café. Os comissários foram parte da paisagem comercial, sem ser parte da paisagem produtora, e por isso estiveram em condições de capturar uma parte substancial do valor do negócio: eles eram, talvez, os “price makers” e os “market shapers” tentativos, pelo menos. Esses comissários, que ainda detinham uma parte do CIF até os anos 1930, parecem ter desaparecido depois, o que levou o CIF para as margens marítimas e portos da Europa e dos Estados Unidos. Seria interessante saber como isso aconteceu.
            Apreciei sobremaneira a explicação hirschmaniana sobre as limitações ao emprendedorismo brasileiro devido aos pequenos efeitos em cadeia da produção de café e o seu paradoxo de permitir por isso mesmo um grande desenvolvimento da burguesia do café, uma burguesia portanto rudimentar e muito pouco inovadora. De certa forma, essa burguesia foi uma espécie de “rentista” do café, vivendo de seus lucros e colocando muito pouca inovação no negócio, o que limitou ainda mais o papel do Brasil como “price maker” ou “market shaper”. Tenho a impressão que fomos “price makers” e “market shapers” um pouco como o Monsieur Jourdan de Molière fazia prosa, isto é, sem ter consciência disso e sem o desejar verdadeiramente. Fomos “price makers” e “market shapers” malgré nous mêmes!
            Em outros termos, se há algum ator nesta história, algum agente da razão hegeliana, ele parece ser o próprio café, e menos o Brasil ou sua elite pouco esclarecida. Essa elite talvez fosse mais vebleniana do que propriamente weberiana, como aliás sóe acontecer com várias outras elites na história da industrialização brasileira. Parece ser o triunfo involuntário de Veblen sobre Weber, o que nos deixa em má postura frente à história.
            De fato, infelizmente tivemos mais “fazendeiros selvagens” do que “capitalistas selvagens”, o que teria ajudado a empurrar nossa industrialização para a frente. Mas o fato é que, em plena era da segunda revolução industrial, na Europa e nos Estados Unidos, ainda estávamos fazendo nossa primeira revolução industrial, e a nossa “segunda” só começa quase meio século depois que ela tinha dado seus passos mais vigorosos na Europa e nos Estados Unidos.
            Creio que se deveria valorizar (uma expressão brasileira, turned into English) um pouco mais nesse estudo (e talvez em algum trabalho teórico subsequente), a intensidade com que os fazendeiros de café formam a primeira categoria consistente de “intervencionistas”na história econômica, antes do intervencionismo estratégico provocado pela Primeira Guerra Mundial, ou das receitas fascistas dos anos 1920, ou ainda do intervencionismo teórico de inspiração keynesiana.
            Teriam os fazendeiros brasileiros de café inventado uma modalidade moderna de colbertismo tropical?
            Por outro lado, não estou seguro de que o que Topik chama de “cartel” do café, consagrado na OIC do final dos anos 1950 e início de 1960, possa ser comparado ao cartel do petróleo, este iniciado justamente em 1961 e muito mais efetivo, devido às características únicas do petróleo, que se prestam ainda hoje à cartelização. Explico-me.
            Em primeiro lugar, o “cartel” do café parece ser o único que tinha produtores e consumidores numa mesma mesa, numa situação, na verdade, na qual estes últimos talvez detivessem maior poder de dominação sobre os mercados (dominados pelos grandes intermediários, torrefadores e distribuidores, não pelos produtores), do que os países produtores, dispersos, concorrentes entre si, desorganizados. Ou seja, não havia, de fato, um cartel do café, mas apenas uma tentativa de mercantilismo bem inspirado para uns e para outros, para evitar sobressaltos no mercado, digamos assim.
            Em segundo lugar, o cartel do petróleo sempre foi um conluio da produção (relativamente concentrada, nos anos 60 e 70, e talvez também novamente agora) e da distribuição por atacado. Aliás, o cartel era primeiro das “seven sisters” e só depois dos países produtores, depois que estes nacionalizaram a produção, constituiram empresas nacionais e começaram a atuar politicamente nesse verdadeiro cartel (que ainda permanece poderoso, a despeito da diminuição da parte da OPEP na produção e comercialização mundial, mas ela ainda detêm uma espécie de monopólio sobre as reservas verificadas).
            Em terceiro lugar, quando se desejou, realmente, constituir um verdadeiro cartel do café, sob a forma da APPC, criada em Brasília em 1986, ele nunca foi efetivo, pois free riders como africanos e mais recentemente o Vietnã atuaram para desestabilizar as tentativas de nova “valorization” (via retenção de estoques”) dos países mais ativos. O fato é que o Brasil acabou pagando o preço desse novo cartel, sem ter retirado benefícios substntivos desse mercado transformado (que ele continua de certa forma a dominar, mas em escala não determinante).
            Resumindo: apenas aparentemente “Coffee set the precedent that later OPEC and other raw material producers would follow” (p. 14), pois que o princípio dos carteis é o mesmo, teoricamente e praticamente em todas as experiências conhecidas, mas o destino de cada cartel foi muito diferente na realidade.
            Por outro lado, concordo totalmente em que “Coffee had led Brazil from an archaic slavocratic social formation to state capitalism in a half a century”. Fomos os inventores do “coletivismo do café”, mas isso tampouco resultou em benefício para o grande número. Desta vez foram outros “comissários” a lucrar: os manipuladores do Instituto Brasileiro do Café, que na verdade foram os diretores designados pelo presidente e seus amigos fazendeiros e negociantes de café.
            Finalmente, concordo em que “Today Brazil is the world’s second largest consumer of coffee and it’s expected to overtake the U.S. for the number one position shortly”. O Brasil vai continuar sendo o maior produtor, o maior exportador e vai se tornar o maior consumidor, se os chineses continuarem no chá e realmente não adotarem o café.
            Hoje o Brasil deve ter cerca de 30% de participação na comercialização mundial de café, o que é um bom número para começar um cartel. Pena que o café ainda não mova automóveis ou entre na composição dos plásticos e outras embalagens. Mas quem sabe um dia o Brasil ainda não poderá chegar lá?
            A característica interessante, agora, é que o “socialismo” (ou “estatismo”) do café acabou, e as novas tendências parecem ser inteiramente ditadas pelas forças do mercado (ou dos mercados, já que existem vários mercados para os diversos cafés hoje produzidos). Será que o Brasil continuará a ser um “price maker” e um “market shaper” como acredita Topik? Talvez, mas as condições são hoje bastante diferentes do que elas eram no início do século XX, ou cem anos atrás. Não tão diferentes como gostaríamos, pois os países avançados continuam a produzir e a exportar mais café do que os países produtores, sem produzir um único grão. Acredito, porém, que pouco a pouco, países como o Brasil vão começar a dominar a linha completa da produção e comercialização. Isto pode demorar ainda um pouco mais, talvez duas ou três décadas mais, mas ocorrerá. Aí então, talvez, o Brasil se converterá, realmente, em “price maker” e “market shaper”.

4) Zephyr Frank, Before the Boom: The Brazilian Rubber Industry, 1870-1914
            Gostei do approach de Zephyr Frank, ao considerar a história do boom da borracha no Brasil como uma história de sucesso, rather than a failure. Torná-la autônoma em relação ao desastre de 1913 e 1914 me parece ser um bom método para apreciar o verdadeiro papel dessa “indústria” da selva que trouxe o único período de prosperidade amazômica. Na verdade, hoje em dia muitos brasileiros reclamam da cobiça internacional sobre a Amazônia (uma velha história) e existem mesmo as versões paranóicas, disseminadas por militares e nacionalistas extremados, de que os estrangeiros, geralmente americanos, estão querendo dominar a Amazônia, desmembrá-la do Brasil ou até “internacionalizá-la”.
            Pois eu sou a favor dessa internacionalização da Amzônia, pois o único período no qual a Amazônia foi próspera, foi quando ela esteve de fato internacionalizada pela borracha.
            A história da borracha, enquanto commodity, é rica e surpreendente, e eu apreciaria que a parte que figura na seção final do paper, “The Role of Brazilian Rubber in the Industrial Revolution of the 1860s-1900s”, pudesse eventualmente ser antecipada em parte para o início do paper, para termos uma idéia, desde o começo da leitura, de quão útil foi a borracha na segunda revolução industrial e no capitalismo triunfante do século XIX e de qual foi o papel do Brasil nessa história.
            No restante do texto, a metodologia seguida por Zephyr me parece consistente e ilustrativa do “successo” produtivo que foi o ciclo da borracha no Brasil, possivelmente o último dos ciclos no estilo “rise and demise” da história econômica do Brasil.

Paulo Roberto de Almeida
(www.pralmeida.org)
Brasília, 11 de junho de 2004.

sábado, 27 de agosto de 2011

BRASA XI: Illinois, setembro de 2012

BRASA XI – Chamada de Propostas / Call for Proposals

Call for Proposals
The 11th International Congress of the Brazilian Studies Association (BRASA) will take place in September 2012 in Illinois.

The Congress program will include academic panels, invited speakers, workshops, plenary sessions, and cultural activities. Our partner at UIUC will be the Lemann Institute for Brazilian Studies.

BRASA’s Executive Committee has adopted the following guidelines for proposing papers and organizing panels:

1. All proposals for panels or papers must be submitted directly to the Program Committee through the BRASA official Proposal portal starting August 15, 2011. The Program Committee will not consider proposals not submitted and received through the official Proposal portal: https://my.atlas.illinois.edu/submit/go.asp?id=293

2. All participants must be members of BRASA. Each participant may present only one paper in the Congress, but may also preside over a panel or serve as discussant.

3. BRASA suggests that all panels include at least four papers, but no more than five, and that the moderator not be presenting a paper. Each session should leave at least 30 minutes for discussion or for comments by a discussant immediately following the presentations.

4. The Congress will have 10 sessions with 12 panels per session during a period of three days, for a total of 144 panels.

5. Questions about the organization of panels should be directed to the BRASA secretariat or to the Chair of the Program Committee. Suggestions for other possible events at the Congress should be sent to the BRASA Executive Office at brasa-illinois@illinois.edu

6. The Program Committee will give preference to proposals to organize complete panels with professors and researchers from different universities and that have an interdisciplinary focus.

7. Dates for submission and acceptance of proposals are the following: the deadline for submission of proposals for panels or individual papers through the BRASA website is October 15. 2011. The Program Committee will announce final decisions by February 15. 2012. For more information, please visit the BRASA website http://www.brasa.org

Chamada de Propostas
O Décimo-primeiro Congresso Internacional da Brazilian Studies Association (BRASA) será realizado em setembro de 2012 em Illinois.

O programa do Congresso incluirá mesas de trabalho, conferencistas convidados, workshops, plenárias e atividades culturais. Nosso parceiro na Universidade será o Lemann Institute for Brazilian Studies.

O Comitê Executivo da BRASA adotou as seguintes normas para a apresentação de trabalhos e organização de mesas:

1. Todas as propostas de mesas e de trabalhos deverão ser submetidas diretamente ao Comitê Acadêmico pelo portal oficial de inscrições da BRASA (começando 15 de agosto de 2011). O Comitê Acadêmico não considerará, de modo algum, propostas que não sejam submetidas e recebidas através do portal oficial de inscrições do Congresso: https://my.atlas.illinois.edu/submit/go.asp?id=293

2. Todos os expositores de mesas deverão ser sócios da BRASA. Cada participante poderá apresentar somente um trabalho no Congresso e também poderá dirigir uma sessão ou servir como debatedor.

3. A BRASA sugere que as mesas tenham quatro trabalhos, mas não mais do que cinco, e que sejam lideradas por um professor ou pesquisador que não esteja apresentando um trabalho. Cada sessão deverá deixar pelo menos 30 minutos para discussão geral ou para a análise de um debatedor logo após as apresentações.

4. O Congresso terá dez sessões com 12 mesas cada sessão, durante o período de tres dias, com um total de 144 mesas.

5. Em caso de dúvidas,os interessados na organização de mesas devem entrar em contato com o secretariado da BRASA ou o Diretor do Comitê Acadêmico. Sugestões para outros possíveis eventos deverão ser encaminhadas a Secretaria Executiva da BRASA: brasa-illinois@illinois.edu

6. O Comitê Acadêmico dará preferência às propostas daqueles que submeterem mesas completas compostas de professores e pesquisadores de diferentes universidades e que tiverem um enfoque interdisciplinar.

7. Os prazos para a submissão e aceitação de propostas de mesas são os seguintes: O prazo para a submissão da mesa completa ou de propostas individuais para o programa através do site da BRASA será 15 de outubro de 2011. A BRASA enviará as notificações finais em O Comitê Acadêmico fará as decisões finais até o dia 15 de fevereiro de 2011.

Para maiores informações, favor entrar em contato com o escritório da BRASA pelo email brasa-illinois@illinois.edu ou através do próprio site da BRASA: http://www.brasa.org