Ilusão de Milei, trapaça de Trump e terremoto no Mercosul
Paulo Roberto de Almeida
Dois alertas nessa ameaça — pois é disso que se trata — de um possível acordo de livre comércio EUA-Argentina, que vai contra, aparentemente, aos baixos instintos do ultraprotecionista mercantilista do século XVII ocupando atualmente a presidência da ainda maior economia do mundo, até aqui bastante aberta:
1) Só pode ser contra o Mercosul e mais especificamente contra o Brasil, pois tal possibilidade, se efetivada (ainda assim em prazo delongado até quase o final do mandato do laranjão maluco, dadas as regras de denúncia do Tratado de Assunção) significaria, simplesmente, a implosão do bloco do Cone Sul, com prejuízos para todos os paises membros;
2) o outro maluco presidencial hermano — que até já mudou completamente de posição em relação à Ucrânia, seguindo caninamente Trump, depois de ter dado a maior comenda argentina a Zelensky — acredita piamente nessa nova bazófia do laranjão, um mero anúncio genérico que provavelmente não será concretizado, por dificuldades naturais e políticos de um processo complexo como esse, e que provavelmente não será concretizado no mandato dos dois malucos, mas que vai provocar rupturas nos fluxos de comércio intra-Mercosul e prejudicar até mais a Argentina do que o Brasil.
Ou seja, uma completa loucura essa provocação do Trump, num contexto de enorme ingenuidade da parte argentina.
Agora uma observação que já não tem uma mínima importância na atual conjuntura, mas que teria sido de uma enorme importância para o Mercosul e para todo o hemisfério se, EM 2005, os três patetas Lula-Kirchner-Chávez não tivessem implodido a Alca e se esta tivesse sido implementada a partir de 2005, com enormes consequências — não tanto em termos de comércio para p Brasil, mas sim em investimentos diretos — para todo o hemisfério, pelo menos durante 20 anos. Mesmo que Trump, desde o primeiro mandato, tivesse ele mesmo implodido uma hipotética Alca, como fez com o Nafta (substituído por uma contrafação trilateral medíocre, para acomodar os instintos protecionistas do laranjão, a Alca teria movimentado fluxos de investimentos que persistiriam ainda que afetados por uma nova fúria destruidora do grande idiota versão 2.
Concluindo: não acredito nesse acordo de livre comércio bilateral envolvendo dois malucos, mas o potencial desagregador do anúncio já terá produzido efeitos nefastos para os dois maiores países do Mercosul, em especial para o próprio proponente hermano (não mais).
Paulo Roberto Almeida
Brasília, 3/03/2025
https://g1.globo.com/economia/noticia/2025/03/03/trump-diz-que-considerara-um-acordo-de-livre-comercio-com-a-argentina.ghtml
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