O projeto é realmente debilóide, e só contraventores (e assassinos em potencial) podem aprová-lo; espero que seja totalmente rejeitado logo na entrada.
Paulo Roberto de Almeida
'Eu não sei o valor da cadeirinha, sei
de caixão', diz aliada de Bolsonaro
"Eu sei quanto
custa choro e flores", disse a deputada federal Christiane Yared (PL-PR),
aliada do presidente Jair Bolsonaro sobre a flexibilização das punições de
trânsito
Agência Estado, 7/06.209
Aliada do presidente Jair Bolsonaro,
a deputada federal Christiane Yared (PL-PR) fez um dos discursos mais duros até
agora na Câmara contra o projeto do governo que afrouxa punições no trânsito.
"Quanto custa uma? Eu não sei o valor de uma cadeirinha. Sei quanto custa
um caixão, eu paguei o caixão do meu filho. Eu sei quanto custa choro,
flores." Seu filho, Gilmar Souza Yared, foi morto em 2009, após o carro do
ex-deputado estadual José Carli Filho, que se apresentou à Justiça no último
dia 28, atingir o veículo. Agora no Congresso, a deputada federal pelo Paraná
diz "lutar por vidas". "Até pedi a líderes (dos partidos) que
sugerissem o meu nome (para a relatoria da proposta na Casa)."
O que mudou com
a morte?
Mudou tudo. Eu era uma empresária
conhecida no Paraná. Trabalhei 30 anos nessa empresa e, graças a Deus, era
bem-sucedida e em uma madrugada fui acordada por dois agentes federais que
traziam a informação da morte do meu filho. No IML, não deixaram meu esposo
reconhecer o corpo. Falaram que nunca tinham visto nada igual e ele não
dormiria mais na vida. Depois, recebi no cemitério um caixão lacrado.
Normalmente (depois disso), a gente não quer fazer mais nada da vida, as
famílias se desmancham. No dia que o enterrei, disse a ele que não ia
enterrá-lo, ia plantá-lo. Criei uma ONG. Já dei quase 3 mil palestras na ânsia
de tentar diminuir essas mortes no trânsito.
Como a senhora
avalia o projeto do presidente Jair Bolsonaro?
O que sugerimos ao presidente é
saídas. Vi que houve pressa na apresentação desse projeto e ele não vai passar
do jeito que está no Congresso porque nós ali estamos na defesa desse trânsito
mais seguro. Para alguns pontos já temos até projetos apresentados, como os 40
pontos na carteira para motoristas profissionais.
E nos demais
pontos?
A preocupação é realmente com
segurança. Com relação ao farol aceso de dia, é importantíssimo. A gente viu aí
uma redução de 15% das mortes nas estradas, nas rodovias no País. E quanto à
cadeirinha, o valor é completamente irrisório, se for comparar a um terreno no
cemitério, a um caixão, ao tempo de choro e flores. Então trouxemos essa
realidade para o plenário. E também vimos com preocupação a questão dos dez
anos para renovar a habilitação. Veja o meu caso: o jovem que matou o meu
filho, aos 18 anos teve a habilitação concedida. Quando fez a renovação estava
com 23; quando fez 26, era um drogado, tinha problema sério com alcoolismo e
histórico de pontos assustador na carteira. E continuava dirigindo. Matou duas
pessoas. Vejo com preocupação, não a renovação da carteira, mas a renovação dos
exames médicos. É um país que não tem responsabilidade... "Ah não, cada
pai é responsável pelo seu filho", dizem. A gente vê por aí todos os dias,
basta parar na frente de uma escola para ver como os pais são responsáveis: as
crianças chegam todas soltas, às vezes 3, 4 no carro, naquela folia. E se
houver um acidente, uma colisão na traseira do carro, essas crianças serão
ejetadas para fora. Depois não adianta chorar. Se morreu, tem de enterrar. E se
ficar sequelas, o País inteiro paga a conta. A cada dez leitos no Brasil, sete
são ocupados com acidentados de trânsito.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.