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sábado, 22 de março de 2014

Venezuela: entrevista sensata de Henrique Capriles

Entrevista / Henrique Capriles

Oscar Medina, Especial Para o Estado / Caracas - O Estado de S. Paulo


Em entrevista ao ‘Estado’, candidato derrotado por 1% na eleição presidencial de 2013 pede ação mais articulada de antichavistas

Ao fim da longa conversa, o entrevistado se detém para esclarecer: "Não ganhei, mas não tenho nenhuma dúvida de que vencemos a eleição de 2013". Na realidade, o principal líder da oposição venezuelana, Henrique Capriles, exigiu a recontagem dos votos, que não lhe foi concedida, e tentou impugnar o resultado que deu a vitória a Nicolás Maduro por uma margem estreita - pouco mais de 1%. Agora, ele está preocupado com coisas mais urgentes: a repressão, a criminalização dos protestos e a necessidade de as manifestações de descontentamento terem como base exigências mais concretas e realistas e não a frágil expectativa de um "fora, Maduro". A seguir, a íntegra da entrevista concedida ao Estado.

Como o senhor acha que deveria ser o protesto contra Nicolás Maduro?
Há milhares de razões para protestar na Venezuela. Milhares. O país vive um caos econômico e social, com crise nos hospitais, na educação, nos contratos coletivos de trabalho que não foram assinados. Crise nas empresas básicas, na indústria petrolífera, nos serviços públicos. E isto além dos grandes temas como a escassez, a falta de segurança, a inflação e as violações da Constituição. Não por nada, no ano passado houve quase 5 mil protestos no país. Protestos vinculados à vida diária do venezuelano. Entretanto, sinto que os protestos devem ser articulados, organizados e orientados para uma finalidade.

Por exemplo, no início, houve uma divergência em relação ao que alguns chamaram "La Salida" (A Saída). A saída de onde? Se quisermos conectar com a maioria deste país, isto não pode ficar por aí. Por que é preciso descolar de Maduro? 
Porque Maduro está destruindo os empregos, porque Maduro desvalorizou a moeda, porque hoje temos menos recursos do que antes, porque há mais falta de segurança. Há inúmeras razões. Se quisermos encher os protestos de conteúdo ou tornar este conteúdo o protagonista, o protesto será muito mais eficaz e poderá somar. Um protesto contra a escassez é muito mais eficaz do que um protesto que pede simplesmente a mudança de governo. O protesto contra a escassez pode somar o chavista e o não chavista. E este une mesmo, este permite que você se encontre com quem pensa de maneira diferente. É ali que tem de estar o centro, nosso programa.

Depois de mais de um mês de manifestações, pacíficas e outras nem tanto, foi possível conseguir algo positivo? O que se perdeu?
Mortos, feridos, presos, torturados, violações de direitos humanos... muito foi perdido. Mas não podemos culpar os que protestam, porque há razões válidas para protestar. Os que querem uma mudança no país jamais poderão renunciar ao direito de protestar. Precisamos reivindicar, orientar o protesto pacífico. É preciso evitar a todo custo a violência. O governo quer demonizar o protesto, criminalizá-lo, mostrá-lo como violento para com isto esconder os grandes problemas que justamente deram origem aos protestos. Isto está claro. Um balanço negativo? Não é possível dizer ainda ... há um saldo de mortos, de feridos, há uma crise profunda no país.

María Corina Machado reivindica como conquistas importantes destes protestos o fato de terem "desmascarado" o regime de Maduro como violador dos direitos humanos, de ter estimulado as pessoas a tirar a rua do governo, e de ter feito renascer a esperança de uma mudança demonstrando que a oposição ainda não estava resignada e vencida. O sr. não percebe nada que possa ser reivindicado como conquista? 
Respeito as posições das outras pessoas, embora não as compartilhe. Acredito que neste momento ver como saldo positivo o fato de ter tirado a máscara do governo e mostrá-lo como violador de direitos humanos, não tem muito sentido. Em que isto se materializa? Não conquistamos a solidariedade dos governos da América Latina. Em que ponto isto gera "a saída"? Acredito que alguns companheiros se equivocaram em suas colocações. A unidade não pode ser uma camisa de força, nem todos precisam pensar da mesma maneira e é positivo debater, contestar opiniões publicamente. Mas é preciso ter muito cuidado porque há companheiros que falam apenas a um setor do país.

A convocatória de "La Salida" foi um erro? 
Não é que tenha sido um erro, mas é preciso falar a verdade às pessoas. É preciso contar a história completa. Você diz às pessoas que a saída é pedir a renúncia de Maduro, mas aonde leva isto? A um processo eleitoral, certo? Então a saída está vinculada a um tema eleitoral. E se não estiver, o que significará então? Um golpe de Estado? Não concordo com um golpe de Estado nem pretendo instigar nem promover uma saída deste tipo. A saída, se for constitucional, sempre levará a um processo eleitoral. Há milhares de razões para pedir a renúncia de Maduro e qualquer venezuelano pode pedi-la, mas é preciso explicar às pessoas o que significa a renúncia de Nicolás Maduro. A que levará? A uma eleição. Em que condições se dá uma eleição? Com que poder a oposição conta para esta eleição? Ela estão vendendo algo, propondo algo e não está dizendo às pessoas como será ao fim do filme.

Se "La Salida" não tivesse surgido, o que estaria acontecendo? 
Teríamos protestos do mesmo jeito, porque eles aconteceram no ano passado. Mas se quisermos dar-lhe um conteúdo político, deveremos começar articulando primeiramente este protesto do ano passado, ao qual não demos a devida consideração, porque é aí que se faz política, aí que se faz o trabalho, não na mídia, mas no bairro, suando, sujando os sapatos.

Onde o governo de Maduro se equivocou e onde acertou na gestão desta crise? 
Não acertou em nada. Maduro não tem nada de positivo para mostrar. Na gestão da crise, ele voltou ao manual que já conhecemos para nos distrair, distrair a opinião pública internacional, inclusive ao custo das violações dos direitos humanos.

Os protestos violentos fizeram um favor ao governo? 
O governo alimenta esta violência. Não tenho nenhuma dúvida de que o governo tem infiltrados em Altamira e em outros lugares. Nenhuma dúvida. Vi vídeos realizados por gente nossa, que mostram a chegada de caminhões em determinados lugares, pessoas armando uma barricada e depois indo embora.

Se é assim, então administraram bem a crise em seu favor... 
Não diria que a tenham gerido bem porque no fim isto não resolve a crise econômica. Eu creio que eles utilizaram toda esta conjuntura para ganhar tempo. Você não resolve a crise assim, o que você está fazendo é marcando passo. Se fizermos as coisas direito, não será uma vitória do governo. Não tem por que ser assim.

Como o Sr. está colocando a questão, os protestos de rua realizados pela oposição talvez não estejam bem orientados, mas, quem se encarregou de dar-lhes uma direção? Os partidos políticos, os estudantes? Qu em deve fazer este trabalho? 
Todos os setores. Todos podemos nos juntar. Eu reivindico o protesto pacífico. É preciso apoiá-lo, é preciso promovê-lo. Numa comunidade que é deixada dois dias sem luz, como acreditar que as pessoas não sairão para protestar? Não podemos permitir que o governo criminalize os protestos e muito menos um governo como este, que não dá respostas a nada, e o que pretende, pela repressão e pela censura, é tapar a crise em lugar de resolvê-la. Para encaminhar e orientar os protestos todos os setores podem se juntar. Por isso falei das 5 mil manifestações do ano passado. Os partidos políticos têm de articulá-los. O movimento estudantil tem de articular no plano nacional as razões que tem para estar na rua, que não são apenas as violações dos direitos humanos nem os processos movidos contra seus companheiros. O governo gostaria que o debate se restringisse a isso mesmo. Mas os estudantes também sofrem com a escassez, a falta de segurança. Tudo começou com uma tentativa de estupro de uma estudante em Táchira, dentro da universidade. Todos os setores precisam unir-se no objetivo comum de conseguir que os problemas tenham uma solução.

Neste momento quem está fazendo este trabalho? 
Acredito que esteja sendo feito, mas não se percebe. Os estudantes já têm suas assembleias nacionais e estão discutindo a possibilidade de se reunirem com o governo para apresentar suas reivindicações. Seus apelos não obtiveram nenhuma resposta. Os partidos estão nesta mesma situação. Algo está sendo feito, mas é possível que não se perceba. Há pessoas que acreditam que um eventual debate com o governo equivalerá a desmobilizar a rua. Não é bem assim. Quem disse que assistir a um diálogo significa que você deixe de protestar?

A origem disto está numa reivindicação concreta por segurança. Mas dentro do movimento estudantil isto já gerou também a ideia de "Fora Maduro". E isto coloca um jogo fechado: Maduro não precisa ir a parte alguma somente porque os estudantes pedem que ele faça isto. Neste momento ainda há espaço para o diálogo, para a negociação muito clara ou a perspectiva será continuar com os protestos até que aconteça "algo" que não se sabe o que será? 
Nunca estarei a favor de contar com o incerto: "Veremos se algum dia acontece alguma coisa". O protesto deve continuar na medida em que existam problemas que não são resolvidos, e não haja nenhum sinal de que serão resolvidos. A razão dos protestos não pode ser desvirtuada; nem se pode criminalizar o fato de que há estudantes que protestam contra as violações dos direitos humanos, torturas ou casos como o de uma estudante detida que foi obrigada a comer excrementos no estado de Bolívar. Como não reagir frente a algo tão ilegal e criminoso como isto? O projeto do movimento estudantil, me refiro à maioria, nunca foi derrubar o governo. Tampouco está restrito à possibilidade de que para poder falar com o governo, Maduro precisa renunciar. Não é este o projeto dos líderes estudantis com os quais conversei.

Este mesmo slogan "Fora Maduro" não convoca as massas populares nem os chavistas convictos, mas insatisfeitos com o governo. O que é preciso fazer para que estas pessoas adiram à expressão pública de descontentamento? 
O bairro tem outra dinâmica. Se a maioria dos venezuelanos está insatisfeita, quer dizer que os habitantes dos bairros também estão insatisfeitos. Mas eles têm outro mecanismo para expressar isto, porque estão condicionados pela coerção do governo e por seus grupos armados. Nós convocamos um protesto contra a escassez, o protesto das panelas vazias. O esforço feito pelo governo para evitar que esta mobilização chegasse ao Ministério da Alimentação foi um sinal claro e contundente de que este é o tipo de protesto que eles não querem porque sabem que as pessoas dos setores populares acabarão aderindo . E aderem porque elas vivem, sofrem e se identificam com a causa da convocatória. Os trabalhadores da saúde encontraram nas manifestações a mesma resposta do governo: o terror de que os médicos se mobilizassem até a vice-presidência. Se cada setor afetado convocar as pessoas baseando-se em seus problemas, acredito que muita gente dos setores populares acabará aderindo.

Este agora é um protesto das massas ou da elite?
É injusto ver as coisas assim. Não podemos dizer que a classe média é uma elite, nem que está contente com o país da maneira que está, ou que é privilegiada. Aqui todos se sentem maltratados, acabados. Há um setor do país que não sofre e ali os chamados "privilegiados", que não padecem com nenhuma escassez e se aproveitam das circunstâncias, mas vivem em outra Venezuela. Jamais poderíamos dizer que este é um assunto das elites. Na minha opinião o protesto tem que ser dos insatisfeitos, dos que vivem este mal-estar social, ou seja, a maioria do país.

Qual é o cenário possível para os próximos meses? 
Se o governo não mudar de atitude e manter-se numa posição arrogante e intransigente, estão presentes as condições para uma explosão social. Podemos dizer que este país mudou desde 1989 (anos dos eventos conhecidos como Caracazo), mas as condições começam a se tornar muito similares àquelas. O governo tem oculto um aumento da gasolina, há também a questão cambial com o Sicad II e começaremos a ver o aumento do dólar para importações e o seu impacto sobre a inflação. Temos também uma situação de carestia. O anúncio de um cupom de racionamento é o mais claro sinal de que o problema da escassez não é de conjuntura como se afirma. É mais uma mentira. Quando você anuncia um cupom de racionamento - embora dê outro nome - no final está reconhecendo que a escassez de produtos é um problema quase permanente na economia nacional.

O referendo revogatório é uma carta que pode ser usada no futuro?
Neste momento não estamos propondo uma resposta para a crise política. O que podemos dizer é que, se defendemos a Constituição, não há como a resposta à crise não ser um processo eleitoral. Não podemos perder isto de vista porque, de outro modo, é um golpe de Estado.

Alguns setores da oposição sugerem que a Venezuela está numa ditadura e esta concepção determina um tipo de luta. O senhor acredita que Nicolás Maduro é um ditador? 
Este é um governo autoritário. Há um autoritarismo muito corrupto. É um modelo que restringe as liberdades. Tem elementos do "castrocomunismo", mas também pratica ações claramente fascistas. Isto é uma deformação de algo.

Como realizar um debate com representantes de um governo como esse? 
Exatamente, é preciso haver um debate. E com base nesse debate veremos se existe possibilidade ou não de um diálogo que produza resultados. Eu debato até com o diabo. Jamais terei medo de um debate, não deve haver medo porque este é o contexto para defender tudo isto que estou lhe dizendo. No confronto de ideias, no debate, conseguimos muitas coisas.

Mas este é um governo que aceita o debate? 
Creio de Nicolás tem medo do debate. Ele treme quando alguém lhe diz 'vamos debater'. Treme. Ele não deseja o debate, mas está comprometido porque, se você propõe o diálogo e diz 'venham' e estamos lhe dizendo 'vamos, mas vamos ao debate', que desculpa vai dar? Então ele está comprometido. Daí os insultos, por isso a linguagem é cada mais suja, mais de cloaca. Em todas as suas últimas aparições em cadeia ele tem me insultado. Ele quer que eu diga que não irei ao debate. Mas não. Vamos. E o mesmo que for dito na minha cara, direi as coisas na sua cara também.

Como avalia seu próprio papel nestes dias de protesto? Acha que agiu corretamente, fez alguma autocrítica? 
Faço autocríticas permanentemente. Uma delas é a minha falta de discurso para a classe média. Não enviei uma mensagem para ela sobre como canalizar sua frustração e seu descontentamento. Creio também que numa conjuntura como esta não devo sair em busca de protagonismo. Mas estou realizando meu trabalho onde sinto que é preciso fazer: nos setores populares, no bairro. É ai que venho articulando, organizando. O protagonismo é das pessoas na rua. E isto está certo, é bom. O que fazemos é oferecer uma orientação: proteste contra a escassez, proteste contra a insegurança, seja criativo no protesto. É bom que as pessoas sintam que sua responsabilidade não é apenas votar.

O "momento cidadão" acabará debilitando as organizações políticas e lideranças como a sua? 
Você não pode acabar com os partidos políticos. Se deseja que sejam diferentes entre num partido, colabore para sua transformação em seu interior. Não existe democracia sem partidos. É muito fácil destruir, criticas. É muito fácil: você vota um dia no ano e além disso precisamos implorar para que vote, implorar para que você defenda seu voto. No meu caso, que sejam feitas todas as críticas, todas as acusações, isto faz parte do meu trabalho; mas acho que devemos fazer uma profunda reflexão como sociedade: que fazemos todos os dias pelo nosso país, o quanto queremos a Venezuela. É preciso entender o país que temos e a composição social deste país. Minha referência de cidade não é Miami, respeito muito os venezuelanos que lá estão e fui falar com eles. Há pessoas que lá estão exiladas e enfrentam dificuldades e merecem todo o nosso respeito. Mas às vezes é muito antipático que outros, que vivem comodamente, venham nos dizer o que temos de fazer aqui. Ou levantar de manhã para ver o que lhe diz um trapaceiro que chamam de "profeta". Você acha que vou depender do que esse trapaceiro diz sobre como conduzir a liderança deste país? Não.

É revelador de uma carência o fato de que, aparentemente, há muita gente atenta ao que diz esse senhor Reinaldo dos Santos... 
Não sei quantas pessoas o seguem. Creio que tem muito a ver com o Twitter. O barulho que provocam é grande, mas é maior do que a quantidade de pessoas na realidade. Provocam muito barulho e pretendem nos arrastar. Este servidor e aqueles que o possam representar não nos deixaremos levar pelos extremos, nem de um lado nem do outro. As críticas, são todas bem-vindas. Faz parte da democracia. Mas você não deve sentir-se agredido quando lhe dão uma resposta. Se vejo que a sua reclamação tem por base o que foi afirmado por um trapaceiro como este, digo que esse senhor não conhece os bairros venezuelanos, nem os povoados deste país, tampouco a nossa idiossincrasia. O barulho é grande, mas não posso deixar-me levar por isso.

Depois de ter denunciado a fraude e o oportunismo nas últimas eleições presidenciais, como recuperar a confiança no sistema eleitoral? Como conseguir que as pessoas voltem a confiar? 
É preciso mudar o poder eleitoral. Este deve ser também um motivo de luta. O desastre deste poder eleitoral, que não mudou ainda, nos obriga à organização, a um esforço, em todo o país. Por isso eu lhe digo que não se trata apenas de votar. A luta é completamente desigual. Não peça algo que não irão lhe dar, lute para consegui-lo. E se não o conseguir busque os mecanismos para defender esse voto pelo qual está se expressando. É preciso entender que a luta é de todos.

Chegado o momento, no futuro, o senhor voltará a se apresentar como candidato à presidência? 
Não penso nisto agora. Não faz parte da minha agenda, nem em pensamento. Digo-lhe uma coisa com toda sinceridade: fiquei surpreso com a morte de Chávez. Pensava que, como afirmava o governo, Chávez havia se recuperado. E assumi a candidatura como uma responsabilidade moral para com as pessoas que me apoiavam. E aí está o resultado. Já lhe disse antes: estou disposto a arriscar minha vida, não estou disposto a arriscar a vida de outros, não vou lhe pedir que arrisque a sua vida nem a dos seus filhos. E não cobramos isso. Mas o que quero dizer é que não estou trabalhando para isso. Não é o que me tira o sono. Sou um apaixonado por este país e o que desejo é que ele mude.

A sociedade venezuelana está à beira de uma nova onda da mesma atitude antipolítica que permitiu a Chávez agarrar-se ao poder? 
Sim, está. E isto é terrível. Chávez chegou ao poder quando decidiu fazer política, fundou sua organização e começou a fazer política com a proposta de uma Constituinte. Quando a oposição se decidiu por um movimento antipolítico, com paralisações, abstenção, rejeição, ela entrou no seu pior momento. Mais tarde ela compreendeu que era preciso fazer política e foi o que começamos a fazer, começamos a semear aqui e aí está a colheita. Conseguimos, frente a esta estrutura, este oportunismo, ganhar um processo eleitoral um mês após a morte do presidente Chávez; não foi um golpe de sorte, foi produto de um trabalho. Esta é a forma de construir uma maioria que permita pôr fim a este modelo autocrático e este autoritarismo e provocar uma mudança no país que perdure. É preciso trabalhar para construir uma maioria. É preciso alimentá-la, interpretá-la, falar com ela. E é aí que está o meu erro no tocante à classe média. De repente entendi que há uma classe média descontente e vota para a oposição e que é preciso apenas pedir a ela que saia para votar. Mas não, essas pessoas precisam de algo mais. Reconheço. É culpa minha porque esperavam uma mensagem da minha parte, alguma ação.

O senhor continua acreditando que "o tempo de Deus é perfeito"? O que significa esta frase para o senhor? 
Acreditarei nisto até o dia da minha morte. Significa que Deus sabe porque as coisas acontecem e sabe o que faz. Mas também não sou daqueles que deixa as coisas nas mãos de Deus sem fazer nada. Pratico o princípio do ajuda-te que te ajudarei.

sábado, 20 de julho de 2013

Capriles, da oposicao venezuelana: para quando uma visita ao Brasil?

Capriles en Chile: “es inaceptable que un gobierno chantajeé a otro respecto de con quién hablar”

America economia, 19/07/2013
Capriles piensa acudir a organismos internacionales, como la Unasur y la ONU, no sin antes agotar todas las instancias legales en su país.
Sobre las motivaciones del gobierno de Nicolás Maduro para criticar su agenda, Henrique Capriles dijo que "quieren evitar que nosotros contemos la verdad en toda América".
El gobernador del Estado de Miranda, y reciente candidato a la presidencia de Venezuela, Henrique Capriles, se encuentra en Chile presentando su campaña de difusión internacional, de lo que él juzga y denuncia como la realidad de Venezuela, la situación que se está viviendo allá y la lucha que están dando quienes lo apoyan, contra el “ilégitimo” gobierno de Nicolás Maduro.
El canciller de Venezuela en tanto, Elías Jaua, afirmó que en Miranda hay un pueblo que necesita a su gobernador trabajando en la calle, "no conspirando en Chile con la ultraderecha más asesina de este continente contra su propia patria".
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Polémicas visitas. Recientemente el presidente venezolano Nicolás Maduro, confirmó una reunión con su par de Colombia, Juan Manuel Santos, para tratar la polémica que se desató luego de que este aceptara recibir a Capriles y escuchar su reclamo. Durante su visita a Colombia, el líder opositor pidió una auditoría exhaustiva de los resultados de los comicios presidenciales del 15 de abril, que ha impugnado tras denunciar irregularidades, a lo que Maduro replicó una conspiración contra la estabilidad del país.Al respecto, Capriles replicó el “despecho” de Jaua hacia su parte, atribuyéndolo a la frustración por la derrota que sufrió en ese mismo estado, durante las pasadas elecciones de diciembre. ”Vinimos a hablarle al pueblo chileno, no a responderle a un funcionario que no tiene ninguna legitimidad”, dijo el ex candidato.
Al anunciar su visita a Chile y Perú, también se levantaron voces en reclamo, además de la del canciller Jaua, hubo protestas de grupos opositores a Capriles cuando trató de reunirse con la Democracia Cristiana chilena.
Ante la constante presión, el gobernador de Miranda replicó al ejecutivo de su país, afirmando que “armaron todo un show en Colombia. Es inaceptable que un gobierno condicione o venga a chantajear a otro respecto a con quién hablar o no. El presidente tiene derecho de reunirse con quien quiera y donde quiera”.

Sobre las motivaciones del gobierno de Maduro para criticar la agenda de Capriles,  el gobernador de Miranda, dijo que el gobierno quiere ”evitar que nosotros contemos la verdad en toda América.”
Las elecciones. Otro de los grandes propósitos de la visita de la oposición venezolana, reunida en la Mesa de Unidad Democrática (MUD), es conseguir el apoyo de Unasur (Unión de Naciones Sudamericanas) para validar el compromiso por la impugnación de las elecciones presidenciales en Venezuela, con un recuento de votos. Cabe recordar que Capriles desconoce los resultados de estas, en las que perdió ante Maduro por una estrecha diferencia de 1,49 puntos porcentuales.
"Hubo un compromiso de Unasur y no se realizó. Se impugnó luego el proceso electoral y no hemos tenido respuesta", señaló el opositor venezolano, agregando que "se han cumplido todos los lapsos legales que tenía el tribunal para admitir el recurso".
Respecto a las opciones y vías para continuar el proceso, Henrique Capriles anunció que piensa denunciar el caso ante la Corte Interamericana de Derechos Humanos y ante las Naciones Unidas, aunque primero agotará todas las posibilidades judiciales en su país. En este marco, dijo que su trabajo apuntará para que la mayoría siga creciendo. “Si la mayoría no es suficientemente grande, no hay forma de ganar una elección por el secuestro institucional", comentó.
El caso Snowden. Otro de los temas que suscitaron el interés en la república bolivariana durante las últimas semanas, fue el polémico ofrecimiento de asilo al ex agente de la NSA, Edward Snowden, por parte de Nicolás Maduro, en medio de las amenazas de Estados Unidos a quienes ofrezcan este recurso.
Capriles comentó que “aquí no hay autoridad moral ni de ningún tipo sobre querer ser humanitario. Que empiecen por casa. Denle oportunidad a los exiliados que regresen, libertad a los presos políticos. Al señor Snowden, que se le respeten sus derechos humanos como a todos en el planeta. Ellos actúan así para generar un escándalo, para que el país hable de eso y no de otros problemas que afectan la vida de los venezolanos ni de los 21.000 muertos que hay todos los años en el país ”.

El gobernador de Miranda concluye su visita este viernes en Chile para luego viajar a Perú, no sin antes reunirse con el presidente Sebastián Piñera, quien confirmó una reunión privada fuera del Palacio de La Moneda para últimas horas del día.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Chavismo: os estertores de uma doenca mental; o ocaso de uma ilusao - Augusto Nunes

O desfecho da eleição fraudada tornou irreversível a agonia do chavismo
Augusto Nunes
Direto ao Ponto, 15/04/2013 às 22:04

O candidato Nicolás Maduro resolveu transformar o chefe em múmia tarde demais: o processo de decomposição já começara. O motorista de ônibus que virou piloto de país vai descobrir em pouco tempo que também a tentativa de mumificação do regime tropeçou no péssimo estado de conservação do cadáver. O resultado da eleição deste domingo avisa que o chavismo poderá até continuar wuechavismo vagando no poder mais algum tempo. Mas a revolução bolivariana, como constatou nosso Reynaldo-BH no post publicado na seção Feira Livre, já apodrece numa urna de vidro.

Hugo Chávez vivia anunciando a chegada iminente do socialismo do século 21. Foi por ter recorrido a métodos do século 19 que o sucessor trapalhão ganhou a eleição. A oposição só perdeu para a fraude, para a coação ostensiva e para a boca-de-urna criminosa. Ainda que a apuração traduzisse a verdade, os 49,07% do total de votos atribuídos a Henrique Capriles bastariam para informar que Maduro precipitou a agonia da ditadura envergonhada instituída a partir de 1999. Raríssimas vezes os vencedores oficiais de uma eleição tiveram de engolir, com sorrisos de aeromoça, tantas e tão contundentes derrotas.

A avassaladora máquina de propaganda, a transformação do leviatã estatal num onipresente e onipotente pai-patrão, a ampliação obscena da fábrica federal de insultos e calúnias, a compra de gratidão com dinheiro do petróleo ─ nada disso impediu que metade do eleitorado dissesse não ao enviado do espírito santo que no momento se disfarça de passarinho. Não é pouca coisa. E não é tudo. Os estragos provocados pela votação do candidato oposicionista vão muito além da implosão da arrogância dos sacerdotes da seita.

A performance de  Capriles também abalou a fé dos devotos do chefe insepulto (até o repertório de milagres estocados por Chávez tem limites), confirmou que os institutos de pesquisa viraram comerciantes de porcentagens, baixou a crista de marqueteiros grávidos de autossuficiência e comprovou que as análises assinadas por jornalistas brasileiros são tão confiáveis quanto as previsões de Guido Mantega. Fora o resto. Vai ser divertido acompanhar as acrobacias da turma no esforço para justificar o fiasco. O que tem a dizer João Santana, por exemplo?

O ministro de Venda de Nuvens encurtou o expediente em Brasília para conferir dimensões amazônicas a um triunfo já decretado pelos institutos de pesquisa. Entrou na campanha com mais de 70% dos votos. Saiu com 20 pontos a menos. Se é que existiram, no mundo real, milhões de votos sumiram em duas semanas no buraco escavado por ideias de jerico. Foi o alquimista que enxerga uma rainha em Dilma Rousseff quem aconselhou Maduro a confundir-se com Chávez, empoleirar-se na urna de vidro e entrar para a história como inventor do velório-comício. Deu no que deu.

O desfecho do confronto reiterou que a oposição venezuelana aprendeu com os erros do passado e avança pelo caminho certo. Pela segunda vez em poucos meses, evitou disputas internas mesquinhas para unir-se em torno de um político capaz de expressar a essência do pensamento dos antichavistas. Um em cada dois venezuelanos entendeu que Capriles falava por ele. No Brasil, 45 milhões de eleitores procuram há anos um candidato que se oponha ao lulopetismo sem medo e sem mesuras. Mas a oposição oficial só interrompe as férias que já duram dez anos para trocar sopapos e desaforos no quintal ou a sala de jantar.

Um ano e meio antes da eleição presidencial, pesquisas espertas já garantiram a Dilma Rousseff um segundo mandato. Em vez de mirar-se no exemplo da Venezuela, mandar às favas os especialistas em engorda de popularidade e partir para a luta, os pajés do PSDB, do PPS e do DEM perdem com ciumeiras de colegial  o tempo que deveriam ocupar com a desmontagem das fantasias forjadas pelo governo mais bisonho do Brasil republicano.

Antes de exibir a combatividade que sempre lhe faltou, a oposição oficial terá de reencontrar a vergonha perdida há mais de 10 anos. E descobrir o que é altivez.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Venezuela: uma fraude eleitoral em gestacao (C.A. Montaner)


Carlos Alberto Montaner: elecciones en Venezuela

Chávez y la trampa que se avecina

Infolatam
Madrid, 26 agosto 2012
Por CARLOS ALBERTO MONTANER
Parece inevitable que Henrique Capriles sacará muchos más votos que Hugo Chávez en las elecciones del 7 de octubre próximo en Venezuela. La última encuesta de Consultores 21, una empresa extremadamente fiable, arroja un empate real entre ambos candidatos. Chávez aparece con 45.9 por ciento de los votos y Capriles con 45.8. La tendencia de Chávez es a declinar. La de Capriles es ascendente. Pero hay otro dato clave medido por Alfredo Keller, un prestigioso escudriñador de la opinión pública: entre un 16 y un 20 por ciento de los encuestados tienen miedo y ocultan o tergiversan sus verdaderas intenciones de voto. Le temen, naturalmente, al gobierno, no a la oposición.
Como me dijo Eric Ekvall, un notable asesor político que hace años llegó a Venezuela en el equipo de Joe Napolitano, el mejor estratega de campañas que se recuerda (el de John F. Kennedy) y allí se quedó: “el Flaco Capriles se ha convertido en un candidato extraordinario. Donde llega, arrasa. Tiene el impacto emocional de un rock star. Transmite una imbatible imagen de juventud, seguridad y decencia. Chávez, en cambio, está física y políticamente agotado. Después de 14 años de mentiras ya no le creen nada. El incidente de la hidroeléctrica en el que los obreros lo callaron con sus gritos ante las cámaras de la televisión es todo un ejemplo de la verdadera percepción popular”.
Tiene sentido. Los venezolanos poseen razones para sentirse profundamente insatisfechos con la minuciosa incapacidad de Hugo Chávez. Cuando se les pregunta cuál es el principal problema del país, de forma casi unánime responden que es “la inseguridad”. Durante la presidencia de Chávez han muerto violentamente muchos más venezolanos (150 000) que soldados norteamericanos en las guerras (sumadas) de Corea, Vietnam e Irak.
Los asesinatos, secuestros express y extorsiones forman parte de la aterrorizada vida cotidiana de los venezolanos. ¿Cómo la sociedad puede sentirse protegida si en las cárceles, un universo cerrado y supuestamente controlado por el gobierno, las bandas de matones, sin duda asociadas a la policía, se enfrentan con armas largas y dejan 26 muertos en sólo una batalla? Eso no es un país, sino un matadero.
“El problema –me sigue diciendo Eric Ekvall— es que el gobierno de Chávez no va a reconocer la victoria de Capriles. Prepara un fraude monumental basado en la manipulación de las computadoras. Hay dos millones de votantes virtuales, realmente inexistentes, que pueden distribuir a su antojo la noche de las elecciones, como ya hicieron en el referéndum revocatorio del 2004. Esa consulta la perdió Chávez 59 a 41, pero sus técnicos invirtieron los resultados. Las elecciones por computadoras son el medio ideal para cometer fraude”.
Inmediatamente, me entrega un ejemplar del número de noviembre de 2011 de la prestigiosa revista académica norteamericana Statistical Science. Trae seis impecables y convincentes estudios de matemáticos y físicos de primer rango universitario que demuestran por qué y cómo, realmente, Chávez perdió esa consulta (que le costaba el poder), pero alteró los resultados para continuar mandando contra la voluntad democrática de sus compatriotas. El fraude se comete en el Registro Electoral. Mientras en la última década la población ha crecido un 14 por ciento, el Registro Electoral lo ha hecho un 58. Ahí se cocina la trampa.
La manera política de “vender” el fraude, de acuerdo con la opinión de este experto en procesos electorales, la inventó el PRI mexicano hace muchos años. Primero, unos encuestadores contratados para esos fines innobles presentan ciertos resultados falsos que “demuestran” la abrumadora preferencia de los votantes por Chávez. Segundo,  el aparato de propaganda del gobierno machaca a la opinión pública con esa información, mientras una serie de mensajeros de alto rango salen a comunicar los resultados previstos a todos los centros de poder internacionales. Tercero, los resultados de los comicios se ajustan a las previsiones. Ya no hay shock cognitivo que despierte sospechas. Ocurrió lo que, supuestamente, afirmaban las encuestas.
“¿Hay manera de evitar esa estafa monumental –pregunto?”. Ekvall me responde tajantemente: “sólo si Capriles logra reclutar 200 000 activistas dispuestos a custodiar permanentemente los resultados de las 150 000 máquinas de votar, y si él, sus partidarios y las instituciones que lo apoyan, están dispuestos a no dejarse robar las elecciones a ningún precio, cualquiera que sea el sacrificio que haya que realizar. No estoy seguro de que logre reclutar esa masa de activistas. Capriles tiene votantes y simpatizantes, no militantes duros y decididos”.
Ése es el panorama. Dios coja confesados a los venezolanos.