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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

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domingo, 18 de agosto de 2013

Oposicao quantica - Milton Simon Pires

OPOSIÇÃO  DA  INCERTEZA -  OS MUDOS E OS CALADOS.

Milton Simon Pires

Uma das coisas mais incríveis, e também divertidas, de se observar cada vez que um de nós (monstros “fascistas”) ousa se insurgir contra o discurso petralha que infecta todo meio intelectual brasileiro é a capacidade desse mesmo meio de fazer algo para nós impossível – a unificação e organização da oposição. Isso mesmo! Chega a ser cômico escrever isso, mas não tenho absolutamente nenhuma dúvida de que a oposição brasileira (que deveria chamar-se oposição.com.br.) só existe quando identificada pelo PT. Ela – a oposição – lembra aquelas aulas de Química do segundo grau em que o professor, explicando Heisenberg e o seu “Princípio da Incerteza”, afirma que determinadas partículas comportam-se de uma maneira que depende de como olhamos para ela. A oposição “existe se o PT olha pra ela. Se ele não olha; ela não existe”...Nasceu no Brasil a “Oposição da Incerteza”...
Começo esse artigo dessa maneira para, mais uma vez, repetir aquilo que venho escrevendo “há séculos” - NÃO EXISTE OPOSIÇÃO AO PT NO BRASIL! A oposição ao PT é aquilo que o próprio PT identifica como oposição, ou seja: qualquer pessoa ou partido político que discorde dele. Existe problema nisso?? É claro que existe! Nada mais perigoso do que deixar o inimigo definir nossas características, estabelecer quais são nossos próprios valores, e situar-nos na própria História – Mao Tse Tung escreveu sobre isso!
Desde Carlos Lacerda até Fernando Henrique Cardoso, o PT usa e abusa de comparações para rotular como oposição tudo que não lhe serve. Ao fazê-lo, toma um cuidado todo especial: não definir em absoluto um conjunto de valores culturais e de comportamento que poderia fornecer à oposição as condições para ela ser exatamente isso: oposição! Não há, vou insistir mais uma vez, política dissociada de cultura. Se aceitarem isso que escrevi como verdade, busquem na sociedade brasileira um conjunto de valores culturais coesos e com representação política organizada e verão que ele não existe. Ninguém, mas absolutamente ninguém mesmo, se opõem organizadamente a ideia de que a Terra está “aquecendo”, que o “SUS é o sistema de saúde ideal”, e de que a “família com pais homossexuais” pode ser uma alternativa viável. Não estou dizendo, vejam bem, que não existem pessoas que não se oponham a isso que escrevi. Tenho certeza de que elas existem! O que não existe é representação política delas. É uma “vergonha” dizer isso que escrevi acima em qualquer roda de “amigos civilizados” (segundo o conceito de “civilização” petista). Há um constrangimento incrível..um medo de passar-se por “fanático radical”...uma sensação de que vamos ficar “sozinhos” que não permite à absolutamente ninguém expressar divergência do politicamente correto.
Enquanto esse clima de medo..essa sensação de abandono persistir, insisto que não vai haver oposição nem muito menos “direita” alguma no Brasil a não ser quando o próprio PT faz questão de identificar sua existência. Há que se construir, portanto, imediatamente a chamada “cultura de oposição”. Um conjunto de valores e um grupo de pessoas que oponha-se ao PT por princípio; não por conveniência no momento de disputa do governo. Eu já expliquei a diferença entre poder e governo. Não vou voltar ao tema. Recomendo que aqueles que, como eu, querem o fim do PT construam em primeiro lugar uma teoria do poder; só depois pensem em alcançar o governo. Não há, atualmente no Brasil, poder capaz de opor-se ao PT. Isso é verdade desde a década de 1980. Ou entendemos isso; ou estamos perdidos.
Observem que a luta contra os petralhas é de uma desigualdade incrível..A cultura inteira e toda a visão ...toda maneira de entender a realidade está nas mãos deles. A oposição não acaba quando todas as pessoas perdem o direito de resposta. Ela desaparece quando restringe-se a muito poucos a mera capacidade de fazer perguntas! Essa é a diferença fundamental entre a ralé petista e o Regime Militar..Nesse sentido há que se entender a distância gigantesca entre as duas ditaduras....
Os militares calaram uma certa parte do Brasil...O PT deixou o país inteiro mudo...

Porto Alegre, 15 de agosto de 2013.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Chavismo: os estertores de uma doenca mental; o ocaso de uma ilusao - Augusto Nunes

O desfecho da eleição fraudada tornou irreversível a agonia do chavismo
Augusto Nunes
Direto ao Ponto, 15/04/2013 às 22:04

O candidato Nicolás Maduro resolveu transformar o chefe em múmia tarde demais: o processo de decomposição já começara. O motorista de ônibus que virou piloto de país vai descobrir em pouco tempo que também a tentativa de mumificação do regime tropeçou no péssimo estado de conservação do cadáver. O resultado da eleição deste domingo avisa que o chavismo poderá até continuar wuechavismo vagando no poder mais algum tempo. Mas a revolução bolivariana, como constatou nosso Reynaldo-BH no post publicado na seção Feira Livre, já apodrece numa urna de vidro.

Hugo Chávez vivia anunciando a chegada iminente do socialismo do século 21. Foi por ter recorrido a métodos do século 19 que o sucessor trapalhão ganhou a eleição. A oposição só perdeu para a fraude, para a coação ostensiva e para a boca-de-urna criminosa. Ainda que a apuração traduzisse a verdade, os 49,07% do total de votos atribuídos a Henrique Capriles bastariam para informar que Maduro precipitou a agonia da ditadura envergonhada instituída a partir de 1999. Raríssimas vezes os vencedores oficiais de uma eleição tiveram de engolir, com sorrisos de aeromoça, tantas e tão contundentes derrotas.

A avassaladora máquina de propaganda, a transformação do leviatã estatal num onipresente e onipotente pai-patrão, a ampliação obscena da fábrica federal de insultos e calúnias, a compra de gratidão com dinheiro do petróleo ─ nada disso impediu que metade do eleitorado dissesse não ao enviado do espírito santo que no momento se disfarça de passarinho. Não é pouca coisa. E não é tudo. Os estragos provocados pela votação do candidato oposicionista vão muito além da implosão da arrogância dos sacerdotes da seita.

A performance de  Capriles também abalou a fé dos devotos do chefe insepulto (até o repertório de milagres estocados por Chávez tem limites), confirmou que os institutos de pesquisa viraram comerciantes de porcentagens, baixou a crista de marqueteiros grávidos de autossuficiência e comprovou que as análises assinadas por jornalistas brasileiros são tão confiáveis quanto as previsões de Guido Mantega. Fora o resto. Vai ser divertido acompanhar as acrobacias da turma no esforço para justificar o fiasco. O que tem a dizer João Santana, por exemplo?

O ministro de Venda de Nuvens encurtou o expediente em Brasília para conferir dimensões amazônicas a um triunfo já decretado pelos institutos de pesquisa. Entrou na campanha com mais de 70% dos votos. Saiu com 20 pontos a menos. Se é que existiram, no mundo real, milhões de votos sumiram em duas semanas no buraco escavado por ideias de jerico. Foi o alquimista que enxerga uma rainha em Dilma Rousseff quem aconselhou Maduro a confundir-se com Chávez, empoleirar-se na urna de vidro e entrar para a história como inventor do velório-comício. Deu no que deu.

O desfecho do confronto reiterou que a oposição venezuelana aprendeu com os erros do passado e avança pelo caminho certo. Pela segunda vez em poucos meses, evitou disputas internas mesquinhas para unir-se em torno de um político capaz de expressar a essência do pensamento dos antichavistas. Um em cada dois venezuelanos entendeu que Capriles falava por ele. No Brasil, 45 milhões de eleitores procuram há anos um candidato que se oponha ao lulopetismo sem medo e sem mesuras. Mas a oposição oficial só interrompe as férias que já duram dez anos para trocar sopapos e desaforos no quintal ou a sala de jantar.

Um ano e meio antes da eleição presidencial, pesquisas espertas já garantiram a Dilma Rousseff um segundo mandato. Em vez de mirar-se no exemplo da Venezuela, mandar às favas os especialistas em engorda de popularidade e partir para a luta, os pajés do PSDB, do PPS e do DEM perdem com ciumeiras de colegial  o tempo que deveriam ocupar com a desmontagem das fantasias forjadas pelo governo mais bisonho do Brasil republicano.

Antes de exibir a combatividade que sempre lhe faltou, a oposição oficial terá de reencontrar a vergonha perdida há mais de 10 anos. E descobrir o que é altivez.