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domingo, 17 de outubro de 2010

Interrupcao eleitoral (7): partidarização academica, Parte A: reitores servis...

Já vimos pior, por certo. Parafraseando Roberto Campos, que disse uma vez que "o Brasil é um país que não perde uma oportunidade de perder oportunidades", eu poderia dizer que a universidade pública brasileira não perde nenhuma oportunidade de afundar cada vez mais na mediocridade, na irrelevância, na partidarização vulgar e na instrumentalização sectária, por parte do baixo clero, obviamente, que neste governo virou alto clero.
Uma outra personalidade política disse algo em torno dos acadêmicos: os competentes se voltariam para o mercado de trabalho, e os incompetentes iam dar aulas. Talvez não seja o caso das ciências duras, mas nas ciências ditas humanas é certamente cada vez mais o caso. Elas são dominadas por aqueles militantes do baixo clero, que arrotam um pouco de gramscismo de ouvido por aqui (já que poucos leram Gramsci, de verdade), mais outro tanto de marxismo vulgar por ali (e bota vulgar nisso: antes era o próprio Marx, depois substituído por Althusser e finalmente por esse estupor da Marta Harnecker), e que não fazem nada a ser arrotar slogans em sala de aula.
Todo esse pessoal está seriamente engajado na campanha presidencial, a começar pelos reitores adesistas que fizeram um manifesto em favor da candidata oficial.
Já tive oportunidade de criticar esses reitores, assim que saiu o malfadado manifesto, reproduzido nas paginas da SBPC, hoje uma associação também tomada pelo partidarismo e pelo servilismo em relação ao poder.
Mandei uma carta para o Jornal da Ciência, mas ela não foi publicada.
Permito-me, portanto, primeiro remeter -- sem pretender fazer propaganda -- ao horroroso manifesto partidários dos reitores, transcrevendo o link onde ele pode ser encontrado, e depois o meu comentário em torno dele.

Manifesto de Reitores das Univ. Federais
EDUCAÇÃO – O BRASIL NO RUMO CERTO

(Manifesto de Reitores das Universidades Federais à Nação Brasileira)

(ler neste link)


Agora, a minha “Carta ao Jornal da Ciência sobre o Manifesto dos Reitores":

 
Sobre o item: “Reitores de Ifes divulgam manifesto em favor das ações em educação”, acredito que tanto o título quanto o conteúdo desse manifesto estejam essencialmente equivocados, talvez deliberadamente equivocados.
Não se trata de um manifesto em favor de ações, quaisquer que sejam elas, relativas à educação brasileira, mas de uma tomada de posição claramente partidária em favor de uma das candidaturas à cadeira presidencial.
Dispenso-me de comentar o conteúdo, os termos e os posicionamentos desse “manifesto”, diretamente vinculados a uma dessas candidaturas, que revelam, todos eles, a adoção de uma postura maniqueísta, divisionista e, no limite, sectária, de autoridades universitárias que deveriam manter-se independentes, embora não alheias, às escolhas político-eleitorais a que toda a comunidade acadêmica e o povo brasileiros são chamados a fazer neste mês de outubro.
Os reitores sabem muito bem que os universitários, em geral, e os professores em particular, possuem discernimento suficiente para fazer suas próprias opções eleitorais, com base num julgamento autônomo das posturas e propostas eleitorais de cada candidato, e não precisam ser induzidos, em nome de suas instituições, a tomar esta ou aquela atitude. Que esses reitores -- e não todos -- o tenham feito é revelador do ambiente de divisionismo político, e de arregimentação partidária, que tende a fraturar instituições que deveriam estar abertas a todas as propostas políticas de modo tolerante e democrático.
Mais ainda: como autoridades de instituições públicas, estatais em sua maior parte, os reitores deveriam dar o exemplo e se manterem neutros, ou apartidários, nesta conjuntura eleitoral. O fato de que tenham feito uma opção deliberada -- o que é o seu pleno direito no plano cidadão e individual, mas não como reitores -- por uma dessas candidaturas, de modo tão servil quanto ridiculamente publicitário, em favor da candidata oficial do governo Lula, é não apenas lamentável no plano da ética pública, como deplorável no plano da simples relação republicana -- para usar um termo da moda -- que deveria comandar pelo menos isenção quanto às escolhas que a comunidade acadêmica deverá novamente fazer em 31 de outubro.
Trata-se de mais um péssimo exemplo de mobilização de instituições públicas em favor de uma postura político-partidária. Meus cumprimentos aos reitores que não aderiram a esse panfleto eleitoral e meus pêsames, acadêmicos, aos que servilmente o fizeram.
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Paulo Roberto Almeida

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

"Manifesto" dos reitores - uma simples reacao individual (Paulo R Almeida)

Segue abaixo minha carta ao Jornal da Ciência (SBPC), a propósito do chamado "manifesto dos reitores em favor da edução", na verdade um péssimo panfleto político-partidário, de caráter sectário e divisionista. Esclareço que o Jornal da Ciência, "comprado", ao que parece, pelo poder atual, se eximiu de publicar minha carta, motivo pelo qual eu a divulgo aqui.

Sobre o item:
"Reitores de Ifes divulgam manifesto em favor das ações em educação"
acredito que tanto o título quanto o conteúdo desse manifesto estejam essencialmente equivocados, talvez deliberadamente equivocados.

Não se trata de um manifesto em favor de ações, quaisquer que sejam elas, relativas à educação brasileira, mas de uma tomada de posição claramente partidária em favor de uma das candidaturas à cadeira presidencial.
Dispenso-me de comentar o conteúdo, os termos e os posicionamentos desse "manifesto", diretamente vinculados a uma dessas candidaturas, que revelam, todos eles, a adoção de uma postura maniqueista, divisionista e, no limite, sectária, de autoridades universitárias que deveriam manter-se independentes, embora não alheias, às escolhas político-eleitorais a que toda a comunidade acadêmica e o povo brasileiros são chamados a fazer neste mês de outubro.
Os reitores sabem muito bem que os universitários, em geral, e os professores em particular, possuem discernimento suficiente para fazer suas próprias opções eleitorais, com base num julgamento autônomo das posturas e propostas eleitorais de cada candidato, e não precisam ser induzidos, em nome de suas instituições, a tomar esta ou aquela atitude. Que esses reitores -- e não todos -- o tenham feito é revelador do ambiente de divisionismo político, e de arregimentação partidária, que tende a fraturar instituições que deveriam estar abertas a todas as propostas políticas de modo tolerante e democrático.
Mais ainda: como autoridades de instituições públicas, estatais em sua maior parte, os reitores deveriam dar o exemplo e se manterem neutros, ou apartidários, nesta conjuntura eleitoral. O fato de que tenham feito uma opção deliberada -- o que é o seu pleno direito no plano cidadão e individual, mas não como reitores -- por uma dessas candidaturas, de modo tão servil quanto ridiculamente publicitário, em favor da candidata oficial do governo Lula, é não apenas lamentável no plano da ética pública, como deplorável no plano da simples relação republicana -- para usar um termo da moda -- que deveria comandar pelo menos isenção quanto às escolhas que a comunidade acadêmica deverá novamente fazer em 31 de outubro.
Trata-se de mais um péssimo exemplo de mobilização de instituições públicas em favor de uma postura político-partidária. Meus cumprimentos aos reitores que não aderiram a esse panfleto eleitoral e meus pêsames, acadêmicos, aos que servilmente o fizeram.
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Paulo Roberto Almeida (7 de outubro de 2010)
www.pralmeida.org


On Oct 7, 2010, at 6:29 AM, Jornal da Ciência wrote:

Jornal da Ciência (JC E-Mail)
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Edição 4111 - Notícias de C&T - Serviço da SBPC
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Você vai ler nesta edição:

5. Reitores de Ifes divulgam manifesto em favor das ações em educação

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5. Reitores de Ifes divulgam manifesto em favor das ações em educação

Intitulado "Educação - O Brasil no rumo certo", manifesto ressalta que educação seja prioridade central dos governos estaduais e municipais
O texto reconhece os principais feitos do governo na área de educação, como a criação de consolidação de 14 novas universidades federais; a instituição da Universidade Aberta do Brasil; a construção de mais de 100 campi universitários pelo interior do país; e a criação e ampliação, sem precedentes históricos, de escolas técnicas e institutos federais.

Os reitores destacam ainda os programas Prouni, que possibilitou acesso ao ensino superior a mais de 700 mil jovens, e Reuni, que recuperou as universidades e propiciou a criação de novos cursos.

"Essas políticas devem continuar para consolidar os programas atuais e, inclusive, serem ampliadas no plano federal, exigindo-se que os estados e municípios também cumpram com as suas responsabilidades sociais e constitucionais, colocando a educação como uma prioridade central de seus governos", destaca o documento.

Os reitores completam: "Devemos continuar lutando e exigindo dos próximos governantes a continuidade das políticas e investimentos na educação em todos os níveis, assim como na ciência, na tecnologia e na inovação, de que o Brasil tanto precisa para se inserir, de uma forma ainda mais decisiva, neste mundo contemporâneo em constantes transformações."

A íntegra do manifesto está disponível no seguinte link:
http://www.andifes.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=4221:grupo-de-reitores-de-universidades-federais-fazem-manifesto&catid=58&Itemid=100012

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JC e-mail
Edição diária enviada por e-mail a todos os interessados, com clippings de notícias de C&T, informações da SBPC, artigos, eventos e outros assuntos.

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