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sexta-feira, 14 de maio de 2021

Itamaraty cogita designar a nova provável presidente da Funag: embaixadora Marcia Loureiro

 Novo chanceler de Bolsonaro pretende substituir presidente da Funag por uma mulher, encerrando era do olavismo


Substituto de Ernesto Araújo quer que a instituição volte a ser um espaço de debates para diplomatas; no ano passado, alunos do ideólogo fizeram palestras contra uso de máscaras e comparando distanciamento social a stalinismo

Eliane Oliveira
O Globo, 13/05/2021 - 20:28 / Atualizado em 13/05/2021 - 22:11

BRASÍLIA - O chanceler Carlos França pretende trocar, até julho, o comando da Fundação Alexandre de Gusmão (Funag), braço de estudos e debates do Itamaraty que, segundo queixas de colegas e críticos do governo, acabou se transformando em reduto de olavistas e influenciadores digitais de extrema direita durante a pandemia de coronavírus. O nome mais cotado para assumir a presidência da instituição no lugar de Roberto Goidanich é o da embaixadora Márcia Loureiro, do consulado do Brasil em Los Angeles.

Segundo uma fonte do governo, a presença de Goidanich à frente da Funag se tornou insustentável. O atual presidente da fundação foi colocado no cargo pelo ex-chanceler Ernesto Araújo, que deixou a chefia do Itamaraty no final de março.

Já Márcia Loureiro foi assessora internacional do Ministério da Justiça, na gestão de Alexandre de Moraes, hoje no Supremo Tribunal Federal (STF). É tida por pessoas com as quais trabalhou como "uma colega séria e respeitada".

De acordo com outro integrante do governo ouvido pelo GLOBO, França quer que a Funag volte a ser um fórum de debate de diplomatas. Tradicionalmente, a presidência do órgão, que cumpre o papel de "think tank governamental", era ocupada por um diplomata avançado na carreira, e Goidanich é ministro de segunda classe, posto anterior ao de embaixador. Com a mudança, espera-se que o órgão deixe de ser um palco para a promoção de transmissões no YouTube e eventos ministrados por expoentes do bolsonarismo.

Na gestão de Ernesto Araújo, a Funag deu espaço a blogueiros, militantes e colunistas a favor do governo federal, acusados de promover ideias anticientíficas e de teor doutrinário e ideológico em seminários. No ano passado, houve uma palestra denominada "A nocividade do uso de máscaras", que acabou sendo removida pelo YouTube por disseminar informações falsas. Em outras conferências, palestrantes compararam medidas de distanciamento social aos gulags de Stálin.

A troca de comando na Funag é mais um movimento de Carlos França no sentido de marcar diferenças em relação ao seu antecessor. 

No primeiro evento público do qual participou como chanceler, em uma audiência na Câmara, França disse que Filipe Martins, assessor internacional do Planalto e expoente do olavismo no governo, é subordinado ao almirante Flavio Rocha, secretário de Assuntos Estratégicos da Presidência. Com isso, deixou claro aos parlamentares que Martins não tem mais a mesma influência de antes sobre o Itamaraty.

Em alguns exemplos de mudanças já vistas na gestão de França, o novo chanceler, ao contrário de Ernesto, tem boas relações com o embaixador chinês em Brasília, Yang Wanming, com quem conversa com frequência. Apesar da clara postura anti-Pequim de Jair Bolsonaro, que põe em risco especialmente o abastecimento de insumos para vacinas contra a Covid-19 no Brasil, França mantém tom amigável ao falar sobre o país asiático e costuma apagar incêndios para não afetar o humor dos chineses.

Em relação ao regime venezuelano de Nicolás Maduro, não houve mudança na política externa brasileira por enquanto. França, porém, não chama o chavista de narcoditador, como fazia Ernesto, embora continue defendendo uma negociação entre Maduro e oposição para que "haja eleições livres e a volta da democracia", conforme resumiu uma fonte.

https://oglobo.globo.com/mundo/novo-chanceler-de-bolsonaro-pretende-substituir-presidente-da-funag-por-uma-mulher-encerrando-era-do-olavismo-25016671