Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
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sábado, 8 de junho de 2019
Um ministro do Exterior esquecível - Heitor Lyra
A razão que se dava para isso era que [o presidente] o havia conhecido... e guardava dele a melhor das impressões. Como explicação era pouco. Parecia mais plausível uma outra, que se dava, e era que pretendendo o novo presidente dirigir, ele mesmo, a política exterior do Brasil, colocara no Itamaraty um homem sabidamente medíocre e apagado, que não lhe pudesse fazer sombra e fosse, ao mesmo tempo, em suas mãos voluntariosas e absorventes, um acomodado e fiel cumpridor de suas ordens.
De fato [o ministro[ era a mediocridade em pessoa. Podia-se defini-lo com as palavras...: "Sem antecedentes, com a mais medíocre das capacidade políticas, não sabia sequer o que era um Despacho". Isso com relação à sua aptidão para o cargo. E quanto a obedecer [ao presidente], nenhum outro, de seus ministros de Estado, o excedia em zelo e submissão. (...)
... a mediocridade [dele] como Ministro do Exterior, foi além da expectativa [do presidente], e este acabou arrependido de o ter chamado para o Governo. Foi esta, pelo menos, a impressão que deu... quando ele se lamentou da desordem que andava pelo Itamaraty e confessou que na verdade não tinha "Ministro do Exterior". (...)
No Itamaraty tínhamos de contar não só com a falta de autoridade e a passividade do Ministro de Estado como ainda com a sua falta de capacidade para o cargo. (...)
Tinha um espírito confuso e trapalhão. Embaralhava as menores coisas.
Heitor Lyra:
Minha vida diplomática
Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1981
vol. 1, p.103-105