Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
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domingo, 3 de dezembro de 2017
Oliveira Lima, um historiador das Americas - Paulo Roberto de Almeida e Andre Heraclio do Rego (CEPE)
domingo, 26 de novembro de 2017
Oliveira Lima: um diplomata pouco... diplomatico - proximo livro - Paulo Roberto de Almeida, Andre Heraclio do Rego
Sumário:
quinta-feira, 28 de setembro de 2017
Oliveira Lima: 150 anos do nascimento - Coloquio na PUCRS, 3-4/10/2017
Um “torpedo diplomático” que sofria de “incontinência da pena” nas palavras de Joaquim Nabuco. Um “Dom Quixote gordo” aos olhos de Gilberto Freyre. Controverso, polêmico, dissidente, divergente, rebelde, são todos adjetivos comumente utilizados para descrevê-lo. Alguns são melhor empregados que outros, mas todos certamente precisam ser entendidos em relação ao contexto em que lhe foram atribuídos. Crítico mordaz, apreciador de um bom debate, polemista convicto e defensor empedernido da sua independência de opinião, chegando até as raias da intransigência e possivelmente do bom senso em algumas ocasiões, o diplomata pernambucano conquistou admiradores fieis quase na mesma medida em que granjeou inimigos e desafetos e merece uma celebração a altura da sua contribuição para a literatura, a historiografia e a diplomacia no Brasil.
O presente Colóquio, portanto, aproveitando-se da ocasião dos 150 anos de nascimento de Manoel de Oliveira Lima, se propõe a discutir, numa abordagem multidisciplinar, as principais facetas da sua carreira. Com isso, espera-se divulgar a sua obra e debater sobre o legado de Oliveira Lima para as diversas áreas em que atuou, como a historiografia, a literatura, a diplomacia e o jornalismo.
- Aproveitar a ocasião dos 150 anos de nascimento de Manoel de Oliveira Lima para, a partir de uma abordagem multidisciplinar, discutir as principais facetas da sua carreira. Com isso, espera-se divulgar a sua obra e debater sobre o legado de Oliveira Lima para as diversas áreas em que atuou, como a historiografia, a literatura, a diplomacia e o jornalismo.
- Analisar a obra de Oliveira Lima em suas diversas facetas, estreitando o diálogo multidisciplinar entre as diversas áreas do conhecimento implicadas em suas obras, tais como a História, a Sociologia, a Ciência Política, a Literatura e as Relações Internacionais.
- Analisar a produção historiográfica mais recente e atualizar o debate sobre a obra e atuação diplomática de Oliveira Lima.
- Divulgar o conhecimento histórico acadêmico produzido sobre a obra e atuação política de Oliveira Lima aos pesquisadores das áreas de História, Sociologia, Ciência Política, Literatura e Relações Internacionais e demais interessados.
Dr. Luciano Aronne Abreu
Dra. Nathalia Henrich
Horário | Atividade |
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9h30min às 10h | Abertura Prof. Dra. Duilia F. De Mello (The Catholic University of America) |
10h às 11h30min | Mesa Redonda Oliveira Lima: Historiador Prof. Dra. Teresa Malatian (UNESP) Prof. Dr. Marcos Galindo (UFPE) Prof. Dra. Nathalia Henrich (PUCRS) Moderador: Prof. Dr. Luciano Aronne de Abreu |
14h às 15h30min | Mesa Redonda Oliveira Lima: Crítico literário Prof. Dr. Ricardo Souza de Carvalho (USP) Prof. Dr. Antonio Arnoni Prado (UNICAMP) Moderador: Prof. Dr. Helder Gordim da Silveira (PUCRS) |
Dia 04 de outubro
Horário | Atividade |
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10h às 11h30min | Mesa Redonda
Oliveira Lima: Diplomata Prof. Dra. Katia Gerab Baggio (UFMG) Prof. Dr. Helder Gordim da Silveira (PUCRS) Moderadora: Prof. Dra. Nathalia Henrich (PUCRS) |
14h às 15h30min | Apresentação de trabalhos http://www.pucrs.br/eventos/inst/oliveiralima/ |
domingo, 22 de novembro de 2015
Erico Verissimo, americanista brasileiro - Arnaldo Godoy
O gaúcho Erico Veríssimo foi um verdadeiro americanista brasileiro
Esse livro tem páginas memoráveis, relativas à vida norte-americana, na impressão de um brasileiro culto. Nesse sentido, o deslumbramento de Verissimo com aspectos centrais da vida norte-americana qualificam-no, de algum modo, como um Alexis de Tocqueville brasileiro[2]. Exemplifico com corajosa passagem sobre a vida religiosa do norte-americano. Para Verissimo, o tema religioso nos Estados Unidos (na época em que lá esteve, bem entendido) não era assunto substancialmente metafísico; o norte-americano, segundo Veríssimo, não se interessava pela questão da alma e pelas qualidades intrínsecas da fé e da devoção, enquanto problemas centrais na existência. Para Verissimo, em audaciosa passagem, a religião era para o norte-americano da época “(...) um tipo de gadget, de engenhoca (...) uma espécie de máquina de ir para o céu”[3].
Ainda que Veríssimo admitisse que fixava uma caricatura, o que não excluía a “parecença”, em suas próprias palavras, porquanto caricaturas e parecenças “têm sempre sua dose de verdade”[4]. Reconhecendo que não era sociólogo ou ensaísta ou mesmo homem de ciência[5], Verissimo experimentava instrumentos de ficção para examinar problemas da realidade[6]; algumas passagens do livro são entabuladas em forma de diálogos epistolares.
Veríssimo entendia que os norte-americanos eram “extrovertidos, objetivos, arejados e práticos, de sorte que querem [queriam] ver o problema da outra vida posto sobre bases deste mundo”[7]. Indagando se havia algum santo norte-americano, o que relatava desconhecer[8], Verissimo impressionava-se com uma cultura não inclinada ao êxtase religioso[9]. O escritor gaúcho nos dava conta do pragmatismo e do realismo, enquanto filosofias nacionais dos Estados Unidos.
O modo como os norte-americanos se relacionavam com o tempo também intrigava nosso célebre escritor. Para Veríssimo “o problema do tempo é muito sério num país que descobriu tantas formas de divertimentos, tantas atividades, e que não encontra tempo suficiente para gozar desses divertimentos e exercer essas atividades”[10]. Essa curiosa questão também atormentou Max Weber, calcado no mote de Franklyn, para quem o tempo seria também expressão do dinheiro.
Assim, para Veríssimo, os norte-americanos inventavam coisas que simplificavam a vida e que espichavam o tempo[11]. Ilustrava essa premissa com a máquina de lavar roupa: “Você compra uma dessas engenhocas, pega o livro que traz as instruções para o seu manejo, coloca a roupa suja no lugar indicado, aperta o botão, tudo de acordo com as recomendações do livrete, e a máquina começa a funcionar: você pode ir tratar doutra coisa, na certeza de que no momento devido a roupa sairá lá do outro lado, alva, limpa, imaculada, numa economia de tempo, esforço e preocupação”[12].
Religião, administração do tempo, cultura cívica, cinema, literatura, gastronomia, estética, relações interpessoais, política, guerra, são vários os tópicos que ocuparam a privilegiada especulação de Erico Verissimo, em livro absolutamente atemporal, porquanto captou no efêmero, no contingente e no fato diverso transitório, o que imanente, permanente e marcante numa civilização. Essa constatação realça a importante posição de Erico Verissimo em nossa história literária.