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sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Ruchir Sharma: Brasil, um gigante introvertido, e miope - Entrevista Exame

Revista EXAME                 
Entrevista, 30/07/2014
Daniel Barros, de São Paulo
Cuidado, Brasil
Para Ruchir Sharma, do banco Morgan Stanley, as economias do México e da Índia, países hoje mais abertos a reformas, deverão se sair melhor do que a do Brasil nos próximos anos

Como diretor de mercados emergentes do banco americano Morgan Stanley, o indiano Ruchir Sharma administra uma carteira de 25 bilhões de dólares em investimentos nos países em desenvolvimento. Parte de seu trabalho é percorrer o mundo para observar a economia real desses países.

Em julho, ele visitou o Brasil, onde se encontrou com figuras como o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, coordenador das propostas econômicas da campanha de Aécio Neves à Presidência, e assistiu à final da Copa do Mundo no Maracanã.

“Não poderia deixar de ver um jogo da Copa no ­país do futebol”, afirma Sharma. Nesta entrevista a EXAME, ele fala sobre quais economias poderão se destacar nos próximos anos e como o Brasil correrá o risco de ficar para trás caso não empreenda reformas estruturais.

EXAME - Até há pouco tempo, o Brasil era a bola da vez para os investidores. Atualmente, essa posição foi perdida para outros emergentes. Por que é tão difícil se manter como um dos favoritos do mercado?

Ruchir Sharma - O principal motivo está na forma como os ciclos políticos funcionam. Quando a economia de um país vai bem, seus governantes ficam complacentes e acabam descuidando das reformas necessárias ao desenvolvimento do ­país. Essas reformas costumam acontecer nos momentos de crise.

Foi assim na década de 90, quando os países emergentes em­preenderam mudanças que levaram a mais abertura comercial, ao fortalecimento dos mercados e a ajustes fiscais.

Na última década, no entanto, a valorização do preço das commodities proporcionou uma fase de crescimento fácil. Resultado: as reformas foram deixadas de lado e agora a economia desses países estagnou. Isso afasta os investidores.

EXAME - Agora os emergentes estão crescendo menos. Isso facilita a retomada da agenda de reformas?

Ruchir Sharma - Estamos vendo em alguns países a chegada de líderes com um discurso favorável às reformas. Eles estão se tornando os queridinhos do mercado. Entre os exemplos eu destacaria Filipinas, Índia, Indonésia e México.

Essas economias têm boas chances de se destacar nos próximos três a cinco anos. Perto deles, os governantes de países como Rússia, Turquia e África do Sul parecem acomodados.

EXAME - O presidente do México, Enrique Peña Nieto, assumiu o cargo há pouco mais de um ano e meio. Desde então, levou adiante algumas reformas na economia. Mas seu governo é cada vez mais impopular entre os mexicanos. Por quê?

Ruchir Sharma - Até agora, o México falhou na tarefa de entregar crescimento de curto prazo. Peña Nieto deveria se empenhar um pouco mais nisso. Desse modo, afastaria o risco de sua imagem ser muito danificada enquanto os resultados das reformas de longo prazo não chegam.

O desapontamento da população vem daí. Veja o caso do primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe. Ele tomou uma série de medidas para bombar o crescimento de curto prazo, e sua popularidade vai bem. O ideal seria mesclar as reformas mais estruturais com iniciativas de resultado mais imediato.

EXAME - Como o Brasil pode recuperar a confiança dos investidores?

Ruchir Sharma - O Brasil sempre despertará interesse por causa do tamanho de sua economia. Agora os grandes investidores estão voltando a olhar com mais atenção para o Brasil porque sentem a possibilidade de uma mudança política no país. Algo semelhante acontece com a Argentina.

Existe um sentimento de que o kirchnerismo está perto do fim. Comprar ativos argentinos, hoje extremamente baratos, pode ser um bom negócio. A mudança política passou a ser determinante para tornar um mercado mais ou menos atraente.

EXAME - O governo brasileiro atribui a desaceleração da economia à crise de 2008. Isso é razoável?

Ruchir Sharma - Seria razoável se admitisse que os anos de crescimento acelerado na última década ocorreram por causa dos aumentos no preço das commodities. O que a maioria dos governos faz é tomar para si o crédito quando a economia vai bem e culpar o cenário internacional quando as coisas vão mal.

Dito isso, nos últimos três anos, o crescimento anual médio de mercados emergentes caiu de 7,5% para 4%, enquanto a expansão da economia brasileira passou de 4% para 1%: uma queda bem mais acentuada­.

EXAME - Na última década, as economias emergentes impulsionaram o crescimento global. Isso deverá mudar nos próximos anos?

Ruchir Sharma - Sim. As fontes de crescimento deverão ser mais diversificadas. E não há motivo para esperar uma onda a ser aproveitada por todos os emergentes. Esses países hoje respondem por 35% da economia e 80% da população do mundo, mas não dá para tratá-los como um grupo homogêneo.

Eles são considerados emergentes por terem um produto per capita abaixo de 25 000 dólares. E, fora isso, há pouca coisa em comum. Caso queiram se fortalecer em conjunto, o que podem fazer é construir alianças regionais, como a Aliança do Pacífico, que foi formada por México, Peru, Chile e Colômbia.

EXAME - O Brasil tentou fazer isso com o Mercosul. Por que não deu certo?

Ruchir Sharma - O Brasil escolheu mal os parceiros. Mais importante, porém, é o fato de o país ter uma infinidade de barreiras ao comércio exterior, como os impostos sobre importação, que são muito pesados. É uma das economias mais fechadas do mundo.

A média de comércio externo em relação ao PIB dos emergentes está perto de 100%. No Brasil, é de cerca de 30%. O país precisa ser mais internacional. Mesmo que estivesse com bons parceiros, seria difícil se beneficiar da integração regional.

EXAME - E o que esperar de iniciativas como a criação de um banco de desenvolvimento anunciada pelos presidentes de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul?

Ruchir Sharma - Não vejo o banco dos chamados Brics como uma alternativa viável, porque as demais economias emergentes não levarão esse banco a sério. Por que o México aceitaria o Brasil como representante da América Latina? A economia da Nigéria é do tamanho da sul-africana. Você acha que eles vão aceitar a África do Sul como o principal representante do continente?

EXAME - O novo banco não poderia beneficiar pelo menos os cinco países que são membros desse bloco?

Ruchir Sharma - Talvez, mas isso só será realmente testado no caso de uma crise. Por enquanto, o banco de desenvolvimento dos Brics nada mais é do que uma boa estratégia para pressionar por mudanças na hierarquia de instituições como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Os Brics NUNCA serao um bloco politico e economico - Ruchir Sharma

«Os BRIC nunca serão um bloco político e económico» (Ruchir Sharma)

A grande crise financeira iniciada em 2007 abriu-lhes uma janela de oportunidade. O domínio dos assuntos económicos mundiais pelo clube rico do G7 foi abalado. Mas os anos de 2011 e 2012 trouxeram uma surpresa paras as potências emergentes. O ritmo de crescimento dos BRIC abrandou significativamente. A dúvida instalou-se.
Entrevista com Ruchir Sharma
Diretor de Mercados Emergentes e Macroeconomia Global na Morgan Stanley International Management, autor de “Breakout Nations”
Por Jorge Nascimento Rodrigues
(c) JNR, 2013
O conceito de BRIC – acrónimo para Brasil, Rússia, Índia e China – foi inventado em 2001, antes da Grande Crise financeira, por Jim O’Neill, da Goldman Sachs. A primeira década do século XXI parecia ser um passeio triunfal do grupo desde a sua primeira reunião na Rússia em 2009 e dois anos depois juntaram ao clube a África do Sul e passaram a usar o acrónimo de BRICS. Em 2010, a China ultrapassou o Japão e chegou a segunda economia mundial. Mas os dois últimos anos trouxeram algum pessimismo para o grupo. O indiano Ruchir Sharma, da Morgan Stanley, chama a atenção para um novo grupo de economias emergentes a seguir com atenção e afirma que os BRIC nunca serão um bloco coeso no plano económico nem uma força geopolítica. Publicou em abril passado “Breakout Nations”. Sharma nasceu em Wellington, no estado de Tamil Nada, na Índia, e atualmente está baseado em Nova Iorque. Graduou-se na Escola de Comércio de Delhi.
A China, a atual segunda economia do mundo, vai seguir o mesmo caminho de declínio e crise ocorrido no Japão nos anos 1990? O “milagre” chinês caminha para o fim?
Todos os “milagres económicos”, desde o Japão, à Coreia do Sul ou a Taiwan, começaram a abrandar significativamente quando atingiram, no passado, o mesmo nível que a China tem hoje, com um rácio de urbanização de 50%. A China acabou de ultrapassar esse limiar e começou a abrandar o crescimento em virtude da “lei dos grandes números”. Começa a ser difícil crescer a partir de um ritmo elevado de crescimento.
Mas o “caminho japonês” é inevitável?
Ainda que a China partilhe com o Japão alguns pontos fracos, incluindo um problema de envelhecimento da população, não tem o mesmo problema básico do Japão nos anos 1990 – uma recusa em aceitar a realidade, um estado de negação da necessidade de reformas. A liderança chinesa entende claramente que a desaceleração é inevitável, e está a tentar gerir o abrandamento e não a inverte-lo artificialmente. O que reduz enormemente a probabilidade de um colapso da economia chinesa e o seu mergulho numa estagnação de longo prazo.
Há o risco de rebentarem em breve bolhas especulativas na China e no Brasil?
Não. Na frente económica, a China continua a abrandar gradualmente, e não catastroficamente. Quanto ao Brasil, já abrandou significativamente, para um crescimento à roda de 1% e provavelmente a longo prazo a taxa de crescimento andará nos 2 a 3%. No mercado de capitais, a China tem um desempenho muito fraco há mais de uma década e o Brasil desde há um ano e pouco. Estas bolsas não estão em níveis de bolha atualmente.
O Brasil continua a ser uma espécie de eterna futura potência, de promessa?
Não. Qualquer nação pode mover-se rapidamente no caminho das economias a despontarem. O Brasil, é verdade, está no nível de uma economia de rendimento médio, o que dificulta um crescimento tão rápido quanto o de outros que partem de um nível mais baixo. Também é certo que o Brasil tem algumas falhas óbvias, incluindo um nível de investimento baixo, que deixou as suas infraestruturas tão deficientes que mal podem satisfazer a procura. É, por isto, que o Brasil tem uma inflação acima de 5% com um crescimento que, no ano passado, foi de 1,5%. Em virtude do trauma com a hiperinflação, o governo tem desenvolvido um estado social que não consegue suportar, em vez de investir em escolas e estradas.
E está em vias de sucumbir à “doença holandesa” com toda a euforia em torno do petróleo a extrair do pré-sal?
A “doença holandesa” surge quando os preços das matérias-primas disparam, valorizando a moeda, o que, depois, começa a minar a competitividade das exportações que não se baseiam em matérias-primas, afetando sobretudo as exportações industriais. Mas essa doença evapora-se quando os preços caem, como começou a acontecer ultimamente. De qualquer modo, o Brasil tem de diversificar para além das matérias-primas, reduzindo a sua exposição a outro ataque da “doença holandesa”.
E a Índia continua a ser, também, uma promessa?
No meu livro – “Breakout Nations” – dou à Índia uma probabilidade de 50-50% em se tornar uma dessas nações a despontar, definidas como as que são capazes de crescer mais rápido do que os seus rivais no seu nível de rendimento per capita e de, claramente, baterem as expetativas. De momento, a economia indiana abrandou abruptamente, de uma taxa de crescimento perto de 9% para uma mais plausível de 6%, mas as expetativas, também, se reajustaram repentinamente. Ninguém, na Índia, fala mais de querer ser “a próxima China”, o que é uma mudança de estado de espírito assinalável.
Encara-a então com otimismo?
A Índia também tem um historial de reformas decente. É certo que as verdadeiras estrelas procedem às reformas necessárias sem parar, mesmo em tempos de vacas gordas. A Índia, apesar de tudo, está num segundo nível, o das economias eu avançam com reformas quando estão encostadas à parede. Enfrentando o risco de cortes na notação da dívida e outras ameaças, a Índia começou a abrir a sua economia, sobretudo recentemente, por exemplo, abrindo o sector do retalho às grandes cadeias internacionais.
No seu livro é muito crítico da Rússia. Porquê?
Ela permanece um dos piores exemplos. Os seus líderes agarram-se ao poder durante muito tempo, quando até os melhores perdem a pedalada ao fim de oito anos. A liderança russa está em pleno na sua segunda década de vida e sem fim à vista. O segundo aspeto é o domínio dos multimilionários. Não se deseja que uma oligarquia controle uma porção excessiva da riqueza nacional. Ela domina 20% do PIB, a mais alta percentagem do mundo. E não há sinais de mudança para melhor.

Os BRIC decidiram juntar ao clube a África do Sul para espanto do próprio Jim O’Neill, que inventou o acrónimo. O que é que se pode esperar desse país africano?
A África do Sul, segundo um estudo de investigação recente do Fundo Monetário Internacional tem uma das taxas potenciais de crescimento de longo prazo mais fracas no mundo emergente, apenas de 2%. Em larga medida, tal deriva do falhanço no processo de reformas pelos governos do ANC, que está agora perto da terceira década no poder. Muito do futuro depende se o descontentamento dos mineiros evoluirá para um desafio sério a uma situação que se tornou de monopólio do estado por um único partido.
O bloco dos BRICS vai desmoronar-se ou não?
Do meu ponto de vista, os BRICS nunca foram e nunca serão um bloco geopolítico e económico. Na realidade, nunca pertenceram ao mesmo acrónimo. O Brasil e a Rússia são exportadores de commodities, a China e a Índia são importadores. Há democracias e estados totalitários. Há países com baixa inflação e altas taxas de investimento, como a China, em contraste com países com uma dinâmica de inflação persistente e baixas taxas de investimento, como o Brasil. Como bloco comercial, a China, de facto, tem uma dinâmica de crescimento das trocas com os outros três, mas os outros três entre si não. É mais plausível que cada um destes países se afirme como líder regional do que cresçam como um bloco global.
Mas se os BRICS são um promessa frustrada, quais vão ser os próximos “milagres económicos”, segundo o seu livro sugestivamente intitulado “Breakout Nations”?
Vão ser estrelas inesperadas. Serão nações que não têm estado no centro do radar. Entre essas surpresas, um dos desenvolvimentos mais intrigantes parece-me ser o facto de que as próximas economias de dois biliões de dólares (de PIB) surgirão em grandes democracias muçulmanas – Indonésia e Turquia. O que espantará os que acham que o islamismo é uma cultura inerentemente retrógrada que não pode gerar sucessos económicos.
Destaques
“A liderança chinesa não está em estado de negação como a japonesa nos anos 1990”
“A oligarquia russa controla 20% do PIB do país, o nível mais alto do mundo”
“É mais plausível que cada um dos quatro BRIC se torne um líder regional, do que pensar que se tornarão um bloco global”
“As próximas economias de 2 biliões de dólares vão emergir de democracias muçulmanas. O Islão não é uma cultura inerentemente retrógrada”
As “economias a despontar”
Ruchir Sharma aposta em 9 economias que, em cada um dos seus níveis de PIB per capita, terão condições de superar as “médias” de crescimento do seu escalão.
# No escalão dos 20 a 25 mil dólares de PIB per capita, duas economias poderão exceder uma média de taxa de crescimento de 3% ao ano na próxima década: República Checa (membro da União Europeia) e Coreia do Sul.
# No escalão dos 10 a 15 mil dólares de PIB per capita, duas economias surgem, com probabilidade de exceder os 4 a 5% de crescimento: a Turquia, indiscutivelmente, e a Polónia (também membro da União Europeia).
# No escalão dos 5 a 10 mil dólares de PIB per capita, surge a Tailândia, como candidato isolado.
# Abaixo dos 5 mil dólares, a aposta vai sobretudo para a Indonésia, Nigéria, Filipinas e Sri Lanka.
Versão ampliada de entrevista originalmente publicada na revista portuguesa EXAME

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Brics e Brasil: aguando o entusiasmo dos neofitos

O Bric, depois Brics, é notoriamente artificial, feito com objetivos unicamente políticos, reunindo supostas grandes economias que não eram, nem pretenderiam ser, hegemônicas (ainda que isso seja altamente questionável).
Foi cantado em prosa e verso por muita gente, ainda hoje, aliás, e não se sabe bem o que produziu de diferente, de positivo, ou de realmente inovador na agenda diplomática, política e econômica do mundo atual.
Ainda é uma promessa, mesmo que não se saiba bem do que, exatamente.
Parece que sua função, no momento, é a de ser alternativo ao G7 e aos velhos "hegemônicos", o que é ser do contra, não exatamente a favor de algo. A ver, a ver...
Paulo Roberto de Almeida

Brasil não tem estrutura nem ambição para ser rico, diz economista indiano
J.R. Penteado
Do UOL, em São Paulo, 03/12/2012

O diretor de mercados emergentes do Morgan Stanley, o economista Ruchir Sharma
Indiano da cidade de Wellington, no extremo oeste da Índia, o atual diretor de mercados emergentes do Morgan Stanley, o economista Ruchir Sharma, adota um discurso cético quando se põe a falar sobre o Brasil.

A despeito dos últimos dez anos de crescimento econômico praticamente ininterrupto, Sharma descrê do discurso que vê o país rumo ao status de uma nação desenvolvida.

“Eu não creio que o Brasil esteja no caminho certo, ao menos por enquanto”, afirmou em entrevista concedida ao UOL por email. Os motivos já fazem parte de uma análise clássica: excesso de impostos, altos gastos do governo, falta de investimento em infraestrutura e presença muito forte do Estado na economia.

Sharma também diz que falta uma certa “dose de ambição” para o Brasil ser rico.

Segundo o economista, o país também depende demais dos países importadores de commodities (como minério de ferro), sobretudo da China.

Ele ainda ressalta que o crescimento da Bolsa de Valores do Brasil para os próximos anos deve estar abaixo dos demais países emergentes, que devem registrar uma alta na casa dos 10%.

Sharma ainda critica o acrônimo Bric –termo cunhado por um analista do banco concorrente Goldman Sachs e que coloca Brasil, Rússia, Índia e China dentro de um mesmo grupo. “Esses países são as maiores economias de suas respectivas regiões, mas, para além disso, não possuem mais nada em comum”, diz.

Ele afirma que dificilmente os países em desenvolvimento vão  se tornar ricos. “Seria muito bom se todos os pobres pudessem alcançar os padrões de vida dos ricos, e nós pudéssemos acabar em um mundo onde todos estariam no topo. [Mas] temo que não veja isso acontecer, certamente não no futuro previsível.”

Ruchir Sharma acabou de lançar o livro “Os Rumos da Prosperidade”, pela  Editora Campus, em que faz uma análise da economia dos países emergentes e sua relação com o resto do globo.

A seguir, leia os principais trechos da entrevista.

UOL - O sr.  diz que não faz sentido agrupar Brasil, China, Rússia e Índia em um único bloco. Por quê?
Ruchir Sharma - Esses países são as maiores economias de suas respectivas regiões, mas, para além disso, não possuem mais nada em comum. Todos os quatro estão em diferentes estágios de desenvolvimento –a Índia tem uma renda per capita próxima de US$ 1.500, a China, perto US$ de 6.000. Brasil e Rússia possuem rendas per capia próximas de US$ 12.000. Então eles encaram desafios bem diferentes.

Entre eles há importadores e exportadores de commodities [matéria-prima, como minério de ferro, usado para fabricar aço], produtores fortes e fracos de manufaturas, e por aí vai. Economias precisam ser compreendidas como casos individuais, e talvez o pior impacto de conceitos “marqueteiros” como o de “Bric” tenha sido o encorajamento do péssimo hábito de se pensar as nações emergentes como uma categoria sem rosto ou como subcategorias com acrônimos sem sentido.

O sr. acha que está totalmente furada a previsão de que os Brics superarão, até 2050, o PIB e a renda per capta do G-6 (EUA, Japão, Reino Unido, Alemanha, França e Itália)?
Eu nem chego a discutir essa previsão, como, aliás, me rebelo contra toda essa moda de fazer previsões a longo prazo. Eu sei que praticar futurologia é até divertido, que pretender enxergar o próximo século é irresistivelmente gratificante para alguns, mas também não deixa de ser intelectualmente desonesto. Será que essas pessoas que ficam fazendo tais previsões serão responsabilizadas pelo que falam?

Existe uma boa razão para que pessoas sérias, aquelas incumbidas de fazer as coisas acontecer no mundo real –CEOs, grandes investidores- foquem apenas nos próximos três a cinco anos, no máximo dez anos, enquanto toda essa moda de previsões a longo prazo são proferidas principalmente por “experts”, professores e marqueteiros.

Para além do período de cinco a dez anos, muitas das mudanças que podem ser previstas irão ocorrer juntamente com resultados impossíveis de previsão –eleições de novos governos, o aparecimento de novos competidores (como a China depois de 1980), ou de uma nova tecnologia (a internet depois de 1990).

A certeza desses importantes mas completamente imprevisíveis acontecimentos torna previsões de longo prazo totalmente sem sentido.

O sr. acha que só a China tem o potencial para exercer um crescimento estável e forte até 2050 ou nem mesmo esse país?
Eu analiso a China apenas para o próximo período de cinco a dez anos, e por muito tempo tenho pensado que o país estava prestes a desacelerar seu ritmo de dois dígitos de crescimento visto na última década. Toda nação que alcançou um crescimento rápido e sustentável por ao menos três décadas, incluindo Japão, Coreia do Sul e Taiwan, continuou a crescer, mas desacelerou significativamente em três ou quatro pontos percentuais quando atingiu um estágio similar de desenvolvimento no qual a China está hoje.

Nesse ponto, a economia é simplesmente muito grande para crescer tão rápido, e é assim que a China está agora.

Quais seriam os efeitos no Brasil se gigantes como a China reduzissem suas importações?
Nós estamos vendo isso agora. O Brasil tem confiado fortemente na exportação das commodities para países consumidores liderados pela China, e a desaceleração desse país é um grande motivo que nos faz ver o crescimento no Brasil escorregar para 2%, e o crescimento na Rússia escorregar para 3% a 4%. Ambos os países têm feito muito pouco para melhorar o ambiente de investimento doméstico, e o investimento deles em relação ao PIB continua muito devagar para estimular qualquer crescimento econômico mais rápido.

Na sua visão, poucos países alcançarão o estágio de nações desenvolvidas. O Brasil será um deles?
Eu não creio que o Brasil esteja no caminho certo, ao menos por enquanto. Um de seus grandes problemas é seu grande histórico de tributação e gastos em níveis muito altos, não acompanhados de suficiente investimento produtivo –fatores que deixaram o país com uma infraestrutura muito fraca, e, portanto, com uma tendência de crescimento em um ritmo muito devagar.

Outro problema é que o Brasil, instigado por seu histórico de instabilidade econômica, tem estado nos últimos anos mais preocupado com a estabilidade do que produzir crescimento –o que o deixa fundamentalmente menos ambicioso que muitos mercados emergentes.
E, por último, o Brasil ainda possui a mania de resolver seus problemas com a mão do Estado: a parte do Estado na economia do Brasil é muito alta para um país com seu nível de renda, comparado aos Estados de Bem-Estar Social avançados na Europa. Basicamente, o Brasil precisa de uma reforma estrutural profunda, que reduza seus impostos e gastos com encargos, e uma dose de ambição para se colocar em um movimento de arranque.

Se economias de países importadores como a China desacelerarem, como o Brasil poderia escapar de seus efeitos negativos em tal situação?
Eu acho que o Brasil poderia começar com o básico que eu falei acima. A atual situação é apenas um sintoma de problemas mais profundos com o papel do Estado, com o impacto de seu histórico, com as décadas de tendências de investimento ultrapassadas, a má infraestrutura etc.

Quais são as perspectivas para a Bolsa de Valores brasileira nos próximos anos?
Nossas previsões dizem que as Bolsas do mundo em desenvolvimento devem crescer por volta de 10% em média em dólar, por ano, nos próximos cinco anos. Não tenho uma previsão específica para o Brasil, mas acho que o país deve ficar abaixo de outros mercados emergentes, especialmente em dólar, já que a moeda ainda está muito cara.

O sr. defende que as diferenças entre a renda per capita dos países ricos e a dos países pobres voltaram para os níveis na década de 50.
Foi Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central do Brasil (1999-2002), que me mostrou que a renda per capita do país havia crescido de 12% para 25% da renda per capita americana durante o primeiro boom de crescimento dos anos 50 e 60, caiu para 16% durante as décadas seguintes.

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Brazil and India compared with each other ??? My God !!! (only in the mess...)

Parece que o autor deste livro acha que o Brasil se parece mais com a Índia do que com qualquer outro país, ou vice-versa (faz diferença). Não creio, ou pelo menos não quero crer: a Índia é uma coisa (I beg your pardon) caótica fazem mais ou menos 4 mil anos, e aparentemente vai demorar mais uns 4 mil anos para deixar de ser um caos.
Acredito que o Brasil deve diminuir sua caótica situação doméstica em menos tempo do que isso: talvez só mais uns 150 anos...
Paulo Roberto de Almeida


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Globalist Bookshelf > Global Economy
The India-Brazil Axis
 

By Ruchir Sharma | The Globalist, Saturday, August 11, 2012
 
There has been plenty of talk in recent years about the parallels and contrasts that mark the India-China relationship. But Ruchir Sharma, author of "Breakout Nations" and a managing director of Morgan Stanley Investment Management, points out that Brazil — although half a world away — shows many more real-life parallels to India than China does.

ndia has its reasons for self-confidence. By many indicators, from the number of TV sets in the hands of consumers to the number of cars on the road, to the large and increasingly young population, India does indeed look much like China of the 1990s.
Culturally and politically, India has far more in common with the chaos and confusion of modern Brazil than with command-and-control China.
Back then, China was poised to supplant Thailand as the world's fastest-growing economy. But to assemble a true composite picture of India that would argue that India looks just like 1990s China, one has to leave out many of the less flattering images. Moreover, China is not the only possible model for India to consider. It turns out that, culturally and politically, India has far more in common with the chaos and confusion of modern Brazil than with the command-and-control environment that defines China.
While China has summoned the willpower to produce a new round of landmark economic reforms every four or five years for some decades now, the once-dynamic reform cycle stopped in Brazil back in the 1970s.
After that, the dynamism and optimism the world associated with the then-very modern buildings of Brasilia, its new capital city, began to languish. Brazil became self-absorbed and, before long, fell off the list of up-and-coming economies and entered the abyss of having to contend with one of the worst bouts of hyperinflation the world had ever seen.
Both India and Brazil are "high-context" societies, a term popularized by the anthropologist Edward Hall. It describes cultures in which people are colorful, noisy, quick to make promises that cannot always be relied on, and a bit too casual about meeting times and deadlines.
These societies also tend to be particularly family-oriented, with tight relationships even beyond the immediate family, based on close ties that are built over long periods of time. In an environment this familiar, there is a lot that goes unsaid — or is said very briefly — because values are deeply shared.
By the same token, much is implicitly understood from context. The spoken word is often flowery and vague. Apologies are long and formal. In that regard, Indians and Brazilians are a lot more like Italians than, say, Germans.
Both India and Brazil are "high-context" societies in which people are colorful, noisy, quick to make promises that cannot always be relied on, and a bit too casual.
High-context societies believe deeply in tradition, history and favoring the in-group, whether it is one's own family or business circle. They are vulnerable to corruption. If this description sounds questionable to businessmen or tourists who know Brazil and India as open, familiar and straightforward, think again. It could very well be that what you have experienced is only the low-context facade adopted by the outward-facing elites who need to deal with foreigners. Sure, everyone is welcome at Brazil's Carnival or an Indian wedding, and they may even be made to feel like an insider. But the reality is that it takes decades to become a real part of these cultures.
India's Prime Minister, Manmohan Singh, is fond of remarking that whatever can be said about his country, the exact opposite is also true. There is something to this — India is rife with contradictions, no doubt.
But his remark also represents a convenient form of high-context analysis. It is a way of avoiding overt confrontation with hard facts — or with the side of India that could drag it down.

A passage to India

Of course, Brazil and India are far from the only high-context cultures. This kind of social interaction is typical in much of Asia and Latin America. Yet I am convinced that there is a particular bond between Brazil and India. I feel it all the time when I visit these countries. The parallels range from the late dining habits and colorful personalities to casual informality and cultural choices.
Attesting to this is that fact that the most popular soap opera in Brazil in recent time has been "A Passage to India." This is a Brazilian-Indian love story, filmed in the Indian cities of Agra and Jodhpur, and in which Brazilian actors play the Indian roles and pass easily for North Indians. To Indians who have seen it, the show is right on the mark in terms of look, mood and even lighting.
At the same time, Indians and Brazilians are only very loosely aware of their connection, if at all. And yet the mutual admiration and emulation society works in some very ephemeral ways.
High-context societies believe deeply in tradition, history and favoring the in-group, whether one's own family or business circle. They are also vulnerable to corruption.
Consider Google's purchase in 2002 of a California-based social networking site called Orkut. Google was keen to compete with Myspace and Facebook in Orkut's 48 languages. The site fizzled out in just about every country — except for in India and Brazil, which together generate more than 80% of Orkut's traffic. Evidently, something about the site's look, feel and features hits that Indo-Brazilian chord of brotherhood.
Social media habits and preferences aside, there is also a distinct Indo-Brazilian connection in politics. This is visible in the desire for state protection from life's risks — social welfare for the nation as one big in-group — to a degree that is rarely found in other high-context societies, such as China and Chile.
The political elites of India and Brazil share a deep fondness for welfare-state liberalism. In addition, both countries' populations demand high levels of income support — even though their economies do not yet generate the necessary revenue to support a welfare state.
Per capita income is about $12,000 in Brazil and only $1,400 in India. Brazil offered what was probably the emerging world's most generous, yet strategically placed and effective welfare program — the Bolsa Familia income supports.
Not to be outdone, India's governing Congress Party has lately turned to generous spending in an effort to recover the political backing it lost in recent decades to an array of regional parties. In 2005, it pushed through the Mahatma Gandhi National Rural Employment Guarantee Act (MGNREGA), which guarantees the rural poor a hundred days of public-sector employment each year, at an annual cost to the Indian Treasury of nearly $10 billion.
It was easy enough for India to increase spending in the midst of a global boom, but the spending has continued to rise in the post-crisis period. Inspired by the popularity of the employment guarantees, the government now plans to spend the same amount extending food subsidies to the poor.
There is also a distinct Indo-Brazilian connection in politics in the desire for state protection from life's risks in the form of social welfare.
If the government continues down this path, India may meet the same fate as Brazil in the late 1970s, when excessive government spending set off hyperinflation and crowded out private investment, ending the country's economic boom. One of the key mistakes made in Brazil at the time was indexing public-sector wages to inflation, which can trigger a wage-price spiral. India's central bank has voiced its fears of a similar price spiral as the wages guaranteed by MGNREGA (an inept acronym to be sure) pushed rural wage inflation up to 15% in 2011.
Furthermore, under the current regime of drift in India, crony capitalism has become a real worry. Widespread corruption is an old problem, but the situation has now reached a stage where the decisive factor in any business deal is the right government connection.
When I made this observation in a September 2010 Newsweek International cover story titled "India's Fatal Flaw," I was treated as a party spoiler. Top government officials in India told me that such cronyism is just a normal step in development, citing the example of the robber barons in 19th-century America.
Since 2010, the issue has exploded in a series of high-profile scandals, ranging from rigged sales of wireless spectrum to the shoddy construction of facilities for the Commonwealth Games that India hosted that year.
India's place in Transparency International's annual corruption perception index fell to 88 out of 178 nations in 2010. That was down from 74 in 2007. (A lower rank indicates higher official corruption.) India is approaching the point that Latin America and parts of East Asia reached in the 1990s.
That was also the point in those countries when a backlash started to build against continued economic reforms — because any opening up of the economy was tragically, but not without reason, seen to favor just a select few. That delayed true growth strategies, which were very much needed to benefit the population at large, for well over a decade in many places.
India may meet the same fate as Brazil in the late 1970s, when excessive government spending set off hyperinflation, ending the country's economic boom.
In India, similar stirrings of deep middle-class discontent about the direction (read: true beneficiaries) of economic reform appeared in 2011. That was when many urban Indians started to rally behind social activist Anna Hazare, who morphed quickly from being a hunger striker protesting corruption to the leader of a civil movement capable of paralyzing Parliament and damaging business confidence. No other large economy has so many stars aligned in its favor as does India, from its demographic profile to its entrepreneurial energy and, perhaps most important, an annual per capita income that is only one-fourth of China's.
But destiny can never be taken for granted. India's policymakers cannot assume that demographics will triumph and that problems such as rising crony capitalism and increased welfare spending are just sideshows instead of major challenges. These are, after all, exactly the factors that have prematurely choked growth in other emerging markets.

Editor's note: This article is adapted from Breakout Nations: In Pursuit of the Next Economic Miracles (W.W. Norton & Co.) by Ruchir Sharma. Published by arrangement with the author. Copyright © 2012 by Ruchir Sharma.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Broken BRICs - Ruchir Sharma (Foreign Affairs)

Broken BRICs

Why the Rest Stopped Rising

Over the past several years, the most talked-about trend in the global economy has been the so-called rise of the rest, which saw the economies of many developing countries swiftly converging with those of their more developed peers. The primary engines behind this phenomenon were the four major emerging-market countries, known as the BRICs: Brazil, Russia, India, and China. The world was witnessing a once-in-a-lifetime shift, the argument went, in which the major players in the developing world were catching up to or even surpassing their counterparts in the developed world.
These forecasts typically took the developing world's high growth rates from the middle of the last decade and extended them straight into the future, juxtaposing them against predicted sluggish growth in the United States and other advanced industrial countries. Such exercises supposedly proved that, for example, China was on the verge of overtaking the United States as the world's largest economy-a point that Americans clearly took to heart, as over 50 percent of them, according to a Gallup poll conducted this year, said they think that China is already the world's "leading" economy, even though the U.S. economy is still more than twice as large (and with a per capita income seven times as high).
As with previous straight-line projections of economic trends, however-such as forecasts in the 1980s that Japan would soon be number one economically-later returns are throwing cold water on the extravagant predictions. With the world economy heading for its worst year since 2009, Chinese growth is slowing sharply, from double digits down to seven percent or even less. And the rest of the BRICs are tumbling, too: since 2008, Brazil's annual growth has dropped from 4.5 percent to two percent; Russia's, from seven percent to 3.5 percent; and India's, from nine percent to six percent.
None of this should be surprising, because it is hard to sustain rapid growth for more than a decade. The unusual circumstances of the last decade made it look easy: coming off the crisis-ridden 1990s and fueled by a global flood of easy money, the emerging markets took off in a mass upward swing that made virtually every economy a winner. By 2007, when only three countries in the world suffered negative growth, recessions had all but disappeared from the international scene. But now, there is a lot less foreign money flowing into emerging markets. The global economy is returning to its normal state of churn, with many laggards and just a few winners rising in unexpected places. The implications of this shift are striking, because economic momentum is power, and thus the flow of money to rising stars will reshape the global balance of power.
FOREVER EMERGING
The notion of wide-ranging convergence between the developing and the developed worlds is a myth. Of the roughly 180 countries in the world tracked by the International Monetary Fund, only 35 are developed. The markets of the rest are emerging-and most of them have been emerging for many decades and will continue to do so for many more. The Harvard economist Dani Rodrik captures this reality well. He has shown that before 2000, the performance of the emerging markets as a whole did not converge with that of the developed world at all. In fact, the per capita income gap between the advanced and the developing economies steadily widened from 1950 until 2000. There were a few pockets of countries that did catch up with the West, but they were limited to oil states in the Gulf, the nations of southern Europe after World War II, and the economic "tigers" of East Asia. It was only after 2000 that the emerging markets as a whole started to catch up; nevertheless, as of 2011, the difference in per capita incomes between the rich and the developing nations was back to where it was in the 1950s.
This is not a negative read on emerging markets so much as it is simple historical reality. Over the course of any given decade since 1950, on average, only a third of the emerging markets have been able to grow at an annual rate of five percent or more. Less than one-fourth have kept up that pace for two decades, and one-tenth, for three decades. Only Malaysia, Singapore, South Korea, Taiwan, Thailand, and Hong Kong have maintained this growth rate for four decades. So even before the current signs of a slowdown in the BRICs, the odds were against Brazil experiencing a full decade of growth above five percent, or Russia, its second in a row.
Meanwhile, scores of emerging markets have failed to gain any momentum for sustained growth, and still others have seen their progress stall after reaching middle-income status. Malaysia and Thailand appeared to be on course to emerge as rich countries until crony capitalism, excessive debts, and overpriced currencies caused the Asian financial meltdown of 1997-98. Their growth has disappointed ever since. In the late 1960s, Burma (now officially called Myanmar), the Philippines, and Sri Lanka were billed as the next Asian tigers, only to falter badly well before they could even reach the middle-class average income of about $5,000 in current dollar terms. Failure to sustain growth has been the general rule, and that rule is likely to reassert itself in the coming decade.
In the opening decade of the twenty-first century, emerging markets became such a celebrated pillar of the global economy that it is easy to forget how new the concept of emerging markets is in the financial world. The first coming of the emerging markets dates to the mid-1980s, when Wall Street started tracking them as a distinct asset class. Initially labeled as "exotic," many emerging-market countries were then opening up their stock markets to foreigners for the first time: Taiwan opened its up in 1991; India, in 1992; South Korea, in 1993; and Russia, in 1995. Foreign investors rushed in, unleashing a 600 percent boom in emerging-market stock prices (measured in dollar terms) between 1987 and 1994. Over this period, the amount of money invested in emerging markets rose from less than one percent to nearly eight percent of the global stock-market total.
This phase ended with the economic crises that struck from Mexico to Turkey between 1994 and 2002. The stock markets of developing countries lost almost half their value and shrank to four percent of the global total. From 1987 to 2002, developing countries' share of global GDP actually fell, from 23 percent to 20 percent. The exception was China, which saw its share double, to 4.5 percent. The story of the hot emerging markets, in other words, was really about one country.
The second coming began with the global boom in 2003, when emerging markets really started to take off as a group. Their share of global GDP began a rapid climb, from 20 percent to the 34 percent that they represent today (attributable in part to the rising value of their currencies), and their share of the global stock-market total rose from less than four percent to more than ten percent. The huge losses suffered during the global financial crash of 2008 were mostly recovered in 2009, but since then, it has been slow going.
The third coming, an era that will be defined by moderate growth in the developing world, the return of the boom-bust cycle, and the breakup of herd behavior on the part of emerging-market countries, is just beginning. Without the easy money and the blue-sky optimism that fueled investment in the last decade, the stock markets of developing countries are likely to deliver more measured and uneven returns. Gains that averaged 37 percent a year between 2003 and 2007 are likely to slow to, at best, ten percent over the coming decade, as earnings growth and exchange-rate values in large emerging markets have limited scope for additional improvement after last decade's strong performance.
PAST ITS SELL-BY DATE
No idea has done more to muddle thinking about the global economy than that of the BRICs. Other than being the largest economies in their respective regions, the big four emerging markets never had much in common. They generate growth in different and often competing ways-Brazil and Russia, for example, are major energy producers that benefit from high energy prices, whereas India, as a major energy consumer, suffers from them. Except in highly unusual circumstances, such as those of the last decade, they are unlikely to grow in unison. China apart, they have limited trade ties with one another, and they have few political or foreign policy interests in common.
A problem with thinking in acronyms is that once one catches on, it tends to lock analysts into a worldview that may soon be outdated. In recent years, Russia's economy and stock market have been among the weakest of the emerging markets, dominated by an oil-rich class of billionaires whose assets equal 20 percent of GDP, by far the largest share held by the superrich in any major economy. Although deeply out of balance, Russia remains a member of the BRICs, if only because the term sounds better with an R. Whether or not pundits continue using the acronym, sensible analysts and investors need to stay flexible; historically, flashy countries that grow at five percent or more for a decade -- such as Venezuela in the 1950s, Pakistan in the 1960s, or Iraq in the 1970s -- are usually tripped up by one threat or another (war, financial crisis, complacency, bad leadership) before they can post a second decade of strong growth.
The current fad in economic forecasting is to project so far into the future that no one will be around to hold you accountable. This approach looks back to, say, the seventeenth century, when China and India accounted for perhaps half of global GDP, and then forward to a coming "Asian century," in which such preeminence is reasserted. In fact, the longest period over which one can find clear patterns in the global economic cycle is around a decade. The typical business cycle lasts about five years, from the bottom of one downturn to the bottom of the next, and most practical investors limit their perspectives to one or two business cycles. Beyond that, forecasts are often rendered obsolete by the unanticipated appearance of new competitors, new political environments, or new technologies. Most CEOs and major investors still limit their strategic visions to three, five, or at most seven years, and they judge results on the same time frame.
THE NEW AND OLD ECONOMIC ORDER
In the decade to come, the United States, Europe, and Japan are likely to grow slowly. Their sluggishness, however, will look less worrisome compared with the even bigger story in the global economy, which will be the three to four percent slowdown in China, which is already under way, with a possibly deeper slowdown in store as the economy continues to mature. China's population is simply too big and aging too quickly for its economy to continue growing as rapidly as it has. With over 50 percent of its people now living in cities, China is nearing what economists call "the Lewis turning point": the point at which a country's surplus labor from rural areas has been largely exhausted. This is the result of both heavy migration to cities over the past two decades and the shrinking work force that the one-child policy has produced. In due time, the sense of many Americans today that Asian juggernauts are swiftly overtaking the U.S. economy will be remembered as one of the country's periodic bouts of paranoia, akin to the hype that accompanied Japan's ascent in the 1980s.
As growth slows in China and in the advanced industrial world, these countries will buy less from their export-driven counterparts, such as Brazil, Malaysia, Mexico, Russia, and Taiwan. During the boom of the last decade, the average trade balance in emerging markets nearly tripled as a share of GDP, to six percent. But since 2008, trade has fallen back to its old share of under two percent. Export-driven emerging markets will need to find new ways to achieve strong growth, and investors recognize that many will probably fail to do so: in the first half of 2012, the spread between the value of the best-performing and the value of the worst-performing major emerging stock markets shot up from ten percent to 35 percent. Over the next few years, therefore, the new normal in emerging markets will be much like the old normal of the 1950s and 1960s, when growth averaged around five percent and the race left many behind. This does not imply a reemergence of the 1970s-era Third World, consisting of uniformly underdeveloped nations. Even in those days, some emerging markets, such as South Korea and Taiwan, were starting to boom, but their success was overshadowed by the misery in larger countries, such as India. But it does mean that the economic performance of the emerging-market countries will be highly differentiated.
The uneven rise of the emerging markets will impact global politics in a number of ways. For starters, it will revive the self-confidence of the West and dim the economic and diplomatic glow of recent stars, such as Brazil and Russia (not to mention the petro-dictatorships in Africa, Latin America, and the Middle East). One casualty will be the notion that China's success demonstrates the superiority of authoritarian, state-run capitalism. Of the 124 emerging-market countries that have managed to sustain a five percent growth rate for a full decade since 1980, 52 percent were democracies and 48 percent were authoritarian. At least over the short to medium term, what matters is not the type of political system a country has but rather the presence of leaders who understand and can implement the reforms required for growth.
Another casualty will be the notion of the so-called demographic dividend. Because China's boom was driven in part by a large generation of young people entering the work force, consultants now scour census data looking for similar population bulges as an indicator of the next big economic miracle. But such demographic determinism assumes that the resulting workers will have the necessary skills to compete in the global market and that governments will set the right policies to create jobs. In the world of the last decade, when a rising tide lifted all economies, the concept of a demographic dividend briefly made sense. But that world is gone.
The economic role models of recent times will give way to new models or perhaps no models, as growth trajectories splinter off in many directions. In the past, Asian states tended to look to Japan as a paradigm, nations from the Baltics to the Balkans looked to the European Union, and nearly all countries to some extent looked to the United States. But the crisis of 2008 has undermined the credibility of all these role models. Tokyo's recent mistakes have made South Korea, which is still rising as a manufacturing powerhouse, a much more appealing Asian model than Japan. Countries that once were clamoring to enter the eurozone, such as the Czech Republic, Poland, and Turkey, now wonder if they want to join a club with so many members struggling to stay afloat. And as for the United States, the 1990s-era Washington consensus -- which called for poor countries to restrain their spending and liberalize their economies -- is a hard sell when even Washington can't agree to cut its own huge deficit.
Because it is easier to grow rapidly from a low starting point, it makes no sense to compare countries in different income classes. The rare breakout nations will be those that outstrip rivals in their own income class and exceed broad expectations for that class. Such expectations, moreover, will need to come back to earth. The last decade was unusual in terms of the wide scope and rapid pace of global growth, and anyone who counts on that happy situation returning soon is likely to be disappointed.
Among countries with per capita incomes in the $20,000 to $25,000 range, only two have a good chance of matching or exceeding three percent annual growth over the next decade: the Czech Republic and South Korea. Among the large group with average incomes in the $10,000 to $15,000 range, only one country -- Turkey -- has a good shot at matching or exceeding four to five percent growth, although Poland also has a chance. In the $5,000 to $10,000 income class, Thailand seems to be the only country with a real shot at outperforming significantly. To the extent that there will be a new crop of emerging-market stars in the coming years, therefore, it is likely to feature countries whose per capita incomes are under $5,000, such as Indonesia, Nigeria, the Philippines, Sri Lanka, and various contenders in East Africa.
Although the world can expect more breakout nations to emerge from the bottom income tier, at the top and the middle, the new global economic order will probably look more like the old one than most observers predict. The rest may continue to rise, but they will rise more slowly and unevenly than many experts are anticipating. And precious few will ever reach the income levels of the developed world.