Danilo Macedo
O novo presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Maurício Antônio Lopes, disse na quinta-feira (11) que a orientação do governo é para que a empresa intensifique sua atuação internacional. Pedro Arraes, seu antecessor, foi afastado e exonerado do cargo na semana passada após o Conselho de Administração da instituição concluir que houve descumprimento legal e estatutário na criação da Embrapa Internacional, desconstituída por decreto pelo ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho.
Lopes disse que uma sindicância interna está apurando o caso e as responsabilidades de cada envolvido na criação do braço internacional da Embrapa, mas avaliou que houve um equívoco da gestão anterior. Segundo ele, embora o modelo concebido anteriormente tenha sido extinto, a orientação de Mendes Ribeiro é para que se trabalhe numa alternativa para agilizar a atuação internacional.
“O que aconteceu foi um problema com relação à forma como a Embrapa Internacional foi criada. Não quer dizer que a empresa vai regredir ou diminuir a ênfase em sua cooperação internacional. Vamos buscar formas para que a atuação no exterior possa se dar de forma rápida e ágil”, disse, acrescentando a importância da empresa na divulgação da imagem do Brasil no exterior.
Entre as prioridades de sua gestão, Lopes citou o aprimoramento do sistema de inteligência estratégica da Embrapa – considerando que a empresa tem 47 unidades no país, quase dez mil empregados, sendo 2.410 pesquisadores – e ainda desenvolve pesquisas no exterior com laboratórios dos Estados Unidos, da França, Alemanha, Coreia do Sul e do Japão.
O novo presidente disse também que a Embrapa reforçará as pesquisas no setor sucroalcooleiro. “A Embrapa tinha feito a opção de não operar muito efetivamente nesse setor, mas ele se tornou extremamente importante e crítico para o Brasil.”
Lopes disse, no entanto, que o setor não pode mais pensar apenas em cana-de-açúcar, considerando outras opções para aumentar a capacidade de produção de energia renovável, como o sorgo sacarino. Na visão do novo presidente, o país tem uma condição única de converter todo o seu parque sucroenergético em biorrefinarias, transformando também biomassa em vários produtos, assim como é feito hoje com o petróleo, mas por meio de uma fonte renovável.
No segundo dia à frente de uma das empresas de pesquisa agropecuária mais respeitadas do mundo, Lopes disse que a criação da Embrapa, na década de 1970, se deu num momento em que o Brasil não tinha segurança alimentar. Em tempo recorde, a empresa e o país desenvolveram uma agricultura tropical pujante, a mais desafiadora do planeta em sua opinião.
“Agora há uma série de outros desafios. É um momento de mudanças muito rápidas de paradigmas, com a questão ambiental, influenciada pelo novo Código Florestal, e mudanças climáticas que vão representar ainda mais desafios para a nossa agropecuária”, disse. No novo cenário, Lopes explicou que a Embrapa deve investir cada vez mais em biotecnologia, acesso cada vez maior a recursos genéticos, e instrumentação avançada focando na agricultura de precisão, para ajudar a preservar o meio ambiente.