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sexta-feira, 22 de março de 2013

As origens da agressividade humana - Steven Pinker

 Agradeço a meu amigo e blogueiro Orlando Tambosi ter chamado a atenção em seu blog para este importante artigo de um especialista na questão.
Segue apenas o começo, o resto é preciso ler no link indicado.
Paulo Roberto de Almeida

Violência ancestral
As origens do comportamento agressivo do homem
por STEVEN PINKER
Revista Piauí, n. 78, março 2013

 Thomas Hobbes e Charles Darwin foram homens simpáticos cujos nomes se tornaram adjetivos detestáveis. Ninguém quer viver num mundo hobbesiano ou darwiniano (para não falar malthusiano, maquiavélico ou orwelliano). Os dois homens foram imortalizados no léxico por terem feito uma síntese cínica da vida em estado natural – Darwin, com a “sobrevivência do mais apto” (frase que ele usou, embora não a tenha cunhado), e Hobbes, com a “vida solitária, pobre, sórdida, brutal e curta do homem”. No entanto, ambos nos deram percepções da violência que são mais profundas, mais sutis e, no fim das contas, mais humanas do que fazem crer seus adjetivos epônimos. Hoje, qualquer tentativa de compreensão da violência humana tem de começar pelas análises que eles nos legaram.

Vou tratar aqui das origens da violência em dois sentidos: o lógico e o cronológico. Com a ajuda de Darwin e Hobbes, refletiremos sobre a lógica adaptativa da violência e o que ela permite predizer sobre os tipos de impulso violento que podem ter evoluído como parte da natureza humana. Abordaremos então a pré-história da violência, examinando quando ela apareceu em nossa linhagem evolutiva, em que medida era comum nos milênios anteriores à história escrita e que tipos de desenvolvimento histórico começaram a reduzi-la.

Darwin nos deu uma teoria para explicar por que os seres vivos têm as características que têm, não apenas fisicamente, mas também no plano das disposições mentais e motivações básicas que impelem seu comportamento. Um século e meio depois da publicação de A Origem das Espécies, a teoria da seleção natural está solidamente comprovada em laboratório e em campo e foi ampliada com ideias de novas áreas da ciência e da matemática, ensejando uma compreensão coerente do mundo vivo. Essas novas áreas incluem a genética, que explica os replicadores que possibilitam a seleção natural, e a teoria dos jogos, que lança luz sobre a sina de agentes que perseguem metas num mundo onde há outros agentes perseguidores de metas.

Por que razão evoluiriam organismos que visam fazer mal a outros organismos? A resposta não é tão direta quanto sugeriria a expressão “sobrevivência dos mais aptos”. Em seu livro O Gene Egoísta, no qual explica a síntese moderna da biologia evolutiva recorrendo à genética e à teoria dos jogos, Richard Dawkins tenta subtrair aos leitores a familiaridade irrefletida com o mundo vivo. Pede-lhes que imaginem os animais como “máquinas de sobrevivência” projetadas pelos genes (as únicas entidades que se propagam religiosamente ao longo de toda a evolução) e que então reflitam sobre como evoluiriam tais máquinas de sobrevivência:

Para uma máquina de sobrevivência, outra máquina de sobrevivência (que não seja seu filho ou parente próximo) é parte do ambiente, como uma rocha, um rio ou uma porção de alimento. É algo que estorva ou algo a ser explorado. Difere de uma rocha ou de um rio em um aspecto importante: ela tende a reagir. Pois também ela é uma máquina que administra seus genes imortais com vistas ao futuro e também ela fará de tudo para preservá-los. A seleção natural favorece os genes que controlam as máquinas de sobrevivência de modo que elas usem o ambiente da melhor forma possível. Isso inclui fazer o melhor uso possível de outras máquinas de sobrevivência, tanto da mesma espécie como de espécies diferentes.

Quem já viu um falcão dilacerar um estorninho, um enxame de insetos torturar um cavalo com suas ferroadas ou o vírus da Aids matar um homem lentamente tem conhecimento, em primeira mão, das maneiras com que as máquinas de sobrevivência exploram impiedosamente outras máquinas de sobrevivência. Em boa parte do mundo vivo, a violência é simplesmente a norma, algo que dispensa maiores explicações. Quando as vítimas pertencem a outra espécie, chamamos os agressores de predadores ou parasitas. Mas elas podem também ser membros da mesma espécie. Infanticídio, fratricídio, canibalismo, estupro e combate letal já foram documentados em muitos tipos de animais.

Continuar aqui:

http://revistapiaui.estadao.com.br/edicao-78/questoes-evolutivas/violencia-ancestral

Comentários que vale destacar aqui: 

... sobre a sua postagem "As origens da agressividade humana - Steven Pinker...":


Kelvin Paul Marchioro disse...
Esse Steven Pinker é o autor de um livro bem interessante. Ele alega, com bons fundamentos pelo que sei [não deu tempo de ler a obra ainda] que vivemos na era mais pacífica de toda a história humana:

The Better Angels of Our Nature: Why Violence Has Declined
http://www.amazon.com/dp/1455883115

Aqui tem uma palestra dele no TED:
http://www.ted.com/talks/steven_pinker_on_the_myth_of_violence.html

Realmente é uma tese que vale a pena ser conhecida com profundidade e com o tempo certo, porque o livro é um catatau hehehe

Anônimo disse...
Ja li o livro "Better Angels" e recomendo. O autor eh um liberal classico e usa dados estatisticos para mostrar como estamos na era mais pacifica da historia como mencionado acima. A razao da paz?

1. rule of law - Estado controla territorio de forma justa atraves de policia e tribunais extingindo a cultura de olho por olho violenta.

2. capitalismo e livre comercio - a ambicao eh canalizada para melhora de vida atraves do trabalho ao inves do crime e o comercio "civiliza" o homem o tornando mais cordial e emocionalmente controlado para poder fechar mais negocios e vender mais.

3. educacao - crescimento do nivel educacional permite a populacao ler e se informar sobre outros lugares e sobre diferentes pessoas de niveis diferentes da sociedade levando a um aumento de tolerancia e tambem a cultura de debate de ideias.

O autor detona a esquerda dizendo que ela eh anti liberal e utopica religiosa e que banir armas nao leva a diminuicao de crime se populacao nao tem tolerancia ou rule of law nao funciona enter outros mitos da violencia.